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Comunicações científicas

2Anatomia Descritiva do Círculo Arterial da Base do Encéfalo do Tamanduá Bandeira (Myrmecophaga Tridactyla - Linnaeus, 1758).

Introdução

A natureza sempre surpreende com suas soluções anatômicas inovadoras que exprimem a máxima forma/função. Neste trabalho descrevemos a formação e principais ramos que constituem o circulo arterial da base do encéfalo do Tamanduá bandeira (Myrmecophaga tridactyla. Linnaeus, 1758) doravante TB. Macedo et al. (2014), nos ensinam sobre o paralelismo existente entre a evolução do encéfalo e de seu suprimento sanguíneo. O TB ocorre em toda a América (LIMA et. al., 2013), em especial no bioma cerrado se encontra em risco constante de atropelamento nas rodovias que sulcam o centro-oeste. De Vriese (1905) e Testud (1911) são os autores clássicos que relacionaram o suprimento sanguíneo do encéfalo com a constante evolução do sistema nervoso nas diversas séries animais. De Vriese (1905) tipificou em 3 os modelos de suprimento arterial para o encéfalo. A autora afirma não existir provas concretas da relação direta entre o suprimento arterial e o grau de evolução, em especial, do comportamento dos animais.

Material e Métodos

Por meio de um convênio celebrado entre o DMORF/ICB/UFG e o CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres) de Goiânia têm sido remetidos espécimes congelados ao departamento, oriundos de atropelamentos e apreensões. Uma vez no departamento de Morfologia os animais sofreram perfusão por solução aquosa salina 2% a 39ºC até a liberação do leito sanguíneo, como via de acesso foi utilizada a artéria aorta torácica acessada pelo 5º espaço intercostal, por vezes a 6ª costela teve que ser retirada. A seguir foram injetados com látex natural (Altamira®) corado com corante vermelho vivo (Prograf®) e 2 horas depois fixados com solução tamponada de formol a 10% por infiltração sendo preservados na mesma solução de fixação. Utilizamos para este trabalho os encéfalos e dissecações de cavidade craniana e canal vertebral cervical de 12 animais (5 machos, 5 fêmeas e 2 filhotes), 1 animal de cada categoria foi injetado com resina epóxi rígida GT4550®, corada com o mesmo corante (Prograf®), estes últimos foram corroídos em solução aquosa de ácido clorídrico a 25%. Cada encéfalo foi retirado após remoção da calota craniana e arcos vertebrais com serra anatômica, formão e alicates, logo após foram dissecados. Utilizou-se como referência a Nomenclatura Ilustrada de Schaller (1999) e ICVGA Nomeclature (2012).

