Caderno de Artista: uma construção criativa na educação

Resumo Pretende-se neste artigo discutir a viabilidade do Caderno de Artista como um recurso pedagógico viável. Realizamos oficinas pedagógicas (com o Caderno de Artista e releituras) com professores de uma instituição de ensino público do Distrito Federal, ao longo das quais notou-se que estimular a criatividade com Arte torna-se um recurso viável para prática educacional.

Palavras-chave Caderno de Artista, releitura, prática pedagógica.

Autoria

  • Léia Magnólia de Oliveira Lemos

    É artesã há mais de 15 anos. Técnica em Vestuário pelo Instituto Federal de Brasília IFB. Licenciada e Bacharel em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília (UnB). Especializada em Processos e Produtos Criativos pela Universidade Federal de Goiás UFG (2017- 2018). Atuou na Galeria Espaço Piloto UnB (2015 - 2017) como assistente do coordenação. Assistente de produção na Ação Cor de Pele, Edital FAC 2014. Devaneadora, colecionadora e apropriadora de objetos, imagens, histórias e tudo o que lhe desperta interesse e paixão, desenvolve poéticas que transitam, entre outras linguagens, por temas da memória e do imaginário, a partir da fotografia e da poesia. Participou do VIII SNPACV Seminário Nacional de Pesquisa em Arte e Cultura Visual na UFG em junho de 2015, com o trabalho "Guardo Milagres Inalcançados _ A virtuosa fragilidade de cada dia". Participou das exposições coletivas "Anamneses" realizada pela Galeria Espaço Piloto/UnB em parceria com SESC/Gama em setembro de 2015; Exposição coletiva "Suspensões" realizada pela Galeria Espaço Piloto/UnB em dezembro de 2015; Exposição coletiva realizada pela Galeria Espaço Piloto UnB em dezembro de 2017. Atuou como curadora na Exposição Sub(Urbano), lançamento do Coletivo Cópia na Galeria Ponto 710/11 em fevereiro de 2016.

  • Lenólia de Oliveira Lemo

    Especialização em Processos e produtos criativos pela Universidade Federal de Goiás, Brasil(2018) Professor da Escola Classe 02 de Ceilândia, Brasil

Orientadora

  • Dânia Soldera

    Mestra em Arte e Cultura Visual na linha Culturas da Imagem e Processos de Mediação pelo Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual - FAV/UFG; graduação em Artes Visuais - licenciatura plena pelo Centro de Artes e Letras da Universidade Federal de Santa Maria-RS (2011) e graduação em Desenho e Plástica - bacharelado pelo CAL/UFSM (2007). Atuou como tutora on-line no curso de Licenciatura em Artes Visuais-EaD - FAV/UFG, entre 2012 e 2013. Possui experiência na Educação Infantil na área de Artes Visuais. Pesquisadora na área de modos de ver a partir da reflexão e produção fotográfica de deficientes visuais. Atuou como professora de Artes Visuais no Instituto Federal de Goiás,nos anos de 2015 e 2016, nos níveis de ensino: Técnico Integrado ao Ensino Médio; EJA em Modelagem do Vestuário; Graduação em Licenciatura em Dança e Graduação em Licenciatura em Pedagogia Bilingue. Principais disciplinas: Arte e Processo de criação; Desenho de Moda; Introdução à Estética e História da Arte; e, Fundamentos da Arte Educação. Atua como tutora online no curso de pós-graduação - Especialização em Processos e Produtos Criativos da UFG, desde 2016. Está professora temporária na Faculdade de Arte Visuais/UFG, desde maio de 2017, ministrando disciplinas na área de desenho e pintura.

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1. Introdução

A escola está inserida em um contexto em que conceitos como tecnologia, globalização, modo de produção capitalista, subjetividade, identidade e diversidade auxiliam na complexidade em que se vive – uma civilização de imagem.

