Unidade 3: Impacto ambiental e sustentabilidade
2. E como pode ser reduzido este impacto?
Por meio de mudanças em nossa forma de pensar e agir. Em nosso pensamento, muitas vezes o impacto ambiental é causado pelo LIXO e, se usarmos a definição colocada anteriormente (o "que não nos presta, é inútil"), podemos dizer que lixo é o que normalmente é jogado FORA. Mas o que significa "jogar fora"? Se pensarmos do ponto de vista do planeta, não existe jogar fora, pois sempre iremos jogar em algum lugar nele. Sendo assim, só nos resta pensar e agir em novas maneiras de REUTILIZAR e RECICLAR tudo o que se usa e que é posteriormente considerado lixo.
Se usarmos a condição de reciclar ou reutilizar o lixo, ele perde esta definição, pois deixa de ser "inútil" e irá "prestar" para outro fim ou pessoa. E nisto conseguimos um enorme avanço, pois o lixo deixou de existir dentro do contexto conceitual.
2.1 Repensar
O primeiro ponto a se pensar e "repensar", é que qualquer medida de diminuição do impacto, por menor que seja, É IMPORTANTE. Um dos maiores erros em nosso pensamento é achar que o que se faz é POUCO. Qualquer atitude VAI DIMINUIR o impacto, mesmo que seja mínimo. Imagine se todas as pessoas do planeta, todos os dias, diminuírem "um pouquinho" o seu impacto no meio. ISTO SERÁ MUITO!!! Portanto, temos que REPENSAR NOSSOS HÁBITOS E ATITUDES!
Você já parou para pensar o que acontece com um produto desde sua produção até chegar à sua mão? Veja a sequência abaixo:
- Obtenção de Recursos Naturais;
- Extração da Matéria-Prima;
- Fabricação;
- Transporte;
- Distribuição;
- Venda;
- Uso.
É certo que todas as fases acima causam impacto ambiental. Ou seja, o REPENSAR em qualquer fase deste processo irá causar uma interferência direta na diminuição deste impacto. Agora, imagine se você conseguir eliminar a necessidade deste produto. Se não "precisar" comprá-lo, você interrompe todo o processo!
Mas digamos que a aquisição seja necessária. Então, depois do USO, se o material for enviado para a reciclagem ou reutilizado, e não descartado como LIXO, teremos uma diminuição da utilização do primeiro item do ciclo, os RECURSOS NATURAIS, e de certa forma todo o restante deste.
E esta diminuição nos remete ao conceito de SUSTENTABILIDADE, onde a tentativa é de sempre amenizar o impacto ambiental. Vale lembrar que a sustentabilidade envolve várias questões humanas, como o ponto de vista social, econômico e ambiental. É preciso que o ser humano sempre se posicione como integrante do meio em que está impactando, tenha consciência de que danos ao meio prejudicam a economia em todos os níveis e, consequentemente, sua QUALIDADE DE VIDA.
E uma opção para melhorar esta qualidade é tentar viver em um meio onde a sustentabilidade seja trabalhada a todo momento, inclusive a partir de sua implementação. A PERMACULTURA é um sistema que desenvolve este conceito, onde as casas e o ambiente que a cercam são construídos buscando causar o menor impacto possível. Atualmente, o conjunto destas casas pode receber o nome de “Ecovila”, ou seja, uma vila com adoção de conceitos ecológicos. O local do empreendimento deve ser ecologicamente correto e economicamente viável, envolvendo a menor área possível.
Em uma Ecovila a prioridade é:
- Produção local de alimentos orgânicos;
- Utilização de sistemas de energias renováveis como cataventos, biodigestores, etc;
- Construção ecológica, com o uso de tijolos de solocimento, bambu, etc;
- Criação de esquemas de apoio social e familiar, incluindo diversidade cultural e celebrações, danças circulares, etc;
- Experiência com novos processos de tomada de decisões, utilizando técnicas de democracia profunda e facilitação de conflitos;
- Economia autossustentável, baseada nos conceitos de localização e simplicidade voluntária;
- Saúde integrada;
- Educação holística baseada na percepção sistêmica.
De maneira geral, a Permacultura envolve 3 princípios éticos e 12 princípios de design na construção das moradias, e envolve a ação em conjunto com a natureza, com maior atenção sobre os animais e plantas ao redor.
