Introdução
A falta do atletismo nos conteúdos desenvolvidos na Educação Física escolar é tema de discussão e investigação de diferentes estudos (Ribas et al, 2021; Constantino e Rojo, 2020; Silva et al., 2015; Matthiesen, 2014, 2007, 2005; Arruda, 2013; Meurer, Schaefer, Miotti, 2008; Silva, 2005; Lecina; Rocha JR., 2001). Entre os motivos que levam a esse cenário estão a falta de estrutura física das escolas, a falta de espaço e materiais específicos, a falta de materiais didáticos direcionados ao atletismo na escola, o desinteresse dos alunos, a falta de cultura e tradição desse esporte no nosso país.
Assim como Gemente e Matthiesen (2017), ponderamos que esses fatores também estão relacionados à falta de formação inicial, ou à formação inicial direcionada a uma perspectiva técnica que não leva em consideração a realidade das escolas e os objetivos da educação física escolar.
Diante de tais constatações, entendemos que um dos caminhos para minimizar a ausência do trabalho pedagógico com o conteúdo de atletismo, sem desresponsabilizar o Estado de suas obrigações para com a escola, é a realização de cursos de formação continuada em parceria com as Universidades, como apontam Gemente e Mathiesen (2017) e Parente et al. (2018). Assim, esse texto tem como objetivo analisar a experiência de apropriação do software ATLETIC por professores de Educação Física como recurso didático-pedagógico para o ensino do atletismo na escola a partir de um curso de formação continuada.
O software ATLETIC é um material didático gratuito, com fins educacionais, e foi elaborado em versões para ser executado nos sistemas operacionais Windows e Linux. Em parceria com o Centro Integrado de Aprendizagem em Rede (CIAR), foram feitas cópias do material para distribuir para as escolas da Rede Municipal de Goiânia e demais professores interessados. Ainda não há um versão do software para download, que tem sido compartilhado por meio do Google Drive com os interessados que entram em contato pelo e-mail <connectlab.ufg@gmail.com> ou pelo direct dos perfis do instagram <@connectlab_ufg> e <atletic.2.0>.
O ATLETIC contém três conteúdos: “Textos”, “Vídeos” e “Atividades”, que podem ser acessados de modo aleatório ou como for proposto durante uma prática pedagógica. O conteúdo “Textos” possui breves textos didáticos, com linguagem simples, com possibilidades de interação, que tem como objetivo apresentar diferentes aspectos do atletismo. O recurso “Vídeos” permite a interação com vídeos e animações do software e externos a ele, além de possibilitar acessar dois vídeos ao mesmo tempo, utilizar o recurso de câmera lenta e de seleção da imagem, neste último há recursos extras que favorecem o potencial criativo e a aprendizagem. O conteúdo “Atividades” apresenta opções de quebra-cabeças, questionários e sugestões de atividades para o desenvolvimento das provas do atletismo.
Metodologia
O projeto do qual este texto faz parte refere-se a uma pesquisa qualitativa do tipo pesquisa-ação, que foi desenvolvida em parceria com a Secretaria Municipal de Goiânia/GO através do Projeto de Extensão Prorrogação, que tinha por finalidade fomentar a formação continuada de professores de Educação Física que atuam na escola. Os dados aqui apresentados e discutidos são referentes aos dados das aulas dos professores de Educação Física investigados nas diferentes escolas e da avaliação das intervenções realizadas com o uso do software ATLETIC. Participaram da pesquisa 13 professores de Educação Física, 10 mulheres e 3 homens, que atuam nos diferentes ciclos da Rede Municipal de Goiânia. Os professores nesta pesquisa são diferenciados por códigos P1, P2, P3 e assim sucessivamente.
Nos encontros formativos propostos durante o curso, buscamos contribuir para que os professores, ao se familiarizar com a versão final do software ATLETIC, elaborassem práticas pedagógicas direcionadas aos princípios da mídia-educação para desenvolverem em suas aulas de Educação Física na escola.
Quanto aos instrumentos de dados utilizados na pesquisa, optamos pelo diário de campo e pela entrevista semiestruturada. O diário de campo foi utilizado pelos professores para os registros de suas intervenções na escola e pela professora pesquisadora durante os encontros formativos do curso e na observação das aulas dos professores investigados. Também foi realizada uma entrevista semiestruturada com os professores, visando aprofundar as questões por eles apresentadas durante o curso. Os dados foram analisados segundo a perspectiva da Análise de Conteúdo de Minayo (2013).
Resultados e Discussões
Os resultados serão apresentados e discutidos a partir de três eixos temáticos, quais sejam: a) Desafios para utilização do ATLETIC nas aulas de Educação Física e as estratégias adotadas pelos docentes; b) O ATLETIC no processo de ensino e aprendizagem do atletismo; e c) Relevância do ATLETIC enquanto material didático.
Desafios para utilização do ATLETIC nas aulas de Educação Física e as estratégias adotadas pelos docentes
Diferentemente do que havia sido planejado durante o curso de formação, o processo de intervenção dos professores em suas escolas foi prejudicado e reduzido por diferentes fatores, o que interferiu no tempo e na forma de utilização do ATLETIC. Como exemplo, temos os casos dos professores (P9) e (P10) que, durante o processo de ensino e aprendizagem do atletismo, utilizaram o software em apenas uma aula, embora tivessem planejado utilizá-lo mais vezes.