A educação não pode ficar alheia a essa situação. Logo o presente trabalho teve como objetivos: Perceber o processo criativo no Caderno de Artista; estimular o desenvolvimento criativo com a confecção do Caderno de Artista a partir de propostas transdisciplinares com o uso de releituras; e utilizar diversas linguagens na produção do Caderno de Artista.

Entende-se como Caderno de Artista um suporte viável em que se executa o pensamento e permite-se que ocorra a pesquisa e a indagação de sua própria produção. Para tal, iniciamos o processo criativo a partir da confecção de um caderno e com a realização de releituras a partir de artistas que fizeram uso dessa ferramenta (estudo da biografia e obra). O intuito é o de refletir essa prática aplicada tanto para os professores em suas vivências, como para uso em sala como ferramenta de ensino e aprendizagem, além de viabilizar sua aplicabilidade cotidiana.

Para isso, foram desenvolvidas oficinas pedagógicas com educadores de uma escola pública na cidade de Ceilândia, no Distrito Federal, envolvendo caderno de artista e releitura. Estimulamos os educadores a considerarem o espaço criativo como algo viável e prático. Através das oficinas houveram trocas pedagógicas e a criação de um espaço dialógico com os professores. As oficinas foram realizadas nos turnos matutino e vespertino; para uma melhor organização documental dividimos os participantes em dois grupos: Grupo 1: Professores que coordenam no turno matutino e Grupo 2: professores que coordenam no turno vespertino.

No intuito de abranger a tríade caderno de artista – releitura – formação do caminho a ser percorrido pelo estudo bibliográfico (fundamentos na linguagem visual e outras linguagens), assim como as apreciações e observações realizadas durante as oficinas, foram utilizados como base bibliográfica alguns textos sobre design thinking na educação (ALCANTI e FILATRO, 2016), o conhecimento das artes visuais em sala de aula (PEREIRA, 2014) e o caderno de artista como espaço criativo (NUNES e COLBEICH, 2014), além do documento oficial da SEDF – Sindicato da Educação do Distrito Federal - e 2014 sobre currículo.

A proposta do estudo foi criar um espaço e um objeto criativo viável para o fazer pedagógico dos professores.

2. Escola e saberes

A escola enquanto construtora do saber é um espaço social que vive em transformação, realizada pelos gestores que a compõem, os alunos, os educadores, direção, profissionais de educação e os pais/responsáveis. Então como a escola encontra-se em constante mudança e é influenciada pela sociedade, com esses agentes sociais não é diferente.

Diante dessa realidade, a proposta de trabalho foi disponibilizar aos professores um recurso pedagógico viável que pudesse auxiliá-los na sua prática em sala de aula. O uso de diversos gêneros e suportes se faz necessário para construção social da linguagem. Logo a busca de fazeres pedagógicos criativos para linguagens permitem uma reflexão entres elas e seu contexto de produção em âmbito escolar.

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Este aspecto auxilia a forma como se interpreta o mundo e a rotina diária. Pois, como ilustra Pereira (2014, p.8) “A arte cria sentidos para ler o cotidiano, apresenta maneiras de superar o comum e aprofundar-se nas ideias sobre o convívio social”

É estimular uma percepção de artista-professor como norteador do trabalho pedagógico, tendo em vista que “os processos criativos em sala de aula são articulações entre saberes historicamente construídos dentro de determinada cultura” (PEREIRA, 2014, p.11)

Na escola pública do Distrito Federal em que a pesquisa foi desenvolvida, o currículo em vigor desde 2013 é o Currículo em Movimento, que tem como objetivo uma educação integral dos alunos com foco na percepção de várias identidades e na diversidade. Este documento que norteia o ensino fundamental concebe uma formação de linguagens, com a escola como sendo

um espaço cuja a função precípua é a democratizar saberes, é importante considerar o trabalho com as linguagens em anos iniciais do Ensino Fundamental pressupõe a articulação entre Língua Portuguesa, Arte e Educação Física, expressões verbais ou não que, devidamente trabalhadas, contribuem com as aprendizagens e o desenvolvimento de estudantes. (SEDF, 2014, p.12)

