Patrimônio Material: As Múltiplas Possibilidades Educativas
O presente relatório trata da educação e patrimônio material, demonstrando a importância do desenvolvimento do estudo que envolve o conceito de patrimônio cultural do Brasil no contexto escolar do Centro de Ensino Fundamental 03, Unidade Administrativa do Distrito Federal, Brazlândia. Este, aborda o Distrito Federal como ponto de partida, destacando os aspectos conceituais e legais relativos ao patrimônio, assim como o papel da educação relacionada ao conceito de patrimônio cultural na formação da cidadania e seu lugar pedagógico no ensino fundamental, bem como a apreciação quanto à construção de maquetes para uma mostra cultural no pátio da referida escola. Compreende-se que existe a relevância do conteúdo sobre patrimônio cultural no processo de construção e nas descobertas de novas possibilidades em benefício aos educandos, especialmente em relação ao acesso a espaços adequados à sua aprendizagem. Através deste trabalho aplica-se a reflexão sobre esses espaços, verificando o quanto contribuem para a área pedagógica, principalmente no sentido de direcionar a ação dos profissionais da educação para uma aprendizagem cada vez mais significativa. Ao final, o que se percebeu foi a identificação das principais arquiteturas consideradas como patrimônio cultural do Brasil como um legado social comum, que é depositário de memórias e de identidades coletivas. Sendo estas as principais leituras e pesquisas a serem realizadas pelos discentes na aquisição do conhecimento.
Palavras-chave: Patrimônio Material. Possibilidades Educativas. Cidadania.
Aluno: Paulo Antônio da Silva
Polo: Goianésia
Orientadora Acadêmica: Rosemeire Bernardino dos Reis
Coordenadora de orientação: Simone Rosa da Silva
1. INTRODUÇÃO
Este relatório aponta a importância de se trabalhar o mapeamento dos pontos de Brasília, considerados Patrimônio Cultural da Humanidade, na grade curricular da escola pública que, na maioria das vezes, abriga alunos de classe baixa, sem perspectivas profissionais e com mentes brilhantes a serem exploradas. Devido ao pequeno investimento por parte do governo e a baixa renda da sociedade, existe uma limitação quanto a qualquer evento que possa ocorrer na escola; porém, não seria este o motivo de não se trabalhar o desenvolvimento do projeto City Tour (saída a campo), que apenas requer locomoção, caderno, lápis, borracha e, ao final, o material para confecção de uma maquete. Para Fábio Cerqueira (2005):
É necessário que o professor que se proponha trabalhar com educação patrimonial tenha um conhecimento genérico sobre a legislação nacional referente ao patrimônio, bem como sobre os conceitos propugnados pelos órgãos internacionais responsáveis pela promoção cultural (CERQUEIRA, 2005).
Durante o registro do evento, o que se percebe é o pequeno conhecimento sobre educação patrimonial por parte dos professores, demonstrando a necessidade de reforçar a aplicação deste tema no regimento da unidade escolar. Para isso é preciso contar com a existência do laboratório de informática, a prática de passeio turístico e o estímulo individual e coletivo, como uma maneira de se iniciar o desenvolvimento e a definição dos conteúdos e atividades metodológicas que tratem sobre as múltiplas possibilidades educativas e que identifique os pontos considerados como patrimônio cultural. Conforme o IPHAN (s/d);
106o patrimônio material, com base em legislações específicas, é composto por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza, conforme os quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas.
No Distrito Federal, os bens tombados de natureza material podem ser imóveis, que engloba toda a cidade de Brasília, seus interiores paisagísticos e bens individuais; acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.
Esses bens de natureza material foram trabalhados nas práticas pedagógicas do dia a dia, com a intenção de demonstrar aos professores e alunos a nossa história. Envolveram o reconhecimento de um mapeamento na cidade de Brasília, de maneira que o aluno pôde ter ideias para a projeção de uma “maquete”. Isso trouxe para o espaço escolar uma exposição onde pudemos notar a criatividade e habilidade do aluno. Para isso, aplicou-se o passeio turístico (City Tour) com um estudo dirigido que aborda os pontos principais do Distrito Federal, considerados patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
No ano de 2014, esta proposta inovou as práticas pedagógicas com mais conhecimentos e habilidades, que abrangem patrimônio cultural, pontos turísticos, conservação, conhecimento e a identificação do porque preservar. Além desses pontos, a participação da comunidade escolar dentro do desenvolvimento do projeto foi fundamental para demonstrar aos alunos que ideias e atividades desse tipo são essenciais para eles, assim como para a comunidade e para o nosso país. O City Tour ressaltou a importância das ações educativas propostas pela escola, cujas atividades foram desenvolvidas e organizadas de forma a assegurar que o andamento do projeto ocorresse de forma saudável e satisfatória.