Entre os desafios para a utilização do ATLETIC nas escolas, o principal desafio apontado pelos professores foi a impossibilidade de sua instalação nos computadores da escola, que ocasionou a necessidade de utilização do Datashow. Contudo, como retratam Martín-Barbero (2000) e Cysneiros (2003), esse recurso pode ampliar a capacidade expositiva e reduzir a interação entre professores e alunos.
Diante dessa situação, durante o processo de intervenção, os professores buscaram desenvolver atividades que proporcionaram maior interação com os alunos, com o auxílio dos diferentes conteúdos do software. Assim, os professores oportunizaram a realização dos questionários em grupos; a produção de vídeos, pelos alunos, relacionados às provas do atletismo; a análise coletiva desses vídeos e a utilização de outros recursos, como máquinas fotográficas e celulares, que proporcionaram maior interesse, participação, interação, reflexão e discussão entre alunos e professores. Segundo eles:
Eles adoraram fazer aquele questionário [...]. Conversavam entre eles [...] então acabava que todos eles se envolviam para tentar resolver aquilo (P1, Entrevista).
[...] eles pegaram o próprio celular e começaram a filmar, colocar no facebook, postar a aula (P2, Gravação, Encontro 6).
[...] pedi para que trouxessem o celular e eles filmaram e tiveram uma satisfação grande de tá trazendo um aparelho, uma ferramenta que é proibida dentro da escola. Foi um sucesso (P8, Entrevista).<
Em relação à utilização do celular, é importante apresentar que os professores relataram a necessidade de solicitar a autorização da direção, uma vez que seu uso é proibido na escola. Contudo, como podemos observar nos relatos dos professores (P2) e (P8), a utilização do celular, tecnologia que faz parte da cultura dos alunos, motivou e favoreceu a participação dos alunos, sendo que alguns postaram as atividades em redes sociais. Além disso, a nossa presença na escola nos permitiu verificar o interesse e ansiedade dos alunos para realizarem a atividade, anunciada pelo professor (P8), para as próximas aulas, na qual seriam utilizados celulares ou máquinas para a produção de vídeos.
Corroborando as afirmações da professora (P1), em nossas observações também foi possível verificar o envolvimento e a participação dos alunos durante a realização dos questionários em grupo. Entendemos que a forma dinâmica como alguns professores realizaram os questionários, aproximando-o de um jogo e desafiando os alunos, estimulou a participação e o interesse deles.
Também evidenciamos atividades em que os professores propunham a análise de imagens, vídeos e animações, que ampliaram o desenvolvimento do conteúdo para além da dimensão procedimental, aproximando-se das indicações de Coll et al. (2000), Darido e Souza Júnior (2009) e Matthiesen (2014) acerca da importância de trabalhar os conceitos, fatos e princípios do atletismo, referentes à dimensão conceitual, e os valores, atitudes e normas, que correspondem à dimensão atitudinal. Nessas atividades, os alunos apresentavam informações referentes às técnicas dos movimentos, às regras das provas, questionavam sobre os nomes de atletas que realizam essas provas e refletiam sobre ações realizadas durante a prática.
Nas aulas em que os professores (P1) e (P8) trabalharam com as filmagens produzidas pelos alunos durante as vivências do lançamento do dardo e arremesso do peso nas aulas anteriores, foi possível evidenciar o interesse, contentamento e euforia dos alunos em se verem e verem seus colegas na tela. É importante destacar que o gosto das crianças em se verem na tela também foi constatado por Bianchi (2009), que chamou a atenção para isto durante a produção dos blogs. Após terem postado um vídeo, as crianças assistiam seus vídeos até se cansarem com a lentidão dos computadores da escola. Em relação a esse interesse e encanto de se ver na tela, Lisbôa (2007) considera que pode ser oriundo do desejo da visibilidade devido ao crescente apelo à imagem na sociedade atual, embora em seu estudo não tenha conseguido aprofundar nesse campo. Outro aspecto importante desta experiência realizada pelos professores (P1) e (P8) é a possibilidade de um feedback visual que favorece a aprendizagem (Soares, 2020).
Durante essa atividade, os alunos não mostravam mais interesse em ver as animações e os vídeos disponíveis no ATLETIC, o interesse foi direcionado para ver os seus vídeos. Nessas atividades, os professores propuseram a análise dos movimentos dos alunos, o reconhecimento do estilo técnico e da empunhadura realizados, avaliavam se as regras das provas foram cumpridas e os alunos inventavam nomes para os movimentos que consideravam muito diferentes daqueles disponíveis nas animações e vídeos do ATLETIC. Vale lembrar que devido à impossibilidade de instalação do software, como vimos anteriormente, os professores não utilizaram os recursos disponíveis no software para trabalhar com os vídeos, animações e imagens, apenas projetaram os vídeos dos alunos e discutiram sobre eles.
O incentivo à criatividade, a participação ativa dos alunos, a colaboração entre eles e a troca de experiências que tiveram com o ATLETIC fora da escola também podem ser observados nos relatos dos professores (P1), (P8) e (P9) sobre as atividades que desenvolveram em suas aulas. Segundo eles:
A turma se dividiu em quem realizaria as provas e quem faria as filmagens. Eles gostaram demais, empolgaram muito, mostraram até uma solidariedade que eu nem sabia que eles tinham [...]. Houve um companheirismo que me surpreendeu, eles se ajudavam, corrigiam sem fazer críticas pesadas e comparações maldosas, [...] davam nome, inventavam nome quando era totalmente diferente [...] foi um momento muito rico (P1, Diário de Campo).
