Comunicações científicas
5Dissecção e Prossecção do Sistema Neural como Facilitadores de Aprendizagem de Neuroanatomia para Cursos Médicos
Introdução
Dissecação anatômica e prossecção constituem uma coletânea de técnicas indispensáveis àqueles que se interessem pela preparação de peças que serão objeto de estudo (WATANABE, 1998). Possibilitam a visualização anatômica dos órgãos e regiões do corpo humano e assim possibilitam o seu estudo (MOORE e DALLEY, 2014). No nosso cotidiano, com o tempo exíguo dedicado à Anatomia dos currículos, principalmente de Medicina, o r contato do discente com póstumos humanos se tornou bastante reduzido. Essa é a nossa realidade, - pouquíssima ou nenhuma dedicação à dissecção. As atividades de prossecção e dissecção proporcionam a criação de um material rico de ensino, que inclui diversos retalhos importantes para a prática diária dos cirurgiões. O ensino da anatomia clássica tem sido realizado em todas as universidades do mundo por meio de métodos de dissecação de peças cadavéricas formolizadas sendo esta metodologia consagrada no meio anatômico (EDELWEISS, 1993). Existem limitações na aprendizagem regular, como a impossibilidade de poder indicar uma bibliografia adequada para a prática da dissecção - bibliografia de base → clássico francês do início do século XX (TESTUT-JACOB-BILLET, 1921). Devemos notar, com muito cuidado, que muita atenção tem sido dada quando uma boa Escola Médica abandona a dissecação ou usa cadáveres previamente dissecados (prossection - prossecção), mas, pouca ou nenhuma atenção é dada quando o processo é revertido (RIZZOLO e STEWART, 2006). O objetivo desse trabalho foi avaliar as ferramentas dissecção e prossecção anatômica como facilitadoras de aprendizagem de neuroanatomia.
Metodologia
Utilizaram-se encéfalos humanos após disponibilização prévia da estratigrafia da calvária até os ossos cranianos. Esses foram fixados em solução de formol a 10%, tamponada e colocados em solução de álcool comercial 96º GL. Os leitos vasculares foram lavados com soro fisiológico heparinizado. Utilizamos preparações dissecadas ou associadas a cortes para elucidar a estrutura tridimensional, conexões e sistemas formados por estas estruturas, a partir do método Klingler (LAUDARES-MOREIRA et al., 2015), que consiste em congelar em água o encéfalo (24 horas) e descongelar (48 horas) logo em seguida, repetidas vezes. A cada passagem a expansão e retração da água vai afastando as fibras dos fascículos facilitando sua individualização na dissecção. As dissecções de substância branca foram realizadas pela face medial e face dorsolateral. O córtex foi raspado com espátulas de madeira, removendo-o ao redor do sulco lateral e giro do cíngulo. Os dois hemisférios cerebrais foram separados cortando o corpo caloso e demais comissuras. É comum que a pineal e o septo pelúcido fiquem em apenas um hemisfério. O tronco encefálico e cerebelo foram divididos na linha mediana do conjunto completo, permitindo a visualização da topografia do 4º ventrículo, aqueduto cerebral e visão da árvore cerebelar, com cisão dos pedúnculos cerebelares.
55Resultados e Discussão
Os procedimentos foram realizados com a participação dos discentes, reservando-se peças para dissecação conjunta dos mesmos. Uma câmera portátil Sony® ligada a um projetor multimídia e um foco de luz, permitiu o acompanhamento da dissecação da peça pela projeção em telão. O vídeo gravado foi compartilhado via ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Isto fomenta o estudo por meio das mídias eletrônicas tão comuns hoje entre jovens e ainda incipientes na academia como recurso didático. O acesso continuado ao material produzido de forma compartilhada foi fundamental para o bom desempenho nas disciplinas correlatas.
Conclusão
A oportunidade de vivenciar, através da prática, previamente, através do trabalho de dissecção de peças anatômicas, e a consequente prossecção continuada propiciaram um aprendizado mais próximo à realidade dos discentes, favorecendo o processo ensino-aprendizagem contínua e interação da academia com a sociedade.
Referências
EDELWEISS, M. I. Importância do estudo de necropsia (ou de peças cirúrgicas na fixadas) no ensino da anatomia patológica macroscópica. Rev. HCPA & Fac. Med. UFRS; 3(13)159-61. 1993.
LAUDARES-MOREIRA, A. C. M. L. et al. Klingler Method of Use for Dissected Preparation of Neural System. In: I Workshop de Anatomia do Centro-Oeste, 2015, Goiânia. Anais... 2015.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 7ª Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro – RJ. 2014.
PEREIRA, J. C. Métodos de Ensino em Anatomia: Dissecção versus Prossecção. O Anatomista – SBA, (2)1. 2011.
POCHAT, V. D. et al. Cadaver dissection activities in medical residency: experience of the Plastic Surgery Service of Hospital Universitário Professor Edgard Santos, Universidade Federal da Bahia. Rev. Bras. Cir. Plást.; 26(4)561-565. 2011.
RIZZOLO, L. J.; STEWART, W. B. Should we continue teaching anatomy by dissection when...? Anat. Rec.; 2(89B)215-218. 2006.
WATANABE, S. O ensino da anatomia humana: o dilema da escassez de cadáveres. 1998. [acesso em 21 mar. 2017]. Disponível em: http:www.usp.br/jorusp/arquivo/1998/jusp424/manchet/rep_res/opiniao.html.