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Comunicações científicas

4Técnica de Colorização e Mnemônica das Estruturas do Encéfalo

Introdução

Métodos têm sido utilizados para se alcançar a memorização do conteúdo que precede e integra o aprendizado de anatomia. Lista de estruturas, sistema de jogral onde estruturas são apontadas pelo professor, com repetição e visualização, trazem retenção do conteúdo, mas é maçante e gera fragmentação no conhecimento (MOORE e DALEY, 2014). Fichas de aprendizagem, conjunto de cartões que contêm imagens legendadas são frágeis. Alguns livros trazem imagens para serem coloridas (HANSEN, 2010; KAPIT e ELSON, 2004). A aula clássica de anatomia com peças anatômicas, onde o professor descreve órgãos e sistemas, pinçando as estruturas e tecendo os comentários, é insubstituível para a construção de conhecimento anatômico sólido. Leitura de texto e confecção de resumos é por demais cansativo e, para quem lê cada vez menos, impraticável. Nas ferramentas de metodologias ativas têm-se abdicado da aula clássica magistral sob a alegação que a visão transdisciplinar (EDWARD, 2004) da estrutura é melhor absorvida pelo aluno. Muitos alunos são oriundos de um sistema de ensino que não os prepara para esta integração. O objetivo desse trabalho foi criar alternativa eficiente e de baixo custo para aprendizagem de neuroanatomia.

Material e Métodos

Buscou-se nas iniciativas da tecnologia da informação (TI) na área da anatomia, imagens de atlas eletrônicos confiáveis para favorecer apreensão da memória da imagem anatômica de forma fácil e rápida. Imagens já montadas previamente em trabalhos digitais e guardadas em repositórios didáticos de ambientes virtuais de aprendizagem foram usadas para formação do conhecimento prévio de neuroanatomia. A partir da formação de uma memória adicional os alunos foram instados a pintar as estruturas de moldes de encéfalos humanos (LENT, 2008; CONSENZA, 2012), confeccionados em acrílico e gesso, utilizando tintas comerciais comuns. 30 unidades antiméricas foram pintadas, sendo o material mantido como acervo permanente para consulta. Estabeleceu-se uma convenção própria para colorização obedecendo tamanho e posição das estruturas. O material produzido foi exposto em seminários temáticos para os grupos aderentes.

Resultados e Discussão

A metodologia da colorização (HANSEN, 2010; KAPIT e ELSON, 2004) favoreceu a multiplicação do tempo de estudo e das aferências sensoriais multiplicadas que trazem às estruturas cerebrais, integrantes do complexo processo de memória (LENT, 2008; CONSENZA, 2012) e aprendizagem, a capacidade de fixação mais rápida e duradoura. Ao ler as instruções e proceder a pintura das estruturas, desde a visão até o cerebelo são mobilizados e atuam como produtores de aferências múltiplas (MACHAD0, 2013; MIRANDA NETO, 2005) sobre o mesmo conteúdo reforçando a atuação do hipocampo pelo recebimento de múltiplos estímulos provenientes de córtex especializados diferentes (CARNEIRO, 2004, KANDEL, 2014). A pintura dos modelos em gesso do encéfalo e a exposição deste conteúdo em forma de seminário trouxe substancial melhoria na aprendizagem de alunos. Contudo, não contamos com estudos aprofundados na quantificação desse ganho no conhecimento, ficando esta como sugestão de trabalho.

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Conclusão:

O uso de ambientes virtuais de aprendizagem, como ferramenta única, mesmo com possibilidade de manuseio das imagens tende a deixar o conhecimento no aparelho em vez de transferi-lo para a mente. Funciona como consulta a cada dúvida, mas não favorece a formação de profissionais autônomos e sim dependentes destas memórias que podem não estar disponíveis em sua atuação profissional. Associação com a colorização amplia apreensão do conhecimento e torna a busca mais agradável. Ressalta-se o baixo custo das obras e a completa integração destas aos princípios das metodologias ativas reforçadas nos sistemas de ensino médico atualmente no Brasil.

Referências

ABRAHAMS, P. H. Atlas colorido de anatomia humana. 7ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

CARNEIRO, M. A. Atlas e texto de neuroanatomia.2ª Ed. Barueri, SP: Manole, 2004.

COSENZA, R. M. Fundamentos da neuroanatomia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

EDWARDS, B. Desenhando com o Lado Direito do Cérebro. Ed. Ediouro, 2004.

HANSEN, J. T. Netter – anatomia para colorir. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

KANDEL, E. R. Princípios de Neurociências. 5ª edição. Porto Alegre: MGH Editora; 2014.

KAPIT, W.; ELSON, L. M. Anatomia – um livro para colorir. São Paulo: Ed. Roca, 2004.

LENT, R. Neurociência da mente e do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

MACHADO, A. Neuroanatomia Funcional. 3ª edição. São Paulo: Editora Atheneu. 2013

MIRANDA NETO, M. H. (org); CHOPARD, R. P.; et. al. Anatomia humana: aprendizagem dinâmica. Maringá, PR: M. H. Miranda Neto, 2005.

MOORE, K. L.; DALLEY, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 7ª Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro – RJ. 2014. 1136p.