O uso do laboratório de informática foi apenas um ponto norteador e facilitador para conhecer outros pontos e, de forma textual, aumentar o conhecimento de todos os envolvidos, que pesquisaram autores, artigos e relatos sobre os princípios da educação patrimonial, no que diz respeito à educação da comunidade escolar em geral.
Observamos que a possibilidade de se trabalhar o patrimônio cultural fortaleceu a relação da comunidade escolar com suas heranças culturais, demonstrando em cada um a responsabilidade pela valorização e preservação do patrimônio e, num processo de inclusão social, a vivência real com a cidadania. Esta intervenção ocorreu no 1º semestre de 2014 e teve como produto final a confecção de uma maquete da arquitetura desses bens culturais, escolhida pelo aluno. Todas as maquetes mostraram a relevância da diversidade existente no meio e fora da vivência escolar de uma maneira que o aluno teve a livre escolha, podendo registrar na finalização do trabalho seu talento e os pontos principais por ele percebidos.
Através da exposição das maquetes no espaço escolar, os alunos, professores e demais participantes da comunidade escolar perceberam que a educação patrimonial é importante para a formação de cidadãos conscientes e a riqueza dos conteúdos interdisciplinares entre as atividades curriculares e extracurriculares. Portanto, é preciso que a sociedade escolar tenha sempre evidenciado o “porque preservar”, o conhecimento da história do bem tombado e a necessidade de se trabalhar de forma interdisciplinar nas diversas áreas da preservação do patrimônio cultural.
Dentro dos conceitos da área e à luz dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), pudemos analisar os temas transversais e as variadas formas de se desenvolver a interdisciplinaridade na intervenção deste projeto. Assim, trouxemos para o espaço escola o desenvolvimento de atividades voltadas para educação patrimonial, possibilitando a interdisciplinaridade na vivência do aluno.
2. AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
O que se percebe no espaço escola é a necessidade de inserir na prática pedagógica o conceito de patrimônio cultural, na forma de projetos específicos ou na interdisciplinaridade das próprias disciplinas. No Centro de Ensino Fundamental 03, localizado na região administrativa do Distrito Federal, Brazlândia, a inserção deste tema ocorreu dentro do projeto City Tour (saída a campo), o que demostrou ao educador e ao educando um mapeamento dos pontos turísticos de Brasília, identificados como Patrimônio Cultural do Brasil, com foco na sua preservação e conservação.
107No planejamento foi prevista a realização de uma exposição das maquetes no fim do semestre e, antes desta exposição, o professor realizou debates, roteiro, atividades teóricas e práticas em um mesmo contexto, visando o crescimento e a melhor formação. A confecção da maquete começou após a realização de duas saídas a campo para reconhecimento dos monumentos históricos de Brasília, sempre reforçando a importância dos pontos turísticos que são considerados patrimônio tombado. Portanto, para a confecção da maquete, seja individual ou em grupo, o aluno ficou livre em suas escolhas e ideias. Entre as escolhas feitas pelos alunos estavam: Ponte JK, Torre de TV, Torre Digital, Esplanada dos Ministérios, Palácio da Alvorada, Palácio do Planalto, Catedral de Brasília e Museu Nacional Honestino Guimarães.
BRASIL (1937) destaca “os museus como caminho às práticas pedagógicas”. O autor reforça a ideia que este é um espaço para se trabalhar o contexto didático pedagógico e ressalta que, nesta experiência, é possível comparar as questões ligadas ao desenvolvimento das construções e à inserção das grandes indústrias, na correlação com as máquinas artesanais, em um caráter essencialmente pedagógico. Estes são exemplos possíveis de monumentos históricos que propiciem atividades de preservação, conservação e estudos para práticas pedagógicas. Na saída a campo, portanto, o professor e o aluno conheceram os espaços e desenvolveram um estudo dirigido, descrevendo e mapeando os pontos visitados que são tombados pelo IPHAN.
