É com satisfação que apresentamos aos leitores a segunda coletânea de livros com as produções textuais técnico-científicas dos cursistas da Especialização Interdisciplinar em Patrimônio, Direitos Culturais e Cidadania (EIPDCC). Desta vez, com os trabalhos resultantes da segunda turma, realizada nos anos de 2017 e 2018, também na modalidade de ensino a distância semipresencial (EAD-semipresencial), em que foram atendidos sete polos: Águas Lindas de Goiás, Anápolis, Catalão, Cezarina, Mineiros, São Simão e Uruana.
A segunda turma da EIPDCC surgiu a partir da iniciativa de pesquisadores e técnicos administrativos do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Direitos Humanos da Universidade Federal de Goiás (NDH\UFG), por meio do Centro Integrado de Aprendizagem em Rede (CIAR\UFG) e contou com o aporte financeiro do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB-CAPES), por meio de edital.
Assim como na primeira turma, o objetivo primordial desta Especialização foi oferecer uma formação qualificada a professores do ensino formal e informal, aos profissionais e agentes das diversas instituições culturais e de outras instâncias que atuam com cultura e com projetos de ação educativa, localizadas nos diversos municípios do Estado de Goiás e/ou em outras regiões. Além disso, buscou propiciar aos cursistas um conhecimento amplo acerca das discussões sobre direitos culturais, identidade, diversidade cultural, relações étnicas, memória, patrimônio cultural, entre outros conceitos que compõe o campo da cultura e dos direitos humanos.
As discussões existentes no campo do Patrimônio, dos Direitos Culturais e da Cidadania apresentam questões complexas que requerem a participação de diferentes atores e áreas do conhecimento para a sua melhor compreensão. Então, a partir de uma abordagem interdisciplinar, os módulos disciplinares e as atividades desenvolvidas no decorrer da especialização contaram com a contribuição de profissionais de diferentes áreas do conhecimento, tais como Direito, História, Comunicação, Antropologia, Pedagogia, Museologia, Direitos Humanos, entre outras, que levaram em conta os aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos dos contextos regionais a serem estudados. Além disso, o próprio corpo discente contou com uma grande diversidade de formações em áreas diversas, o que propiciou as ótimas trocas de conhecimentos, leituras, abordagens e impressões entre pedagogos, historiadores, arquitetos, artistas, museólogos, comunicadores, arqueólogos, geógrafos, profissionais do campo jurídico, entre outras tantas formações.
Para além das contribuições dos profissionais e pesquisadores que colaboraram na realização dessa edição da especialização, é preciso ressaltar as intervenções culturais desenvolvidas pelos cursistas como atividade primordial da especialização, e as respectivas produções textuais que delas decorreram e se materializam nesta publicação final do curso. É importante destacar que, entre tantos sentidos e interpretações que o termo intervenção suscita, compreendemos a intervenção cultural especificamente como uma ação dialógica, advinda das demandas, problemas e necessidades demonstradas pelo próprio grupo, instituição ou situação cultural para os quais se deseja uma alternativa ou a busca de soluções.
Nessa perspectiva, o agente cultural (nesse caso, o cursista desta especialização) é um elemento importante para esse diálogo, auxiliando aquela respectiva comunidade nessa busca, visando atender às suas expectativas e anseios culturais e, principalmente, fornecendo subsídios para que esta dê andamento e possa inserir essas ações interventivas em um plano de ações culturais mais amplo e, quiçá, desencadeie práticas de políticas públicas culturais para aquele local, ambiente ou grupo.
Página 2É fato, porém, que em muitas situações a falta de acesso a informações básicas sobre as questões culturais ou a própria inexistência de instrumentos iniciais que propiciem a realização da intervenção cultural, desencadeiem a necessidade de providências nesse sentido, a fim de possibilitarem essa ação interventiva posterior. Por isso, como o leitor poderá observar, nos trabalhos realizados pelos cursistas desta especialização há também uma diversidade de estágios nas intervenções desenvolvidas. Na maioria dos casos foi necessário cumprir com etapas de investigações iniciais, com levantamentos básicos que fornecessem os instrumentos para o agente cultural (o cursista) realizar as ações propostas. Desta forma, enquanto em alguns trabalhos a instituição, grupo ou espaço cultural já possuía demandas e problemas bem claros a serem solucionados (ou, pelo menos, já havia uma certa “tradição” com situações culturais e, consequentemente, dificuldades bem claras evidenciadas) em outros trabalhos houve a necessidade de começar a ação interventiva com procedimentos mais iniciais, realizando a sistematização de dados para se “formalizar” uma memória histórica, social e cultural daquele espaço/ambiente ou fornecendo àquele grupo/comunidade conceitos e informações básicas que lhe possibilitasse identificar e reconhecer suas práticas como cultura, como patrimônio, como direito cultural e como exercício de cidadania cultural.
