Comunicações científicas
6Ossificação da Cartilagem Tireoide em Humanos Adultos
Introdução
Os fenômenos de calcificação e ossificação devem ser diferenciados. A deposição de cálcio normalmente ocorre durante a formação dos tecidos ósseos (JÁCOME e ABDO, 2010). A ossificação é mais frequente no sexo masculino e após os quarenta anos de idade. A zona ossificada apresenta a estrutura de típico osso lamelar. O osso é sempre delimitado por um halo de cartilagem, nunca havendo uma zona de transição, o que confirma que o processo é de substituição (CRUZ et al., 2003). Com a idade as cartilagens hialinas, como a tireoide, têm tendência à ossificação (MILROY, 1992). É importante saber identificar corretamente para se determinar a necessidade de tratamento ou de outros métodos de investigação, para um prognóstico satisfatório. A análise desses exames permite-nos encontrar imagens que revelam a presença de calcificações heterotópicas, isto é, fora do local onde elas normalmente ocorreriam (WHITE, 2015). A ossificação fisiológica deve ser considerada uma variação na ausência de características clínicas indicativas de anormalidade sistêmica subjacente (KAMIKAWA, 2009). O presente estudo teve como objetivo relatar achados de ossificação de cartilagem tireoide.
Metodologia
Avaliaram-se 14 peças completas de cartilagens laringeanas, provenientes de póstumos humanos, mantidas em acervo didático do Departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFG. Não se teve acesso à informação de hábito e sexo dos indivíduos. As peças foram dissecadas, extirpando-se as partes moles e expondo-se os pericôndrios. Os antímeros foram separados com uso de serra, e acondicionados em frascos com solução de formol a 10% (RODRIGUES, 2010) e avaliados, pareados. A ossificação foi estudada pelo método histométrico baseado na estereologia. As peças que apresentaram sinais de ossificação foram separadas e avaliadas através de imagens. Avaliou-se a extensão, a localização e o volume do depósito mineral de cada antímero.
Resultados e discussão
Seis peças (42,85%) apresentaram calcificações consideradas significativas, confirmadas em exame de imagem. Verificou-se que as porções caudais detiveram maior volume de ossificação (68%). Os segmentos caudais apresentaram ossificação em volume inferior (32%). Possivelmente as lâminas da cartilagem tireoide se calcificaram como parte do processo de envelhecimento, uma vez que processos morbosos ou co-morbidades não foram encontradas no material estudado.
Conclusão
A detecção do processo de ossificação, in vivo, é de suma importância para o diagnóstico diferencial inicial de uma condição patológica ou de uma variação. Além disso, concluiu-se que os processos de ossificação da cartilagem tireoide ocorreram, predominantemente, nas porções caudais dos antímeros estudados.
Referências
CRUZ, W. P.; DEDIVITIS, R. A.; SEMENTILLI, A.; RAPOPORT, A. Estudo histológico da ossificação da cartilagem tireóidea. Rev. Bras. Otorrinolaringol. vol.69 no.6 São Paulo Nov./Dec. 2003.
JÁCOME, A. M. S. C.; ABDO, E. N. Radiographic aspects of soft tissue calcification in maxillofacial region. Odontol. Clín.-Cient. (Online) vol.9 nº.1 Recife Jan./Mar. 2010.
KAMIKAWA, R. S. S. Pesquisa de calcificações em tecidos moles na região cervical por meio das técnicas radiográficas panorâmica e telerradiografia. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. 2009.
MILROY, C. M. Ossification of the epiglottis. J Laryngol Otol; 106:180-2. 1992.
RODRIGUES, H. Técnicas anatômicas. 4. Ed. GM Gráfica e editora: Vitória-ES, 2010.
WHITE, S. C; PHAROAH, M. J. Radiologia Oral: Fundamentos e Interpretação. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda. 2015.