O documento apresenta a Arte como um patrimônio da humanidade que deve ser explorado por suas multiplicidades e possibilidades pedagógicas. Porque como todos os componentes curriculares, a Arte passou por um longo processo de concepções pedagógicas, chegando aos pressupostos desenvolvidos por Ana Mae Barbosa, uma abordagem triangular: fazer artístico, leitura de imagem e contextualização. Tendo em vista que

o ensino da Arte é imprescindível para o desenvolvimento integral dos estudantes e para aquisição da linguagem. A experimentação, criação e reflexão acerca de manifestações artísticas e culturas diversas impulsionam o estudante em seu percurso pessoal e coletivo de produção de sentido. (SEDF, 2014, p.19)

O Caderno de Artista tem o intuito de atender essa necessidade de explorar diversas linguagens de forma lúdica, criativa e livre. Estimular o educador a considerar o espaço criativo como algo viável e prático.

O papel do professor para transformar a sala de aula em espaço de diálogo cultural, onde todos possam manifestar suas ideias e produzir conhecimento sobre o objeto, é fundamental. Ele é parceiro mais preparado, com conhecimento sobre o objeto e que deve orientar e interferir nos processos de aprendizagem do aluno. (PEREIRA, 2014, p.14)

Essa afirmação, justifica a necessidade de um trabalho com os professores. Dessa maneira, planejar uma intervenção com docentes nada mais é que criar uma oportunidade de ampliação do conhecimento e do diálogo sobre as artes visuais.

Para chegar a esse ponto o educador deve perceber que o caderno de artista serve para expressar diversas linguagens. Entre elas: anotar ideias, traçar desenhos, colar imagens, fazer rascunhos – enfim, um espaço para registrar alegria, angustia, tristeza, um espaço de criação.

Para tal, o Design Thinking (DT) tem como interesse centralizar suas abordagens no ser humano. Diante disso, utilizar seus princípios no campo educacional torna-se praticável. Conforme mostra Cavalcanti e Filatro (2016, p.43), aplicado ao campo educacional, serve “como abordagem de inovação, metodologia para solução de problemas difíceis ou mal definidos e estratégia de ensino-aprendizagem”, na busca de uma inovação e implementação ampla na escola. A presente proposta teve como objetivo realizar trocas de experiências sobre o caderno de artista com professores de uma escola fundamental 1 da rede pública do Distrito Federal.

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Pretende-se com isso, implementar características do DT. Para que as ideias sejam propagadas para os alunos desses professores logo,

o design thinking se apresenta como metodologia adequada para educação porque propõe a solução de problemas a partir da prática da empatia, a qual coloca as pessoas envolvidas no centro do processo e dentro do contexto em que ocorre a situação desafiadora. (CAVALCANTI e FILATRO, 2016, p.61)

Logo, o caderno de artista pode ser percebido como sendo uma espécie de diário, tornando-se uma obra de arte por si mesmo. Para atingir esse objetivo, o DT pode auxiliar: o “design thinking pode ser adotado como e estratégia de ensino-aprendizagem, criativa e colaborativa, além de ter aplicações como abordagem de inovação e metodologia para soluções de problemas” (CAVALCANTI e FILATRO, 2016, p.73).

Então, para iniciar a oficina utilizamos uma das técnicas do Design Thinking, a brainstorming. Iniciamos com a pergunta: O que é arte? E as respostas obtidas possibilitam termos uma noção do que os docentes entendiam como arte. Observe:

Figura1. Respostas do grupo 1 sobre o que é arte.
Figura 2. Respostas do grupo 2 sobre o que é arte.

Constatamos pelas respostas dadas que elas são expressões do senso comum que cada educador tem sobre a arte. As respostas também serviram de insumo para uma discussão profunda e vigorosa sobre arte, museu e exposição.