As produções dos cursistas nos apresentam a riqueza cultural de determinados grupos e regiões, expressas por meio dos artesanatos, das edificações, dos ofícios, dos símbolos, das festividades, das canções, dos saberes tradicionais e das demais formas de manifestações culturais materiais e imateriais que nos chamam a atenção para a necessidade de criação, permanência ou ampliação de políticas públicas, bem como para a necessidade de reconhecimento, valorização e de preservação da memória cultural dos munícipios do Estado de Goiás.
Entre os desafios dos tempos atuais, a educação para a cidadania, para o respeito aos direitos culturais e para a preservação do patrimônio cultural material e imaterial de cada povo ainda permanece como ponto crucial para o desenvolvimento humano. Torna-se cada vez mais necessário a criação ou a simples manutenção de espaços já existentes, mas que, efetivamente, propiciem discussões e práticas cotidianas que não ferem os direitos humanos e assegurem o acesso, a difusão, a participação e a preservação do patrimônio cultural para todos.
Nesse sentido, mais do que um espaço educativo, de formação acadêmica, a Especialização Interdisciplinar em Patrimônio, Direitos Culturais e Cidadania, em sua segunda edição, tornou-se um espaço político e de reflexão, um espaço de fala para os 59 relatórios técnico-científicos completos e os 32 resumos aqui publicados, aprovados pelas bancas de defesa. Além da diversidade de temas, os relatórios técnico-científicos apontam para novas abordagens ou meios de atuação, sejam por meio das propostas de reformulação das políticas públicas existentes; de criação de ferramentas para a preservação dos bens materiais e imateriais; de comunicação e divulgação das diversas manifestações culturais; de parcerias e participação social; ou seja, por novas possibilidades de intervenções educativas e culturais.
Como já mencionado, o curso contou com alunos(as) de diversos polos\municípios goianos, com formações acadêmicas também diversas o que contribuiu também para uma variedade de olhares e pesquisas, algumas vezes, sobre um mesmo tema. A organização dos textos, nos volumes impressos e no e-book se deu pela ordem alfabética de seus autores. Além dos relatórios técnico-científicos completos e dos resumos, os registros imagéticos (fotos ou documentos) que ilustram e complementam a parte textual dos relatórios produzidos pelos cursistas poderão ser acessados ou visualizados, nos livros impressos, via QR Code disponibilizado em cada publicação (uma espécie de código de barras que pode ser escaneado usando telefones celulares equipados com câmera e um aplicativo que faça esta leitura) e, no caso do e-book, pelas “Galerias de Fotos” inseridas nos relatórios técnico-científicos.
Página 3Os resultados que apresentamos agora retratam as possibilidades que um programa de pós-graduação interdisciplinar, como a EIPDCC, pode oferecer a academia e à comunidade quanto à variedade de objetos de estudo e à qualidade dos projetos de intervenção cultural desenvolvidos. Além de um conteúdo importante e que (i)renova as discussões voltadas para o Patrimônio Cultural e os Direitos Culturais, esta publicação é resultado de um trabalho de pesquisas, de observações das realidades ou necessidades locais, competente e comprometido com a cidadania e a preservação do patrimônio cultural.
Além disso, cumpre-nos ressaltar dois outros desdobramentos importantes da EIPDCC. Um deles é a realização do Projeto de Extensão III Ciclo de Webconferências, uma parceria bem sucedida com a Unifor-CE, por meio do seu Mestrado em Direitos Constitucional e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Direitos Culturais (na pessoa do Prof. Francisco Humberto Cunha Filho e demais participantes do GEPDC), o qual realizou dez webconferências e resultou na publicação de livro impresso e e-book com as transcrições dessas conferências. Um outro desdobramento, foi a EIPDCC ter sido campo para estágio-docência dos mestrandos em Direitos Humanos da UFG, possibilitando mais um espaço para a formação acadêmica desses alunos.
