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Comunicações científicas

12Descrição Topográfica dos Casos de Adenocarcinomas no Centro-oeste e no Brasil Entre 2010 e 2015.

Palavras-chave: câncer; tipo histológico; localização primária; unidades hospitalares.

Introdução

Adenocarcinomas são neoplasias que afetam células glandulares em diversos tecidos do corpo. O número de diagnósticos deste tipo de câncer tem aumentado no Brasil e no Centro-Oeste, acompanhando uma tendência mundial. Tal aumento está ligado tanto à maior capacidade diagnóstica da medicina, como a fatores ligados ao envelhecimento populacional e mudanças de estilo de vida, com maior exposição a fatores de risco.

Os fatores de risco associados a ocorrência de adenocarcinomas variam segundo sua localização primária e atuam junto a fatores genéticos que podem ser avaliados pelo histórico familiar. Dentre os fatores de risco para os adenocarcinomas, destacam-se: tabagismo (pulmão e próstata); dietas inadequadas (estômago, cólon, reto e próstata); etilismo (próstata, estômago, cólon e reto), presença de H. pilory e HIV no organismo (estômago e cólon e reto), vasectomia e idade (próstata); poluição atmosférica e doenças pulmonares não-malignas (pulmão) (BRENER,2009; LIN, 2009, MEDEIROS, 2010; ZAMBONI,2002).

Este trabalho tem por objetivo analisar e comparar a incidência topográfica dos adenocarcinomas no Centro-Oeste e no Brasil.

Materiais e métodos

Essa pesquisa é um estudo epidemiológico, descritivo, comparativo e retrospectivo em relação à distribuição topográfica de adenocarcinomas no Centro-Oeste brasileiro e no Brasil. O período analisado foi 2010 a 2015. Os dados foram coletados no Sistema de Registro de Câncer Hospitalar (SisRHC) do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e refletem o perfil de atendimento em unidades hospitalares cadastradas no sistema. Os tipos histológicos dos tumores foram considerados de acordo com a 3° edição da Classificação Internacional de Doenças para Oncologia (CID-O/3).

Resultados e discussão

No período de 2010 a 2015, unidades hospitalares do Centro-Oeste registraram 36.425 casos de câncer. Os adenocarcinomas corresponderam a 27.7% do total. Em relação à distribuição topográfica dos adenocarcinomas, os tumores foram mais frequentes na próstata (40%), cólon (11.5%), estômago (9.8%), reto (9%) e brônquios e pulmões (4.8%). 

No panorama nacional, as unidades hospitalares registraram 1.245.758 casos de câncer. Os adenocarcinomas corresponderam a 27.6% do total. Em relação à distribuição topográfica dos adenocarcinomas, tumores foram mais frequentes na próstata (34.2%), cólon (12,6%), estômago (10.2%), reto (9%) e brônquios e pulmões (5,7%).

Os adenocarcinomas representam como tipo histológico parcelas importantes do total de cânceres de próstata, cólon, estômago, reto e brônquios/pulmões - e sua proporção relativa se mostra aproximadamente a mesma quando comparamos os dados do Brasil e do Centro-Oeste. No entanto, além dos adenocarcinomas, carcinomas e sarcomas também ocorrem nesses órgãos, mas são menos comuns. Linfomas e tumores estromais também são comuns em cânceres do aparelho digestivo (estômago, cólon e reto).

Assim, dentre todos os tipos histológicos de câncer de próstata, os adenocarcinomas corresponderam a 73% (contra 80% no Centro-Oeste); dentre todos os tipos histológicos de câncer de cólon, os adenocarcinomas corresponderam a 92% (contra 90% no Centro-Oeste); dentre todos os tipos histológicos de câncer de estômago, os adenocarcinomas corresponderam a 71% (contra 77% no Centro-Oeste); dentre todos os tipos histológicos de câncer de reto, os adenocarcinomas corresponderam a 91% (contra 90% no Centro-Oeste); e dentre todos os tipos histológicos de câncer de brônquios e pulmões, o adenocarcinomas corresponderam a 36% (contra 32% no Centro-Oeste).

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Os resultados evidenciam panoramas semelhantes de incidência topográfica de adenocarcinomas no Brasil e no Centro-Oeste, o que aponta para uma estabilidade no perfil de incidência dessa doença, e isto a despeito de distorções dos dados coletados. De fato, no período considerado (2010 - 2015), a média nacional de diagnósticos de adenocarcinomas foi de 180 casos por cem mil habitantes, enquanto a média do Centro-Oeste foi de 86 casos por cem mil habitantes (dados do censo 2010). Essa disparidade pode ter diversas origens, a saber: 1) habitantes do CO podem ser diagnosticados e tratados em hospitais de outras regiões; 2) os programas de rastreamento do CO podem ser menos eficientes do que a média nacional; 3) os centros de tratamento de câncer da região têm problemas com a notificação dos casos.

Conclusão

Segundo os dados obtidos, os adenocarcinomas correspondem a cerca de 27% do total dos casos de câncer no Brasil. As maiores incidências topográficas primárias foram a próstata, cólon, estômago, reto e pulmões, tanto no Centro-Oeste como no Brasil. Concluiu-se, ainda, que tais localizações têm os adenocarcinomas como tipo histológico de câncer mais prevalente, excetuados os cânceres de pulmão.

Referências

BRENNER, Hermann; ROTHENBACHER, Dietrich; ARNDT, Volker. Epidemiology of Stomach Cancer. In: VERMA, Mukesh. Cancer Epidemiology. London: Springler, 2009, p. 467-477.

GONÇALVES, Ivana R.; PADOVANI, Carlos; POPIM, Regina C. Caracterização epidemiológica e demográfica de homens com câncer de próstata. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13, n. 4, p. 1337-1342, 2008. 

LIN, Otto S. Acquired Risk Factors for Colorectal Cancer. In: VERMA, Mukesh. Cancer Epidemiology. London: Springler, 2009, p. 361-372.

ZAMBONI, Mauro. Epidemiologia do câncer do pulmão. Jornal de Pneumologia, Brasilia, v. 28, n.1, p. 41-47, jan-fev. 2002.