Como afirma Derdyd (2007), os artistas são os pioneiros da transdisciplinaridade porque eles bebem em outras ciências da humanidade para responder as inquietações do seu ser poético e suas necessidades de se expressar. “Como linguagem, o desenho pode ser visto para além de uma técnica a ser aprendida. O desenho, como pensamento visual que é, sistematiza linha, formas, com percepção estética e imaginação criadora” (DERDYD, 2007, p.263).

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Esse pensamento foi desenvolvido e discutido com os professores ao longo das oficinas pedagógicas, de modo aconceber que a arte pode ser percebida, vivida e ampliada em sala de aula em vários momentos da rotina escolar e ampliar o entendimento visual dos professores para que esses possam criar ações artísticas cotidianas e pedagógicas.

2.1. Caderno de Artista

O caderno do artista é um recurso utilizado por desenhistas e pintores como: Eugène Delacroix,Van Gogh, Frida Kahlo, Henri Matisse. Rascunhar e elaborar ideias sem compromisso também é algo comum entre os inventores como foi com Leonardo da Vinci, O caderno do artista serve para testar novos conceitos e esboçar antes de partir para a obra final. (NUNES e COLBEICH, 2014, p.23)

Segundo Nunes e Colbeich (2014) o caderno de artista insere na formação pedagógica uma forma criativa de expressar os pensamentos, anotações diárias, práticas do dia a dia. O caderno torna-se uma grande colcha de retalhos.

Como afirma Rose (2017), o caderno de artista é um recurso que serve para registrar ideias, traçar desenhos, pensamentos e colar imagens. Em outras palavras, é dar liberdade aos pensamentos e à criatividade.

As oficinas pedagógicas foram desenvolvidas em uma escola pública do Distrito Federal – DF. Essa instituição tem educadores formados em pedagogia e outras licenciaturas. E como atende alunos da Educação Infantil ao 5º ano, são responsáveis pela formação de alunos dos 4 aos 11 anos de forma global, integral e diversificada.

É possibilitar através de trocas pedagógicas, artísticas e oficinas. É criar um espaço dialógico com os professores de uma Escola Pública do Distrito Federal. “Na atividade o docente o constate trabalho de escritura e registro por parte dos educadores possuem potenciais criativas que podem ser desdobradas para reflexos dentro das suas próprias educativas” (NUNES e COLBEICH, 2014, p.20).

Perguntamos o que seria um Caderno de Artista. Cabe enfatizar que as respostas foram instigantes e perspicazes, observe, como atesta a Figura 3.

Figura 3. Respostas do grupo 1 sobre o que é o Caderno de Artista.
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Figura 4. Respostas do grupo 2 sobre o que é Caderno de Artista.

Com essas respostas verifica-se que os professores possuem uma noção genérica e abrangente sobre o caderno de artista e a discussão auxiliou uma ampliação desse conceito. Como ilustra Dedyr (2017), o desenho, pensamento e outras linguagens são formas de manifestações que podem ser expostas no caderno de artista, sendo que

é importante destacar que o desenho, como reflexão visual, não está limitado à imagem figurativa, mas abarca formas de representação visual de um pensamento, isto é, estamos falando de diagramas, em termos bastantes amplos, como desenhos de um pensamento esboçado. (DERDYD, 2007, p.35)

Cabe enfatizar que o caderno de artista possibilita um leque de oportunidade assim, “a palavra e o desenho determinaram, neste processo, a formação de um espaço comum para o diálogo entre artistas e assistentes, um lugar para pensar e o fazer arte” (DERDYD, 2007, p.72). Pois para o autor desenhar está no limítrofe entre fazer e imaginar, entre os sentidos e os pensamentos.

Em vista disto, esses cadernos tornam-se uma forma de registro: “tais processos efetivamente se refletem no fazer de sala de aula, nas práticas cotidianas, anotações de conteúdo dos cadernos viram ações efetivas e formativas” (NUNES e COLBEICH, 2014, p.20).

