61

Aferição da Cultura Militar no Comportamento dos Bombeiros Mirins: Uma Investigação sobre a Cidadania Promovida pelo Proebom

Este trabalho teve como objetivo relatar a intervenção realizada no Programa Educacional Bombeiro Mirim (Proebom), do município de Luziânia, promovido pelo 5º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. A intervenção principal consistiu em uma pesquisa com os pais e responsáveis das crianças e adolescentes inseridas no Proebom, de maneira que eles pudessem avaliar o comportamento de seus filhos antes de ingressarem e seis meses após ingressarem no Programa, visando à aferição da cultura militar no comportamento dos Bombeiros Mirins. O questionário de Capacidades e Dificuldades versão para Pais foi a ferramenta utilizada para aferir os comportamentos que foram processados e comparados, posteriormente. As intervenções secundárias consistiram nas divulgações do projeto de intervenção e dos resultados encontrados junto aos gestores locais (direção, coordenação e instrutores) e aos pais e responsáveis dos bombeiros mirins. O feedback das apresentações foi bastante positivo, bem como a expectativa de continuidade de divulgação do projeto de intervenção e seus resultados à Fundação Dom Pedro II, ao Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás e aos parceiros e patrocinadores do programa.

Palavras-Chave: Proebom, Comportamento, Crianças, Adolescentes.

Aluno: Juliano Borges Ferreira Moraes

Polo: Águas Lindas

Orientador Acadêmico: José Eduardo Mendonça Umbelino Filho

Coordenadora de orientação: Simone Rosa da Silva

1.INTRODUÇÃO

Este relatório técnico-científico é resultado de uma pesquisa realizada no ambiente de trabalho do próprio pesquisador que, por vez, cumulativa às suas funções, exerce o papel de coordenador local do Programa Educacional Bombeiro Mirim (Proebom). A intervenção configura-se inusitada, sem precedentes, porém, contemplada direta ou indiretamente no Planejamento Estratégico 2012-2022 do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, de acordo com os Eixos Estratégicos 1 e 2, na Perspectiva Sociedade, sob os Temas Estratégicos: 1. Prestar serviço que proporcione satisfação e confiança; e, 2. Atender com profissionalismo e excelência. Trata-se, conforme seu título, da aferição da cultura militar no comportamento dos Bombeiros Mirins: uma investigação sobre a cidadania promovida pelo Proebom.

Em tese, o estudo visa demonstrar se - de acordo com os itens comportamentais de padrões externalizantes adotados e segundo a opinião dos pais e ou responsáveis - a cultura organizacional militar, bem como a didática oferecida pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, tem contribuído para a melhoria de vida das famílias e, consequentemente, com a promoção da cidadania.

A importância desse tema reside no fato de que nas últimas décadas percebe-se um intenso debate em torno das estratégias a serem adotadas pelas instituições de segurança pública não como mera luta para conter a violência, o crime e os desastres. Mas, sobretudo, um sistema de força da sociedade capaz de promover a cidadania, protegendo e “servindo” a população. Em Provérbios 22.6, Jesus recomendou: “Ensina a criança o caminho que deve andar e ainda quando for velho, não se desviará dele”.
Dentre as estratégias e imprescindíveis medidas, destacam-se as de cunho educativo, conforme o artigo 125, inciso III da Constituição do Estado de Goiás, de 05 de outubro de 1989:

62

Art. 125 - O Corpo de Bombeiros Militar é instituição permanente, organizada com base na hierarquia e na disciplina, cabendo-lhe, entre outras, as seguintes atribuições:

I - a execução de atividades de defesa civil;

II - a prevenção e o combate a incêndios e a situações de pânico, assim como ações de busca e salvamento de pessoas e bens;

III - o desenvolvimento de atividades educativas relacionadas com a defesa civil e a prevenção de incêndio e pânico;

IV - a análise de projetos e inspeção de instalações preventivas de proteção contra incêndio e pânico nas edificações [...]. (Disponível em: <http://www.bombeiros.go.gov.br/historico>. Acesso em: 16 jun. 2015)

Nesse ínterim, com o objetivo de contribuir com a formação e educação não formal de crianças e adolescentes, o Governo do Estado de Goiás promulgou a Lei nº 14.805, de 09 de junho de 2004, que criou o Programa Educacional Bombeiro Mirim (Anexo B). O Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, através da Portaria nº 125/11 – Comando Geral, de 22 de dezembro de 2011, aprovou e deliberou a cerca da implementação do Programa nas Organizações Bombeiro Militares distribuídas pelo Estado de Goiás (Anexo C).

A metodologia utilizada para elaboração deste trabalho foi através de pesquisas bibliográficas e exploratórias, e pesquisa de campo com questionários que coletaram a opinião dos pais e responsáveis sobre os comportamentos de padrões externalizantes dos jovens antes e 06 (seis) meses após seus ingressos no Programa.

Portanto, para uma melhor compreensão do tema, ou seja, da influência socioeducacional do Proebom na vida das famílias através da mudança comportamental dos jovens, o trabalho abordou uma contextualização da cultura organizacional militar, o histórico do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás e as caracterizações do Programa Educacional Bombeiro Mirim. Em seguida, os resultados da pesquisa foram divulgados aos gestores locais e aos pais e responsáveis dos bombeiros mirins para o alcance dos objetivos estabelecidos. A aprovação do relatório pela banca examinadora da Universidade Federal de Goiás constituiu fator condicionante para as divulgações propostas junto ao Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, à Fundação Dom Pedro II e aos Parceiros e Patrocinadores.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 OBJETIVOS

2.1.1 Objetivo Geral

Identificar as contribuições do Proebom para a mudança comportamental dos Bombeiros Mirins.

2.1.2 Objetivos Específicos

3. BREVE EXPOSIÇÃO SOBRE CULTURA E ENSINO MILITARES

Historicamente, as Forças Armadas Brasileiras (Marinha, Exército e Aeronáutica) herdaram a cultura militar portuguesa e, por conseguinte, as polícias militares e os corpos de bombeiros militares, constitucionalmente, forças auxiliares e reservas do Exército Brasileiro, também assim o fizeram.