Um estava ensinando para o outro como ele tinha conseguido instalar o software. Eu vi que a interação estava acontecendo, então eu fiquei observando a interação deles, de ensinar uma para o outro (P8, Gravação, Encontro 6).
Eu propus para eles saltarem da forma que eles quisessem, mostrei as brincadeiras [...] eles criaram as brincadeiras e se divertiram sem a minha interferência. [...]. Em relação ao planejamento da brincadeira eu achava que teria problemas em relação à construção por conta da indisciplina. Mas logo percebi que a turma teve organização para planejá-la. Eles gostaram muito. [...] todos gostaram e apresentaram brincadeiras interessantes (P9, Gravação, Encontro 10).
Consideramos importante destacar que o relato do professor (P8) evidencia o processo de transformação da sua prática. Diferentemente das afirmações apresentadas por ele no início desta pesquisa, que evidenciavam ações que dificultavam a socialização dos conhecimentos entre os alunos e poderiam até ser motivos para advertência, verificamos que ele passou a oportunizar e estimular a troca de experiência entre os alunos, que, de acordo com os autores Mercado (2002), Belloni (2003) e Behrens (2010), contribui para a aprendizagem colaborativa.
Na direção da necessidade do desenvolvimento de novas práticas pedagógicas, tão enfatizadas na literatura por diferentes autores, como: Martín-Barbero (2000), Orozco (2002), Fonseca e Ferreira (2006), Pretto (2006), Kenski (2007), Moran (2010), Porto (2012), Buckingham (2012), Carenzio (2012), Fantin e Rivoltella (2012), os relatos dos professores (P1) e (P9) e a observação que realizamos na aula da professora (P1), podemos afirmar que essas atividades proporcionaram a participação ativa, a criatividade e a interação dos alunos. Durante a sua realização, diferente da indisciplina que os professores estavam com receio que acontecesse, os alunos ficaram motivados, se envolveram e colaboraram para a aprendizagem dos colegas. Além disso, pudemos observar muita proximidade e diálogo entre a professora (P1) e os alunos. Diante desses dados, podemos reforçar a importância e as contribuições de proporcionar atividades dinâmicas, em que os alunos possam explorar diferentes possibilidades e que se sintam responsáveis pelo processo de construção do conhecimento.
As reflexões realizadas durante os encontros sobre as possibilidades de produção de vídeos foram sustentadas a partir das indicações de Feres Neto (2001) e de Oliveira (2003), que consideram ser este um caminho potente para a inserção das TDICs nas aulas de Educação Física. Também nos pautamos na ideia dos vídeos como possibilidade de divulgação do conhecimento como apresenta a perspectiva da mídia- educação (Fantin, 2007, 2008, 2011a; Rivoltella, 2012).
Nesse sentido, analisando o relato do professor (P9), consideramos que ele poderia ter oportunizado a produção de vídeos pelos alunos enquanto eles elaboravam suas atividades, uma vez que poderiam ser materiais para transmitir, a outros professores e alunos, algumas possibilidades de trabalhar o salto em altura na escola, prova trabalhada por ele durante o período de intervenção.
Em relação a sua intervenção, o professor (P9), em diferentes momentos, avalia que poderia ter explorado melhor o ATLETIC e outras TDICs. No entanto, ele considera que os problemas vivenciados, como: a impossibilidade de instalação do software e de utilização do ambiente informatizado, a greve dos professores que ocorreu durante o processo e outros contratempos, reduziram o tempo da intervenção, acabaram interferindo e prejudicando o desenvolvimento do trabalho. Porém, ele afirma que pretende desenvolver atividades que explorem melhor o software e que envolvam a produção de vídeos pelos alunos.
Outros dados que evidenciam o processo de transformação das práticas pedagógicas dos professores constam dos relatos dos professores (P2), (P8) e (P9), que mostram mediações referentes aos campeonatos de atletismo que aconteceram durante as intervenções. Segundo eles:
[...] aconteceu aquele mundial de atletismo fechado, eles viam e traziam as notícias [...]. Eles perguntaram porque a pista é menor. Falaram do brasileiro que fez o salto em distância. Até os meninos pequenininhos comentavam (P2, Gravação, Encontro 10).
Quando eu estava trabalhando ano passado, estava justamente acontecendo o mundial de atletismo, agora esse ano foi o indoor que aconteceu. Então foram dois períodos assim, excepcionais para mostrar o atletismo (P8, Entrevista).
Depois que a gente inicia esse trabalho, eles trazem algumas coisas que eles veem pela televisão [...]. Então começa a ter uma participação, você vê que aquilo que você colocou em prática, aquilo que você trouxe de novo para aquele aluno, tá surtindo um efeito, trazendo alguma coisa de diferente pra vida desse aluno. [...] eles associam aquilo que você ensinou dentro da escola com a prática que eles veem, às vezes pela televisão ou pela internet (P9, Entrevista).
Pelos relatos dos professores, verificamos que estas são ações iniciais; que as mediações estavam relacionadas à identificação de regras, provas e atletas das diferentes provas do atletismo; que contribuem para a aprendizagem dos conceitos do atletismo, indo além da dimensão procedimental que era muito evidenciada antes dessas suas intervenções. Porém, não foi possível identificar se os professores proporcionaram uma reflexão e discussão crítica sobre o que os alunos estavam vendo na televisão, como sugerem Bianchi, Pires e Vanzin (2008), Fantin (2007, 2008, 2011a) e Rivoltella (2012) ao tratar da proposta da mídia-educação, no que diz respeito à dimensão do educar para/sobre a mídia.
