EXPERIÊNCIAS COM MÍDIA-EDUCAÇÃO (FÍSICA) NA ESCOLA
Considerações iniciais
Passada a pandemia de covid-19, que trouxe profundas mudanças em nossas vidas, atravessamos um tempo em que se visualiza ainda muita circulação da produção acadêmico-científica sobre os impactos do vírus em nosso cotidiano, mas, em especial, ao contexto educativo e formativo.
Com a naturalização que, desde cedo, experienciamos em nossas vidas, em relação à frequentação dos espaços físicos escolares, e depois, na participação e envolvimento com a vida acadêmica, a pandemia exigiu de forma abrupta e complexa uma transformação àqueles e àquelas que atuam em escolas e universidades, sejam professores, técnicos, equipes pedagógicas e diretivas, e também, alunos e alunas.
Foi assim que no início de 2020, com o vírus SARS-Cov-2 sendo disseminado em todos os países do mundo, a educação precisou repensar-se rapidamente e reconfigurar-se, principalmente em relação às intermediações técnicas oportunizadas por aparatos tecnológicos e midiáticos.
Embora a discussão – e sugestões – quanto a presença das mídias e tecnologias na escola e na educação não fosse algo recente, conforme apontam Bévort e Belloni (2009), pois trata-se de uma perspectiva que é discutida desde a década de 1950/1960 (sobretudo com a preocupação no aspecto da leitura crítica dos meios), principalmente nos países mais desenvolvidos (Inglaterra, Noruega, Itália, EUA, Canadá, entre outros), o que o contexto pandêmico exigiu dos agentes educativos foi uma rápida readequação dos espaços, que deixaram de ser físicos, para serem virtuais.
Várias nomenclaturas (e respectivas estratégias) têm sido produzidas e postas à prova em relação às associações das mídias e tecnologias em contextos educacionais e formativos, como, por exemplo, “educação para as mídias” (Belloni, 2001), “educação com as mídias” (Ferrés, 1996; Fischer, 2003), “educação dos meios”, “pedagogia dos meios” (Orofino, 2005), “educomunicação” (Soares, 2001; 2011), “mídia-educação” (Fantin, 2006), entre outras.
Assim, com a orientação do isolamento social devido à pandemia e a necessidade de seguir o trabalho formativo, foi preciso articular pedagogicamente os mais diversos dispositivos tecnológicos, principalmente computadores, notebooks, tablets e aparelhos celulares, como recursos físicos imprescindíveis para, minimamente, fazer com que a educação remota e a formação seguissem acontecendo. Independente de qual concepção ou nomenclatura cada um fez uso, considerando-se que elas guardam diferenças conceituais, epistemológicas e também de fins políticos, fato é que professores(as) e alunos(as) tiveram que lançar-se ao universo da tecnologia como alternativa possível.
Naquele contexto, principalmente entre 2020 e 2021, ficou famoso o chamado “ensino remoto emergencial”, uma improvisação de certos elementos de uma educação on-line/off-line e de educação à distância, com professores assustados e inseguros diante do contexto desafiador, e alunos(as) com grandes dificuldades de conectarem-se e seguirem as aulas (sejam elas síncronas ou assíncronas). Os computadores e celulares, antes recursos alternativos do processo de ensino e aprendizagem, assumiram lugar de centralidade para o encontro e as relações entre professores e estudantes.
Não se trata de aprofundar essas questões, mas experienciamos, de forma coletiva, muitas dificuldades e desafios no contexto remoto na pandemia: (a) professores sendo desafiados constantemente diante das dificuldades estruturais; (b) dificuldades na relação (virtual) com os alunos/as; (c) diferentes contextos que exigiram outras/novas práticas; (d) implicações na saúde mental de todos/as envolvidos; (d) experiência do cansaço e do esgotamento gerado pelas telas; (e) aumento das desigualdades educacionais já demasiadamente expressivas no sistema educacional brasileiro; e (f) constatação de que, embora as tecnologias tenham avançado muito, alcançando a população, seus usos e acessos na educação/formação ainda não acompanharam essa rápida transformação.
Como exemplo da complexidade relacionada ao acesso de estudantes, apenas 64,8% dos alunos de escolas públicas tinham aparelho celular para uso pessoal, e nem todos tinham acesso à internet. Já no ensino privado, 92,6% dos estudantes possuíam celular e a maioria com acesso à rede. A maior diferença se localizava na região norte do país, onde apenas 47,5% dos alunos do ensino público tinham um aparelho disponível para estudo. (IBGE, 2021)
Cientes da complexidade que foi o período pandêmico, independentemente da eficácia desse “outro” método, que foi adaptado devido à necessidade do distanciamento físico, como forma de dirimir os impactos assombrosos quanto à circulação e mortalidade do novo vírus (coronavírus), um novo vocabulário foi aparecendo ao contexto educacional, permitindo outras possibilidades em ambientes de aprendizagens.
Termo que aglutinou várias possibilidades tecnológicas refere-se aos Recursos Educacionais Digitais (RED), que são desenvolvidos em diversas linguagens de programação computacional e configuram-se como ferramentas diversas, que podem estar disponíveis na internet e permitem o desenvolvimento de vários recursos educacionais digitais (revistas digitais, mapas conceituais, infográficos, linhas do tempo, apresentações multimídia, edição de textos etc.) (Bassani; Barbosa, 2012 apud Batista, 2021).
Um desses recursos educacionais digitais que ficou bastante conhecido a partir da pandemia de covid-19 – para além do contexto educativo e formativo – foi o podcast. Essa mídia chegou ao Brasil em 2004, com o programa “Digital Minds”, criado por Danilo Medeiro. Com aumento significativo de ouvintes e produções, o Brasil é o país que mais consome conteúdo por podcasts no mundo, somando 42.9% de usuários na internet, com idade entre 16 e 64 anos, segundo o relatório DataReportal de 2023. No campo da educação, a utilização e produção de podcasts como recurso pedagógico constitui parte de um novo arranjo que se delineou durante o período pandêmico e vem apresentando-se com um grande potencial educativo.