A Cultura Militar é um conjunto de valores, tradições, costumes e postura filosófica que, ao longo do tempo, criou elos institucionais comuns. Desde sempre pode ser encontrada uma matriz comum a todos os militares relacionada   com expectativas comuns relativas a padrões    de comportamento, disciplina, trabalho de equipe, lealdade, dever e abnegação e, nos costumes que apoiam esses valores. (GRILO, 2003, p. 8).

63

Pesquisar cultura e ensino militares induz o pesquisador a ingressar na seara dos acervos bibliográficos das Forças Armadas, sobretudo, do Exército Brasileiro. Uma vez que o Exército representa a “Força Maior” dentre as instituições militares e conta com inúmeros Centros de Formações Profissionais próprios, a citar: Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), a Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), a Escola de Sargentos das Armas (ESA), Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx), Escola de Saúde do Exército (EsSEx), Escola de Sargentos de Logística (EsSLog), o Instituto Militar de Engenharia (IME), Sistema de Colégios Militares do Brasil (SCMB), entre outros.

A pesquisa e a divulgação de conhecimentos relacionados à cultura e educação militares são escassas e, quando muito, se limitam às críticas pontuais às políticas pedagógicas elaboradas à época do regime militar, período compreendido entre 1964 e 1985. Com isso, dentre os especialistas da área, a maioria são autores militares, sobretudo pelo fato desta temática não ter considerável ressonância no meio acadêmico. Pode-se dizer então que a cultura militar, apesar de pujante, encontra-se discriminada etnocentricamente. Como bem elencou Leitão (2014, p. 9): “[...] faz parte da natureza humana enxergar os ‘outros’ a partir de nossos próprios modelos e concepções”.

O Exército Brasileiro vê na educação uma oportunidade de se fortalecer, contribuir e de interagir com a sociedade civil, buscando diminuir as barreiras historicamente existentes entre militares e civis. Assim, suas escolas cumprem o papel de transmissoras da cultura e dos valores militares sempre visando uma formação completa e ampla. Assim já se percebia desde Dom João VI, conforme se pode averiguar em suas ordens abaixo registrada:

[...] um curso completo das ciências matemáticas, de ciências de observações, quaes (sic) a física, química, a mineralogia, metalúrgica e história natural, que compreenderá o reino vegetal e animal, e das ciências militares em toda a sua extensão, tanto de tática como de fortificação, e artilharia, na forma que mando especificar; havendo uma Inspeção Geral que pertencerá ao Ministro e Secretário de Estado de Guerra, e imediatamente debaixo de suas ordens, à junta Militar que mando crear (sic) para dirigir o mesmo estabelecimento, que sou servido ordenar na forma dos seguintes estatutos [...]. (PIRASSINUNGA, 1958 apud NOGUEIRA, 2014, p.154).

A evolução da cultura e do ensino militar brasileiros está intimamente atrelada à história do Exército e é fator determinante para manutenção de uma ética profissional, que coloca a categoria dos militares entre as de destaque no cenário nacional.

Santos (2004 apud MARCUSSO & FERREIRA, 2013, p. 46) deixam registrado em seu trabalho um estudo sociológico do levante de 1922, onde se tem que:

“[…] a revolta do Forte de Copacabana é emblemática para as questões de honra, romantismo e virilidade.” [...] Partindo dessa premissa a autora atesta que essas características eram as bases da identidade militar na Primeira República e que ela se formava gradualmente em diversas fases da vida militar. A fase da Escola Militar é essencial, pois, trata-se do momento que tais princípios passam a ser incorporados naturalmente pelos alunos, que em pouco tempo terão a função de reproduzi-los como chefes de tropa, por exemplo. A autora seleciona três processos para explicar a formação da identidade militar nos jovens cadetes da EMR (Escola Militar do Realengo).

64

O autor supracitado ratifica que a identidade militar, tomando como exemplo a Escola Militar do Realengo, pode ser processada primeiramente pelos extremos qualitativos entre o Exército (puro e coeso) e a sociedade civil (incapaz) e política (corrupta). Inclusive, historicamente registrada nas intervenções políticas lideradas em nome da ordem e do progresso da nação em 1889, em 1930 e em 1964. A virilidade, por vez, sempre bem figurada nos constantes treinamentos físicos, intelectuais ideológicos e psicológicos dos centros de formação. Por último, o romantismo seria retratado pelo idealismo e heroísmo das ações em favor da pátria. Todos os processos estão permeados, sobretudo, pela honra, princípio de conduta baseado na ética, coragem e honestidade.

Em termos práticos é possível entender as especificidades pedagógicas da cultura militar ao observar os processos em que se dá a iniciação de seus adeptos através do curso de formação militar. Este, por sua vez, é de natureza formal, com duração fixa de vários meses ou anos, onde os iniciados são processados de forma coletiva e por meio de estratégias de despojamento.

Todas as atividades exercidas pelos alunos fora e dentro dos limites da companhia escola são reguladas pelas normas disciplinares. Essa formalização é também retratada na fala de um recruta: "tudo o que você faz aqui dentro e fora, é tudo avaliado, desde a ordem-unida, até o desempenho na sala de aula. Até na hora do lazer, tudo é anotado e cobrado". [...] É através das disciplinas e dos rituais socializadores que os alunos aprendem as normas e os valores apropriados à cultura militar. Para os recrutas entrevistados, a iniciação na carreira militar depende do aprendizado de dois princípios básicos: hierarquia e disciplina. (BRITO & PEREIRA, 1996, p. 155)

A formação militar esclarece sobre quem deve mandar e quem deve obedecer, elucida o que é hierarquia e disciplina partindo do ensinamento sobre o papel que cada um tem na instituição, conforme graduação ou posto. A hierarquia crescente se inicia com a graduação de Soldado passando, em seguida, a de Cabo, Terceiro Sargento, Segundo Sargento, Primeiro Sargento, Subtenente, Aspirante, Segundo Tenente, Primeiro Tenente, Capitão, Major, Tenente Coronel, Coronel, General de Brigada, General de Divisão e General de Exército.