2.1.1. Princípios Éticos:
- Cuidado com a Terra;
- Cuidado com as pessoas;
- Partilhamento justo.
2.1.2. Princípios de Design:
- Observação e Interação;
- Captação e armazenamento de energia;
- Obtenção de rendimento;
- Prática da autorregulação e aceite de "feed back";
- Uso e valorização de serviços e recursos renováveis;
- Não produção de desperdícios;
- Design/Projeto e planejamento partindo de padrões para chegar aos detalhes;
- Integração ao invés de segregação;
- Uso de soluções pequenas e lentas;
- Uso e valorização da diversidade;
- Uso das bordas e valorização dos elementos marginais;
- Uso da criatividade e resposta às mudanças.
Uma residência projetada com os princípios da Permacultura apresenta diversos recursos extremamente úteis para o ser humano e o meio. Podem parecer medidas simples (e são!), mas são extremamente eficientes. Alguns exemplos que podem ser aplicados em moradias já existente e/ou em produção:
- Paredes internas pintadas de cores claras;
- Janelas de todos os lados para a ventilação cruzada;
- Claraboias;
- Lâmpadas econômicas;
- Sistema de captação e armazenamento de água de chuva;
- Minhocário;
- Horta;
- Telhado verde;
- Gerador solar fotovoltaico.
E para entender melhor a aplicação dos princípios da Permacultura, podemos pensar em várias formas de tratar os resíduos que são gerados em uma casa. E para este tratamento, o mais importante são os diversos recursos disponibilizados no entorno das casas, que estão interligados e irão oferecer, posteriormente, diversos produtos. Exemplos:
- Coleta de água da chuva: diversos usos como a lavagem de chão, irrigação, etc.;
- Composteira: gera terra de excelente qualidade para o plantio, absorve os resíduos gerados na casa, além de resíduos de criações;
- Aquicultura: oferece alimento aos seres humanos e animais e água para a agrofloresta;
- Agrofloresta e Horta: oferece alimento aos humanos e animais, e recebe a terra gerada pela compostagem;
- Galinheiro e Suinocultura: os animais se alimentam de restos produzidos pela casa, oferecem alimento, e os dejetos podem ser úteis como biofertilizantes.
Outro conceito muito importante para a preservação do meio é a BIOCONSTRUÇÃO. A construção natural procura construir de forma respeitosa com todos os seres vivos, favorecer a sustentabilidade e o equilíbrio biológico. Busca-se otimizar os recursos do lugar (materiais mais abundantes, próximos e saudáveis) integrando-os ao entorno. Numa construção tradicional, não paramos para pensar em quanto impacto foi causado para obter as matérias primas para a produção de cimento, cal, ferro, tijolo, cerâmicas, janelas, portas, fios, canos, etc. Além disto, ainda existe o entulho, que é um grande problema pós-obra.
Será que é possível construir uma casa com a mesma capacidade de conforto e proteção, usando apenas recursos disponíveis em nosso meio, e que não precisaram passar por nenhum processo industrial?
Embora a grande maioria das pessoas duvide, a resposta é SIM!!!
Durante séculos nossos ancestrais utilizaram os materiais locais abundantes criando habitats sustentáveis, construções de baixo custo econômico e ecológico. E quais são os componentes principais para a construção? Argila, areia, palha e água. A seguir são descritas as funções de cada um destes componentes:
- Argila: é a goma da mistura que cumpre a função de unir todos os ingredientes;
- Areia: é o elemento estabilizador, que evita que a mistura se encolha demais e endureça. Como os grãos são duros e inertes, não mudam de tamanho com diferenças de umidade e temperatura;
- Palha: dá integridade estrutural, criando um tecido tridimensional de reforço flexível e, por sua vez, forte. Se o reboco encolher ao secar, a palha distribui as forças, fazendo com que apareçam muitas rachaduras pequenas ao invés de uma grande;
- Água: ativa as forças aglutinantes.
E dentro do conceito de Bioconstrução, vale destacar que nas construções tradicionais a grande maioria das pessoas constrói de maneira errada, pois constroem: a) mais do que necessário; b) esbanjando energia; c) em lugares não aptos; d) contaminando o meio. Como citado anteriormente, a bioconstrução vai contra esta prática, pois procura construir de forma harmoniosa, buscando o equilíbrio biológico.