2.2. Releitura

A releitura deve ser percebida como algo para ampliar o repertório criativo e artístico dos professores, e por conseguinte, a dos alunos. Em outras palavras, é aprofundar o estudo. Assim, para um aprofundamento melhor trabalhamos a biografia, obras e características dos artistas que foram manipulados.

Um equívoco comum em atividades de releitura é achar que a produção do aluno precisa ser feita na mesma linguagem da obra que a inspirou. Uma tela pode se transformar em uma escultura, por exemplo. A passagem de uma para outra técnica pode ser positiva por dar maior liberdade de criação. (REIS, 2005, p.5)

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E foi com esse intuito que empregamos as releituras de artistas. Para tal iniciamos com a pergunta: O que é releitura? E obtivemos as seguintes respostas:

Figura 5. Resposta do grupo 1 sobre o que é releitura.
Figura 6. Respostas do grupo 2 sobre o que é releitura.

Deixamos evidente que a releitura poderia ser realizada em qualquer linguagem, técnica e material. Nossa proposta foi estimular a criatividade, logo a releitura enquanto técnica auxilia na ampliação de repertório e de conhecimento sobre a arte.

Foram momentos que serviram para ampliar e discutir vários temas, como realidade brasileira, autoestima, autoconhecimento e cores. E que os mesmos são viáveis para serem desenvolvidos em sala de aula.

A cada encontro explorávamos aspectos nos quais os professores iam se envolvendo ao seu modo, ampliando suas interpretações subjetivas sobre arte.

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3. Oficinas Pedagógicas

Como a proposta é perceber o Caderno de Artista como um recurso pedagógico, idealizamos oficinas pedagógicas, desenvolvidas nos meses de outubro e novembro, com professores de uma instituição pública do Distrito Federal – DF. A seguir tabela com o cronograma:

Tabela1: Calendário de Atividades
Datas Artista Atividades a ser desenvolvidas
19/10 Apresentar a proposta aos professores e coletar termo de consentimento. Confecção de caderno artesanal com bloco de desenho.
26/10 Biografia de Tarsila do Amaral Pintura. Materiais variados. Realidade brasileira
09/11/ Biografia de Frida Kahlo Autorretrato. Materiais utilizados: Espelhos ou selfie –materiais diversos.
16/11 Biografia de Kandinsky e Mâtisse Pintura, recortar e colagem. Materiais utilizados: papeis variados, cola, tesoura, colagem entre outros.

A escola atende alunos da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental e contempla também duas turmas de Ensino Especial. Com isso, possui uma gama de diversidade entre os educadores, e quanto à sua formação, há com formação em pedagogia e outras licenciaturas. Tal realidade amplia as discussões e os interesses.

Sobre o funcionamento da escola, dividem-se em dois grupos: Grupo1: Professores que coordenam de manhã têm a regência de aulas a tarde; Grupo 2: Professores que tàm a regência de aulas de manhã coordenam de tarde. Mas devido à rotina da escola, (aulas de reforço, projeto recreio, fim de contato do temporário e entre outros) houve uma rotatividade de professores ao longo dos encontros. Mas isso não inviabilizou nossa proposta.

3.1. Primeiro Encontro

O primeiro encontro foi realizado no dia 18 de outubro de 2017, na coordenação do turno matutino e vespertino de uma escola pública do Distrito Federal. Dessa maneira foi realizado um encontro no qual foi apresentado a proposta do trabalho, assinatura do termo de consentimento e confecção de um caderno artesanal.

Para isso, utilizamos umas das técnicas do Design Thinking conhecida como Brainstorm (tempestade de ideias), para coletar informações e abrir uma discussão com as seguintes perguntas: O que é arte? O que é caderno de artista? O que é releitura?

Figura 7. Oficina pedagógica – Confecção do Caderno.

Após esse momento, as indagações possibilitaram uma breve discussão que se mostrou bem relevante e instigante para o momento, tanto no turno matutino como no vespertino. Cabe dizer que, pela recepção, os professores se mostraram participativos e interessados. Principalmente na parte da confecção do caderno artesanal.