A assimilação das competências inerentes ao seu posto ou graduação, bem como a postura ritualizada dos sinais de respeito aos símbolos e aos superiores hierárquicos,são condições básicas para se adequar à cultura militar. O não cumprimento pode tipificar em transgressão às normas disciplinares, que redundam em punição disciplinar ou criminal militar correspondente, conforme Regulamento Disciplinar e Código Penal Militar.

O período de adaptação ou de curso de formação é bastante tenso, uma vez que os alunos são submetidos a muitas exigências e testes, conhecidos pelos nomes de “vivacidade e maneabilidade”, ambos com o intuito de desenvolver aspectos cognitivos e afetivos. A competição é sempre estimulada e a superação sempre exigida, de maneira que as atividades de ordem física levam à fadiga e o simples ato de se vestir adequada e alinhadamente requer atenção e dedicação, seja em manter a farda limpa e bem passada, seja ao engraxar e lustrar os coturnos.

65

Tornar-se um militar requer, sem dúvida, muita persistência, uma vez que aos adeptos são exigidos nos aspectos psicológico, intelectual e físico. Adaptar-se à cultura militar significa ainda agregar os deveres, os valores e a ética, a exemplo do patriotismo, lealdade, probidade e coragem, entre outros.

A solidariedade é fruto das estratégias de despojamento às quais os recrutas são submetidos. As estratégias objetivam destruir e despojar certos valores e crenças civis e inculcar ou introjetar os valores militares (respeito à hierarquia, disciplina). Tais estratégias, portanto, visam a iniciar um processo de concessão e de destruição da identidade do civil. (MAANEM, 1975 apud BRITO & PEREIRA, 1996b, p. 159)

A compreensão e o reconhecimento de que existe uma cultura militar em meio à diversidade cultural brasileira desperta para como disse Leitão (p.17): “[...] formação de educadores capazes de lidar com essa diversidade no seu cotidiano pessoal e profissional, bem como de educar pessoas com capacidade de enxergar as diferenças culturais não como algo negativo e de uma forma etnocêntrica”. Essa compreensão não ignora a ausência de conflitos nas relações entre grupos e pessoas de origens culturais distintas, mas vislumbra, apesar dos conflitos e diferenças, a possibilidade de diálogos e de aprendizado mútuos entre essas distintas formas de organização das culturas e as possibilidades diferenciadas de reconhecimento da cidadania.

4. CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás é uma instituição que foi criada subordinada à Polícia Militar após o envio de 11 (onze) policiais militares para o Estado de Minas Gerais para realizarem um curso de Bombeiros, em 05 de novembro de 1957.

O serviço de bombeiros ficou sob a responsabilidade da Polícia Militar desde sua criação, em 1957, até sua desvinculação promovida pela Constituição Estadual, promulgada em 05 de outubro de 1989. A partir daí, com o advento da Constituição Estadual, é que a Corporação passou a ter comando administrativo e operacional próprios.

Atualmente, com aproximadamente 3 (três) mil bombeiros militares especializados nas mais diversas áreas, a Corporação encontra-se presente em mais de 30 (trinta) municípios do Estado de Goiás. Equipada com viaturas e equipamentos modernos de combate a incêndio urbano e em vegetação, salvamentos (aquático, em altura e terrestre), além do resgate pré-hospitalar, cumpre com sua missão institucional de proteger a vida, o patrimônio e o meio ambiente para o bem-estar da sociedade.

Calcado na visão de ser uma corporação militar de referência nacional, pela excelência na prestação de serviços de bombeiros, cultua e promove seus valores institucionais conforme seguem abaixo (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIAS, 2015):

Hierarquia - Traduzida como ordenação da autoridade em diferentes níveis. É alicerçada na confiança, na lealdade e no respeito.

Disciplina - Regime consistente que leva à liberdade de ação ao bombeiro militar em seguir os ensinamentos de boa conduta através da obediência às leis, regulamentos, normas sociais e às ordens superiores.

Ética - É expressa pela observância aos princípios constitucionais que regem o serviço público e, portanto, o CBMGO. Traduz-se na coerência entre responsabilidade nas ações praticadas por todo bombeiro militar e as leis vigentes.

66

Responsabilidade - Define-se pela relação ética e transparente da Corporação com todos os públicos com os quais ela se relaciona, caracterizando-se também por estabelecer metas compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade.

Coragem e Resistência - Aptidão para suportar fadiga, escassez e esforço físico prolongado, forjando o Bombeiro Militar ao cumprimento de missões, fazendo-o superar o medo, a dor, o perigo, a incerteza e/ou a intimidação.

Aprimoramento Técnico-Profissional - A busca do conhecimento do bombeiro militar nos cursos, estágios e instruções, no autoaperfeiçoamento, para a constante capacitação profissional e o bom desempenho das atividades funcionais.

5. PROGRAMA EDUCACIONAL BOMBEIRO MIRIM

O Programa Educacional Bombeiro Mirim (Proebom) consiste em uma resposta ou cooperação de cunho socioeducacional,que contempla crianças e adolescentes de 7 a 17 anos de idade (Anexo B). O programa reflete a responsabilidade e o engajamento do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás em relação à imprescindível promoção da segurança, dos direitos, do civismo e da cidadania.

Realizado em parceria com instituições públicas, com a iniciativa privada, com organizações não governamentais e com voluntários, o Proebom objetiva impactar positivamente no comportamento das crianças e adolescentes despertando-as para hábitos e atividades saudáveis e cidadãs.

