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Viagem à Leitura

Este projeto de intervenção foi criado para ser aplicado na Biblioteca Municipal Raimundo Sardinha da Costa, da Cidade de Goiás, que se encontra na Rodoviária Miriam Rezende (Rodoviária Nova). É através dele que pretendo fazer dessa biblioteca um local com muitos pesquisadores e leitores, já que oferece inúmeros acervos patrimoniais gratuitos à sociedade. Há um tempo, muitas pessoas frequentavam a biblioteca e iam com muito gosto em busca da leitura. Lá era local de encontro para realização de grupos de estudos. Se via estudantes idealizando profissões e muitos desses, hoje, são profissionais exemplares, o que mostra o auxílio que a biblioteca teve na vida das pessoas. Sabendo a importância que tem a leitura para todos, minha proposta de intervenção é reverter a situação de pouca frequência que a biblioteca se encontra, despertando na comunidade o quão útil é o funcionamento e a existência da mesma. Farei isso propondo visitas de estudantes de 4° a 5° ano do ensino fundamental, na maioria de 8 a 11 anos de idade, oferecendo a eles brincadeiras com livros, momentos de leitura, de desenho e escrita, e auxiliando na divulgação da biblioteca em rádios da cidade sobre a sua localidade e convidando a comunidade para ir até lá. Assim, também estarei incentivando a leitura, a pesquisa e divulgando o acervo existente. Partindo das reflexões de Maria de Lourdes Parreira Horta (1999) e de Carlos Rodrigues Brandão (2007), o patrimônio se faz presente em nosso cotidiano e nos lugares, um deles é a biblioteca. Acredito que essa também disponibiliza conhecimento patrimonial, o que é importante para o intelectual humano. É essencial incentivar nas crianças a vontade de ler, com isso, o conhecimento de onde elas podem encontrar a leitura e que a biblioteca é o local específico para isso, valorizando e fazendo uso de sua existência.

Palavras-chaves: Biblioteca. Leitura. Estudantes.

Aluna: Maria Aparecida Correia dos Santos

Polo: Águas Lindas

Orientadora Acadêmica: Mana Marques Rosa

Coordenadora de orientação: Ivanilda Aparecida Andrade Junqueira

1. INTRODUÇÃO

A Cidade de Goiás é muito conhecida por ter grandiosos patrimônios, como museus, ruas de pedra, casas históricas, símbolos, igrejas, praças, rios entre outros. Porém, existe um não tão conhecido como tal, que não tem seu valor patrimonial reconhecido pela sociedade, a Biblioteca Municipal Raimundo Sardinha da Costa. Por isso a escolhi como local de intervenção do projeto exatamente por ser um patrimônio indispensável para a população. Como a conheço há 23 anos, sei que as informações que oferece não são poucas, o que contribui para que seja ainda mais importante.

Sua primeira inauguração foi no Palácio Conde dos Arcos, no ano de 1975, outro patrimônio histórico da cidade, e lá ficou não por muito tempo, logo se mudou para outros lugares, até chegar onde atualmente está, na Rodoviária Mirian Resende (Rodoviária Nova).

Raimundo Sardinha da Costa (1829-1865) nasceu na Cidade de Goiás, antiga capital do estado, e criou o primeiro Salão de Leitura da cidade, hoje conhecido como Gabinete Literário Goiano, em 10 de abril de 1864. Considerado também um patrimônio, não se encontra mais de portas abertas, mas, por muitos anos foi um importante local de leitura para a comunidade. Como Raimundo lutou pela educação e leitura durante sua vida e conseguiu concretizar o sonho de abrir o Gabinete, foi dado à Biblioteca o nome do mesmo, por ser sinônimo do local que inaugurou.

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Além de ser um rico patrimônio, possui acervos excepcionais de muitos anos disponíveis a todos os vilaboenses e demais pessoas, gratuitamente. A biblioteca é um excelente local de estudos e fonte de conhecimento. Mas, há algum tempo, encontra-se pouco frequentada, sem fluxo de estudantes e pesquisadores.

Pretendo colaborar para mudar essa situação e devolver a ela a circulação de estudantes, principalmente crianças de 8 a 11 anos, pesquisadores e leitores, propondo o acesso à biblioteca por meio de ações de incentivo à leitura e pela própria divulgação da instituição aos moradores da cidade através de visitas, brincadeiras, dinâmicas, interação e anúncios.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 OBJETIVOS

2.1.1 Objetivo Gerals

Realizar um projeto de intervenção que contribua para aumentar o número de estudantes e pesquisadores que frequentam a Biblioteca Municipal Raimundo Sardinha da Costa.