Contudo, é importante destacar que, antes das intervenções realizadas com a pesquisa, os professores relataram que não incentivavam a socialização dos conhecimentos relacionados ao atletismo advindos da mídia e que os alunos reconheciam apenas o atleta Usain Bolt. Nesse sentido, consideramos que essas ações apontam para um processo de avanço na prática pedagógica dos professores em direção ao desenvolvimento da mídia-educação em suas aulas.
A partir dos dados, é possível constatar que diferentes atividades realizadas pelos professores, durante o período de intervenção, favoreceram a interatividade, a participação ativa e a motivação dos alunos, a construção de conhecimentos relacionados ao atletismo e ao uso pedagógico de diferentes tecnologias. Esses dados se aproximam das indicações de Fantin (2008), Sena (2009), Moran (2010) e Buckingham (2012) acerca da importância da realização de práticas pedagógicas que possam explorar as potencialidades das TDICs e contribuir para a aprendizagem dos alunos.
Entretanto, avaliamos que essas ações são aproximações iniciais do atletismo com as TDICs e com a mídia-educação, ainda um tanto quanto limitadas e precisam ser aprofundadas. Como foi relatado pelos professores e também pudemos observar, em diferentes situações, principalmente para trabalhar com os textos do ATLETIC, os professores apresentaram dificuldades de superar as aulas expositivas. Consideramos que um dos motivos que dificultou, ainda mais, a superação das aulas expositivas foi a necessidade do uso do Datashow. Nessas aulas, pudemos observar momentos de distração de alguns alunos e a indisposição entre eles e alguns professores.
Além disso, avaliamos que o trabalho com a produção de vídeos pode ser mais elaborado, pode explorar melhor as dimensões conceituais e atitudinais que foram tratadas durante os encontros do curso de formação, mas não foram trabalhadas pelos professores durante o período de intervenções com os alunos.
Diante dessas constatações, entendemos que o processo de formação continuada e de elaboração do software proporcionou a construção de novos conhecimentos e contribuiu para motivar os professores a realizar novas práticas relacionadas ao atletismo com a inserção do ATLETIC e de outras TDICs. No entanto, como destacamos anteriormente, é necessária a continuidade de estudos, reflexões e discussões para que os professores possam se aproximar mais das TDICs, superar as inseguranças e dificuldades que relataram e, então, transformar, cada vez mais, suas práticas pedagógicas e contribuir para a formação de cidadãos críticos, criativos e éticos.
O ATLETIC no processo de ensino e aprendizagem do atletismo
Mesmo diante das diversas dificuldades relacionadas às questões técnicas e estruturais das escolas que os professores encontraram para inserção do ATLETIC e, até mesmo, pelo conhecimento ainda inicial das possibilidades pedagógicas oportunizadas pelas TDICs, eles se mostraram otimistas em relação ao atletismo, ao ATLETIC e às outras TDICs e buscaram diferentes formas para superar as dificuldades da realidade escolar, de modo a proporcionar aos seus alunos novas experiências e aprendizagens.
A motivação e interesse dos alunos em trabalhar com o ATLETIC e outras TDICs são fatores que, ao nosso ver, interferiram positivamente na motivação dos professores para a realização das práticas pedagógicas. Nos encontros do curso de formação que ocorreram durante as intervenções dos professores, eles relataram sobre o interesse e o envolvimento dos alunos em realizar as atividades que incluíam o uso do software. Como relatam:
A proposta do software é muito interessante, os alunos se envolveram, foi percebida uma vontade de estar por trás da máquina, de mexer e descobrir o que mais poderia ser feito, o que mais havia para ser mostrado e modificado (P1, Diário de Campo).
Mesmo de maneira precária, mesmo com todas as dificuldades, com todos os empecilhos eles puderam manusear algumas atividades. Em outras aulas eles perguntavam nós iriamos novamente pro laboratório (P3, Entrevista).
A receptividade dos alunos quanto ao recurso foi excelente. Muitos se interessaram em ter o software e já disponibilizei para alguns em pendrive (P4, Diário de Campo).
O aluno quando vê o software ele já cria a expectativa, em relação ao uso do computador, da tecnologia. [...] só deles ouvirem falar de software, nossa! Era assim o tempo todo: o software é hoje? (P8, Entrevista).
Como nos relatos dos professores, em nossas observações foi possível verificar o interesse, a curiosidade e a participação dos alunos pelas aulas que incluíam o uso do ATLETIC, os celulares e as máquinas fotográficas. Na observação da aula da professora (P3), em que os alunos puderam explorar, de forma inicial, os conteúdos do ATLETIC no notebooks emprestados pelos professores e coordenadores da escola, verificamos que os alunos se organizaram, sozinhos, em grupos, para ocupar os notebooks disponíveis e para dividir o tempo em que cada integrante do grupo seria o responsável por manusear o mouse. Durante a realização das atividades, não ocorreu problemas com indisciplina, os alunos exploraram o software sem dificuldades, se mostraram interessados em realizar as atividades feitas com diálogo e colaboração entre eles.
Diferentemente do que já foi registrado por Betti (2001) sobre os professores precipitarem o provável desinteresse dos alunos em trabalhar com as TDICs nas aulas de Educação Física Escolar, os dados desta pesquisa apontam o interesse e a motivação dos alunos quanto ao trabalho com o ATLETIC e outras TDICs nessas aulas, corroborando os resultados de Lisbôa (2007), Bianchi (2009), Piovani (2012), Ferreira (2014), Franco (2014), Soares (2020), Martins (2023), Lourenço (2023) e Pereira (2023).