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3.2. Segundo Encontro

O segundo encontro foi realizado no dia 26 de outubro de 2017. Para isso, utilizamos como incentivo a biografia de Tarsila do Amaral. O que impulsionou uma discussão veemente sobre a situação político-social do Brasil, com foco na sua terceira fase – A social.

Dessa maneira, propomos que fosse respondida a seguinte pergunta: Pensando nas questões sociais da realidade brasileira atual. Como você retrataria isso?

Disponibilizamos os seguintes materiais: revistas, jornal, lápis de cor, tesoura e cola. E oportunizamos um momento livre para a criação que levou a várias intervenções que tinham como temas política, intolerância religiosa, ideologia de ódio, luta LGBT e da mulher, respeito, paz, amor entre outros.

Para finalizar o encontro, realizamos uma avaliação rápida do momento com os participantes. Deviam dizer com uma palavra ou uma frase: O que acharam do encontro? A seguir as respostas coletadas:

Resposta dos professores que coordenam no turno matutino:
“Por mais amor”
“Maravilhoso”
“Muito Bom”
“Coragem”
“A vida não é medida em minutos, mas em momentos”
“Reflexiva”

Figura 8. Professores do matutino.

Professores que coordenam no turno vespertino:
“Diferente”
“Criativo”
“Legal”
“Menos torturante que fazer o livrinho”
“Reflexivo”
“Reflexão”
“Aflorante”
“Diversidade”
“Reflexão”
“Esperança”

Figura 9. Professores do vespertino.
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3.3 Terceiro Encontro

“Eles pensaram que eu era uma surrealista, mas eu não era. Eu nunca pintei sonhos. Eu pintei minha própria realidade” Frida Kahlo

O terceiro encontro foi realizado no dia 09 de novembro de 2017, tendo como eixo de discussão a artista Frida Kahlo. Apresentamos a biografia da artista e algumas imagens.

Destacamos seus autorretratos e sua importância na obra e vida de Frida. Com essa intervenção entregamos um espelho para cada participante e solicitamos que fizesse um autorretrato.

Foi um momento bem instigante, tendo em vista que o autoconhecimento é algo que para muitos é complexo para lidar. Os professores utilizaram escrita, desenho, e colagem na experiência. O resultado foi um momento revelador e de trocas que cativou todos que participaram.

Para finalizar o encontro, realizamos uma avaliação rápida do momento com os participantes. Deviam dizer com uma palavra ou uma frase: O que acharam do encontro? (A seguir as respostas coletadas):

Matutino:
“Autorreflexão, olha para dentro de si e projetar o que tem dentro de si”
“Terapêutico, ajuda a perceber dentro de você. Momento bem bacana”
“Momento de busca. Buscar a Giselle que existe dentro de você”
“Foi importante. Ter um olhar diferente do outro. Memória de nós mesmo que nos determina”
“É uma reflexão de nós mesmos e conhecer o outro”
“Um momento de auto avaliação. Porque sou uma eterna criança. E vê os pontos positivos e até os negativos”
“Me refúgio na escola. Procuro me conter. Momento de reflexão do que procuro esconder.”

Figura 10. Autorretrato do Matutino.

Vespertino:
“Buscar pelo o Eu”
“Pensei e fazer meu exterior, mas preferir fazer algo que mostrasse o meu interior”
“Estou tão esgotada que só desenhei”
“Estou igual esgotamento mental”
“Encontrar”
“Uma busca de mim mesmo”

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Figura 11. Autorretrato do Vespertino.

3.4 Quarto Encontro

O quarto encontro foi realizado no dia 16 de novembro de 2017, tendo como inspiração as obras de Matisse e Kandinsky.

Para isso, enfatizamos as principais características de ambos, como figuras alegres, cores variadas, linhas, figuras geométricas variadas e principalmente o uso ousado das cores.

ferecemos materiais diversos como: giz de cera, tesoura, cola, EVA, jornal, revista, papel color set. Um momento cativante para deixar o pensamento livre para criar e relaxar o pensamento da rotina escolar.