Muito do que foi apresentado até agora tem o objetivo de fazer com que o leitor PENSE e REPENSE nas diversas formas de tratar os resíduos que gera, na tentativa de diminuir o impacto ambiental. Mas a segunda forma, apresentada a seguir, envolve outro aspecto: a participação e o ENVOLVIMENTO de outras pessoas, buscando a REEDUCAÇÃO.
2.2 Reeducar
Esta forma também passa por nós mesmos, mas quer fazer principalmente com que a ação de outras pessoas contribua com a preservação do meio.
Você já percebeu como é difícil tentar convencer um senhor de que ele não pode jogar seu filtro do cigarro (conhecidos popularmente como bitucas ou guimbas) no chão? Ele passou a vida inteira fazendo isto e, além do mais, não “enxerga” este resíduo como um problema, já que é tão “pequeno”. Aí está um exemplo de como a reeducação (mudança de hábito) pode ajudar a diminuir o impacto ambiental. Se houver uma conversa sobre o problema da quantidade de resíduos gerados, da possibilidade de reciclagem ou reuso, talvez tenhamos sucesso em convencê-lo que o gesto de jogar no chão pode ser evitado.
Pessoas com mais idade tendem a ser mais teimosas, mas podemos pensar também na reeducação das crianças. É muito comum vê-las jogando papéis de balas ou pirulitos no chão. Da mesma forma que no exemplo anterior, se pudermos mostrar a elas os efeitos deste resíduo no ambiente, e apresentar formas de reaproveitamento ou um novo direcionamento, provavelmente teremos uma mudança de hábito, pois elas são mais abertas a estes novos comportamentos.
Além disto, outro ponto merece destaque na REEDUCAÇÃO. Vivemos num mundo onde o consumo é estimulado massivamente. Tanto em meios de comunicação, como ao caminhar pela rua, vemos propagandas dos mais diversos produtos. Cedo ou tarde isto acaba funcionando, e criamos o desejo de comprar. Como mostrado anteriormente, a partir do momento que você compra algo, você está fazendo o ciclo de produção funcionar (1°: Obtenção de recursos naturais; 2°: Extração de matéria-prima, etc.). Portanto, antes de consumir, é preciso primeiramente que você se pergunte:
Eu REALMENTE preciso deste produto?
Se você chegou à conclusão de que realmente precisa, tudo bem, só que então deve-se fazer outra pergunta na sequência:
Preciso que seja NOVO?
Tendemos a dizer que sim, mas o mais importante para tomar esta decisão é lembrar que um produto não precisa necessariamente ser novo, mas sim FUNCIONAL. Se o usado serve para o que precisa, não há necessidade de ser novo.
Muitas vezes nos esquecemos de que um produto usado pode nos trazer o mesmo benefício. A vantagem do usado é que, ao deixar de consumir o novo, você conseguiu não acionar o ciclo de produção de mais um produto, ajudando o meio ambiente.
2.3 Recusar
Uma maneira interessante e bem simples de diminuir o impacto ao meio é RECUSAR produtos oferecidos. E como “produto”, podemos pensar em qualquer coisa, por exemplo, um panfleto entregue na rua. Se você e muitas outras pessoas não aceitarem, o responsável pela produção pensará na próxima vez em produzir menos, ou até mesmo parar a produção.
Há diversas outras formar de recusar produtos. Alguns exemplos:
- Use sacola retornável ou caixas de papelão para suas compras em mercados. A sacola plástica oferecida é um resíduo e, na maioria das vezes, é descartada ao chegar em casa.
- Ao comprar pães em uma padaria, normalmente se usa um saco de papel para acondicioná-los. Ao passar pelo caixa, o atendente costuma colocar este saco em uma sacola plástica. Recuse! Você pode transportar tranquilamente os pães no próprio saco de papel.
- Produtos com dupla embalagem, como pacotes de bolachas, vendem a ideia de que tendo vários pacotes internamente, você sempre terá um produto fresquinho. Isto é verdade, mas se você vai consumi-los rapidamente, não há necessidade de comprar algo que tenha “duas” embalagens. Prefira produtos com embalagens simples.
2.4 Recuperar/reparar
Esta era uma prática muito comum para nossos pais e avós. Tudo que se quebrava, antes de ir para uma assistência técnica, tentava ser consertado. E quase sempre com sucesso, pois os equipamentos não eram tão complexos.
