1. Introdução: Guardiões da Água na prevenção do afogamento e respeito à água

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No meio líquido fomos gerados. Na barriga de nossa mãe vivemos os nove meses de mais intensa mudança e desenvolvimento do nosso corpo, estávamos totalmente imersos em meio líquido. Assim a água já estava presente, e era fundamental para nossa vida, mesmo antes de nascermos.

Após nascer recebemos como alimento o leite materno, que é composto de 90% de água. Além de alimentar, fortalecer e proteger o bebê, sua água hidrata e proporciona saúde e bom funcionamento ao corpo, que ainda se adapta fora do líquido amniótico.

Com o desenvolvimento, ao decorrer de a toda vida, nosso corpo perde água, podemos dizer que envelhecer e desidratar tem relação direta. Quando fetos, nosso corpo era composto por 90% de água, o corpo do bebê tem 80% de água, no corpo da criança, 70% é água, no adulto, a água passa para 60% e, no idoso, o percentual de água passa a ser 50%.

A água é fundamental para nossa saúde, ela regula a temperatura, desintoxica, hidrata, ajuda na absorção de nutrientes e no metabolismo celular, previne pedras nos rins, facilita a digestão e o bom funcionamento do intestino, melhora circulação sanguínea, entre outras funções e qualidades.

Ingerida em quantidade adequada, a água é fundamental para uma boa saúde e envelhecimento saudável. No entanto, o excesso de água também faz mal, causando desequilíbrio de eletrólitos, reduzindo o sódio corporal e trazendo problemas à saúde.

No nosso corpo, a água em quantidade adequada é fundamental, mas quando entra em nosso corpo pelas vias aéreas de forma acidental, ela pode levar à morte por afogamento. Apenas pouca quantidade de água no pulmão, metade de um copo para um adulto ou uma colher para um bebê, é suficiente para causar uma morte por afogamento.

Infelizmente, 15 brasileiros morrem afogados todos os dias. As crianças são vítimas constantes de afogamento e parte desses afogamentos acontece dentro da própria casa.

Esses e outros dados são apresentados pela Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático.

Todos os autores desse e-book são voluntários da SOBRASA!

A Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático é uma das principais instituições responsáveis pelo desenvolvimento do conhecimento e por ações sobre prevenção do afogamento e sobre procedimentos para atuação de todos os envolvidos no resgate e salvamento aquático no Brasil e no mundo.

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A SOBRASA tem em seu plano estratégico brasileiro cinco ações para reduzir o número de afogamentos no país, são elas:

  1. Investigar e compreender o problema do afogamento a nível internacional, nacional, regional e local.
  2. Reunir instituições e organizações envolvidas no problema e na solução, reforçando a união e disponibilizando ajuda para a multiplicação dos voluntários na luta.
  3. Educar a população sobre os riscos de afogamento e suas soluções. Postagens diárias nas mídias sociais com alcance de 200.000 seguidores e ações pontuais na mídia formal (TV, rádio e jornal).
  4. Programas de prevenção gratuitos e customizados ao público (simples ao complexo) “um sapato para cada pé”.
  5. Agir & reavaliar (SOBRASA, 2024, p. 4).

Apesar dos números alarmantes dos acidentes cotidianos de afogamento, temos, no Brasil, essa instituição incrível, que vem fazendo um trabalho incansável e perfeito no nosso país. Vamos apresentar, neste curso, alguns materiais da SOBRASA, indicamos que busquem na página da SOBRASA mais informações e se tornem voluntários da SOBRASA!

Veja os dados da SOBRASA sobre afogamento no “Boletim epidemiológico no Brasil – Ano 2024”:

https://sobrasa.org/afogamento-boletim-epidemiologico-no-brasil-ano-2024-ano-base-de-dados-2022/
FIGURA 1 – Capa do Boletim epidemiológico no Brasil – Ano 2024
Fonte: SOBRASA (2024) .

Segundo a Agência Brasil Central (GOIÁS, 2023), do Governo do Estado de Goiás, em 2023 “o número de casos de afogamento em Goiás cresceu 52,1% nos oito primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2022 foram 71 casos registrados, número que pulou para 108 até agosto último”.

O afogamento é um acidente silencioso e rápido.

Imerso em meio líquido, nossos gritos e súplicas não são ouvidos. Em poucas tentativas, o afogado não é mais visto e morre invisível aos olhos das demais pessoas.

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Em poucos minutos, uma pessoa pode morrer afogada. Rapidamente a água invade o pulmão, leva à inconsciência, ao encharcamento dos alvéolos pulmonares, à parada cardíaca e à morte cerebral. Parte desse processo acontece ainda consciente, são os segundos ou poucos minutos que parecem dias, capazes de fazer todas as vivências de anos de vida passar na cabeça em tão pouco tempo. Aterrorizante!

Ah, a água!
Ora heroína, Ora vilã.
Tão perigosa e tão necessária!
O certo é que sem água não sobrevivemos.

De toda a água do planeta, aproximadamente 97,5% está nos oceanos, 1,7% está nas calotas polares e geleiras, e apenas cerca de 0,8% está disponível em rios, lagos e aquíferos, que são as principais fontes de abastecimento para o consumo humano. O Brasil possui 12% de toda a água doce disponível na Terra, mas esse recurso é limitado e pode se tornar escasso devido a alterações nas condições climáticas e hidrogeológicas, bem como por demanda excessiva, desperdício e contaminação.

A água é fundamental para o desenvolvimento econômico, pois sustenta atividades essenciais como a indústria, a agropecuária e a geração de energia. Sua disponibilidade e gestão eficiente são cruciais para a produção industrial, a irrigação agrícola e o funcionamento de usinas hidrelétricas. A escassez de água pode elevar custos operacionais, reduzir a produtividade e limitar o crescimento econômico, tornando a gestão sustentável dos recursos hídricos vital para o progresso econômico e a estabilidade social.

A má utilização dos mananciais superficiais, como rios, lagos e riachos, principalmente pela exploração econômica, está forçando a utilização cada vez maior das águas subterrâneas. Essa prática pode ter consequências significativas, comprometendo nossas fontes desse "petróleo transparente".

Recentemente, pesquisadores calcularam o uso dos recursos naturais do nosso planeta e o resultado é alarmante. Atualmente, para atender aos padrões de consumo, seriam necessários 1,7 planetas Terra. Estamos utilizando 170% dos recursos que a Terra é capaz de renovar anualmente, o que significa que estamos em uma dívida ecológica significativa, comprometendo seriamente a sustentabilidade do nosso planeta.

Gerações foram educadas com a crença de que "o Brasil possui mananciais infinitos", o que nos levou a presenciar secas históricas em importantes afluentes, como o Rio Negro, algo impensável décadas atrás. Diante desse cenário, é essencial integrar atividades aquáticas com educação ambiental.

O Projeto Guardiões da Água respeita e valoriza, por meio da educação, os diferentes papéis da água. Utiliza-se da natação enquanto elemento central para proporcionar vivência, reflexão e conhecimento sobre a prevenção do afogamento e a educação ambiental para a preservação da água.

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O Projeto Guardiões da Água aconteceu na Faculdade de Educação Física e Dança da Universidade Federal de Goiás. Contou com mais de trezentos participantes, envolvendo profissionais como professores de Educação Física e Biologia, promoveu muita formação e aprendizado.

Esse e-book tem como objetivo proporcionar pressupostos básicos para a prática educacional e corporal aquática, apresentando o Projeto Guardiões da Água como uma possibilidade de prevenção do afogamento e de educação ambiental para professores, outros profissionais e demais interessados.