Contribuir na formação das crianças e adolescentes utilizando como referência valores de cidadania e civismo, como: ética, respeito à pluralidade cultural, valorização e preservação do meio ambiente, compromisso com as ações básicas de saúde, orientação sexual e inserção do aluno no mundo globalizado de forma consciente e crítico-transformador. (Disponível em: <http://www.bombeiros.go.gov.br/bombeiro-mirim/ objetivos/ objetivos>. Acesso em: 15 jun. 2015)

O Projeto “Bombeiro Mirim” foi implantado pela primeira vez na cidade de Caldas Novas, em dezembro de 1997, pelo 4º Subgrupamento de Bombeiros. Em seguida, outras cidades também desenvolveram o projeto. As unidades das cidades de Goiânia, Anápolis, Rio Verde, Luziânia, Catalão, Mineiros, Senador Canedo, Minaçu, Santa Helena, Goianésia, Trindade, Pirenópolis, Palmeiras, Morrinhos, Jataí, Inhumas, Formosa, Planaltina, Posse, Água Lindas e Uruaçu são algumas unidades que implantaram o projeto. Todas pertencentes ao Estado de Goiás.

Em Luziânia, através do 5º Batalhão Bombeiro Militar, especificamente no ano de 2015, graças às parcerias com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Trabalho e com a Secretaria Nacional de Segurança Pública, 130 (cento e trinta) crianças e adolescentes, distribuídas em quatro turmas foram admitidas no Programa Educacional Bombeiro Mirim.

A admiração que muitas crianças e adolescentes já possuem pela profissão bombeiro militar é a conexão proposta por este programa para trabalhar orientações sobre civismo e cidadania. Desta forma, o programa foi estruturado conforme os seguintes conteúdos disciplinares: Educação Física, Noções de Salvamentos, Noções de Primeiros Socorros, Estudo e Prática Bombeiro Militar – Ordem Unida, Noções de Teoria de Incêndio, Ética e Cidadania, Higiene  Pessoal, Acompanhamento Pedagógico, Noções de Educação Ambiental, Noções de Educação no Trânsito, Prevenção e Combate ao Uso de Drogas, Noções de Informática e Temas Transversais: palestra, filmes, recreação e atividades culturais.

6. METODOLOGIA UTILIZADA NA INTERVENÇÃO

6.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Foram contatados 60 (sessenta) pais e ou responsáveis. Desses, compareceram 54 (cinquenta e quatro), sendo que 14 (catorze) questionários foram invalidados por motivo de evasão, erro ou abstenção na marcação de itens e de ilegibilidade. A amostra final resultou em 80 (oitenta) questionários, uma vez que as mesmas 40 (quarenta) crianças e adolescentes com idades compreendidas entre 8 (oito) e 15 (quinze) anos foram avaliadas através da opinião dos pais e ou responsáveis em dois momentos. A primeira avaliação ocorreu em 15 de dezembro de 2014, por ocasião do processo seletivo para ingresso no Proebom; e, a segunda avaliação, ocorreu a aproximadamente 6 meses após o ingresso das mesmas no programa, em 01 de junho de 2015. Do total dos avaliados, 27 (vinte e sete) eram do sexo masculino e 13 (treze) eram do sexo feminino. A média de idades da amostra é 12,2 anos.

67

6.2 INSTRUMENTOS (SDQ, Palestras e Encaminhamentos do Relatório)

Neste estudo foi utilizado como instrumento de medição de comportamento o SDQ, sigla oriunda do inglês Strengths and Difficulties Questionnaire, traduzindo para a língua portuguesa, Questionário de Capacidades e Dificuldades na versão para pais e ou responsáveis. A escolha por este questionário se deu em consonância com Jee et al. (acedido em 2011 apud PORTELA, 2011, p. 22) ao registrar que o mesmo é: “um instrumento breve, fácil de aplicar, já adaptado para o português, e ainda ser um instrumento já utilizado com bons resultados em cuidados de saúde primários”.

O Questionário de Capacidades e Dificuldades (Anexo A) constitui em um instrumento objetivo composto de apenas 25 itens, portanto, de fácil emprego. Ele foi construído e validado no Reino Unido por Robert Goodman, em 1997. Além de ser empregado como ferramenta de triagem, pode ser utilizado para avaliação clínica e na investigação de emoções, comportamentos e relações interpessoais de crianças e adolescentes, que se encontrem na faixa etária entre 4 e 17 anos. Existe versão para autorrelato, ou seja, avaliação do próprio avaliado; e, ainda, versão em que os professores também avaliam seus alunos. A escala de resposta do questionário é formada por três opções avaliativas, que variam entre o “Falso”, “Mais ou menos verdadeiro” e “Verdadeiro”.

Este questionário refere-se aos acontecimentos dos últimos seis meses e gera cinco subescalas: (1) sintomas emocionais, (2) problemas de comportamento, (3) hiperatividade, (4) problemas de relacionamento com os colegas e (5) comportamento pró-social e tem ainda uma Pontuação Total de Dificuldades (soma de todas subescalas, exceto a escala de comportamento pró-social) (BECKER et al., 2004 apud PORTELA, 2011, p. 27).

O SDQ apresenta inúmeras vantagens, tais como: facilidade e rapidez na aplicação, simplicidade na análise dos dados ou atributos comportamentais negativos e positivos, disponibilidade por estar traduzido em muitas línguas e gratuidade se utilizado para fins não lucrativos.

Em relação aos instrumentos denominados “palestras” e “encaminhamentos” tratou-se, o primeiro, de apresentação oral e com projeção de imagens dos dados e fotografias; e, o segundo, de ação a ser realizada pessoalmente com a entrega de arquivos impressos e via e-mail com encaminhamentos de arquivos digitalizados.

6.3 PROCEDIMENTOS

O presente trabalho visa relatar os resultados da pesquisa de campo classificada como qualitativa pelo fato de se preocupar com a obtenção de informações específicas dos Bombeiros Mirins do 5º Batalhão Bombeiro Militar, com sede no município de Luziânia (GO).

“A pesquisa qualitativa pode ser caracterizada, como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados”. (RICHARDSON, 1999, p.90).

A pesquisa utilizada foi do tipo exploratória, pois teve como objetivo conhecer e proporcionar maior aproximação com o problema, buscando torná-lo mais evidente e permitindo a elaboração de uma infinidade de hipóteses.

Segundo Gil (1999): “As pesquisas exploratórias tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explicito ou a constituir novas hipóteses”. Com isso, o viés exploratório das intervenções realizadas permitirão o aprimoramento de ideias e a descoberta de pontos positivos e negativos inerentes aos objetos da pesquisa.