2.1.2 Objetivos Específicos

2.2 METODOLOGIA      

Este projeto é divido em três momentos. No primeiro: entrevistas questionando sobre a importância da biblioteca e o que as pessoas acham sobre a leitura e a pesquisa.

No segundo momento, convidei os alunos do 5° ano do ensino fundamental da Escola Estadual Dom Abel, juntamente com a professora Analice de Jesus, que acompanhou a turma. Apresentei-me como funcionária da biblioteca e falei um pouco sobre ela. Fiz um convite à diretora da escola Maria da Glória para estar presente e contar uma história de sua preferência.

Convidei também a professora Rosimary Rodrigues que encenou uma história. Os alunos escolheram um livro literário para ler, relataram suas leituras e escreveram uma redação.

Em outro dia, convidei os alunos e os professores da Escola Municipal Sonho Infantil que frequentaram e conheceram a biblioteca. Fiz a apresentação e informei aos visitantes que realizaríamos algumas brincadeiras como: soletrando, falava uma palavra e escolhia um aluno para estar soletrando-a. Pedi aos professores que realizassem algumas atividades com os seus alunos. Aconteceram dinâmicas, diálogos, brincadeiras, assim, estiveram em uma aula diferente, expositiva.

Terceiro momento: levei para a rádio da cidade anúncios sobre a biblioteca, um brinde para o ganhador de uma pergunta sobre ela e ao mesmo tempo uma propaganda, anunciando aos vilaboenses o local e horário de funcionamento, fazendo, assim, um convite para todos.

2.3 PROCEDIMENTOS

Foram realizadas todas as partes deste projeto de acordo com as ações previstas. Foi feita a entrevista com dois ex-frequentadores da biblioteca, que responderam sobre a importância da mesma e qual o motivo que deixaram de frequentá-la. Em geral, responderam que a itinerância da biblioteca atrapalhou muito, pois ela mudou muitas vezes de endereço, então, perderam o contato, mas que a mesma foi muito importante em suas vidas, pois os ajudou profissionalmente.

A comunidade escolar de ensino fundamental foi atendida. Visitaram a biblioteca com agendamento, principalmente a Escola Estadual Dom Abel, que levou duas turmas, com a supervisão das professoras Analice e Rosimary, a coordenadora Maria Aparecida e a diretora da Escola Maria da Glória, que ajudaram nas ações contando e encenando estórias. Os alunos conheceram a biblioteca, onde verificaram a sua organização e seu funcionamento, então, eles relataram, ilustraram, leram e fizeram redações.

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Em seguida, foi a vez da Escola Municipal Sonho Infantil, que teve a orientação da professora Ana Cristina e da coordenadora Flávia Correia. Os alunos chegaram, conheceram, pegaram os livros, leram e brincaram com as palavras. Foi passada a eles a brincadeira “Soletrando”, que consiste em soletrar as seguintes palavras escolhidas: luneta, janela, cachorro, amora, oito, jornal, dinheiro, vaso, fome, poesia, pamonha, sala, cama, animal, horas, sono, festa, perigo, lua e medo. Elas foram pegas do livro infantil “Eu e minha luneta”, do autor Cláudio Martins . Os alunos se divertiram saindo da escola e tendo uma aula diferente, principalmente por ser um lugar ainda não conhecido e interessante. Por fim, receberam uma lembrancinha com uma balinha e um papel escrito “Bem-vindos à Biblioteca Raimundo Sardinha da Costa, junho de 2015”.

MARTINS, Cláudio. Eu e minha luneta. Belo Horizonte: Formato Editorial, 1992.

Na biblioteca, existe um livro de registro, ao visitá-la todos assinam antes de sair. Assim fizeram as crianças.

Foi levada uma caixa de bombom às rádios Fogaréu FM e Vila Boa FM, que presentearam o sorteado dos que acertaram seu atual endereço. Posteriormente, elas anunciaram à população da cidade o local e horário de funcionamento da biblioteca.   

2.4 RESULTADOS

Assim que todas as ações foram realizadas, de acordo com as visitas da comunidade escolar, o que se percebeu foi que faltava uma forma de divulgação da biblioteca, e isso aconteceu de maneira muito satisfatória.

Através desse trabalho, foram reunidos dois ex-frequentadores para uma conversa trazendo o passado de forma atual com lembranças de como era bom quando a biblioteca ficava lotada de estudantes, contando a importância que a mesma teve em suas vidas profissionais. Adriano, um deles, disse: “A biblioteca municipal me proporcionou o desejo da leitura e pesquisa, era a única maneira de podermos desenvolver as atividades de pesquisa, contribuiu muito no que sou hoje”.