3. OBJETIVOS
Trabalhar o tema conservação do patrimônio cultural no ambiente escolar, vivenciando os monumentos patrimoniais como práticas educativas.
Descrever o valor e o motivo da preservação no âmbito cultural para os alunos.
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Realizar um passeio turístico aos pontos considerados Patrimônio Cultural do Brasil, na cidade de Brasília;
Realizar um estudo para escolher o ponto turístico para a confecção da maquete;
Apresentar a maquete em uma exposição para a comunidade escolar.
4. REFERENCIAL TEÓRICO
O desenvolvimento do tema patrimônio cultural no processo educativo reforça a ideia de que é preciso que o aluno utilize sua capacidade intelectual para a aquisição e o uso de conceitos e habilidades. Portanto, esta é uma prática que deve ocorrer no espaço e na vida diária escolar, colaborando para um aprendizado que extrapola os muros da escola e possibilitando a interação com outros agentes da sociedade, tais como pais, comunidade, comércio, entre outros.
Para Jaqueline Moll (2000, p. 32), é necessária a atuação das instituições para conectar a escola às redes sociais e aos itinerários educativos no entorno do espaço urbano, trabalhando com o objetivo de se perceber a cidade com múltiplas possibilidades educativas. As ações aqui propostas tiveram esta intenção. De acordo com Horta (1999):
O patrimônio histórico e o meio ambiente em que está inserido oferecem oportunidades de provocar nos alunos sentimentos de surpresa e curiosidade, levando-os a querer conhecer mais sobre eles. Nesse sentido, podemos falar na “necessidade do passado”, para compreendermos melhor o “presente” e projetarmos o “futuro” (HORTA, 1999, p. 3).
Referindo-se ao texto de Horta, o Distrito Federal é um local de múltiplas possibilidades que envolvem o conhecimento sobre patrimônio cultural do Brasil. A saída a campo que acontece no período escolar possibilita a identificação destes locais com grande potencial educativo, propiciando apresentá-los aos alunos, descrevendo-os e identificando-os, de forma a demonstrar o valor e o motivo da necessária preservação desses patrimônios. A intervenção neste projeto possibilitou a proximidade com os monumentos/locais educativos e de valor histórico para a humanidade e que reforçam a necessidade de
108(...) rever e repensar a convivência em sociedade além da sala de aula, considerando o momento em que as desigualdades e injustiças sociais expõem os equívocos de um modelo de desenvolvimento econômico e social que visa apenas ao lucro imediato e transforma as relações humanas em relações de mercado (GADOTTI, 2000).
Como Benfica (s/d, p. 17) descreve, as possibilidades de ensino-aprendizagem podem ser vistas de forma a
“... mudar as relações humanas, sociais e ambientais que temos hoje, em prol da felicidade real, interna, que depende do exercício da alteridade e, portanto, da solidariedade como prática democrática”. Muitos alunos da rede pública de ensino não têm condições de frequentar tais locais por questão financeira ou por dificuldade de socialização, e essa metodologia de ensino promove a democratização no acesso aos bens culturais e seus valores considerados como Patrimônio Cultural do Brasil.
Durante o desenvolvimento do projeto, o que se observou é que a maioria dos jovens não percebe o patrimônio como um bem público e não identificam como patrimônio público aqueles bens culturais consagrados pela política patrimonial tradicional brasileira, cuja história está diretamente associada à dominação de seus ancestrais pelo regime escravista (CERQUEIRA, 2005, p. 101). Portanto, justifica-se a importância de ter como proposta pedagógica esses espaços, aplicando um projeto que contribua para o desenvolvimento do aluno por meio da realização de passeios, pesquisas, buscas em territórios e na articulação do conhecimento de maneira que garanta os direitos fundamentais, na perspectiva da educação integral e cultural.
5. METODOLOGIA
Atualmente, boa parte de nossos estudantes desconhece o traçado original e as belas construções idealizadas por Lúcio Costa e o arquiteto Oscar Niemeyer, registradas na lista do Patrimônio Cultural da Humanidade em dezembro de 1987. Para ampliar esse conhecimento, foram trabalhadas as possibilidades educativas além do ambiente escolar, promovendo observações durante toda a realização do evento, fotografias, auxílio e pesquisa em site de busca e roteiro de estudo sobre os monumentos.