Com o desenvolvimento de tecnologias, os equipamentos foram ficando muito específicos e a mão de obra teve que evoluir também. Com isto, o valor dos consertos foi ficando maior, e, atualmente, o conserto se equivale à compra de um aparelho novo, que além de mais moderno, ainda conta com garantia. E o que significa isto? Que nos resta comprar um novo (e novamente destaca-se o início do ciclo de produção de um produto), e que teremos que descartar o produto quebrado, gerando lixo e poluindo o ambiente.
Uma possibilidade de resolver isto é quebrarmos o preconceito sobre coisas consertadas que ficam diferentes do original. Quantas vezes jogamos fora uma cadeira que teve uma perna quebrada, pois sabemos que jamais teremos outra perna igual para substituir a quebrada? Se fizermos um conserto que fique aparente, ela ficará “feia”. Mas aí vale o Repensar e o Reeducar também. Se ela ficou "feia", mas está funcional, precisamos realmente jogar fora?
É por isto que se deve enfatizar que a quebra de preconceitos é importante. Se pensarmos em preservar o meio, RECUPERAR é muito melhor do que comprar um novo produto, e diminui em muito o resíduo gerado (que seria o de jogar fora por completo o objeto que precisa ser consertado).
2.5 Reduzir
Neste tópico enfatiza-se que o importante é REDUZIR o uso de qualquer elemento e, consequentemente, gerar menos resíduo e/ou desperdício. E isto pode ser para qualquer item de nosso dia-a-dia, como a água, energia, lixo produzido, etc.
Abaixo são listadas algumas atitudes extremamente úteis em relação à redução do consumo de água:
- Eliminação de vazamentos: uma torneira pingando de maneira lenta, embora pareça um desperdício irrisório, causa uma perda de 400 litros/mês. Se o gotejamento for rápido, o gasto é de 1000 litros/mês, e uma torneira aberta pode gerar um desperdício de 6500 litros/mês. Com certeza a chamada de um técnico para reparação é muito mais barata do que o gasto com a conta de água;
- Coleta de água de chuva: é um meio bastante simples e eficiente de se ter água para uso em lavagem de calçadas e rega de plantas, formas de consumo de água que normalmente respondem por boa parte do gasto de uma residência. Um simples balde colocado na ponta de uma calha já permite acumular água e, se possível, a instalação de tambores de grande capacidade permitirá uma maior autonomia;
- Coleta de água do tanque ou lavagem de louça: da mesma forma que no item anterior, pode ser utilizada em vários pontos da casa. Apenas deve-se levar em conta que a água terá em sua composição sabão ou detergente, e que é melhor utilizá-la em lavagens de piso;
- Água da descarga de vasos sanitários: minimizar a descarga instalando válvulas de função dupla (um botão para dejetos líquidos e outro para sólidos). Para as casas onde há caixas de descarga, normalmente de 13 litros, existe a possibilidade de troca da caixa por uma menor. Além disto, é possível colocar um recipiente dentro desta caixa (por exemplo, uma garrafa PET de 2 litros), que irá preencher um espaço que seria da água. Ao dar a descarga, o volume disponível será menor do que a capacidade real da caixa, gerando economia de 2 litros por descarga;
- No banho: tomar duchas de poucos minutos e fechar a torneira enquanto se esfrega são medidas importantes para a diminuição do consumo.
Agora, são apresentadas atitudes para a redução do consumo de energia elétrica:
- Chuveiro elétrico: tentando diminuir o consumo de água, você automaticamente diminui o gasto com energia. E vale lembrar que o chuveiro elétrico pode até ser substituído se for implementado em sua casa um sistema de aquecimento solar da água;
- Lâmpadas: instalar lâmpadas fluorescentes em toda a casa, e sempre se lembrar de apagá-las quando não estiver em uso;
- Aparelhos eletrônicos: deve-se priorizar a compra de aparelhos de baixo consumo de energia. Em aparelhos com o botão "stand by", deve-se desligá-los normalmente (botão liga/desliga do próprio aparelho, e não do controle remoto) se o uso não for constante. Aparelhos que não possuem o botão de ligar/desligar devem ser retirados da tomada quando não estiverem em uso.
- Computador: desligar o monitor sempre que ficar vários minutos sem uso.