No que se refere ao desenvolvimento do conteúdo do atletismo, os professores afirmaram que os alunos também se mostraram interessados pelo conteúdo e participaram ativamente das atividades. Como afirmam:
Excepcional! Porque o conteúdo, o atletismo em si, já era atraente pra eles. Mas, até então eles conheciam do atletismo somente de maneira bem superficial, somente as corridas. E aí, nós chegamos pra apresentar o atletismo, oportunizando a eles outras vivências, oportunizando a eles novos conhecimentos [...]. Eles gostaram muito (P3, Entrevista).
[...] desde o princípio, tanto as vivências, como o uso do software, foram bem recebidos, muito bem recebidos pelos alunos. Eles participaram, se envolveram e foi bem interessante (P4, Entrevista).
Eles acharam muito bacana, pois teriam uma nova oportunidade de vivenciar atividades que antes não vivenciaram. [...] quando propomos atividades que estimulam o desenvolvimento individual e coletivo, os alunos se mostram motivados a executarem saltos, corridas, lançamentos e arremesso (P9, Diário de Campo).
Diferentemente da justificativa da falta de interesse dos alunos pelo atletismo, apresentada por professores como uma das dificuldades em trabalhar com essa modalidade esportiva nas aulas de Educação Física, como mencionado por Matthiesen (2005; 2007), Silva (2005) e Meurer, Schaefer e Miotti (2008), os dados desta pesquisa demonstram que os alunos se interessaram pelo conteúdo do atletismo e se envolveram com as atividades.
Com base nos dados, entendemos que a principal dificuldade dos professores em trabalhar com o atletismo na escola é a falta de/pouca formação que lhes proporcionem conhecimentos necessários para superar as dificuldades físicas e materiais das escolas e a possível resistência inicial que os alunos possam apresentar, por não conhecerem o atletismo. Como destaca a professora (P1), o importante é a valorização desse conteúdo pelo professor e as práticas pedagógicas realizadas nas aulas. Segundo ela:
Em relação ao conteúdo, interesse dos meninos, eu sempre acredito que vai depender muito de como o professor vai colocar. Porque são crianças, são adolescentes, eles estão sedentos, por mais que eles acham que não, eles querem aprender, eles estão sedentos por isso, por coisa nova. Então vai depender de qual vai ser a importância que o professor vai dar para aquele conteúdo (P1, Entrevista).
Em relação à utilização do ATLETIC no processo de ensino e aprendizagem do atletismo, os dados indicam diferentes contribuições, sendo elas: motivação para a prática, despertou maior interesse e curiosidade em relação ao atletismo, incentivou a criatividade dos alunos, ofereceu possibilidades para desenvolver as diferentes dimensões dos conteúdos e diferentes linguagens, contribuiu para a realização de novas práticas pedagógicas.
Sobre o interesse e curiosidade em relação ao atletismo, os relatos dos professores mostram que a utilização do ATLETIC no processo de ensino e aprendizagem contribuiu para despertar o interesse dos alunos, os motivou para a prática e os incentivou a pesquisar sobre o atletismo. Como afirmam:
Na conversa com os alunos, durante o trabalho com o software, eles perguntaram como é nas Paralimpíadas. Então a gente acessava o Google, procurava a imagem para comparar com a que a gente tinha visto. Porque eles ficavam assim: “Como que ele vai fazer o giro? Como é que vai fazer isso?” (P1, Entrevista).
Assim, eu acho que deu certa autonomia pra eles, até pra eles vivenciarem e buscarem aquilo que gosta. [...] muitos tiveram o interesse de procurar na internet (P6, Entrevista).
E eles ficaram interessados, ficaram mais animados com o atletismo por causa do software. Comecei a mostrar o software para eles e eles empolgaram. Comecei com o arremesso do peso, que é a prova que escolhi trabalhar e eles perguntavam sobre as outras. Eles me pediram para entrar em todas as outras, aí eu entrei em todas (P7, Entrevista).
Alguns alunos me contavam as formas, as leituras que faziam e mostram onde tinham chegado e o que poderiam fazer para chegar mais rápido na dúvida dele. Eles já nasceram com essa questão da tecnologia [...] agora tem um software, que é pra eles mesmos descobrirem, que gera o desafio e, esse desafio, na verdade, gera curiosidade e consequentemente é mais conhecimento (P8, Entrevista).
Nos relatos dos professores, podemos observar a curiosidade dos alunos em conhecer outras provas além daquela que seria trabalhada pela professora (P7), a realização das leituras e exploração do software, por parte dos alunos, como afirma o professor (P8), e o interesse em pesquisar na internet sobre as provas do atletismo e sobre o atletismo Paralímpico, como apresentam as professoras (P6) e (P1).
Considerando os apontamentos de Orozco (1997) e Kenski (2007) sobre o encantamento da combinação das diferentes linguagens, percebe-se que mesmo com suas limitações, o ATLETIC, com seus diferentes conteúdos e informações, oportunizou a interação dos alunos. Ao unir as linguagens: visual, escrita e corporal, causou certo encantamento aos alunos, o que, juntamente com a prática dos professores, contribuiu para instigá-los a explorar o software e conhecerem mais sobre o atletismo.