Partindo de uma perspectiva mídia-educativa, compreendemos que o podcast apresenta muitas contribuições para o desenvolvimento de uma educação crítica e criativa na formação de professores (Fantin, 2011). Essa tecnologia permite operacionalizar a prática educativa em três dimensões: a) metodológica-instrumental (educar com os meios) – como instrumento ou recurso para reinventar a práxis; b) produtiva (educar através dos meios) – como linguagem que permite expressão, criação e produção; c) crítica (educar sobre os meios) como objeto de estudo, como mais uma possibilidade para “testar” e “experimentar” mídias e tecnologias em contextos educativos e formativos (Mezzaroba, 2015).
O exercício de experimentação com as mídias e tecnologias, como esse que relataremos, insere-se no trabalho pedagógico sugerido por Tufte e Christensen (2009), que assim escreveram:
De modo geral, em relação às mídias, suas estéticas e linguagens, é preciso desenvolver princípios e métodos para que as mídias possam ser inseridas na agenda da escola enquanto um processo de aprendizagem. É preciso que sejam desenvolvidos instrumentos conceituais mídia-educativos em relação a todas as mídias. (Tufte e Christensen, 2009, p.103)
Nesse sentido, o texto em tela busca descrever duas experiências formativas com o uso do podcast, realizadas com estudantes de Educação Física (EF) Licenciatura na Universidade Federal de Sergipe (UFS). As atividades foram desenvolvidas em dois momentos na pandemia, no modo remoto: (1) primeiro, na disciplina “Saúde, Sociedade e EF” – primeiro contato com o que seria o podcast, aprender o que seria, como fazer, e também lidar tecnicamente com o Audacity (aplicativo para elaboração e edição de podcast); (2) segundo, o canal de podcast no projeto de extensão “Corpo, Saúde e Salutogenia na pandemia covid-19: produção de produtos audiovisuais e textuais”.
Assim, na sequência, trazemos algumas considerações quanto aos usos e possibilidades do podcast como recurso educacional, e, em seguida, relatamos as duas experiências que tivemos na sua utilização no ensino remoto emergencial.
Algumas considerações sobre o podcast na educação/formação
Carvalho e Saldanha (2018) sinalizam que existem divergências etimológicas e de definições relacionadas ao podcast. Para os autores, ele é “[…] um processo que regularmente publica conteúdos de áudio com diversidade de tópicos novos de interesse para os usuários” (Sarkar, 2012 apud Carvalho; Saldanha, 2018). Nesse processo, o podcast é o arquivo, podcasting é uma transmissão do podcast e, podcaster a pessoa que tem sua voz gravada no arquivo. A tecnologia foi criada por Adam Curry (podfather), em 2004, com objetivo de disponibilizar o áudio do seu programa de rádio para seus ouvintes (Carvalho; Saldanha, 2018; Bezerra, 2023). De acordo com Klering et al. (2021) apud Oliveira e Mendes (2021, p.274), “[...] a criação do vocábulo podcast se deu a partir da junção da palavra iPOD, aparelho da Apple de reprodução de MP3, com broadcast, que significa “transmissão” em inglês”.
Para Freire (2017), a origem do podcast está associada ao blog, mais especificamente ao audioblog, que disponibiliza gravações em áudio, em formato MP3, dos conteúdos das postagens nos blogs. Foi com os audioblogs que surgiram as primeiras experiências educacionais com a tecnologia de oralidade . Assim, de acordo com o autor, o podcast pode ser definido do ponto de vista técnico ou considerando sua apropriação pedagógica. Bezerra, Barros e Araújo (2023), por exemplo, consideram que não devem ser entendidos como mera “ferramenta”, e sim, como uma “possibilidade didático-pedagógica”.
De forma resumida, no primeiro caso, seu aspecto técnico, ele é considerado uma tecnologia de áudio, que compreende o arquivo de áudio com falas e/ou músicas, disponível on-line. Já com relação a apropriação pedagógica, configura-se como uma tecnologia de oralidade, um recurso educacional que permite novos modos de práticas educacionais, produzidos e disseminados de forma livre. A característica central dessa mídia é seu teor produtivo facilitado com programas livres , intuitivos e presentes em diversos aparelhos (Freire, 2017).
Por ser uma tecnologia aberta, o podcast apresenta grande relevância para a educação, ao permitir viabilizar práticas educacionais. Entre elas: 1 – abertura para vozes e temas negligenciados no contexto da educação formal; 2 – abertura de espaço para criação e produção (agentes ativos); 3 – o exercício de comunicação com expressões, posicionamentos e discursos pouco usuais; 4 – exercer a democracia com o desenvolvimento de projetos inclusivos. Especialmente no contexto brasileiro, a formação da podosfera em 2004 e o projeto PodEscola em 2006, apresentam-se como um ambiente educativo ao reunir programas que abordam as mais variadas temáticas (Freire, 2017).
De acordo com Jesus (2014) e Bezerra (2023), o podcast possui quatro características que dialogam com o processo formativo educacional, são elas: interação, linguagem, conteúdo e temporalidade. Quanto à interação, quando empregados na educação, os podcasts podem potencializar a construção de conhecimento pelos estudantes, pelos educadores, tanto na seleção do conteúdo, do roteiro, como também durante o processo de gravação e o pós, em que promove a interação entre a equipe de produção e entre os produtores e espectadores, uma vez que ela pode ocorrer no ato de ouvir, e até no diálogo em comentários nas redes sociais e publicações sobre o produto.