O planejamento desenvolvido pelos professores de artes e história começou com os debates e leituras de textos de cunho histórico, seguido de um passeio turístico (City Tour), o que proporcionou ao aluno o conhecimento dos principais pontos da cidade como foco dos estudos. Na descrição do relatório do aluno, durante o período do passeio, ele foi tendo a ideia de qual dos monumentos tombados pelo IPHAN poderia ser a referência para construir sua maquete, produto das atividades propostas que comporia uma mostra/exposição. No Distrito Federal, o aluno poderia escolher entre opções como: a Torre Digital, a Torre de TV, a Ponte JK, a Esplanada dos Ministérios, o Palácio do Planalto, os Museus (Catetinho, Correio, Nacional), entre outras que marcam a cidade.
5.1 ÁREAS DE VISITAÇÃO E ESPAÇOS EDUCATIVOS
Com o apoio da Gestão Escolar, que possibilitou inserir o conceito Patrimônio Cultural no projeto City Tour (saída a campo), a próxima meta era trabalhá-lo dentro da sala de aula com a leitura de textos, o uso do laboratório de informática para realização de pesquisas e detalhamento de imagens. Nas explicações, debates e resoluções de questões acerca do assunto, o professor precisou reforçar e citar alguns exemplos de monumentos tombados pelo IPHAN em que a escola realizaria suas visitas com os alunos. Lembrando que foi preciso saber sobre a disponibilidade e horário de visitas de cada um desses locais.
109Abaixo, como exemplo, são descritos alguns desses monumentos, a fim de destacar sua importância para a construção das referências consideradas Patrimônio Cultural do Brasil. Um deles é o Congresso Nacional, órgão constitucional que exerce as funções do Poder Executivo no âmbito federal, ou seja, o papel de elaborar e aprovar leis, fiscalizar o Estado Brasileiro, bem como administrar e julgar outros projetos de lei apresentados pelos deputados e/ou senadores. É composto por duas casas: o Senado Federal e a Câmara dos Deputados e está localizado na Esplanada dos Ministérios. Através da sua exploração como local educativo, podem ser trabalhados especialmente conteúdos relacionados à geo-história, a partir de situações que envolvem os estados brasileiros e os políticos eleitos pelo povo.
O Memorial JK é um museu que homenageia o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Foi projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 12 de setembro de 1981. É o local onde se encontra o corpo de Juscelino Kubitschek e tantos outros pertences, além de informações relacionadas à sua trajetória pessoal e política. Por esse motivo, esse local educativo pode ser explorado especialmente para se trabalhar conteúdos relacionados à História do Brasil, de uma forma envolvente e em proximidade com os pertences reais da história dessa grande personalidade brasileira.
A Ponte JK (Juscelino Kubitschek) é um monumento muito visitado por turistas, porém, ainda pouco visitado por professores e alunos. É o mais recente dos monumentos de grande porte, pois foi inaugurado em dezembro de 2002. Possui comprimento de 1200 metros e largura de 24 metros, com duas pistas. Através da exploração desse local podem ser trabalhados conteúdos relacionados à matemática (geometria), física e biologia, buscando despertar para o estudo a partir de algo concreto.
Para a construção desta maquete foi usado o isopor, tinta guache, cola, papel celofane azul, tesoura, plantas ornamentais, miniatura de carrinhos e estilete para o recorte. Este trabalho possibilitou aos alunos e aos professores essa proximidade com os monumentos/locais educativos e culturais.
O Eixo Monumental é um dos monumentos históricos de Brasília que possui uma área aberta onde se situa a Esplanada dos Ministérios. Possui o gramado retangular da área e é cercado por duas amplas pistas, que formam a principal avenida da cidade, onde muitos edifícios públicos, monumentos e memoriais estão localizados. Este é o corpo principal do projeto Lúcio Costa que forma a cidade. Aqui o aluno descreveu sobre os prédios, sua construção, seu valor histórico. O material usado na confecção da maquete foi isopor, cola, tinta guache, papel A4, tesoura e estilete para o recorte.
O Palácio da Alvorada, residência oficial do Presidente do Brasil, foi concebido por Oscar Niemeyer e inaugurado no ano de 1958, recai sobre uma península nas margens do Lago Paranoá. Este foi um ponto turístico visualizado no laboratório de informática e visitado pelos alunos.