Ao contrário da resistência que comumente os alunos apresentam para realizar questionários e tarefas da escola, os professores relatam que os alunos gostaram e se mostraram interessados em realizar os questionários do ATLETIC. No entanto, como aponta o professor (P8), os questionários foram organizados em níveis de dificuldade para atender diferentes ciclos de aprendizagem, mas os alunos se apropriaram dele como um jogo, sendo os níveis de dificuldade vivenciados como as fases do jogo, numa apropriação lúdica da experiência com os questionários. Como podemos observar:
Foi ótimo! Eles adoraram fazer aquele questionário, mesmo quando tem que voltar. Eles tinham errado 2 questões, aí tinha que preencher tudo de novo (P1, Entrevista).
Eles empolgaram com as atividades, porque erravam e voltavam para fazer tudo de novo, até acertarem. Eu achei muito interessante, facilitou bastante a atenção, a questão do interesse (P6, Gravação, Encontro 9).
Outro dia apareceu um aluno que disse: “Olha, eu brinquei com meu irmão e a gente fez uma competição e já cheguei no nível 6” (P8, Gravação, Encontro 7).
Com base nos dados, avaliamos que o trabalho com o ATLETIC ofereceu possibilidades de modificar o contexto das aulas, tornando o processo de construção de conhecimento mais atrativo para os alunos, como também identificado por Lima (2011) em relação a inserção das tecnologias nas aulas de Educação Física . Além disso, ao ser utilizado como um jogo pelos alunos, o ATLETIC favoreceu a integração dos conhecimentos do atletismo trabalhados na escola com a cultura extraescolar dos alunos, como indica Sena (2011) sobre as contribuições dos jogos de videogame para as aulas de Educação Física.
É importante destacar que a forma como os alunos exploraram os questionários, além de revelar o olhar que eles deram ao ATLETIC, reforçam os apontamentos de Moran (2010) e Mattar (2011) sobre a importância de que a metodologia utilizada com o uso das TDICs possa envolver os alunos, de modo que elas sejam melhor aproveitadas no processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, entendemos que, além dos conhecimentos sobre o atletismo que reunimos no software, as contribuições do ATLETIC para a aprendizagem estão diretamente relacionadas às novas possibilidades de prática que ele oferece. No entanto, essas possibilidades precisam ser reconhecidas e diversificadas pelos professores, para que ele não se torne apenas um material com informações sobre o atletismo.
Outro dado interessante relatado pelo professor (P8) foi que após a aula em que foram apresentadas, pela primeira vez, as animações do arremesso do peso, vários alunos durante o recreio brincavam com os movimentos vistos, tentando realizá-los e nominá-los. Esse relato se aproxima dos dados apresentados por Araújo et al. (2011), ao tratarem das possibilidades e influências dos videogames na cultura corporal, uma vez que os alunos entrevistados por eles afirmaram que tentavam e conseguiam executar corporalmente o movimento realizado num jogo de videogame. Além disso, segundo Pereira (2014), a proposta dos multiletramentos e da mídia-educação contribui para aproximar e envolver os conteúdos da cultura corporal, as linguagens do corpo e as diferentes linguagens das TDICs. Nesse sentido, avaliamos que a transformação das animações do ATLETIC em movimentos, realizados pelos alunos, demonstram a possibilidade de conhecer e vivenciar o atletismo por meio de experiências multimodais, como sugere Pereira (2014).
Outros relatos que apontam para as possibilidades de experiências multimodais, como também para o incentivo da criatividade, oportunizadas pelo trabalho com o ATLETIC, são as falas das professoras (P2) e (P6) que revelam a construção do peso e do martelo pelos alunos, após verem as animações e os vídeos do ATLETIC, sem que elas tenham tido uma preocupação específica para isso. Como afirmam:
Eu mostrei os vídeos pra eles, no outro dia um aluno montou um martelo e levou: “Tia olha eu montei esse martelo aqui”. Ele pegou uma borracha, encaixou um cordão e colocou uma pedrinha. O pai no outro dia foi na escola e falou assim: “Meu filho está adorando as aulas de Educação Física. Então assim, eu acho que instiga bastante a criatividade e contribui bastante para a aprendizagem (P2, Entrevista).
Semana passada um aluno falou pra mim assim: “Professora a gente já confeccionou o nosso martelo”. Isso só de visualizar o software. Eles falaram que já fizeram o martelo e o peso (P6, Gravação, Encontro 10).
Diante desses dados, consideramos importante destacar que o relato da professora (P2) é referente a um aluno do ciclo I, que ainda está em processo de alfabetização. Desse modo, considerando as modalidades de linguagem propostas pelo New London Group (Cope e Kalantzis, 2009), o aluno transformou a representação visual, das animações do ATLETIC, em representação tátil e, com a construção do seu martelo, criou possibilidades para a representação gestual do lançamento do martelo na escola e em outros contextos.
De acordo com a proposta dos multiletramentos apresentada pelo New London Group (Cope e Kalantzis, 2009), as diferentes linguagens e combinações entre elas precisam ser trabalhadas durante o processo de aprendizagem para que sejam respeitadas as diferenças entre os alunos e suas subjetividades. Nessa perspectiva, os relatos dos professores reforçam nossos apontamentos sobre a contribuição relacionada ao trabalho das diferentes linguagens, favorecido pelo uso do ATLETIC para o processo de aprendizagem do atletismo. Em suas palavras:
A forma como foi trabalhado, eu acredito que eles não vão esquecer do atletismo. Pela maneira, pela forma, pela metodologia que foi utilizada (P3, Entrevista).