Com relação à linguagem, o podcast possibilita a utilização de uma linguagem formal ou informal, sendo a informal a que mais se aproxima do público, pois, por não necessitar de um 8 Que possibilita uma qualificação da expressão oral. 9 Freire (2017) cita como exemplo os programas Audacity (serviços de armazenamento automatizado gratuitos) e PodcastOne (programa brasileiro para postagem de podcast). 10 Quaisquer aparelhos que possam carregar arquivos de áudios (celulares, computadores etc). roteiro preestabelecido, pode apresentar-se como uma conversa mais descontraída, permitindo uma participação ativa, o que atrai mais a juventude no campo da educação. De acordo com Jesus (2014, p.36): “[...] esse tipo de estruturação permite a sensação de horizontalidade entre os participantes, pois o papel do apresentador é fazer com que a conversa não perca o foco do tema”. No que diz respeito ao conteúdo, sua apresentação é aberta, em que tanto o produtor quanto o participante podem escolher o conteúdo e o tema. Isso possibilita a saída do formato tradicional, trazendo mais criatividade ao podcast. Jesus (2014) aponta que o podcast, no campo da educação, pode ser um recurso que supere a maneira tradicional de apresentação de conteúdo, em que o professor passa maior tempo falando e os estudantes, como ouvintes.
Por fim, quanto à quarta e última característica, a temporalidade, esta se refere à possibilidade do conteúdo do podcast ser acessado minutos após sua publicação ou a qualquer momento que seja desejado, pois fica à disposição do público a todo momento que o arquivo se manter hospedado em um servidor (Jesus, 2014).
Diante disso, o podcast se apresenta como uma possibilidade de constituir espaços/tempos propícios para muitas possibilidades referente à formação, ao exercício da autonomia, da criação e autoria, sendo utilizado também no campo da EF, pois:
Uma vez que redes sociais, sites especializados, revistas, jornais, noticiários televisivos e outras formas de comunicação de massa disseminam opiniões e ideias sobre a cultura corporal do movimento, é de fundamental importância que compreendamos esse fenômeno à luz das inúmeras relações que o permeiam (Oliveira; Mendes, 2023, p.274).
A PodPesquisa 2019, realizada pela Associação Brasileira de Produtores de Podcasters (ABPOD), apresenta-nos o perfil do ouvinte de podcast brasileiro. Com relação ao gênero, observa-se uma predominância masculina, 84% e 72% nos anos de 2018 e 2019, respectivamente. No entanto, nota-se aumento da participação de mulheres, que passou de 16% em 2018 para 27% em 2019. Na opção “outros”, correspondendo à orientação sexual não binária, apesar do baixo número de ouvintes 0,39% (2018), também observamos aumento para 0,76% (2019) (ABPOD, 2019). Tais dados demonstram que o podcast está ampliando o universo de ouvintes, o que sugere que a mídia está abrindo espaços para temas referentes às diferenças.
A média de idade dos ouvintes é de 28 anos, solteiro(a), sendo aproximadamente 61% um público universitário (30% superior incompleto e 31% superior completo), demonstrando a proximidade dos estudantes em formação da tecnologia. A maioria dos ouvintes, na pesquisa, escuta o podcast pelo Spotify, sendo que seus principais interesses incluem: cultura pop, humor e comédia, ciência, história, política, TV e filme, sociedade e cultura, tecnologia, educação, games, notícias, entre outros. Entre 2018 e 2019 os grandes destaques foram a cultura pop, ciência, feminismo e política (ABPOD, 2019).
Além disso, é válido destacar, principalmente para profissionais da educação básica, que estudantes do ensino fundamental (1%) e médio (12%) responderam à pesquisa demonstrando fazer uso da mídia (podcast). Entre os podcast mais citados pelos entrevistados, o nerdcast ficou em primeiro lugar. Conduzido por Alexandre Ottoni (Jovem Nerd) e Deive Pazos (Azaghal), o programa utiliza conversa informal e divertida para discutir assuntos de interesse do mundo nerd (história, ciência, cinema, quadrinhos, literatura, tecnologia, games, RPG, entre outros). Assim, a pesquisa evidencia a proximidade do podcast de um contexto educativo, de acordo com aquilo que é afirmado por Freire (2017), ou seja, que a história do podcast no Brasil sempre esteve próxima da educação, mas distante da educação formal.
A Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018), levando em consideração as transformações das práticas de linguagem na atualidade, principalmente relacionadas às Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), orienta na área de linguagens o uso do podcast. Com o objetivo de trabalhar a oralidade no campo jornalístico-midiático, no componente curricular de língua portuguesa, considerando as habilidades dos eixos de leitura e produção em textos, orais, em áudio ou vídeo:
Produzir notícias para rádios, TV ou vídeos, podcasts noticiosos e de opinião, entrevistas, comentários, vlogs, jornais radiofônicos e televisivos, dentre outros possíveis, relativos a fato e temas de interesse pessoal, local ou global e textos orais de apreciação e opinião – podcasts e vlogs noticiosos, culturais e de opinião, orientando-se por roteiro ou texto, considerando o contexto de produção e demonstrando domínio dos gêneros (BRASIL, 2018, p.143).
No entanto, sabemos que tanto o podcast, como as outras tecnologias, também podem trazer contribuições a todas as áreas do conhecimento e seus componentes curriculares, como é o caso da Educação Física Escolar (EFE) (Oliveira; Mendes, 2021) e da formação inicial de professores de EF (Cunha et al, 2022; Bezerra, 2023).
No campo da EFE, a pesquisa de Oliveira e Mendes (2021) apresentou indícios interessantes que articularam a EFE e a produção de mídias, no caso, de podcasts, por estudantes do 8º ano de uma escola pública durante o ensino remoto emergencial. Embora ainda tenhamos condições estruturais limitantes de acesso à internet, a produção midiática em formato de podcast foi compreendida pelos estudantes como interessante e aceita pelos que participaram. Importante sinalizar que o consumo de mídias, como o próprio podcast, é algo presente e corriqueiro entre o público jovem, mas cabe à escola lançar mão de propostas pedagógicas que enfatizem a produção crítica e criativa sobre aspectos de interesse da EF junto à mídia-educação, como, por exemplo, corpo, estética, saúde, esporte, lazer etc.
O podcast também pode ser utilizado pelos professores em formação para desenvolvimento de estratégias didático-pedagógicas. Como podemos observar no relato de Cunha et al. (2022) sobre o uso de diferentes modalidades de linguagens na produção de um livro paradidático digital e interativo para o ensino da saúde na educação básica, durante o período de aulas remotas de EF. O podcast foi utilizado enquanto alternativa tecnológica viável para a realidade de escolas públicas, possibilitando aproximação com um gênero textual diverso, plataformas de criação/produção e as multimodalidades da linguagem na EF.