110O desenvolvimento da maquete foi de escolha do aluno, o que lhe trouxe a riqueza de conhecimento dentro do contexto ponto turístico e Patrimônio Cultural do Brasil. Realizou o estudo dirigido acerca do assunto, tendo a sensação de olhar para uma caixa de vidro, aterrada suavemente sobre o solo, com o apoio externo de finas colunas. Esse monumento histórico possui biblioteca, piscina olímpica aquecida, sala de música, salas de jantar no seu interior.
Para o aluno, a construção da maquete teve uma viabilidade rica quanto à visibilidade. O material usado para confecção foi isopor, tinta guache, cola, tesoura, plantas ornamentais, bonequinhos de plásticos, impressão de vidraça em papel A4 e estilete para o recorte.
O Palácio do Planalto é onde está localizado o Gabinete do Presidente do Brasil, a Casa Civil, a Secretaria Geral e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Na visita realizada pelos alunos, eles conheceram mais um projeto de Oscar Niemeyer. Além dos alunos saberem que foi um dos primeiros edifícios construídos e parte do projeto do Plano Piloto da cidade, também conheceram o seu valor histórico e como planejar a construção de sua maquete. O material usado para confecção desta maquete foi isopor, tinta guache, cola, tesoura, estilete para o recorte, uma bola de isopor que, dividida ao meio, fez a representação das duas bacias e a cartolina verde para representar a grama.
O projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, o Palácio Itamaraty, inaugurado em 21 de abril de 1970, constituído por três edifícios: o Palácio, o Anexo I e o Anexo II.
A Praça dos Três Poderes possui um amplo espaço aberto entre os três edifícios monumentais que representam os três poderes da República: o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. O aluno trabalhou a pesquisa sobre a parte urbanística idealizada por Lúcio Costa, as construções projetadas por Oscar Niemeyer e esquematizou como projetar sua maquete no ambiente escolar.
A Catedral de Brasília foi o primeiro monumento construído na capital, com projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, inaugurada em maio de 1970. Possui uma estrutura bastante imponente e é visitada diariamente por turistas de todo o mundo. Sua exploração didática pode abarcar vários conteúdos, especialmente física, matemática e história, pois os elementos estruturais e visuais despertam para possibilidades de cálculos e curiosidades históricas, tais como esculturas, pinturas e painéis.
O material usado para confecção desta maquete foi isopor, tinta guache, cola, tesoura, plantas ornamentais, bonequinhos de isopor, impressão de vidraça em papel A4 e estilete para o recorte.
111Para Sônia Rampim Florêncio (2012),
“a experiência acumulada de iniciativas bem-sucedidas e aplicada no espaço escolar bem como o alinhamento com preceitos extraídos das reflexões de educadores permitem identificar certos princípios norteadores que amplificam a eficácia do reconhecimento e da apropriação dos bens culturais e, por conseguinte, a relevância da implementação dos vários instrumentos legais de proteção do Patrimônio Cultural”.
A experiência de se trabalhar o passeio turístico e o desenvolvimento das maquetes foi proveitosa, pois, ao final, de posse de belíssimas miniaturas produzidas pelos alunos, percebeu-se a importância de mostrar à sociedade escolar, e em especial aos demais discentes e docentes, o resultado dos estudos sobre o respeito e a preservação de nosso patrimônio. A mostra foi realizada depois de todo o processo de estudo empreendido no semestre, tais como: debates, trocas de ideias, vídeos, passeio city tour (saída a campo para conhecer os pontos principais de Brasília) com a participação dos alunos e professores. A atuação da comunidade aconteceu quando as pessoas marcaram presença na exposição das maquetes no espaço escolar, prestigiando e vivenciando a importância de se preservar o legado demonstrado pelos alunos.
os autores das obras participaram do processo de planejamento e montagem da exposição. A saída a campo possibilitou que eles percebessem que é preciso, além de conhecer, preservar a cultura material e imaterial do Distrito Federal. As atividades foram organizadas com realização de reuniões e oficinas, abordando desde o planejamento dos passeios até o desenvolvimento das maquetes, a exposição, entre outras atividades.