Logo, esta coletânea representa ainda nosso reconhecimento a todos os moradores dos munícipios, instituições e comunidades culturais que participaram das intervenções culturais, aos polos UAB Águas Lindas de Goiás, Anápolis, Catalão, Cezarina, Mineiros, São Simão, Uruana (suas respectivas equipes e coordenadores ), ao CIAR, à UAB-Capes, aos órgãos administrativos da UFG que possibilitaram o suporte para todas as atividades do curso, ao Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Direitos Humanos, por possibilitar aos mestrandos em Direitos Humanos a possibilidade de desenvolverem seus estágios-docência na EIPDCC, aos cursistas, professores autores, professores formadores, tutores, orientadores e coordenadores acadêmicos, à coordenação, equipe administrativa e pedagógica da EIPDCC, os quais se dedicaram ao trabalho e com maestria contribuíram para que o curso pudesse cumprir seus objetivos e romper de forma consciente com os obstáculos encontrados ante as dificuldades que perpassam a Educação e a Cultura no Brasil.
Por fim, esperamos que essa coletânea possa atender as expectativas do(a) leitor(a) que deseja, cada vez mais, entender os processos de (re)conhecimento e preservação da cultura como parte de sua própria formação humana.
Desejamos a todos e a todas uma prazerosa leitura!
Welbia Carla Dias
Goiânia / GO, 2020
Equipe EIPDCC – segunda turma
Coordenação
Ricardo Barbosa de Lima (coordenador)
Vilma de Fátima Machado (vice-coordenadora)
Marisa Damas Vieira (coordenadora de tutoria)
Fátima Regina Almeida de Freitas (coordenadora de tutoria adjunta)
Equipe Técnico-administrativa
Jéssica Araújo Conte (secretária)
Kelly Ruas (suporte técnico)
Leonilson Rocha (apoio administrativo-financeiro)
Professores autores, formadores e coordenadores de orientação
Carolina do Carmo Castro (professora formadora)
Ivanilda Aparecida Andrade Junqueira (professora formadora / coordenadora de orientação)
Fátima Regina Almeida de Freitas (professora formadora / coordenadora de orientação)
Flávio Pereira Diniz (professor formador/coordenador de orientação)
Francisco Humberto Cunha Filho (professor formador)
Gustavo de Oliveira Araújo (professor formador)
Gabriel Barroso Fortes (coordenador de orientação)
José Eduardo Ribeiro (coordenador de orientação)
Luciana de Oliveira Dias (coordenadora de orientação)
Maurides Batista de Macêdo Filha (coordenadora de orientação)
Manuel Ferreira Lima Filho (professor formador)
Marisa Damas Vieira (professora formadora)
Rildo Bento de Souza (coordenador de orientação)
Rosani Moreira Leitão (professora formadora/ coordenadora de orientação )
Rosaura de Oliveira Vargas das Virgens (coordenadora de orientação)
Simone Rosa da Silva (professora formadora / coordenadora de orientação)
Tainara Jovino dos Santos (coordenadora de orientação)
Vânia Dolores Estevam de Oliveira (professora formadora / coordenadora de orientação)
Welbia Carla Dias (professora formadora/ coordenadora de orientação)
Yussef Dalbert Salomão de Campos (coordenador de orientação)
Tutores a Distância / Orientadores Acadêmicos
Alex Mateus Santos de Oliveira (tutor Mineiros / orientador acadêmico )
Amélia Cardoso de Almeida (tutora Cezarina / orientadora acadêmica)
Diogo Jansen Ribeiro (tutor Anápolis / orientador acadêmico)
Fernanda Rodrigues Pires de Moraes (tutora / orientadora acadêmica)
Gustavo Henrique Gomes (tutor Uruana / orientador acadêmico)
José Eduardo Mendonça Umbelino Filho (tutor Catalão / orientador acadêmico)
Marcelo da Luz Batalha (tutor Águas Lindas de Goiás /orientador acadêmico)
Rosana Schmidt (tutora São Simão / orientadora acadêmica)
Estagiários docência
Ana Luísa Machado de Castro
Camila Lima Pontes de Mello
Carolina Jajah Dorneles
Lizia de Oliveira Carvalho
Marden Reis de Abreu
Raquel Maria Gonçalves Martins
“Dedicamos esta publicação às várias pessoas que participaram como discentes da Especialização Interdisciplinar em Patrimônio, Direitos Culturais e Cidadania, em especial à Isac Ferreira de Sousa (in memorian), pelo empenho e envolvimento no decorrer do curso, pelas contribuições e pelos ensinamentos valiosos que certamente deixou a quem com ele conviveu, e por todos/as acreditarem na cultura como um dos grandes pilares da humanidade”.