O período de aulas remotas também trouxe grandes desafios aos professores de EF para pensar em alternativas com relação às aulas práticas. Bezerra (2023) viu no podcast uma possibilidade de diálogo entre a cultura midiática e a cultura corporal de movimento no ensino fundamental I, estimulando professores e alunos a trabalharem de forma colaborativa na produção da mídia (escolha de temas da EF, discussões sobre como realizar pesquisas, criação de roteiros e gravação). Assim, o podcast contribuiu para a formação de professores e alunos, para o diálogo entre a teoria/prática, o processo de ensino-aprendizagem e a relação professor- aluno.
Segundo pesquisa do CETIC.BR (2022), foram utilizadas estratégias de uso do podcast por cerca de 52% dos professores/as no período pandêmico. Isso pode sinalizar a importância da formação inicial de professores como espaços propícios para a formação de sujeitos críticos, conscientes e criativos, além de usuários de mídias.
Quando observado especificamente o contexto dos usos do podcast na EF, de acordo com Bezerra, Barros e Araújo (2023), é possível dizer que o recurso vem sendo utilizado nos estudos que envolvem a mídia-educação, mostrando-se como um aliado em relação às estratégias pedagógicas na busca de novas informações, exposição e memorização de conteúdos, ampliação das reflexões e de novos conhecimentos, bem como, produção e criação dos alunos(as) envolvidos(as).
Relatando duas experiências com podcast durante o modo remoto
Em uma crônica publicada em 29 de abril de 2023, no jornal Folha de São Paulo, o autor Antonio Prata escreveu que, embora algumas pessoas associem os podcasts como sendo o “renascimento do rádio”, o “podcast não tem nada a ver com ele” e que o “o formato está mais próximo do ensaio literário do que de um programa de ondas curtas, médias ou longas.” (Prata, 2023). Ainda segundo o cronista:
Podcasts são antípodas das redes sociais. Enquanto elas são dispersivas, levam à evasão e à desinformação, os podcasts são uma possibilidade de imersão, concentração, aprendizado. Depois que eles surgiram, lavar a louça e me locomover pela cidade viraram um programaço. Um pós-almoço de domingo e aprendo tudo sobre honobos e gorilas. Um Uber pro aeroporto e chego no embarque PhD em reforma tributária. (Prata, 2023)
Em sua crônica, podemos ver aspectos diversos em que o contato com o recurso do podcast vai nos permitindo novas formas e possibilidades de comunicação, de busca de informação e de aprendizado, de acordo com as características singulares do cotidiano de cada agente social.
O estudo de Bezerra, Barros e Araújo (2023), intitulado “Podcast na Educação Física escolar: possibilidades de ensino em meio a pandemia”, descreve e problematiza potencialidades e limitações quanto ao uso e produção de podcast nas práticas pedagógicas da EF, a partir de uma experiência com crianças.
Além disso, outra importante contribuição do estudo dos autores supracitados, refere- se a um levantamento feito por eles, em algumas revistas científicas da EF brasileira (Movimento, Motriz, Motrivivência, Motricidade e RBCE – Revista Brasileira de Ciências do Esporte, considerando-se o período de 2011 a 2023) e também nos Grupos de Trabalhos Temáticos do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE), especialmente nos GTT “Escola” e “Comunicação e Mídia” (considerando-se o período de 2011 a 2022), identificando que foi a partir de 2021 que começaram a surgir pesquisas e publicações com referência ao podcast. No levantamento, encontraram 7 (sete) trabalhos publicados nos Anais do CONBRACE (CBCE) e apenas 1 (um) trabalho publicado na revista Motrivivência, em 2022.
Nesta subseção, apresentaremos dois relatos de experiência quanto aos usos e aprendizagens que tivemos no modo remoto emergencial, em que provavelmente cada ouvinte dos nossos podcasts teve uma relação singular, seja sendo colocado em contato com novas informações, seja com professores e professoras reconhecidos no campo da EF brasileira, seja ampliando seu repertório de conhecimento em relação à temática da saúde, da salutogenia, das práticas corporais – aspectos importantes para quem atua com EF. Nosso relato, portanto, soma-se aos poucos trabalhos que envolvem usos e possibilidades com podcast na EF brasileira.
a) A experiência com podcast na disciplina “Saúde, Sociedade e Educação Física”
O relato que segue se refere à primeira vez da utilização de podcast nas experiências didático-pedagógicas do Prof. Dr. Cristiano Mezzaroba, ocorrida na disciplina obrigatória do curso de Licenciatura em EF da Universidade Federal de Sergipe (UFS), chamada “Saúde, Sociedade e Educação Física”, com aproximadamente 20 discentes cursando-a de forma remota, com 30% a 40% de atividades síncronas e 60% a 70/% de atividades assíncronas, durante o semestre 2020-1, no período de outubro de 2020 a fevereiro de 2021.
Foi o primeiro semestre remoto, lembrando que a pandemia de covid-19 iniciou em março de 2020 e demoramos certo tempo para definirmos como seriam as atividades formativas, que acabaram se configurando no chamado “ensino remoto emergencial”.
Embora incerto e inseguro sobre os rumos que teríamos em relação às práticas pedagógicas, e considerando que houve um tempo para ler a respeito das possibilidades com os recursos tecnológicos, havia o interesse em “experimentar” a utilização do podcast no contexto das atividades pensadas para aquele semestre, juntamente com a disponibilização de documentários e filmes, chamada “Sessão Cinema & Saúde”. Além dela, foi elaborada uma atividade, em grupos, de escrita acadêmica para publicação em blogs, articulando a discussão teórico-conceitual das aulas síncronas e o momento pandêmico (corpo, saúde, situação brasileira etc.).