O projeto desenvolvido no ambiente da escola, com as explicações, os conhecimentos adquiridos nas pesquisas realizadas em sites de cunho cultural e os debates, propiciou aos alunos informações sobre o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), os conceitos trabalhados pelo órgão e o espaço que ocupa em Brasília, Distrito Federal. A saída a campo proporcionou ao aluno conhecimentos sobre o funcionamento e o trabalho desenvolvido pelo Instituto, seus objetivos, perspectivas, visão e missão em relação ao patrimônio cultural do Brasil.
É importante destacar que esta realidade está muito distante de nossos olhos, de nossos cotidianos. Desde que surjam dentro de nós, educadores, o desenvolvimento e levantamento de ideias que propiciem a saída do ambiente escolar, levando-nos a conhecer estes contextos juntamente com os alunos, podemos fazer desses espaços nosso aprendizado do dia a dia educacional.
As ações foram realizadas de forma a proporcionar à comunidade os meios para participar do processo educacional em todos os níveis, de modo a garantir que a apreensão de outros conteúdos culturais se faça a partir dos valores próprios da sociedade. Brandão destaca que a referida participação se efetivará através da interação do processo educacional às vivências sociais e da geração e operacionalização de situações de aprendizagem com base no repertório regional e local (BRANDÃO, 1996, p. 293).
Desta forma, os espaços citados foram trabalhados visando a participação da comunidade, principalmente nas visitas às exposições realizadas pelos alunos. As saídas a campo garantiram ao aluno a compreensão dos conteúdos culturais e seus valores, despertando-os a repassar esses conhecimentos para a sociedade em que vive. O acompanhamento do professor a essas saídas ocorreu em interação com o processo educacional, associado às demais dimensões da vida acadêmica do aluno e da vida profissional do educador.
112É importante destacar que as ações de city tour (saída a campo para conhecer os pontos principais de Brasília) já são propostas que fazem parte do planejamento da escola. Isso foi muito importante para que as atividades do projeto de intervenção pudessem ocorrer de forma conjunta, alcançando os objetivos propostos e sendo finalizado com uma exposição dos trabalhos educacionais dos alunos. A exposição pôde ser mostrada no pátio da escola, onde cada aluno descreveu o processo de criação de sua respectiva maquete criada àqueles que a visitaram. Através das maquetes os pais e os demais alunos tiveram a ideia dos valores da arquitetura projetada na cidade histórica.
Na sequência, temos fotos registradas dos trabalhos no Centro de Ensino Fundamental 03, na região administrativa do Distrito Federal, Brazlândia, onde ocorreu a exposição dos trabalhos realizados pelos alunos. Nas imagens, podemos perceber as riquezas dos trabalhos manuais e o quanto é louvável trabalhar o tema Patrimônio Cultural do Brasil.
Pedro Paulo Funari e Ana Piñon, em seu artigo “Contando às crianças sobre o passado no Brasil”, comentam que é preciso levar em consideração os estudos realizados em diferentes escolas públicas brasileiras, objetivando “diagnosticar a capacidade da educação pública brasileira de transmitir a ideia e o conceito de ‘patrimônio’ aos estudantes”, apontando para a necessidade da educação patrimonial no âmbito da educação escolar. Na exposição das maquetes acima citadas podemos ver que o produto final dos discursos, palestras e saída a campo para conhecer os pontos turísticos de Brasília possibilitou perceber que todo o conhecimento adquirido não demandou o investimento de recursos elevados e produziu um aprendizado pedagógico importante.
É de se perceber ainda que, do início ao término, estão presentes conhecimentos que envolvem Matemática, Geografia, Ciências, História, Artes e Tecnologia, envolvendo também os valores sociais e políticos no contexto escolar e ressaltando a preservação do patrimônio cultural da capital.
6. A ESCOLA E OS PONTOS TURÍSTICOS DE BRASÍLIA
Em seu planejamento, o professor precisa sempre citar os principais pontos de preservação para o aluno, a fim de que o discente consiga compreender com clareza o motivo de preservar. A partir da leitura dos textos, explicações e debates é que a escolha de cada um pelo bem patrimonial pôde ser registrada (Torre Digital, Torre de TV, Catetinho, Memorial JK, Parque da Cidade, Palácio do Planalto, Correio Central, Esplanadas, Teatro Nacional, Museu do Índio, ente outros). Essa definição de quais espaços o aluno deve visitar é muito importante; por isso é necessária uma pesquisa fundamentada no laboratório de informática para que o registro de campo seja suficiente para o desenvolvimento da maquete.