Este estudo foi realizado após encaminhamento de pedido de autorização ao Diretor Local do Proebom/5ºBBM (Anexo D). Foi estabelecido como critério de inclusão na amostra deste estudo, ser criança ou adolescente com idades compreendidas entre os 7 e os 16 anos, e estar, efetivamente, participando do Programa Educacional Bombeiro Mirim, no período entre janeiro e junho de 2015. Ressalta-se que esses jovens haviam sido inscritos no programa a partir de novembro de 2014.

68

Por ocasião do processo seletivo das crianças e dos adolescentes para o Proebom, em 15 de dezembro de 2014, os pais/responsáveis dos jovens selecionados e inscritos no programa foram orientados pelo pesquisador/coordenador local sobre o preenchimento do Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ). Posteriormente, nos dias 1º e 02 de junho de 2015, mediante convite aos mesmos pais/responsáveis, houve reunião para preenchimento da segunda avaliação, que ocorreu no auditório do 5º Batalhão Bombeiro Militar, conforme se pode observar nos registros fotográficos abaixo:

Imagens 1 e 2: Reunião do dia 1º de junho de 2015, realizada no auditório do 5º BBM.
Fotos: Sérgio da Costa Meireles
Imagem 3: Reunião diurna do dia 02/06/2015.
Foto: Sérgio da Costa Meireles
Imagem 4: Reunião noturna do dia 02/06/2015.
Foto: Sérgio da Costa Meireles

 

No início da reunião foi explicado que seria uma pesquisa através de questionário, com intuito de identificar e mensurar questões inerentes ao comportamento das crianças e adolescentes do Proebom; que posteriormente as informações coletadas seriam divulgadas aos setores competentes para implementação de melhorias. Depois desta informação, eram fornecidos dois exemplares do pedido de consentimento (Anexo E), um para os pais/responsáveis assinar, caso concordasse em participar no estudo, e outro para os pais/responsáveis guardar. Após a autorização iniciava-se a avaliação. Foi aplicada a versão para pais/responsáveis do Questionário de Capacidades e Dificuldades.

Por fim, após a compilação e análise dos dados, os pais/responsáveis e os gestores foram convidados para assistirem a uma palestra com a divulgação dos resultados. Complementar a isso, após aprovação do Relatório de Intervenção, o mesmo será encaminhado em arquivos digitalizados ou impressos a todos os gestores (diretores, coordenadores e instrutores), pais e responsáveis dos bombeiros mirins e aos parceiros e patrocinadores do programa.

7. DESCRIÇÃO E ANÁLISES DAS INTERVENÇÕES

7.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA QUANTO AOS RESULTADOS OBTIDOS NO SDQ

7.1.1 Grau de Parentesco ou Tipo de Ligação dos Informantes com os Bombeiros Mirins:

Imagem 5 – Gráfico
Autoria: Juliano Borges

O grau de parentesco ou tipo de relacionamento que os informantes constituem em relação às crianças ou adolescentes avaliadas no Proebom corresponde a 75% de mães, 15% de pais biológicos e 10% de outros (sendo 1 avó, 1 pai adotivo, 1 cunhada detentora da guarda legal e 1 tia também detentora da guarda legal.

7.1.2 Gênero das Crianças e Adolescentes Avaliadas

Imagem 6 – Gráfico
Autoria: Juliano Borges

Em relação aos gêneros das crianças e adolescentes avaliadas, a pesquisa observou que 67,5% eram do sexo masculino e 32,5% eram do sexo feminino.

7.1.3 Avaliação na Escala de Sintomas Emocionais

Nesta escala foram avaliados os seguintes itens/afirmações: 1. Muitas vezes queixa-se de dor de cabeça; 2. Tem muitas preocupações, muitas vezes parece preocupado; 3. Frequentemente parece triste, deprimido ou choroso; 4. Fica nervoso quando enfrenta situações novas; e, 5. Tem muitos medos, assusta-se facilmente.

Imagem 7 – Gráfico
Autoria: Juliano Borges

Os resultados encontrados em relação aos comportamentos aferidos na Escala de Sintomas Emocionais, tendo por bases os períodos anterior e posterior ao ingresso das crianças e adolescentes no Proebom, foram inalterados para as do sexo feminino e positivamente alterados para as do sexo masculino. Nota-se que antes do ingresso no programa havia 9 crianças e adolescentes do sexo masculino que apresentavam Sintomas Emocionais Anormais; e, seis meses após o ingresso das mesmas, segundo avaliação dos mesmos informantes, esse número baixou substancialmente para 2 crianças e adolescentes, conforme se pode observar logo abaixo:

69

Normal

Limítrofe

Anormal

Feminino antes do Proebom

3

6

4

Feminino após o Proebom

8

4

1

Masculino antes do Proebom

14

3

10

Masculino após o Proebom

21

6

0

Imagem 8 – Gráfico
Autoria: Juliano Borges

7.1.4 Avaliação na Escala de Problemas de Conduta

Nesta escala foram avaliados os seguintes itens/afirmações: 1.Frequentemente tem acessos de raiva ou crises de birra; 2. Geralmente é desobediente; 3. Frequentemente briga com outras crianças ou as amedronta; 4. Frequentemente mente ou engana; e, 5. Rouba coisas de casa, da escola ou de outros lugares.