Foi assim que 3 (três) episódios de podcast foram elaborados e executados, e disponibilizados para os(as) discentes da turma. O primeiro foi disponibilizado no dia 31 de outubro de 2020, intitulado “Possibilidades da temática da saúde com o audiovisual” e teve quase 9 minutos de duração. O segundo, com aproximadamente 18 minutos de duração, foi disponibilizado no dia 03 de novembro de 2020, com o título “Determinação do processo saúde-doença ”. E, por fim, o terceiro, “Saúde coletiva, Educação Física, práticas corporais e as PICS – Práticas Integrativas e Complementares em Saúde ”, que durou 20 minutos.
Para sua realização, foi convidada a irmã do professor Cristiano para gravar uma breve abertura informando sobre o podcast. Foi utilizada a música “Cheiro da Terra”, do Grupo Cataluzes, na abertura e no fechamento do episódio, com duração de 20 a 30 segundos De maneira geral, definindo-se o tema do podcast, era elaborado um texto introdutório, informando sua temática e com uma breve explanação contextual sobre o assunto e o/a/os/as convidados(as). Abaixo, exemplificamos como foi roteirizado o segundo episódio:
Introdução: No contexto das relações entre Educação Física e Saúde Coletiva, temos visto possibilidades mais amplas e diversas para se compreender as dimensões que envolvem o processo saúde e doença. Uma das formas de leitura, digamos assim, é a partir dos chamados DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE (expressão formulada e desenvolvida inicialmente pela OMS – Organização Mundial da Saúde), ou seja, compreender que saúde não contém apenas uma perspectiva biológica – como costumamos pensar a partir do senso comum -, e sim, a saúde é determinada socialmente, a partir de um conjunto mais amplo das condições materiais e objetivas da vida. Nesse sentido, ampliamos o entendimento quanto à saúde porque outras variáveis são colocadas para entendermos esse fenômeno, como os ELEMENTOS MATERIAIS (como habitação, alimentação, trabalho, saneamento básico e outros), bem como, os ELEMENTOS PSICOSSOCIAIS, os ELEMENTOS COMPORTAMENTAIS e também os ELEMENTOS BIOLÓGICOS (que certamente são os mais conhecidos pela hegemonia do conhecimento biomédico e sua capilarização na sociedade). Para tratar sobre isso, convidamos dois professores, ambos da Universidade Federal de Goiás (UFG): A Profa. Dra. Priscilla de Césaro Antunes: que é licenciada e mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina e Doutora em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ela tem atuado em temas relacionados à Educação Física e saúde coletiva, principalmente práticas corporais na perspectiva das Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PICs). E no nosso podcast, vai falar sobre a filosofia do “bem viver” que está em construção. E o Prof. Dr. Heitor Martins Pasquim: que tem formação em Educação Física pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado e doutorado em Ciências também pela USP. Vem atuando em temas como saúde coletiva, saúde mental, drogas e juventude. No nosso podcast, traz uma contextualização quanto à perspectiva da determinação social do processo saúde-doença, em específico quanto à Corrente Latino-Americana de Medicina Social, com as contribuições de Cecília Donnangello, Asa Cristina Laurell e Jaime Breihl. Iniciaremos com a fala do Prof. Heitor e em seguida, as contribuições da Prof. Priscilla.
Encerramento: Quantas questões históricas, sociais e culturais importantes para conhecermos ainda mais o campo da EF em relação com o campo da Saúde Coletiva, não é mesmo?! Esperamos que este podcast tenha ajudado em aproximar ainda mais tais conhecimentos àqueles e àquelas que estão diretamente envolvidos com a formação em EF! E fica o nosso muitíssimo obrigado à Profa. Priscilla e também ao Prof. Heitor pelas valiosas contribuições! E a você, que nos acompanhou até o final para saber mais sobre saúde, sociedade e Educação Física! |
Afastados temporalmente dessa experiência, podemos avaliá-la, diante de tantas demandas na época, como algo que só pode ser concretizado porque foi o primeiro semestre de modo remoto, em que foi viável haver uma preparação para ver tutoriais sobre o que eram podcasts e como os mesmos poderiam ser realizados em contexto educativo/formativo. Também é importante valorizar as redes de colaboração que foram geradas para realizar essas experimentações, como podemos ver, com os nomes dos professores(as) convidados(as) e participantes dos podcasts.
Por fim, na avaliação final da disciplina, em fevereiro de 2021, os discentes participantes da disciplina foram unânimes em dizer o quanto gostaram dos três episódios, relatando que foi uma forma de estudarem em momentos do dia que antes não faziam (próximo da hora de dormir, já em suas camas; ou uma aluna, que disse que passou a escutar os podcasts enquanto fazia o almoço ou limpava seu quarto, e que nunca tinha pensado que poderia estudar desse jeito). Além disso, relataram que essa experiência com o uso de podcast tinha sido exclusiva do professor responsável pela disciplina, ou seja, não foi um recurso muito mobilizado pelos demais professores que atuaram na Licenciatura em EF no modo remoto.
b) A experiência com podcast no Projeto de Extensão “Corpo, saúde e salutogenia na pandemia de covid-19”
O canal de podcast “Vamos falar sobre saúde?” foi resultado de um subprojeto vinculado à Universidade Federal de Sergipe (UFS) por meio do Projeto de Extensão “Corpo, Saúde e Salutogenia na pandemia covid-19: produção de produtos audiovisuais e textuais”. A produção deste podcast foi desenvolvida por Weverton Paulo dos Santos (discente do curso de Licenciatura em EF da UFS – bolsista do projeto), Angélica Caetano (Profa. Dra. do Colégio Pedro II do Rio de Janeiro, convidada externa do projeto), Maria Edivania Alves dos Santos (professora da rede de ensino de Fátima/BA e, naquele momento, mestranda em Educação na UFS) e Luana Tavares (discente do curso de Licenciatura em EF da UFS, voluntária no projeto), sob orientação do coordenador do projeto, Prof. Dr. Cristiano Mezzaroba. O canal foi organizado a partir de 5 (cinco) episódios, em que foram realizadas conversas com professores(as) e profissionais da saúde sobre o contexto pandêmico ao qual estávamos enfrentando e sobre as perspectivas que permeiam o campo da saúde.