O importante é sempre tentar buscar alternativas de economia. Por exemplo, a troca de telhas comuns por telhas transparentes em galpões ou varandas, irá trazer uma luminosidade que muitas vezes é suficiente para que não seja preciso acender luzes, economizando energia elétrica.
E para diminuir o lixo, além do que foi e do que será apresentado neste texto é possível destacar mais algumas dicas:
- Caneca: para quem trabalha em escritório ou outro lugar que tenha um bebedouro e um local para deixar pertences pessoais, pode ter sua caneca para sempre que precisar. O uso de copos descartáveis é absurdamente grande, e ter uma caneca evita que 4 a 6 copos tenham que ir ao lixo todos os dias. Multiplique isto por todas as pessoas do seu ambiente de trabalho, e você verá o tamanho da economia e diminuição do lixo produzido.
- Pilhas recarregáveis: este também é outro item que é jogado fora em grande quantidade. Com um investimento um pouco mais alto que o valor gasto com pilhas comuns é possível adquirir pilhas recarregáveis. Novamente, além de diminuir o lixo produzido, em longo prazo também ocorrerá economia pela quantidade de pilhas comuns que não foram compradas.
Importante também lembrarmos que uma forma de reduzir a produção de alguns tipos de energia, como a que vem do uso de combustíveis fósseis (ex: petróleo), é substituí-las por ENERGIAS LIMPAS, como a solar e a eólica. Com o avanço de estudos e tecnologias, o custo para produzir energias limpas vem baixando consideravelmente, e com o estímulo para a sua produção a substituição é mais do que necessária e urgente para a preservação do meio ambiente.
2.6 Reutilizar
Esta é uma forma muito utilizada pelos nossos avós, e com certeza até hoje você conhece alguém que vive guardando coisas em um quartinho ou sótão. Se você tentar ajudar a retirar alguma coisa, sempre vão dizer que aquilo ainda pode ser útil. E é exatamente este o pensamento que temos que ter! Antes de ir para o lixo, devemos pensar se não há algum outro uso para aquele objeto, AUMENTANDO SUA VIDA ÚTIL.
Atualmente, um dos objetos com a maior reutilização é a garrafa PET. Se pensarmos numa garrafa de refrigerante, depois do consumo, esta pode ser utilizada para acomodar e transportar vários outros líquidos. Além disto, pode ser cortada e transformada em vassouras, recipientes como vasos, copos, porta-trecos, objetos decorativos, entre várias outras coisas.
Além da garrafa, outros exemplos podem ser dados, como objetos de madeira. Caixotes de frutas e paletes (aqueles estrados usados para servir de base de grandes equipamentos quando transportados) podem ser fixados em paredes e se tornarem estantes. Com um trabalho que não exige muito, é possível cortar e/ou remontar algumas partes para diversos usos, como mesas de centro e bases para bancos e sofás.
A grande vantagem da reutilização é a economia de não induzir algum processo industrial, além, obviamente, de não transformar o produto em lixo.
2.7 Reciclar
RECICLAR talvez seja a palavra mais utilizada quando se trata de sustentabilidade, mas, muitas vezes, ela é usada de maneira errada. Quando estamos pegando algum objeto que não nos serve mais, e dando um novo uso, estamos REUTILIZANDO. Reciclar é pegar algo que não nos serve, DESMANCHAR e transformar em um novo produto. Na grande maioria das vezes este processo é industrial, gastando energia elétrica, ou seja, é muito mais barato e gera menos resíduo reutilizar um produto.
No caso da reciclagem de garrafas PET, estas são trituradas e derretidas, para depois se transformarem em fibra de poliéster que será utilizada na fabricação de camisetas. Pneus usados também podem sofrer um processo parecido e se transformarem em um tipo de asfalto.
Mas você sabe o que pode e o que não pode ser encaminhado para a reciclagem? Abaixo estão alguns exemplos do que pode ser reciclado:
- Papéis: envelopes, cartões, cadernos, jornais e revistas;
- Plásticos: garrafas, tampas, CDs, DVDs, tubos de creme dental, canetas e escovas de dente;
- Vidros: garrafas, potes, frascos e cacos de qualquer destes itens;
- Metais: latas, papel alumínio, talheres, panelas, fios, pregos e parafusos.