Imagem 9 – Gráfico
Autoria: Juliano Borges

Os resultados encontrados em relação aos comportamentos aferidos na Escala de Problemas de Conduta, tendo por bases os períodos anterior e posterior ao ingresso das crianças e adolescentes no Proebom, foram significativos em ambos os sexos. Sendo que as crianças e adolescentes do sexo feminino apresentaram pontuações em que a presença de Problemas de Conduta,com pontuação classificada em Anormal, passaram de 6 para 2 crianças e adolescentes. Em relação às crianças e adolescentes do sexo masculino, o número de classificadas Anormais diminuíram de 10 para somente 2, conforme se pode observar logo abaixo:

Normal

Limítrofe

Anormal

Feminino antes do Proebom

4

3

6

Feminino após o Proebom

10

1

2

Masculino antes do Proebom

12

5

10

Masculino após o Proebom

22

3

2

Imagem 10 – Gráfico
Autoria: Juliano Borges

7.1.5 Avaliação na Escala de Hiperatividade

Nesta escala foram avaliados os seguintes itens/afirmações: 1. Inquieto/a, hiperativo/a, não consegue ficar parado/a; 2. Está constantemente em movimento, mexendo as pernas; 3. Distrai-se facilmente, perde a concentração; 4. Não pensa antes de agir; e, 5. Geralmente não acaba o que começa e não tem boa concentração.

Imagem 11 – Gráfico
Autoria: Juliano Borges

Os resultados encontrados em relação aos comportamentos aferidos na Escala de Hiperatividade, tendo por bases os períodos anterior e posterior ao ingresso das crianças e adolescentes no Proebom, foram significativos em ambos os sexos. Sendo que as crianças e adolescentes do sexo feminino apresentaram pontuações em que a presença de Hiperatividade, com classificação Anormal, zerou. Em relação às crianças e adolescentes do sexo masculino,o número de classificadas Anormais também zerou, conforme se pode observar logo abaixo:

Normal

Limítrofe

Anormal

Feminino antes do Proebom

9

2

3

Feminino após o Proebom

13

0

0

Masculino antes do Proebom

18

4

5

Masculino após o Proebom

25

2

0

Imagem 12 – Gráfico
Autoria: Juliano Borges

7.1.6 Avaliação na Escala de Problemas de Relacionamento com os Colegas

Nesta escala foram avaliados os seguintes itens/afirmações: 1. É solitário, prefere brincar sozinho; 2. Não tem amigo ou tem apenas um bom amigo; 3. Em geral não é querido por outras crianças; 4. É perseguido ou atormentado por outras crianças; e, 5. Relaciona-se melhor com adultos e evita outras crianças.

Imagem 13 – Gráfico
Autoria: Juliano Borges

Os resultados encontrados em relação aos comportamentos aferidos na Escala de Problemas de Relacionamentos com os Colegas, tendo por bases os períodos anterior e posterior ao ingresso das crianças e adolescentes no Proebom, foram significativos em ambos os sexos. Sendo que as crianças e adolescentes do sexo feminino, com pontuações as classificavam anormais, baixou em 85,7% (de 7 para somente 1). Em relação às crianças e adolescentes do sexo masculino, o número de classificadas anormais baixou em 50% (de 16 para 8).

Normal

Limítrofe

Anormal

Feminino antes do Proebom

5

1

7

Feminino após o Proebom

9

3

1

Masculino antes do Proebom

8

3

16

Masculino após o Proebom

16

3

8

Imagem 14 – Gráfico
Autoria: Juliano Borges
70

7.1.7 Avaliação na Escala de Comportamento Pró-Social

Nesta escala foram avaliados os seguintes itens/afirmações: 1. Tem consideração pelo sentimento de outras pessoas; 2. Tem boa vontade em compartilhar; 3. Mostra-se prestativo se alguém parece magoado; 4. É gentil com crianças mais novas; e, 5. Frequentemente se oferece para ajudar outras pessoas.

Imagem 15 – Gráfico
Autoria: Juliano Borges

Os resultados encontrados em relação aos comportamentos aferidos na Escala de Pró-Social, tendo por bases os períodos anterior e posterior ao ingresso das crianças e adolescentes no Proebom, foram inalterados para as crianças e adolescentes do sexo feminino. Com relação às crianças e adolescentes do sexo masculino, o número de classificadas anormais baixou em 66,6% (de 3 para 1):

Normal

Limítrofe

Anormal

Feminino antes do Proebom

12

0

1

Feminino após o Proebom

12

0

1

Masculino antes do Proebom

23

1

3

Masculino após o Proebom

24

2

1

Imagem 16 – Gráfico
Autoria: Juliano Borges

7.1.8 Pontuação e Classificação das Escalas / Pontuação Total das Dificuldades

Imagem 17 – Gráfico
Autoria: Juliano Borges

Os resultados encontrados em relação à Pontuação Total de Dificuldades, ou seja, o somatório de todas as escalas tendo por exceção a Escala de Comportamento Pró-Social, considerando ainda os períodos anterior e posterior ao ingresso das crianças e adolescentes no Proebom,apresentaram percentual extremamente considerável para ambos os sexos. As crianças e adolescentes do sexo feminino, classificadas como anormais em relação à pontuação total de dificuldades, baixaram em 75% (de 4 para 1). Com relação às crianças e adolescentes do sexo masculino, o número de classificadas como anormais na pontuação total de dificuldades baixou em 100% (de 10 para 0):

Normal

Limítrofe

Anormal

Feminino antes do Proebom

3

6

4

Feminino após o Proebom

8

4

1

Masculino antes do Proebom

14

3

10

Masculino após o Proebom

21

6

0

Imagem 18 – Gráfico
Autoria: Juliano Borges

7.2 DIVULGAÇÃO AOS GESTORES (DIREÇÃO, COORDENAÇÃO E INSTRUTORES)

A etapa de divulgação dos resultados da intervenção aos gestores do Proebom constituiu no cumprimento parcial de um dos objetivos propostos, de maneira que alcançou, neste primeiro momento, todos os atores locais da direção, coordenação e instrutores. No entanto, a divulgação desses resultados há de ser extensiva a todos os gestores do Proebom em nível estadual, assim que aprovado junto à Universidade Federal de Goiás e, posterior homologação e anuência da Fundação Dom Pedro II / Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás para as extensivas ações de divulgação dos trabalhos e resultados da intervenção.