De início, é importante destacar o desafio que foi produzir este canal, uma vez que as aulas ainda aconteciam em modo remoto e de maneira reduzida quando o coordenador propôs a criação do podcast como parte do projeto de extensão. A distância física do ambiente acadêmico e o contexto de incertezas gerados pelo novo coronavírus foram um dos fatores que a todo momento traziam dúvidas sobre continuar ou desistir, tivemos alguns colegas que, em meio a esse período tenebroso, optaram por desistir da formação superior e seguiram outros rumos.
Apesar das incertezas, decidimos continuar, enxergamos a participação no projeto de extensão uma maneira de estarmos mais próximos da universidade e de seguir estudando, produzindo conhecimento, formando-se. Mesmo com o desejo de contribuir com o projeto, não tínhamos capacidade técnica para tal, estávamos acostumados apenas a sermos “ouvintes” de episódios de podcast e não fazíamos ideia do quão difícil seria produzir um podcast. Foi então que realizamos um curso (remotamente) em julho de 2021, “Podcast: do conceito até a divulgação do primeiro episódio autoral” no Museu da Imagem e do Som (MIS-SP), para tentar aprender um pouco sobre esse meio.
Em reunião com os participantes do projeto, foi definido que iríamos conversar com professores(as) e profissionais da saúde sobre o contexto pandêmico e sobre as perspectivas que permeavam o campo da saúde naquele momento. É importante lembrar que o Brasil enfrentou a pandemia de covid-19 sendo governado por políticos negacionistas, que foram responsáveis pela má gestão da crise sanitária. Esse contexto trazia medo e insegurança para qualquer cidadão com noções mínimas sobre os perigos do novo coronavírus, ou seja, não foi fácil pensar a perspectiva salutogênica – de produção e de cuidado em saúde – quando o cenário era de intensificação da doença. Definimos que seriam produzidos 5 programas, finalizando com o coordenador do projeto, e decidimos que seriam organizadas entre 4 e 5 perguntas para cada participante.
O processo de criação de um podcast não é algo simples, principalmente quando o programa é pensado a partir de sua lógica formal. É necessário possuir conhecimento mínimo (sobre roteirização, gravação, edição e disponibilização em plataforma) e equipamentos básicos para sua produção, algo que não tínhamos. Foi então que recebemos um microfone/fone de ouvido semiprofissional do coordenador do projeto. O procedimento foi dividido nas seguintes etapas: (1) escolha dos convidados, (2) elaboração do roteiro de perguntas, (3) envio das perguntas para os participantes e recebimento dos áudios, (4) edição no software Audacity, e (5) divulgação no final do projeto.
Sobre a flexibilidade do podcast em relação aos seus meios de produção e distribuição, concordamos com (Saidelles et al., 2018) ao afirmarem que:
O podcast é uma tecnologia que vem se destacando nas últimas décadas, pois apresenta características particulares, como flexibilidade em seus aspectos de produção e distribuição, acrescentando, em razão disso, possibilidades pedagógicas. Por isso, podem ser inúmeras suas formas de contextualização na Educação. Com isto, os alunos podem encontrar informações rapidamente sobre os mais variados assuntos, bem como atribuir independência para o mesmo, possibilitando usar estes recursos em diferentes locais e em tempos distintos. (Saidelles et al., 2018, p.2)
Diferente da maioria dos podcasts da atualidade em que a captação de áudio e a distribuição para os ouvintes acontecem de maneira simultânea, em nosso canal “Vamos falar sobre saúde?” produzimos da seguinte maneira: a) os membros do projeto elaboraram o roteiro com as perguntas que foram encaminhadas aos entrevistados(as), b) os(as) convidados(as) para os episódios gravaram áudios respondendo às perguntas feitas e retornaram aos produtores; esse processo de envio e recebimento foi realizado por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp.
Assim que os áudios chegaram, fizemos o trabalho de edição dentro do Audacity, um software livre de edição digital de áudio. Consideramos que essa foi a parte mais difícil do processo, tendo em vista que nenhum dos membros tinha experiência com edições de áudio (com exceção do coordenador do projeto, conforme relato acima, por ter experimentado a elaboração de podcast em sua primeira experiência no modo remoto na disciplina “Saúde, Sociedade e EF”, no 2º semestre de 2020).
Apesar dos programas não terem sido gravados simultaneamente entre o entrevistador e os entrevistados, tivemos o cuidado de fazer parecer que os participantes estavam conversando ao mesmo tempo. Para isso, fizemos uso dos recursos que o software Audacity nos fornecia: cortes, acréscimos, fade in (efeito de aparecimento gradual do som nas gravações), fade out (efeito de desaparecimento gradual do som nas gravações) e tantos outros mecanismos de edição até chegarmos ao resultado final, isto é, o canal em si, conforme pode ser visualizado na figura abaixo. Em seguida, daremos sequência ao texto trazendo uma breve descrição de cada programa.
No episódio 1 , com duração de aproximadamente 20 minutos, conversamos com o Professor Dr. Victor Oliveira (UFAM) sobre seus estudos a respeito da salutogenia. Durante nossa conversa, Victor apontou como surgiu o interesse em estudar saúde a partir da perspectiva salutogênica, trazendo algumas produções acadêmicas sobre essa temática no Brasil. Em outro momento do episódio, perguntamos o que seriam práticas que promovem saúde sob a ótica da salutogênese e como o mesmo estava observando o cenário pandêmico naquele momento.
No episódio 2 , com duração em torno de 14 minutos, conversamos com Ana Olívia Cardozo (RJ) sobre sua atuação no projeto social “Yoga na Maré” e as perspectivas da prática do yoga na saúde. De início, indagamos a convidada sobre o que é saúde para ela, considerando seu trabalho com a prática do yoga em uma comunidade com muitas vulnerabilidades e problemáticas na cidade do Rio de Janeiro. Ana respondeu falando sobre como surgiu o projeto “Yoga na Maré” e os principais desafios de trabalhar com yoga, promovendo saúde durante a pandemia. Por fim, contou algumas narrativas dos(as) seus(suas) alunos(as) sobre o seu trabalho.