E Laila, a outra ex-frequentadora, afirmou que: “Contribuiu para o conhecimento que tenho hoje. Já li muitos livros na biblioteca municipal, desde pequena ia pra lá e ficava lendo, cresci com esse gosto pela leitura”.

Descobriu-se  que as crianças ficam muito empolgadas quando têm uma aula diferente. Ao chegarem à biblioteca, vimos a alegria delas. Ficaram impressionadas com a organização, com cada estante, com os livros e, assim, via em cada gesto e sorriso das crianças a surpresa de como é uma biblioteca. Elas adoraram ir às estantes descobrir os livros que combinavam com cada gosto de leitura.

Da Escola Estadual Dom Abel totalizaram 50 alunos e da Escola Municipal Sonho Infantil totalizaram 20 alunos, somando 70 alunos participantes das visitas e prática da intervenção.

As brincadeiras foram todas realizadas, as crianças nem mesmo esperavam o término das palavras para soletrá-las.

Através de desenho, relatório e redação, verificou-se a forma de expressão e que as crianças são bastante observadoras. Expondo seus conhecimentos, os livros as ajudaram a descobrir um mundo de fantasias e sonhos. Elas gostaram muito da história contada e encenada. E, assim, disseram voltar para realizarem seus trabalhos escolares.

Através dos anúncios das rádios, acredita-se que as pessoas que não tinham conhecimento do local da biblioteca irão visitá-la, pois foi anunciado com brincadeiras para divulgá-la, mas de uma forma séria. Acredita-se que após essas ações, pessoas irão procurá-la com mais frequência para realizarem pesquisas.

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3. REFERENCIAL/ MARCO TEÓRICO

Este projeto de intervenção teve como objetivo levar à comunidade a ideia verdadeira do que é um grande baú de livros, e que, além de guardá-los, ele está lá para servir e ser buscado; ele é um patrimônio. Um local tão rico em acervos não pode ser reconhecido como algo inútil.

A biblioteca é um centro de conhecimento, de imaginação, aprendizado e informação. Sendo eu uma funcionária desse local, estou buscando a aproximação da comunidade. O que fez Bastos Tigre, o primeiro reconhecido bibliotecário brasileiro e exerceu sua função por 40 anos. Acreditava, também, que a biblioteca é merecedora de bons conceitos e reconhecimento.

A preservação e existência dela também é responsabilidade da sociedade, tendo essa que dar motivos para que continue aberta, sendo um ponto de apoio, ajuda e pesquisa.

O projeto de intervenção inclui participação infantil, porque mais que ensinar a geração atual já adolescente é importante instruir as crianças, pois assim já crescerão sabendo a verdade sobre o grande baú de livros e poderão passar às próximas gerações, fazendo renascer o amor à leitura.

Junto às ideias de Bastos Tigre, quero atribuir à biblioteca como um local, além de tudo, prazeroso. Uma vez que ir até lá não seria apenas por pesquisa, mas também por gosto. Foi graças ao amor que Tigre dedicava aos livros que o dia e mês de seu nascimento é considerado o dia do bibliotecário. Considero-o um grande exemplo. E é com sua seguinte frase que deveríamos ver os livros: “veículo de ideias, que trouxe o passado até o presente e levará o presente ao infinito dos tempos”.

A biblioteca encontra-se em estado de abandono tanto pelos leitores quanto pelas autoridades locais. Podemos citar o que Varine (2013) destaca muitas vezes: que as pessoas têm um patrimônio local, mas não o usam, ignorando-o. É o caso desta instituição, que possui bons livros, mas não têm leitores.

Maria de Lourdes Parreira Horta (1999) diz que o ensino formal deve ter ações que auxiliam através da educação patrimonial, juntamente com o ensino não formal. Acredito que a biblioteca como um patrimônio auxilia as escolas no sentido de aprendizagem através da leitura, que é outro patrimônio, porém, imaterial.

Horta se preocupa muito com a qualidade do ensino em nosso país, pois procura, de todas as maneiras, levar ao conhecimento da comunidade escolar que educação patrimonial é muito importante. Para ela, conhecer um pouco de cada bem cultural é bom para o desenvolvimento do ensino formal e sair da sala de aula para conhecer o patrimônio local auxilia na aprendizagem das crianças, que buscarão esses lugares como referência para estudos; um deles pode ser a biblioteca.

