Unidade 1: Introdução à Educação Ambiental

4. Evolução do Conceito de Ambiente e de Educação Ambiental

Ao analisar os documentos das conferências ambientais nos quais se estabeleceram os pressupostos teóricos básicos da EA, nota-se, inicialmente, uma concepção de ambiente inspirada pelo movimento ecológico naturalista das décadas de 60 e 70. Dentro desta visão, a natureza é vista como santuário ou objeto de contemplação estética e o homem aparece como agente perturbador do equilíbrio natural (RAMOS, 1996). As questões ambientais, no discurso dos primeiros documentos que fazem menção à EA, se referem aos problemas de contaminação dos compartimentos ambientais (aquático, terrestre e aéreo) e à limitação dos recursos naturais.

Posteriormente, na década de 80, nota-se uma mudança na concepção de ambiente, a partir da qual a dimensão social é inserida neste contexto. Esta nova concepção é influenciada pelo movimento ecológico político, inspirado pela concepção dialética da natureza marxista, na qual o meio ambiente não está dissociado da sociedade e de sua organização político-econômica (ROCHA, 2006). Assim, temos a formação de uma visão de ambiente que coloca cada ser humano como integrante da natureza, de forma que os problemas sociais são também considerados dentro da esfera do meio ambiente.

Assim como o conceito de meio ambiente, as concepções de EA como campo do conhecimento e enquanto prática pedagógica são extremamente diversificadas, sendo possível apontar três vertentes principais no Brasil: a conservacionista, a crítica e a pragmática.

Educação Ambiental Conservacionista ou Conservadora é voltada para preservação e conservação da natureza, sem uma análise das causas econômicas e sociais dos problemas ambientais. Dentro desta corrente, a valorização da natureza pode gerar uma mudança de comportamento em relação ao próprio ambiente (SILVA & CAMPINA, 2011).

Para a Educação Ambiental Crítica ou Transformadora, os problemas ambientais não poderiam ser dissociados dos conflitos sociais. Dentro desta corrente, há uma crítica aos modelos de produção e consumo vigentes e à participação dos cidadãos nas decisões sobre as questões do meio é considerada vital (MAESTRELLI & TORRES, 2014).

E a Educação Ambiental Pragmática, de caráter mais tecnicista e voltada para o conceito de desenvolvimento sustentável, é baseada na busca por soluções aos problemas ambientais imediatas e definitivas, ressaltando a ação individual como meio para se alcançar mudanças coletivas (IARED & OLIVEIRA, 2011).