No episódio 3 , com duração de quase 20 minutos, conversamos com o Professor Dr. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), sobre salutogênese e patogênese e sobre saúde no contexto da EFE. Amauri começou fazendo uma breve apresentação de sua trajetória acadêmica. Em seguida, perguntamos sobre o seu texto, “O tema saúde na Educação Física escolar: uma visão patogênica ou salutogênica", publicado em 2004 pela editora Unijuí. Também perguntamos sobre como enxergava o contexto atual da EFE e quanto às questões que envolvem saúde na pandemia. Além disso, indagamos sobre quais reflexões ele fazia em relação ao seu texto e a promoção de saúde, mais de 15 anos depois de ter sido escrito. Amauri finalizou comentando sobre o cenário pandêmico, político e social do Brasil, respondendo se era possível pensar em um contexto salutogênico.
No episódio 4 , com duração de quase 23 minutos, conversamos com a Professora Dra. Celi Taffarel, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), sobre EF, saúde e sobre o contexto pandêmico daquele momento. No início da conversa, pedimos para a profa. Celi fazer uma breve apresentação sobre sua carreira acadêmica e depois uma reflexão sobre o seu texto, intitulado “Sobre o Sistema de Complexos Homem-Esporte-Saúde: reflexões a partir de contribuições da Alemanha”, publicado em 2010 pela editora Copiart. Perguntamos sobre a situação atual da EFE e as questões que envolvem saúde no contexto da pandemia. Em seguida, a professora finalizou falando sobre o cenário político e social brasileiro à época da pandemia.
Por fim, no episódio 5 , com duração de 32 minutos, conversamos com o Professor Dr. Cristiano Mezzaroba (UFS) sobre sua aproximação com o campo da saúde e sobre as reflexões e contribuições do projeto de extensão “Corpo, saúde e salutogenia na pandemia covid-19: produção de produtos audiovisuais e textuais”, que aconteceu em duas versões, uma em 2020, e outra em 2021. Inicialmente, o prof. Cristiano apresentou sua trajetória acadêmica e depois falou sobre como se deu a sua aproximação em relação aos seus estudos sobre a área da saúde. Ele comentou que ampliou seus estudos em saúde para realizar o concurso na UFS, e não parou mais de buscar aprofundar-se no tema por considerá-lo muito instigante, sendo a pandemia outro momento rico e oportuno para aprender mais sobre as relações que envolvem saúde e sociedade. Finalizamos perguntando sobre a sua motivação para realizar este projeto de extensão e quais contribuições esperava deixar para a sociedade após essas produções.
Durante essa experiência de trabalhar com o podcast na educação, compreendemos, assim como Oliveira e Mendes (2021), que ao utilizar o podcast como um recurso pedagógico é possível abrir espaço para novas formas de interação com a informação, oferecendo aos estudantes envolvidos uma experiência multimídia, que ultrapassa a simples escuta, levando- os à reflexão crítica sobre a influência dos meios tecnológicos no seu processo formativo.
Considerada como uma “tecnologia de oralidade” (Bezerra, Barros e Araújo, 2023), o podcast, incluído no rol dos Recursos Educacionais Digitais (RED), pode ser mais um recurso que, utilizado no contexto educacional, traz dinamismo, interação, diálogos e ampliação dos espaços, conforme nossa experiência demonstrou, seja em relação aos produtores do canal, seja em relação àqueles/as que relataram terem acompanhado como ouvintes os conteúdos gerados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme estudo de Mezzaroba (2020), visualiza-se no campo da EF brasileira a constituição de um subcampo que se dedica a estudar, tematizar e experimentar as mídias e as e tecnologias. Há um conjunto de publicações no contexto da EF brasileira que evidenciam um “mergulho” cada vez maior nessas questões, ampliando aquilo que se costumou chamar de “especificidade” da EF, trazendo mais possibilidades àqueles e àquelas que investem suas energias acadêmicas, pedagógicas e profissionais no intuito de pautar outras e novas práticas pedagógicas que envolvem a cultura corporal de movimento - enquanto objeto da EF - e as mídias e tecnologias.
Sousa et al. (2014), por exemplo, relatam intervenções na EF escolar pautando o que denominaram como “metodologia de ensino mídia-educação”, trabalhando pedagogicamente com mídias visuais, impressas e digitais com alunos/as do ensino médio no Rio Grande do Norte, objetivando uma apropriação crítica dos sujeitos escolares diante do discurso midiático.
Também evidencia-se um movimento que argumenta quanto à necessidade da formação de professores de EF envolver conceitos e conhecimentos que são pertencentes ao campo comunicacional, como relatado por Araújo, Oliveira e Souza Júnior (2019). Mendes (2016), por sua vez, pesquisou a perspectiva semiótica em estágios na licenciatura em EF, e Pereira (2014) analisou a dimensão dos multiletramentos na relação com o corpo na educação.
Com a pandemia de covid-19, que impactou em todos os campos sociais de todos os países do mundo, novamente vimos essas relações entre EF, mídias e tecnologias, principalmente quanto às implicações pedagógicas do ensino remoto, evidenciando uma mudança de paradigma no contexto da EF (Araújo; Ovens, 2022) com rupturas e novos aprendizados a partir da experiência com a tecnologia (Leite et al., 2022).
Com nosso relato de experiência – aqui focado especificamente quanto ao podcast e seus usos educacionais e formativos – inserimo-nos dentre as diversas e ricas experiências que o contexto de isolamento social nos forçou para seguirmos com estratégias de formação, mobilizando conhecimentos acadêmicos com aspectos técnicos e instrumentais das tecnologias, bem como articulando uma rede de contatos e de colaboração, produzindo materiais educacionais que, antes da pandemia, talvez não pensássemos (ou se pensássemos, não fazíamos).