Figura 12. Ousando com as cores - Matutino.
Figura 13. Ousando com as cores - Matutino.

Para finalizar o encontro, realizamos uma avaliação rápida do momento com os participantes. Deviam dizer com uma palavra ou uma frase: O que acharam do encontro? (A seguir as respostas coletadas):

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Figura 14. Auto avaliação - Matutino.
Figura 15. Auto avaliação – Vespertino.

4. Considerações Finais

Na complexidade atual em que vivemos a escola não pode ficar alheia a situação. Deste modo, o professor deve estar em busca do novo.

Como os artistas que bebem da transdisciplinaridade para responder suas ansiedades poéticas, os educadores podem ter no caderno de artista e na releitura fortes aliados pedagógicos criativos que auxiliam na sua realidade diária.

Podemos dizer, pelas oficinas e trocas que tivemos com os docentes, que o Caderno de Artista é um produto criativo e viável para a sala de aula. Algumas professoras utilizaram as ideias sobre a Frida Kahlo com seus alunos e conseguimos ilustrar os resultados na Figura 16.

Figura 16. Turma do 2º ano.
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Referências

CAVALCANTI, Carolina Costa e FILATRO, Andreia. Design Thinking: Na Educação presencial, a distância e corporativa.1ºed- SP: Saraiva, 2016.

DERDYR, Edith (org.). Disegno. Desenho. Desígno. São Paulo: Editora SENAC, 2017.

PEREIRA, Katia Helena. Como usar Artes Visuais na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2014.

NUNES, Carolina Ramos e COLBEICH, Marisete. O espaço criativo na educação: Cadernos de Artista\ Professor\ Pesquisador. Anais do X Encontro do grupo de Pesquisa Educação, Arte e Inclusão – 01, 02 e 03 dez. 2014. Florianópolis – CEART\ UDESC – ISSN:2176 -1566. Disponível em: https://virtual.udesc.br/eventos/xencontro/02.pdf. Acesso em: 15 de fevereiro de 2018.

REIS, Bia. Recriar dá mais sentido à arte. Nova escola. 2005. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1057/recriar-da-mais-sentido-a-arte. Acesso em: 15 de fevereiro de 2018.

ROSÉ, Rosa. Caderno de artista – Um recurso de liberdade. Disponível em: http://www.editorarosarose.com.br/2015/10/caderno-do-artista-um-recurso-de.html. Acesso em: 15 de fevereiro de 2018.

SEDF. Currículo em Movimento da Educação Básica: Ensino Fundamental. Brasília, 2014. Disponível em: http://www.sinprodf.org.br/wp-content/uploads/2014/03/3-ensino-fundamental-anos-iniciais.pdf. Acesso em: 15 de fevereiro de 2018.

“Ana Mae Barbosa Professora de pós-graduação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA, Ana Mae Barbosa é uma das principais referências brasileiras em arte-educação e, embora já aposentada, ainda é disputada pelos alunos da instituição como orientadora. Desenvolveu, influenciada diretamente por Paulo Freire, o que chamou de abordagem triangular para o ensino de artes, concepção sustentada sobre a contextualização da obra, sua apreciação e o fazer artístico. A pesquisadora foi, também, a primeira a sistematizar o ensino de arte em museus, quando dirigiu o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC.” Disponível em: http://www.iea.usp.br/pessoas/pasta-pessoaa/ana-mae-barbosa Acesso em: 14 de outubro de 2017.

“Fase Social - que dura aproximadamente quatro anos, sendo a pioneira nessa temática no Brasil. Suas telas estamparam a realidade dos operários. A classe operária no Brasil teve grande impacto na vida social e na política do país por décadas. Um operário não tinha direitos trabalhistas e trabalhava até 15 horas diárias, mulheres e crianças eram os mais explorados.” Disponível em: http://tarsiladoamaral.com.br/biografia/ Acesso em: 20 de outubro de2017.