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Resultados e Discussão

Constatou-se a formação da a. basilar como continuação da a. espinhal ventral que recebe das aa. vertebrais ramos a cada intervalo articular, estes vão penetrando a gordura peridural e dura-máter colateralmente e se inserem na a. espinhal ventral, a 1cm do forame magno os ramos terminais das aa. vertebrais se unem formando uma trifurcação que entra pelo forame magno. Assim que penetra na cavidade craniana a a. basilar tem um trajeto de 2cm e forma uma ilha arterial com duplicação em dois vasos colaterais de igual calibre. No intervalo entre o bulbo e a ponte ocorre o fim desta ilha arterial caudal com a reunificação dos dois ramos colaterais e formando uma a. basilar impar novamente. Novamente ocorre uma duplicação do vaso com a formação de uma ilha arterial caudal que descreve seu trajeto por toda a ponte emitindo ramos até o mesencéfalo. Numa fossa interpeduncular bem rasa ocorre a formação de pequena rede arterial comunicando os dois ramos colaterais antes do afastamento em direção lateral dos ramos terminais da a. basilar, as aa. comunicantes caudais, utilizamos este termo por sua consagração, contudo há apenas a comunicação com ramo arterial, ao nível do pedúnculo hipofisário, que não chega a aumentar o calibre das mesmas constituindo mais um ramo esfenoide que atravessa forame neste osso em direção ventral rumo à base do crânio diferente de Cebus apela (FERREIRA e PRADA, 2009) que possuem uma bem formada a. carótida do encéfalo o mesmo com o tamanduá mirim (LIMA et al., 2015). Durante a passagem da ilha arterial caudal numeroso ramos bulbares em direção lateral. No ponto onde o circulo se reunifica encontramos a a. cerebelar caudal e pouco ramos pontinos, na nova divisão a saída da a. cerebelar média e na fossa interpeduncular a saída da a. cerebelar rostral, como Lindermann e Campos (2004) relataram em gambá. Circundando estas duas estruturas se encontra o ramo comunicante caudal que prossegue em direção cranial, emite as aa. coroideas, as aa. cerebrais caudais e os ramos esfenoides e passa a constituir a a. cerebral anterior coincidindo com as descrições de boi, suíno e cão (POPESKO, 1999). Esta, passando medialmente aos tubérculos olfatórios e chegando ao polo frontal fundido aos grandes bulbos olfatórios emite as aa. etmoidais, logo antes sofre uma flexão para lateral e contorna o pedúnculo olfatório para a face dorsal dos mesmos. Ao passar pelo quiasma óptico vemos a saída da a. cerebral média que se dirige a parte lateral dos hemisférios cerebrais. Notamos ainda ramos que se estendem da a. cerebral anterior e irrigam os tubérculos olfatórios. Lima et al. (1995), ao descreverem as artérias da base do encéfalo de suínos, Macedo et al. (2014), em Eira barbara, Ferreira e Prada (2001)e Lima, Pereira e Branco (2012) ao descreverem as do tamanduá mirim não relatam formação de círculos arteriais na a. basilar, enquanto que Faria e Prada (2001) estudando búfalos, Portugal et al. (2014) em coelhos da Nova Zelândia, e Oliveira e Campos (2003) estudando javalis, relatam a formação de círculos arteriais com a duplicação da a. basilar. Em todos os nossos espécimes encontramos dois círculos arteriais no trajeto da a. basilar que se divide duas vezes cogitamos um exemplo de metameria, principalmente pelo formato alongado do crânio e do encéfalo. O formato do polígono foi elipsoide e completamente fechado rostralmente por rede arterial comunicante rostral localizada entre os bulbos olfatórios.

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Conclusão

O círculo arterial da base do encéfalo do tamanduá bandeira pode ser categorizado como tipo 3. O sangue flui para a parte rostral do encéfalo pelos ramos comunicantes caudais que continuam seu trajeto como as aa. cerebrais rostrais. Em seu trajeto as aa. cerebrais caudais se originam das aa. comunicantes caudais e a aa. cerebral média  origina-se do trajeto junto ao quiasma óptico. Há uma rede arterial proporcionando o fechamento do círculo arterial.

Referências

FARIA, M. M. M. D.; PRADA, I. L. S. Comportamento anatômico da artéria basilar em fetos de (Bubalus bubalis Linnaeus, 1758). Rev. Bras. Saúde Prod. An. v. 1 (2): 54 – 60, 2001.

FERREIRA, J. R.; PRADA, I. L. S. O sistema carótico do encéfalo do Cebus apella sp., Linnaeus, 1766. Biota Neotrop., Campinas , v. 9, n. 1,Mar. 2009 .

ICOVGAN. Nômina anatômica veterinaria. Hannover, Columbia, Ghent and Sapporo: Editorial Committee, 2012.

LIMA, A. R.; PEREIRA, L. C.; BRANCO, E. Anatomia do circuito arterial do encéfalo em Tamanduá-mirim. Rev. Ciência Rural. v. 43, n. 2, p. 277-282. Santa Maria, Fev, 2013.

MACÊDO, B. C. Estudo anatômico do circuito arterial do encéfalo em Eira Barbara – relato de dois casos. Rev. Biotemas. v. 27 (2): 177 – 183. Junho/2014.

OLIVEIRA, J. C. D.; CAMPOS, R. Sistematização das artérias da base do encéfalo, rede admirável epidural rostral e caudal e suas fontes de suprimento em javali. Tese de Doutorado. UFRGS. Porto alegre, 2003.

POPESKO, P. Atlas de anatomia topográfica dos animais domésticos. São Paulo: Ed. Manole, 1993.

SCHALLER, O. Nomenclatura anatômica veterinária ilustrada. São Paulo: Ed. Manole, 1999.