Portanto, como primeiro momento,a divulgação foi efetivada através da exposição oral e de slides no período compreendido entre as 8 e 11h, do dia 17 de junho de 2015, no auditório do 5º Batalhão Bombeiro Militar, sito à Rua Joaquim Nabuco, Quadra 49A, Parque Estrela D’Alva “0”, Luziânia (GO). Fizeram-se presentes todos os gestores locais do Proebom (diretor, coordenadores e instrutores), conforme registros fotográficos abaixo:

Imagens 19 e 20: Apresentação do Relatório Técnico-Científico aos gestores locais do Proebom.
Fotos: Sérgio da Costa Meireles
Imagens 21 e 22: Apresentação dos resultados aos gestores locais do Proebom.
Fotos: Sérgio da Costa Meireles

Importa pontuar que as reações dos espectadores foram extremamente animadoras, uma vez que o diretor, a coordenação e os instrutores locais se mostraram entusiasmados com os resultados e, sobretudo, com os subsídios oferecidos pelo projeto de intervenção para os ajustes e melhorias necessários ao aperfeiçoamento do processo de ensino aprendizagem a ser empreendido pelo Proebom. Ademais, ainda se posicionaram interessados na divulgação do trabalho realizado, bem como na sua utilização contínua nas demais turmas de bombeiros mirins. Em termos práticos, após a aprovação, este Relatório Técnico Científico será encaminhado para apreciação do Comando Geral do CBMGO, à Presidência da Fundação Dom Pedro II; e, com a anuência de ambos, poderá ser distribuído e até implementado em todos os quartéis de bombeiros que possuem o Proebom.

71

7.3 DIVULGAÇÃO AOS PAIS E RESPONSÁVEIS

A etapa de divulgação aos pais e responsáveis das crianças e adolescentes participantes do Proebom consistiu em um dos objetivos deste projeto de intervenção. Para tanto, às 19 horas, do dia 23 de junho de 2015, este pesquisador provocou uma reunião com eles no auditório do 5º Batalhão Bombeiro Militar sediado em Luziânia (GO). Aproximadamente 60 (sessenta) pais e responsáveis se fizeram presentes, sobretudo, a maioria daqueles que compuseram a amostra responsável pelo preenchimento do Questionário de Capacidades e Dificuldades, por ocasião da intervenção inicial. A reunião se configurou em palestra expositiva dos resultados encontrados sobre a influência da cultura militar na mudança comportamental dos bombeiros mirins, conforme registros fotográficos abaixo:

Imagens 23 e 24: Apresentação aos pais e responsáveis sobre o processo de intervenção.
Fotos: Sérgio da Costa Meireles
Imagens 25 e 26: Apresentação aos pais e responsáveis sobre as mudanças comportamentais.
Fotos: Sérgio da Costa Meireles

A palestra expositiva dos dados e resultados apurados em relação à opinião e avaliação dos próprios pais e responsáveis trouxe reações muito positivas e produtivas, sendo que, além da concordância unânime, surgiram ainda muitas colocações e sugestões para ajustes ao Programa Educacional Bombeiro Mirim. Além disso, outras questões despertaram a importância de uma participação mais efetiva e atenta dos pais e responsáveis em relação às suas crianças e adolescentes.

7.4 DIVULGAÇÃO AOS PARCEIROS E PATROCINADORES

A etapa de divulgação aos parceiros e patrocinadores do Proebom consiste em um dos objetivos do projeto de intervenção e configurar-se-á fundamental para a continuidade e ampliação dos adeptos provedores dos recursos necessários ao custeio de parte do programa. Atualmente, em Luziânia, as parcerias oficiais e efetivas do Proebom são a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Trabalho da Prefeitura Municipal de Luziânia. A primeira arca com a despesa anual de uniformes, lanches, mobília e recursos didáticos audiovisuais dos 70 (setenta) bombeiros mirins que participam do programa sediado nas instalações do 5º Batalhão Bombeiro Militar. A segunda parceira arca com as despesas referentes ao espaço físico, mobílias, uniformes, lanches e recursos didáticos audiovisuais dos 60 (sessenta) bombeiros mirins que participam do programa sediado também em Luziânia, porém, no Jardim Ingá.

Além dos parceiros e patrocinadores supracitados, o Proebom de Luziânia conta ainda com inúmeros outros, a citar: Havan Loja de Departamentos Ltda, Flora Distribuidora de Produtos de Higiene e Limpeza Ltda, Luziânia Shopping, Goiás Verde Alimentos Ltda e o Da Terra Supermercados Ltda.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta intervenção, os principais resultados obtidos, através da aplicação da versão para pais do Questionário de Capacidades e Dificuldades, foram diagnósticos comportamentais bastantes favoráveis à cultura militar empreendida às crianças e adolescentes participantes do Proebom. Conforme se pode notar nas mudanças comportamentais coletadas nas cinco escalas (Sintomas Emocionais, Problemas de Comportamento, Hiperatividade, Problemas de Relacionamento com os Colegas e Comportamento Pró-Social), segundo a opinião e avaliação dos pais e responsáveis observou-se significativa melhora comportamental.

“É de se realçar que [...] para uma avaliação precisa seria necessário recolher informação de outros adultos significativos na vida da criança e informação com a criança, tal como é indicado pela literatura”. (MORRIS, 2004; SCHNIERING, et al., 2000; apud PORTELA, 2011, p. 54). Porém, a empreitada de avaliar as crianças e adolescentes, através do SDQ na versão para professores, foi descartada em razão da transição de ano escolar e da dificuldade de coleta de dados junto aos professores em face da grande diversidade de escolas, educadores, bem como, ainda, pelo fato de ser praticamente impossível obter as avaliações dos mesmos professores no prazo de seis meses. Também foi descartada a hipótese de autoavaliação, pois, o Proebom de Luziânia contempla crianças de 7 a 16 anos de idade, o que, por vez, contraria a recomendação de que se tenha idade mínima de 12 anos.

72

A despeito das inúmeras interferências possíveis de se constatar na vida das crianças e adolescentes - a exemplo das mudanças hormonais, dos convívios e das estruturas familiares, bem como, das peculiaridades de cada indivíduo - essa ação de intervenção, realizada através do Questionário de Capacidades e Dificuldades na versão para pais,permitiu, além de mensurar a influência da cultura militar na mudança comportamental das crianças e adolescentes participantes do Proebom, conhecer uma parte dos problemas, das queixas e das significações dos pais e responsáveis acerca dos problemas de suas crianças e adolescentes. Como se não bastasse, através dos dados encontrados é possível,ainda,rever estratégias de ensino-aprendizagem capazes de abordarem os temas que se destacam negativamente.