Eu estava lendo umas cartinhas dos alunos e eles deram mais respostas positivas nesse relato do que se eu tivesse dado uma prova para eles (P6, Gravação, Encontro 9).
O aluno que chegou até o nível 6, ele tem bastante dificuldade de escrever, mas o menino é muito esperto, o raciocínio dele é muito aguçado. Ele me falou tudo o que fez no software (P8, Gravação, Encontro 7).
Vejo que isso ajudou muito, a questão cognitiva também. Do aluno entender o processo de movimento de uma forma de saltar. [...]. Então, eu vejo que isso ajudou bastante o menino que às vezes tem uma dificuldade cognitiva [...]. E aí, eu vejo assim, que isso ajuda bastante e ajudou bastante. Acho que essa coisa deles vivenciarem, deles verem, deles sentirem mais ou menos como que é. Então, acho que isso foi extremamente importante. [...] já deu pra perceber que eles também tiveram um bom aproveitamento (P9, Gravação, Encontro 10).
Os relatos dos professores nos fornecem diferentes informações sobre as contribuições da diversificação da linguagem, materiais e metodologias para a aprendizagem dos alunos. Como podemos observar na fala da professora (P3), o importante não foi apenas a inserção do ATLETIC nas aulas, mas, também, a possibilidade de realização de atividades diferentes daquelas que estavam acostumados, o que, segundo a professora, contribuiu para a aprendizagem dos alunos.
Pelos relatos dos professores (P8) e (P9), podemos observar a importância de se oportunizar a realização de práticas pedagógicas que explorem as diferentes linguagens para que todos os alunos sejam favorecidos e, também, para que possamos oportunizar a eles diferentes sensações durante as aulas e o desenvolvimento de diferentes habilidades. Sobre a importância de explorar as diferentes linguagens para o processo de aprendizagem, Pereira (2014, p. 205) destaca que: “quando uma linguagem encontra a outra, nasce a sinestesia que os multiletramentos anunciam como um horizonte poderoso para uma pedagogia”.
Nesse sentido, diante do trabalho inicial que foi realizado pelos professores com o uso do ATLETIC e de outras TDICs para o desenvolvimento desta pesquisa, entendemos que as contribuições apresentadas por eles são exemplos, também iniciais, do que a inserção das TDICs aliada à transformação das práticas pedagógicas pode contribuir para o processo de ensino e aprendizagem do atletismo e demais conteúdos da Educação Física.
Ainda que iniciais, essas contribuições apontam que estamos no caminho certo para continuarmos nossos estudos, pesquisas e ações junto aos professores que atuam nas escolas. Além disso, avaliamos que essas contribuições podem ser somadas àquelas apresentadas por diferentes trabalhos já realizados com a inserção das TDICs nas aulas de Educação Física Escolar (Lourenço, 2023; Martins, 2023; Pereira, 2023; Soares, 2020). Avaliamos que experiências como essas apresentam diferentes possibilidades de inserção das TDICs nas aulas de Educação Física Escolar. Contudo, é preciso garantir que os professores tenham acesso a esses conhecimentos.
Relevância do ATLETIC enquanto material didático
Além das contribuições relacionadas à aprendizagem e motivação dos alunos, os professores destacaram que o ATLETIC contribuiu para superar a carência de material didático direcionado ao atletismo, já apresentado por Rodrigues e Darido (2011). A escassez de publicações e trabalhos acadêmicos direcionados ao processo de ensino e aprendizagem no contexto escolar apontado por Matthiesen (2005) e confirmado por Faganello (2008) indicam a necessidade de produção de materiais para a área.
Os professores destacam ainda a possibilidade do software ser utilizado nos diferentes ciclos de aprendizagem. Como relatam:
Ele contém tanto a parte teórica, imagens, vídeos e a questão da possibilidade de a atividade. [...]tá tudo num lugar só (P1, Entrevista).
Eu trabalhei com o software desde o ciclo I até o Ensino Médio, no 3º ano. Todos gostaram (P2, Gravação, Encontro 10).
A gente pode trabalhar não só a parte prática, do atletismo, mas também a parte teórica, que eu acredito que é de extrema importância pro conteúdo (P3, Entrevista).
Se tornou um recurso a mais para trabalhar o atletismo, pra envolver os alunos de uma maneira diferente do que eles estão acostumados (P4, Entrevista).
Ele é muito rico. [...] tem condições de usar do Ensino Fundamental até o Médio, cada um adapta ele de acordo com a necessidade (P8, Gravação, Encontro 10).
Diante os relatos dos professores, podemos afirmar que o ATLETIC oferece conhecimentos direcionados ao atletismo que podem contribuir para reduzir essa carência de materiais, além de oportunizar o desenvolvimento de diferentes práticas pedagógicas. No entanto, é importante destacar que a contribuição do ATLETIC para a aprendizagem dos alunos depende da qualidade da mediação dos professores.
Em relação à continuidade do uso do ATLETIC para o desenvolvimento das práticas pedagógicas, os dez professores que realizaram as intervenções nas escolas afirmaram que continuarão utilizando-o, sendo que alguns professores afirmaram que já estavam iniciando novos trabalhos com o uso do ATLETIC. Segundo eles:
Eu trabalhei ano passado, melhorei um pouco o projeto e já estou trabalhando de novo. Agora eu mudei de escola (P2, Gravação, Encontro 10).
