Comunicações científicas
3Modelagem do Encéfalo em Silicone e Gesso: Uma Ferramenta para Aprendizagem de Neuroanatomia
Introdução
Aprendizagem de neuroanatomia requer acervos didáticos volumosos de peças provenientes de póstumos, que são de difícil aquisição e necessitam diversas preparações para elucidar as estruturas tridimensionais, conexões e sistemas. A legislação vigente impede a retirada de partes dos póstumos para estudos científicos, limitando ainda mais a formação dos acervos. Some-se a isso o fato de que o manuseio danifica rapidamente as peças. A modelagem em silicone permite a criação de peças que podem ser pintadas, legendadas e transportadas, e sem manutenção periódica. O trabalho de preparação das estruturas aumenta o interesse e o rendimento mnemônico discente, provocando uma adesão instantânea ao processo de aprendizado e uma tomada de auto responsabilidade com o próprio rendimento. Possuir modelo 3D pintado e legendado, é uma vantagem em relação aos livros didáticos disponíveis. O objetivo deste trabalho foi produzir réplicas de peças do sistema neural, tridimensionais e fidedignas, com material de baixo custo, para manuseio e aprendizagem por discentes e discentes.
Material e Métodos
Utilizou-se borracha de silicone bi componente para moldes; plastinina reutilizável ou massa de modelar; vaselina sólida e gesso para moldes. Construiu-se uma forma para conter o molde de papelão com 3cm de bordas e com base de madeira. A forma foi preenchida com a plastinina. Colocou-se a peça a ser modelada no centro da forma e adicionou-se plastinina em volta da peça até a maior circunferência da mesma visualizando a divisão das metades do molde. Com espátula alisou-se e pressionou-se a plastinina para selar o silicone extravasado. Para hemisférios cerebrais ajustamos a plastinina junto às bordas da face medial, junto aos contornos dos sulcos e giros. Preparou-se o silicone com o catalisador seguindo as instruções do fabricante, depositando-o no molde, nunca sobre a peça. Após 24h, tempo para polimerização, retirou-se a plastinina, sem retirar a forma de papelão e a peça. Colocou-se a face com silicone para baixo e retirou-se até os fragmentos de plastinina ficando a peça incrustada no silicone. Pincelou-se vaselina sólida sobre a peça, do silicone e da forma. Formou-se uma superfície uniforme. Verteu-se silicone na outra metade do molde e aguardou-se 24h.
Resultados e Discussão
Esta preparação gerou um molde reutilizável de silicone para modelar peças em gesso. Utilizaram-se ligas de elástico para fixar o molde vazio, e preencheu-se com gesso diluído em água. Após tempo de secagem prescrito pelo fabricante o mesmo foi desenformado. Reparos com lâmina de bisturi e lixa fina foram realizados em anfractuosidades, sendo as maiores preenchidas e esculpidas com gesso em pequenos trechos. As peças moldadas foram pintadas e legendadas pelos discentes, tendo a vantagem de serem mais resistentes e a possibilidade de serem transportadas, incentivando o estudo pessoal. Utilizou-se gesso pelo baixo custo, contudo pode-se utilizar qualquer resina acrílica ou epóxi, conseguindo peças mais leves e duráveis.
51Conclusão
Notou-se que a profundidade dos sulcos e giros prejudica as formas e, por vezes, arranca pedaços da peça natural. Sugere-se retirar as cristas mais longas, o que não prejudica a marcação dos giros e preserva a forma por mais tempo. Não foram observados desgastes na definição das formas, mesmo após dezenas de peças modeladas em gesso.
Referências
ABRAHAMS, P. H. Atlas colorido de anatomia humana. 7ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
CARNEIRO, M. A. Atlas e texto de neuroanatomia.2ª Ed. Barueri, SP: Manole, 2004.
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LENT, R. Neurociência da mente e do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
MACHADO, A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional. 3. Ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2013.
MIRANDA NETO, M. H. (org); CHOPARD, R. P.; et. al. Anatomia humana: aprendizagem dinâmica. Maringá, PR: M. H. Miranda Neto, 2005.