Alguns exemplos do que não é reciclável:
- Papéis: papel higiênico, fotografias, papel carbono e etiquetas adesivas;
- Plásticos: adesivos e embalagens com lâminas metalizadas;
- Vidros: cristais, espelhos, lâmpadas e cerâmicas;
- Metais: esponjas de aço, grampos, clipes, latas de tinta e embalagens aerossóis.
É importante destacar que todos os materiais encaminhados devem estar limpos. Por exemplo, latas de molho de tomate ou recipientes de limpeza devem ser lavados antes de serem entregues. Alguns materiais não podem ser limpos, como guardanapos usados, fraldas descartáveis e embalagens de pizza com manchas de óleo, e estes devem ser dispensados como lixo comum.
Atualmente, encontramos cestos de lixo de diferentes cores em alguns lugares, e abaixo listamos as cores específicas dos recipientes para a coleta de lixo que pode ser reciclado:
- Azul: papéis;
- Vermelho: plásticos;
- Verde: vidros;
- Amarelo: metais;
- Preto: madeiras;
- Laranja: resíduos perigosos;
- Branco: resíduos ambulatoriais e hospitalares;
- Roxo: resíduos radioativos;
- Marrom: resíduos orgânicos;
- Cinza: resíduos não recicláveis, misturados ou contaminados, não sendo passível de separação.
A importância de se reciclar é que se estes materiais forem para um aterro/lixão, o tempo de decomposição costuma ser muito grande. Inclusive, muitos deles não serão decompostos por muitas gerações. Veja abaixo o tempo de decomposição de alguns materiais:
- Papel: 3 a 6 anos;
- Nylon: mais de 30 anos;
- Plástico: mais de 100 anos;
- Pano: de 6 meses a 1 ano;
- Filtro de cigarro: 5 anos;
- Metal: mais de 100 anos;
- Chiclete: 5 anos;
- Borracha: indeterminado;
- Madeira pintada: 13 anos;
- Vidro: 1 milhão de anos.
Além de saber como separar seu lixo para a reciclagem, é muito importante que você saiba direcioná-lo corretamente para uma usina de reciclagem. Diversas cidades possuem atualmente um caminhão responsável por uma "coleta seletiva" de lixo, o que na verdade representa a coleta do lixo que pode ser reciclado. Tente buscar informações sobre os horários de passagem do caminhão na sua rua, e também oriente seus vizinhos em como separar o lixo reciclável do lixo comum (lembre-se do item REEDUCAR. Temos que fazer nosso papel de educadores!).
Outro tipo de encaminhamento correto para o lixo que pode ser reciclado é a "logística reversa". Por lei, a empresa responsável pela fabricação de um produto também é responsável pelo recolhimento da embalagem e do produto após o uso. É bastante comum encontrar este tipo de logística com as pilhas que usamos, pois, atualmente, em diversos pontos de venda existe um recipiente próximo ao caixa para recolhimento destas quando já não nos servem.
O óleo de cozinha usado também é um produto que deve ser encaminhado para o reaproveitamento de seus componentes. Se jogado diretamente na pia da cozinha, este óleo irá cair na rede de esgoto e seguirá por um rio, poluindo uma grande área. O melhor jeito de diminuir este impacto ambiental é encontrar próximo de sua casa um local que receba este tipo de resíduo. Normalmente, grandes supermercados possuem tambores apropriados para acomodá-lo.
Há também outro "lixo" que é muito interessante de se "reutilizar". Restos de produtos vegetais usados na cozinha, que não foram temperados (pois podem atrair moscas e outros insetos) podem ser encaminhados para uma COMPOSTEIRA. Como exemplo, podemos citar cascas de legumes e ovos, cascas e caroços de frutas, entre outros.