No laboratório de informática o aluno estudou os textos, as imagens e fotos dos monumentos arquitetônicos de Lúcio Costa e do arquiteto Oscar Niemeyer, identificando as arquiteturas dos dois autores, assim como seus projetos e traçados. Neste ambiente, pôde usar os vários sites mencionados identificando os aspectos importantes, com ponto de partida para a escolha de qual arquitetura projetar na maquete. Além do laboratório, os alunos trabalharam na pesquisa de campo, com anotações dos detalhes das visitas aos espaços considerados Patrimônio Cultural da Humanidade.
1137. RESULTADOS
Na finalização da ação, conclui-se que este relatório de intervenção alcançou as propostas apresentadas tanto no objetivo geral quanto nos objetivos específicos. No que tange ao mapeamento dos principais locais, as palestras realizada e a saída a campo para mapear os pontos turísticos de Brasília e conhecer um pouco sobre o patrimônio cultural do Brasil na capital federal, foram todas ações importantes para que pudéssemos concluir que todo o conhecimento adquirido gerou um aprendizado pedagógico importante, seja ele de natureza material ou imaterial.
Ieda, mãe do aluno Ian, do 9º ano, que ajudou o filho na confecção da maquete do Palácio do Buriti, sempre via as imagens pela televisão, porém, não sabia os nomes e a existência dessa arquitetura. Por não ter a oportunidade de sair da cidade de Brazlândia, ela pôde usar da ideia do filho para conhecer um pouco da cidade de Brasília e sua riqueza em arquitetura.
Projetos educativos sobre Patrimônio Cultural do Brasil, com a parceria entre comunidade e escola, enriquecem o conhecimento social, e trazem um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no tema como fonte primária do entendimento e enriquecimento individual e coletivo. Desta forma, o fortalecimento desses projetos constitui-se em um instrumento de alfabetização cultural, que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido.
No ano de 2014, assim como em 2015, a comunidade escolar obteve um conhecimento básico sobre patrimônio cultural e sua preservação. O envolvimento de todos foi fundamental na ampliação dos conhecimentos. Isto levou a sociedade escolar ao reforço da autoestima e à valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e plural.
Por se tratar de um Relatório de Intervenção executado em um semestre, para se chegar a uma exposição como produto final foi preciso uma gestão centrada e objetiva, de forma que os ajustes acontecessem de acordo com as necessidades que fossem surgindo e apresentadas durante a sua vivência (realização), respeitando as diretrizes da Secretaria de Educação.
8. CONCLUSÃO
Podemos concluir que os objetivos quanto a se trabalhar o tema conservação do patrimônio cultural no ambiente escolar, vivenciando os monumentos patrimoniais como práticas educativas, foram atendidos durante todo o semestre do ano de 2014. Para isso foram trabalhados os valores e os motivos da preservação e conservação dos bens materiais no âmbito de Patrimônio Cultural do Brasil.
Quanto aos objetivos específicos, os passeios turísticos foram realizados nos pontos 5.1 (Áreas de Visitação e Espaços Educativos), tais como: Memorial JK, Ponte JK, Catedral de Brasília, Palácio da Alvorada, Palácio do Planalto, Palácio Itamaraty e Praça dos Três Poderes. Pontos e monumentos de Brasília, Patrimônio Cultural da Humanidade.
As fotos mostradas ao longo do relatório são imagens das maquetes retiradas no momento da Mostra, realizada no fim do semestre de 2014, no espaço escola do Centro de Ensino Fundamental 03 (Unidade Administrativa do Distrito Federal).
A escolha do título do relatório, mais genérico, foi para deixar aberto a outras possibilidades educativas, não só na região do Distrito Federal, mas também para atender outros espaços. Como exemplo, podemos relatar visitas à cidade de Pirenópolis, Cidade de Goiás, Sítios Arqueológicos...
114Cerqueira (2005), em seu artigo Patrimônio Cultural, Escola, Cidadania e Desenvolvimento Sustentável, descreve “o patrimônio cultural, histórico e arquitetônico, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade”, sendo esses pontos os principais eixos para a realização de uma saída a campo com finalidade de pesquisas e estudos. Portanto, é de se considerar que a educação patrimonial contribui para a formação de professores e estudantes, tornando-os sujeitos ativos e conscientes, atentos ao seu entorno e exercendo a sua cidadania.
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