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Comunicações científicas

19Dissecação e Descrição das Características Anatômicas do Nervo Femoral – Relato de Caso

Introdução

O nervo femoral é o maior ramo do plexo lombar e recebe fibras do segundo ao quarto segmentos da medula espinal (L2-L4) (TORTORA, 2016). Descreve um trajeto posterolateral através da pelve e percorre um sulco situado entre os músculos psoas maior e o ilíaco. Ao atingir o ligamento inguinal, entra no trígono femoral cerca de 8 cm abaixo deste, onde emite ramos, incluindo os responsáveis pela inervação dos músculos anteriores da coxa. Inerva articulações como quadril e joelho, por meio de ramos articulares e ainda emite ramos cutâneos para a região anteromedial da coxa. Lateralmente à bainha femoral que o envolve, emite um ramo terminal, o nervo safeno, com trajeto descendente através do trígono femoral, entra pelo canal dos adutores e segue entre os músculos grácil e sartório, suprindo pele e fáscia de joelho, perna e pé (MOORE, 2014). O nervo femoral pode ser observado por meio da dissecação, que permite o acesso à região e atua como uma metodologia auxiliar de ensino (PONTINHA; SOEIRO, 2014). Assim, o objetivo deste trabalho foi apresentar um relato de caso de descrição da anatomia do nervo femoral de sua origem até o trígono femoral, por meio de dissecação anatômica.

Material e Métodos

Para isso, foram selecionados instrumentais clínicos específicos para dissecação anatômica, incluindo tesouras, pinças, cabos e lâminas de bisturi, além de equipamentos de proteção individual como jaleco, luva, dentre outros. O material cadavérico para estudo, conservado em formol, foi preparado e dissecado de acordo com os princípios e técnicas de dissecação. Desta forma, órgãos viscerais e estruturas superficiais aos músculos psoas maior e ilíaco foram rebatidos a fim de permitir a visualização da região e a descrição da anatomia e trajeto do nervo femoral foram observados.

Resultados e Discussão

Diante disso, ao final dos procedimentos de dissecação anatômica para acesso ao nervo femoral, foi possível observar a origem do nervo e seu trajeto dentro do músculo psoas maior, seguindo em direção ao ponto medial do ligamento inguinal, descrevendo um sentido posterolateral. Após atravessar profundamente tal ligamento, e passar pela lacuna dos músculos, observou-se que o nervo apresentou um trajeto em direção ao terço superior da coxa, local onde foi possível visualizar o trígono femoral. Na sequência, foi identificada a divisão em inúmeros ramos sendo este local onde podem ser encontradas variações no ponto de bifurcação (MOORE, 2014). Tais achados demonstram a importância do conhecimento sobre a anatomia, tendo um papel crucial na formação dos profissionais da saúde. A dissecação permite o treinamento de técnicas e habilidades cirúrgicas em níveis de graduação e pós-graduação, reforçando ainda sua importância para diferentes profissionais ligados à Medicina (WINKELMANN, 2007). Embora atualmente seja considerada uma dificuldade inerente ao ensino (MELO e PINHEIRO, 2010), a escassez de material cadavérico que atenda esta demanda contribui muitas vezes para o déficit no aprendizado (VOHRA et al., 2011). Da mesma forma, tais técnicas se mostraram de grande importância ao permitir o acesso à região estudada, sugerindo um aprendizado sólido e preciso relacionado ao trajeto e distribuição do nervo femoral.

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Conclusão

Pode-se concluir que é importante conhecer a anatomia e áreas de inervação do nervo femoral e sua bifurcação pode ocorrer em alturas distintas na coxa, sendo o seu conhecimento essencial para possíveis intervenções clínicas. Ainda, a dissecação mostrou-se como uma ferramenta importante permitindo o acesso e entendimento da topografia da região.

Referências

MELO, E.; PINHEIRO, J. Procedimentos legais e protocolos para utilização de cadáveres no ensino de anatomia em Pernambuco. Rev Bras Educ Med. 2010; 34(2):315-23.

MOORE, K.L; DALLEY, A.F.; AGUR, A.M.R. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed.  Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

PONTINHA, C.M.; SOEIRO, C. A dissecação como ferramenta pedagógica no ensino da Anatomia em Portugal. Interface (Botucatu), v. 18, n. 48, p. 165-176,    2014 .

TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

VOHRA, S.; KHOSHHAL, K.; KAIMKHANI, Z.; KHAN, M.M. Clinical significance of cadaveric dissection for future clinicians. Middle East J Fam Med.; 9(2):25-8. 2011.

WINKELMANN, A. Anatomical dissection as a teaching method in medical school: a review of the evidence. Med Educ. 2007;41(1):15-22.