Atualmente, encontramos composteiras montadas com caixas plásticas, que podem ser muito práticas até mesmo para quem mora em casas sem quintal ou apartamentos. Um método bastante eficaz é ter em sua composteira minhocas, o que irá acelerar bastante o processo de compostagem. Abaixo é apresentado como proceder com uma composteira com minhocas:
- O minhocário é montado com três recipientes empilhados (caixas retangulares ou baldes plásticos com tampa), sendo que os dois superiores deverão ter alguns furos laterais e em suas tampas. Estes furos devem ser pequenos o suficiente para evitar o escape das minhocas, mas devem permitir a aeração do ambiente interno. O recipiente mais inferior não pode ter furos na lateral, mas deverá ter furos na tampa para que permita o escoamento do líquido que virá dos restos colocados para compostagem. Também é importante que este recipiente tenha uma torneira na parte baixa para facilitar a retirada deste líquido;
- O processo se inicia com o depósito no recipiente superior de cascas de legumes, frutas, e outros itens orgânicos, mas é importante destacar que carnes, queijos e restos alimentares que sofreram preparo e foram temperados não podem ser acondicionados nos recipientes, para que não atraiam insetos;
- É muito importante que após a colocação dos restos alimentares seja depositada uma camada de serragem ou folhas secas, para manutenção da umidade; Você pode colocar resíduos diversas vezes por dia, mas sempre cobrindo com matéria seca;
- A partir do primeiro depósito de resíduos as minhocas podem ser colocadas, e estas serão responsáveis pelo auxílio na decomposição dos restos orgânicos. Assim que o recipiente superior ficar completo, este é deslocado para a posição intermediária, onde ficará por aproximadamente dois meses;
- Com este deslocamento, o recipiente superior estará vazio, pronto para o início do preenchimento. Conforme ocorre a diminuição dos alimentos colocados no recipiente intermediário, e novos alimentos são colocados no recipiente superior, as minhocas sobem em busca de mais comida (passando pelos furos feitos na tampa);
- Durante a decomposição, um líquido escorre para a caixa inferior, onde ficará armazenado. Este líquido pode ser coletado, diluído em água e pulverizado em plantas, servindo como adubo e pesticida;
- Ao terminar de preencher a caixa superior, provavelmente a caixa intermediária já estará com o adubo pronto para uso. Ao retirar esta terra, você passa essa caixa para a posição superior e novamente inicia o preenchimento.
É possível também montar uma composteira no quintal de sua casa, no próprio chão de terra. Neste caso, não há necessidade de incluir minhocas, que podem surgir naturalmente. A estrutura e o processo são bastante parecidos com as caixas plásticas, mas neste caso são montadas quatro baias, uma ao lado da outra, sendo que cada uma deverá demorar aproximadamente um mês para ser preenchida. Veja como é simples o processo:
- Ao preencher a primeira baia, deixe esta "descansando"; Comece o preenchimento da segunda baia;
- Ao preencher a segunda baia, deixe esta "descansando"; Comece a preencher a terceira baia e revire todo o material da primeira baia;
- Ao preencher a terceira baia, deixe esta "descansando"; Comece a preencher a quarta baia e revire os materiais da primeira e segunda baias;
- Ao preencher a quarta baia, deixe esta "descansando"; Neste momento, a primeira baia já terá terminado o seu processo de compostagem (terão se passado 4 meses desde sua montagem), e você poderá utilizar a terra produzida; Já que a primeira baia foi desocupada, comece a preenchê-la novamente; Revire a segunda e terceira baia;
- A partir de agora, em todos os meses ocorrerá a desocupação de uma baia, pois o processo de compostagem terá terminado nesta. Ao desocupá-la, comece a preenchê-la novamente.
Lembre-se que o material úmido deve sempre ser coberto por material seco (folhas, grama cortada, serragem, etc.), facilitando o processo de decomposição e evitando que insetos apareçam.
2.8 Doar ou trocar
Em todos os tópicos anteriores trabalhamos muito sobre as diversas formas de como VOCÊ pode aproveitar materiais que poderiam ser jogados fora, diminuindo os resíduos gerados todos os dias. Também comentamos que, se você não encontrasse uma forma de reaproveitar, que fizesse o encaminhamento correto enviando para a reciclagem, por exemplo.
Mas se antes de tomar esta atitude, você doasse ou trocasse o que não te serve mais? Além de se livrar do "lixo" (algo que é inútil para você), você estaria transformando este objeto novamente em algo útil (afinal, quem receber a doação ou ter trocado com você terá um fim para ele).
Que tal começar um faxina agora na sua casa e praticar esta ação? A satisfação que temos ao praticar isto, muitas vezes, é maior do que a da pessoa que está recebendo. Pense nisto!
Finalizamos assim este texto sobre impacto ambiental e sustentabilidade. Lembre-se que qualquer esforço para contribuir com o meio ambiente é válido, mesmo que o considere pequeno. E fica aqui um recado para reflexão e prática: SEMPRE COLHEMOS O QUE PLANTAMOS, POR ISTO, AO INVÉS DE JOGAR LIXO, JOGUE SEMENTES!!!