Espero no próximo ano estender o uso do software para as turmas do ciclo I que tem o atletismo previsto como conteúdo no II trimestre, e executar na íntegra a proposta para a turma F no ciclo II, no III trimestre (P4, Diário de Campo).
Eu já estou utilizando novamente. É um material diferente (P6, Entrevista).
Pelo relato da professora (P2) podemos observar que, após a primeira experiência com o ATLETIC, o trabalho foi avaliado e modificações foram feitas visando uma nova prática. Esse processo demonstra a avaliação crítica da sua ação docente e o seu desejo de mudança.
Entretanto, entendemos que esse processo é inicial, já que alguns professores ainda demonstram maior preocupação com o oferecimento de um conhecimento prático, sendo que a influência dos Jogos Escolares ainda está presente em alguns discursos, planejamentos e ações.
Esses dados reforçam, ainda mais, o nosso entendimento em relação à necessidade de oferecer possibilidades de continuidade na formação dos professores, para que eles possam elaborar e desenvolver ações que superem a perspectiva técnica que é fortalecida pelo formato dos Jogos Escolares. Além disso, avaliamos que é preciso buscar conscientizar toda a comunidade escolar para o papel da Educação Física Escolar.
Nesse sentido, corroboramos com as afirmações de Bianchi (2009):
Transformar essa realidade é algo complexo, uma vez que envolve não somente transformações na prática pedagógica dos professores de Educação Física, mas requer também a conscientização de toda a comunidade escolar; buscando, dessa forma, evitar que tais confusões acerca da Educação Física escolar continuem ocorrendo e se propagando na escola e fora dela (Bianchi, 2009, p. 158).
O ATLETIC é, neste cenário, um material didático que oferece aos professores possibilidades distintas e complementares para o trabalho pedagógico com o Atletismo na escola. É importante lembrar que ele é um exemplo de muitos outros materiais que podem e devem ser produzidos numa perspectiva que considere os multiletramentos e práticas multimodais, favorecendo a fruição e a aprendizagem na relação com os conteúdos escolares.
Assim, entendemos que esse foi o início de um longo caminho que precisa ser percorrido para que a Educação com, para/sobre e através das TDICs possa ser uma realidade nas escolas, de modo que novas práticas pedagógicas sejam desenvolvidas e contribuam para o desenvolvimento dos multiletramentos e para a formação de cidadãos que saibam buscar e analisar criticamente as informações transmitidas pela mídia, que sejam capazes de utilizar as tecnologias e as diferentes linguagens para produzir e divulgar conhecimentos, agindo ativamente na construção de uma sociedade melhor, como destacam autores como Belloni (2009), Buckingham (2012), Fantin e Girardello (2009), Fantin e Rivoltella (2012), Jenkins (2010) e Orofino (2005).
Considerações finais
Durante o processo de intervenção, evidenciamos que a formação continuada dos professores proporcionou a aprendizagem coletiva sobre o atletismo e as TDICs, as quais propiciaram aos professores o desenvolvimento de novas práticas pedagógicas nas escolas. Essas aprendizagens e ações dos professores demonstraram o início de um caminho para a transformação do trabalho docente em direção ao trabalho com o atletismo, com as TDICs e para o desenvolvimento da mídia-educação nas aulas de Educação Física Escolar.
Embora tenhamos evidenciado as dificuldades iniciais dos professores em superar o modelo de aulas expositivas, com ênfase na dimensão procedimental e o direcionamento do trabalho para os Jogos Escolares, as intervenções dos professores com o uso do ATLETIC apontam para transformações em suas práticas pedagógicas e nos possibilitou identificar algumas contribuições para o processo de formação dos alunos, sendo elas: a) a participação ativa dos alunos; b) a motivação dos alunos para o trabalho com o atletismo nas aulas de Educação Física Escolar; c) a busca por novas informações, em outros meios, relacionadas ao atletismo; d) o incentivo à criatividade; e) o desenvolvimento dos multiletramentos; f) o desenvolvimento das diferentes dimensões dos conteúdos; g) a utilização de celulares e câmeras para a produção de vídeos pelos alunos.
Avaliamos que, embora as condições de infraestrutura e técnica das escolas dificultem o desenvolvimento de novas práticas pedagógicas, e que são questões urgentes que o poder público não deve se omitir, a principal dificuldade dos professores em trabalhar com o atletismo e inserir as TDICs de forma crítica, criativa e ética é a falta de formação. Assim, destacamos a importância de investir na formação inicial e continuada dos professores para que eles possam trabalhar com o atletismo e com os demais conteúdos da cultura corporal, acompanhar as transformações da sociedade, superar as dificuldades encontradas no cotidiano escolar e conhecer possibilidades de trabalhar com as TDICs.
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Notas
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4. Este texto integra uma pesquisa mais ampla, elaborada para conceber estratégias voltadas ao desenvolvimento de um software educacional e à capacitação de professores para o trabalho com o conteúdo atletismo na Educação Física escolar.
5. Para maiores informações sobre o software, ver: GEMENTE, F. R. F.; SILVA, A. P. S.; MATTHIESEN, S. Q. ATLETIC: Software elaborado com a colaboração de professores da Rede Municipal de Goiânia para o ensino do Atletismo na Educação Física Escolar. In: Machado, A. B.; Lúcio, V. L. (org.). Escola, currículo e tecnologias: desafios e possibilidades para a prática pedagógica. 1 ed. Curitiba: Editora Gabai, 2021, p. 130-142.