Dentre as médias encontradas nas escalas comportamentais, praticamente todas as crianças e adolescentes, tanto do sexo masculino como feminino, tiveram nítida melhora comportamental. Há que se ressaltar o fato da cultura bombeiro militar se fazer impactante na vida de jovens que se submetem às doutrinas, tradições e ritos. No entanto, se faz necessário atentar para o fato de que algumas crianças e adolescentes tenham apresentado piora ou estagnação comportamental, mesmo em detrimento da melhora média.

A intervenção realizada obteve ainda dados individualizados dos quais os gestores do Proebom poderão fazer análise acurada e investigativa das causas que tem frustrado a melhoria comportamental dessa minoria de crianças e adolescentes, auxiliando-as, em um esforço conjunto com seus pais e responsáveis, para que elas migrem, em todas as escalas de capacidades e dificuldades da classificação anormal e limítrofe à classificação normal.

Por fim, e não menos importante, a intervenção oferece um modelo que poderá ser disseminado às demais turmas de Bombeiros Mirins distribuídas pelo Estado de Goiás. Além, é claro, de constituir em instrumento facilitador no processo de captação de recursos para continuidade e ampliação do Programa Educacional Bombeiro Mirim.

REFERÊNCIAS

BÍBLIA, Português. A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição rev. e atualizada no Brasil. Brasília: Sociedade Bíblia do Brasil, 1969.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998.

BRITO, Mozar José de & PEREIRA, Valéria da Glória. Socialização organizacional: a iniciação na cultura militar. Revista de Administração Pública (RAP),São Paulo:FGV 30 (4): 38-65, Jul/Ago, 1996.

CARONE, Edgar. A República Velha: instituições e classes sociais. São Paulo: Difel, 1975. In: ______. O tenentismo. São Paulo: Difel, 1975.

SCHEIN. E. Comming to a new awareness of organization culture. Sloan Management Review. Winter. 1984.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS. Missão, Visão e Valores. Disponível em: Disponível em: http://www.bombeiros.go.gov.br. Acesso em: 23 ago. 2015.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS. Planejamento Estratégico: 2012-2022. 42 p. Disponível em: <http://www.bombeiros.go.gov.br>. Acesso em: 23 ago. 2015.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR. Programa Educacional Bombeiro. <http://www.bombeiros.go.gov.br>.  Acesso em: 30 ago. 2015.

GOIÁS (Estado). Proebom–Mirim. Manual. 39 p. Disponível em: http://www.bombeiros.go.gov.br>. Acesso em: 05 julho de 2015

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS. Regimento dos Serviços Interno e Operacional. Atualizado em 14 de fevereiro de 2011. Disponível em: <http://www.bombeiros.go.gov.br>. Acesso em: 30 ago. 2015.

ESTADO DE GOIÁS. Constituição do Estado de Goiás. Diário Oficial do Estado de Goiás, Goiânia, 05 de outubro de 1989.

73

GOIÁS (Estado). Estatuto do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Lei nº 11.416, de 05 de fevereiro de 1991. Goiânia.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GOODMAN,R.Disponível em: http://www.sdqinfo.org/UKNorm.html Acesso em Novembro de 2014

GRILO, António José Ruivo. Deontologia Militar - percepção dos elementos caracterizadores da cultura e ambiente militar para o Século XXI. Lisboa: Instituto de Altos Estudos Militares, p. 8-25. (2003).

LEITÃO, Rosani Moreira. Disciplina cultura e diversidade cultural. [Apostila] Módulo I. Curso de Especialização Interdisciplinar em Patrimônio, Direitos Culturais e Cidadania. Goiânia: NDH/UFG, 2014.

LUCHETTI, Maria Salute Rossi. O ensino no exército brasileiro: histórico, quadro atual e reforma. Dissertação (Mestrado em Educação)–Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 2006.

Fernandes Marcusso, Marcus & Ferreira Jr, Amarílio. Escola Militar do Realengo, Educação Militar e Juventude (1913-1922). EccoS Revista Científica, São Paulo, n. 31, maio/agos., 2013, pp. 33-50, Universidade Nove de Julho Brasil.

MOTTA, Jeovah. Formação do oficial do exército: currículos e regimes da academia militar 1810-1944. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1998.

NOGUEIRA, Jefferson Gomes. Educação Militar do Brasil: um breve histórico. Revista Camine: Caminhos da Educação. Franca (SP), v. 6, n. 1, 2014. Disponível em: < http://www.historiamilitar.com.br/artigo4rbhm12.pdf> . Acesso em: 05 jun. 2015.

PORTELA, Rute Alexandra Coelho. Caracterização de uma lista de espera de crianças e adolescentes para a consulta de psicologia de um centro de saúde. Dissertação (Mestrado em Psicologia)–Universidade de Lisboa. Faculdade de Psicologia. Portugal. 2011.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.

RUA, Maria das Graças. Avaliação de políticas públicas, programas e projetos: notas       introdutórias. Disponível: <www.enap.gov.br/downloads/ec43ea4fUFAM-MariadasGraAvaliaPol.pdf.> Acesso em: 20 abr. 2015.

SANTOS, Tânia Cerqueira. Percepção de pais e educadores sobre os problemas de externalização e internalização das crianças em idade pré-escolar. 93p. Dissertação (Mestrado em Psicologia)–Faculdade de Ciências Humanas e Sociais/Universidade Fernando Pessoa. Portugal. Porto. 2011.

TAVARES, Kleber da Silva. A ética Castrense e a intervenção militar como recurso de manutenção da ordem institucional. Dissertação (Mestrado em História)–Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2008.

TAVARES, Maria das Graças de Pinho. Cultura organizacional: uma abordagem antropológica da mudança. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1991.