No texto: Políticas Públicas Culturais e Direitos Humanos, Ivanilda Junqueira pontua que “todos têm direitos à cidadania, que deve ser cobrada, e muitas vezes não são reconhecidos”. O direito de frequentar a biblioteca, por exemplo, ou ao menos saber que ela existe. E ainda destaca que:

(...) os lugares e suportes da memória (museus, monumentos históricos, arquivos, bibliotecas, sítios históricos, vestígios arqueológicos, etc.) são instrumentos que devem ser utilizados no processo educativo, a fim de desenvolver a sensibilidade e a consciência dos estudantes e dos cidadãos para a importância da preservação desses bens culturais (JUNQUEIRA, 2014, p. 28).

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O patrimônio está presente em nosso dia a dia em todos os lugares e este lugar pode ser a biblioteca, junto aos livros, ajudando a educação formal que estão interligadas a um só objetivo, ao aprendizado e à busca do conhecimento.

No texto Educação Patrimonial II: Recursos, Técnicas e Estratégias, Junqueira preserva a importância dos professores estarem buscando um outro lugar fora da sala de aula para a aprendizagem dos alunos. Como patrimônio, a biblioteca é um lugar de extremo valor, onde eles irão encontrar um pouco de cada assunto que precisam para obter conhecimento.

4. CONCLUSÃO

Este trabalho foi preparado pensando em um patrimônio muito rico e que estava se perdendo entre outros que fecharam as portas na cidade, pois há muitos lugares que ficaram somente na memória dos moradores. Mas, como os livros estão, na prática, ajudando no conhecimento dos estudantes e aumentando seu intelecto, não se pode deixar esse patrimônio acabar.

Não foi fácil resgatar do passado uma biblioteca cheia de pesquisadores, pois foi muito procurada por pessoas que hoje são bem-sucedidas profissionalmente e lá estudaram quando eram jovens e crianças, mas estava sendo esquecida. A situação vazia que a biblioteca se encontrava já está mudando, porque as pessoas estão procurando com mais frequência, descobriram seu endereço atual, e através desse projeto há, também, interessados em conhecê-la.

Com a divulgação deste trabalho, pode-se convidar as outras escolas da cidade para visitas, que, conhecendo-a, poderão divulgá-la para mais pessoas, atingindo maior número de pesquisadores.

A biblioteca vai estar aberta para todos; será novamente local de reuniões, ponto de encontro dos estudantes. Assim, as pessoas se acostumarão a buscar nela as informações que precisam e estarão se aproximando dos livros, do hábito de leitura e do prazer de ler. Além de sinônimo de livro, a biblioteca significa informação, cultura, lazer, patrimônio, prazer, conhecimento individual e coletivo.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Inajá Martins de. O dia do bibliotecário. 2010. Disponível em: <http://blog-inaja.blogspot.com.br/2010/03/o-dia-do-bibliotecario.html>. Acesso em: 5 mai. 2015.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 2007.

ENCICLOPÉDIA DELTA UNIVERSAL. Rio de Janeiro: Editora Delta AS.

HORTA, Maria de Lourdes Parreira. 1999 HORTA, Maria de Lourdes Parreiras ;GRUNBERG, E. . Guia básico de Educação Patrimonial. Petrópolis: Museu Imperial/IPHAN/MinC, 1999. v. 01. 65p .

JUNQUEIRA, Ivanilda A. A. Educação patrimonial II: recursos técnicas e estratégias, DVD. Texto Básico da Especialização Interdisciplinar em Patrimônio, Direitos Culturais e Cidadania. Goiânia: UFG/CIAR,2014.

______. Políticas públicas culturais e direitos humanos DVD. Texto Básico da Especialização Interdisciplinar em Patrimônio, Direitos Culturais e Cidadania. Goiânia: UFG/CIAR,2014.

KURY, Adriano da Gama. Minidicionário Gama Kury da Língua Portuguesa. São Paulo: FTD, 2001.

MANUAL DO BIBLIOTECÁRIO. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho Projeto Viagem da Leitura, Fundação Nacional do Livro Infantil Juvenil (FNLJ). Comissão Brasileira de Bibliotecas Públicas e Escolares (FEBAB), 1988.

MARTINS, Cláudio. Eu e minha luneta. Belo Horizonte: Formato Editorial, 1992.

NOVA ENCICLOPÉDIA BARSA. Rio de Janeiro/São Paulo: Enciclopédia Britânica do Brasil Publicação Ltda.

TRIPP, David. Pesquisa – ação: uma introdução metodológica. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005

VARINE, Hugues de. As Raízes do Futuro: o patrimônio a serviço do desenvolvimento local. Trad. Maria de Lourdes Parreiras Horta. 1ª Reimpressão. Porto Alegre: Medianiz, 2013.