E hoje, distanciados temporalmente dessas experiências, conseguimos refletir quanto aos desafios (sobre o que fazer para tornar as aulas mais atrativas, por exemplo), às dificuldades (instrumentais e de uso de softwares, por exemplo), mas também quanto às contribuições (apreensão de um conteúdo ou conhecimento em horários diferentes da aula on- line, por exemplo) e potencialidades (auxiliares na dimensão da criticidade, por exemplo) que os podcasts, enquanto atitude mídia-educativa, podem estimular àqueles/as que participam de contextos educacionais.
Trata-se de um trabalho de alfabetização/letramento midiático, que, neste caso, foi realizado com futuros(as) professores(as) de EF, no exercício – e tarefa – de “[...] aceitar e explorar o uso das mídias [...] qualificando os estudantes para serem lúcidos e perceptivos em seu uso das mídias.” (Tufte e Christensen, 2009, p.113). Não precisamos esperar outra(s) pandemia(s) para repensarmos usos e possibilidades das mídias e tecnologias em contextos educativos e formativos!
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Notas
1. Doutor em Educação (UFSC), Professor na Universidade Federal de Sergipe (UFS), cristiano_mezzaroba@yahoo.com.br, http://orcid.org/0000-0003-4214-0629.
2. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED), Universidade Federal de Sergipe (UFS), mariaedivania22@hotmail.com, https://orcid.org/0000-0001-6850-0472.
3. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED) – Bolsista CNPq, Universidade Federal de Sergipe (UFS), weverton.paulo1@gmail.com, https://orcid.org/0000-0001-9617-5371.
4. Doutora em Educação (UFES), Professora do Colégio Pedro II – Rio de Janeiro, angelica.silva.2@cp2.edu.br, https://orcid.org/0000-0001-7349-7634.
5. Considerado o pai do podcast.
6. Para maiores informações sobre a história do podcast ler os textos de Carvalho e Saldanha (2018) e Freire (2017).
7. O blog é uma tecnologia de comunicação, geralmente apresenta conteúdos com temáticas específicas, disponíveis em texto, imagem, áudio ou outras mídias. Os blogs podem ser pessoais ou profissionais e sua principal característica são as publicações contínuas.
8. Que possibilita uma qualificação da expressão oral.
9. Freire (2017) cita como exemplo os programas Audacity (serviços de armazenamento automatizado gratuitos) e PodcastOne (programa brasileiro para postagem de podcast).
10. Quaisquer aparelhos que possam carregar arquivos de áudios (celulares, computadores etc).
11. Disponível em: https://abpod.org/podpesquisa/. Acesso em: 12 ago. 2023.
12. Spotify é um provedor de serviços de mídia e streaming de música, podcast e vídeo.
13. Disponível em: https://jovemnerd.com.br/quem-somos/. Acesso em: 24 ago. 2023.
14. Foi a primeira experiência em roteirizar, produzir, editar, gravar e disponibilizar um podcast. Tratou- se de um episódio que abordou as possibilidades da temática da saúde com o audiovisual (documentários, filmes etc.), trazendo alguns exemplos de filmes/documentários que já eram utilizados na disciplina de “Saúde, Sociedade e Educação Física”, antes da pandemia, como, por exemplo: “A Saúde Pública no Brasil” (FIOCRUZ); Super Size Me – A dieta do palhaço; Bigger, Stronger,Faster – A cultura dos anabolizantes nos EUA; Doutores da Alegria; Maus hábitos etc.
15. Teve a presença da Profa. Dra. Priscilla De Césaro Antunes, da Universidade Federal de Goiás, e do Prof. Dr. Heitor Martins Pasquim, também da Universidade Federal de Goiás, que trataram sobre a “Determinação do processo saúde-doença”. O professor Heitor abordou sobre a perspectiva da determinação social do processo saúde-doença como forma de explicação da saúde, a partir da Corrente Latino-Americana da Medicina Social, que se opunha às políticas de austeridade que eram hegemônicas na América Latina na década de 1970. Já a professora Priscilla tratou sobre o conhecido “bem viver”, valorizando as civilizações indígenas como forma de saber e os pilares de sustentação (vida em comunidade e em harmonia com a natureza).
16. Foi disponibilizado em 08 de dezembro de 2020, e contou com as participações da Profa. Marília Alves, que atua em Aracaju/SE, na Atenção Básica do SUS com as PICS, e também com o Prof. Dr. Victor Machado de Oliveira, que mora em Manaus/AM e atua na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Ele abordou sobre a relação da EF com a saúde coletiva, indo dos moldes biomédicos e apontando uma reorientação paradigmática de possibilidades que rompem com a lógica hegemônica da atividade física, a partir das compreensões das práticas corporais. Já nossa segunda convidada abordou sobre o que são as PICS, trazendo uma rápida historicização das mesmas na saúde pública brasileira, bem como, apresentou algumas experiências dela e exemplos instigantes nesta área de atuação da EF.
17. Sobre a salutogenia ou salutogênese, em relação à EF, ver Oliveira e Mezzaroba (2021).
18. Disponível em: https://ri.ufs.br/handle/riufs/14650. Acesso em: 25 ago. 2023.
19. Disponível em: https://ri.ufs.br/handle/riufs/14649. Acesso em: 25 ago. 2023.
20. Disponível em: https://ri.ufs.br/handle/riufs/14648. Acesso em: 25 ago. 2023.
21. Disponível em: https://ri.ufs.br/handle/riufs/14647. Acesso em: 25 ago. 2023.
22. Disponível em: https://ri.ufs.br/handle/riufs/14646. Acesso em: 25 ago. 2023.
23. Nossa intenção era entrevistar o Prof. Dr. Elenor Kunz, importante professor e pesquisador da EF brasileira, porque ele, juntamente com o Prof. Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira e a Profa. Dra. Celi Taffarel, produziram os primeiros textos que abordaram a perspectiva salutogênica no campo da EF brasileira. Em função de problemas de saúde naquele momento, não foi possível termos a participação do Prof. Elenor Kunz, e a saída encontrada pela equipe foi entrevistar o coordenador do projeto.