Resumo
Este trabalho é o resultado de um projeto de intervenção cultural que teve como objetivo a divulgação das lendas da cidade de Jaraguá (GO) como elemento constituinte da identidade e memória da cidade, bem como sua importância para a preservação de seu patrimônio cultural. O folclore, como parte da cultura, é fonte de constituição do sujeito e está presente em sua identidade social fornecendo elementos para compreensão do mundo atual. Como parte da cultura de um povo, os mitos e as lendas são, portanto, essenciais na formação da identidade dos indivíduos e da sociedade. Com o desenvolvimento da tecnologia e a predominância das mídias digitais, cada vez mais a tradição oral de transmissão está ficando em segundo plano. É evidente, principalmente entre os jovens, que lhes falta esse conhecimento tradicional que acaba não chegando aos meios que estão em maior uso atualmente. É preciso retomar esse elo. Jaraguá é uma das mais ricas cidades em lendas que há em Goiás, e uma das mais antigas (282 anos), tendo em vista esse contexto, foi escolhida como lugar da investigação e intervenção. Com o intuito de divulgação e preservação, as lendas foram coletadas e o processo de aquisição de material foi variado, desde transmissão direta durante um trabalho de campo, até a leitura de livros e artigos com os relatos das lendas. Foi criado um blog para divulgação destas lendas e, assim, obtida uma boa recepção nas redes sociais e uma excelente experiência de divulgação em escola pública.
Palavras-chave: Cultura. Lendas. Memória. Patrimônio Cultural.
Introdução
As lendas foram difundidas por meio da tradição oral, passadas de geração para geração, em épocas onde não havia ainda energia elétrica, onde o imaginário criava vida para fatos inexplicáveis, dava lições em crianças desobedientes e contava as histórias sobre o surgimento de um povo, de uma sociedade. É uma mistura dos fatos reais com a criatividade do ser humano, as lendas fazem parte da memória e constituem a identidade cultural de uma sociedade. Preservá-las é preservar a história de um grupo, de um local. É preservar uma cultura inteira, para que as futuras gerações conheçam seu passado e possam compreender seu presente.
“Quando investigamos as lembranças dos indivíduos idosos, buscamos, na verdade, investigar o processo de reconstrução de um passado que hoje é a fonte de constituição do sujeito do presente” (BOSI, 1994). As histórias contadas são o que dão vida à memória de um povo, de uma sociedade. São as tradições, através das conversas que se escuta desde criança, que moldam a identidade cultural dos indivíduos. São identificados seu surgimento e desenvolvimento para o que são hoje.
As várias tradições fazem parte da vida da população, entre elas está a de sentar para contar, ouvir e aprender com as histórias. Dessa forma, o imaginário coletivo é desenvolvido e transmitido, gerando comunicação, vínculos e sentimentos de pertencer a um local, a uma cultura.
Página 312A motivação para esse trabalho surgiu a partir do interesse de conhecer as diversas histórias que compõem a identidade cultural goiana e da necessidade de difundi-las, devido ao encontro com um número significativo de cidadãos que desconhecem sua história contada através dos mitos e a grande diversidade de lendas em seu próprio Estado. Não conhecer e não repassar essas lendas faz com que sua importância seja desmerecida no processo de formação da identidade cultural desta sociedade. Devemos lembrar que elas são partes fundamentais para a sua existência, pois narram as histórias pela perspectiva do indivíduo e do seu grupo.
Não é somente um livro que fala sobre sua gente, mas, também, os fatos ocorridos vividos pela população e a forma como os enxergava e lidava com eles. “A narração é uma forma de reafirmar a existência de um fato passado. Recordar conteúdos da memória, reconhecermos a nós mesmos através das transformações vividas com a passagem do tempo” (FRISON; STRECK, 1999, p.105).
A proposta de divulgar as lendas de Jaraguá foi escolhida pelo fato dessa cidade conter o maior número de lendas do Estado de Goiás e por ser uma cidade histórica, rica em belezas naturais e culturais, não tão bem conhecidas pelo restante do Estado. Essas lendas constituem o patrimônio cultural da cidade e, consequentemente, de Goiás. Com 282 anos, é uma das primeiras cidades goianas que surgiu da busca pelo ouro.
Esse projeto é importante para mostrar a todos a necessidade de se preservar uma memória de uma forma descontraída e com a bagagem histórica e cultural riquíssima. Teve como resultado a criação de um blog, onde estão algumas lendas da cidade de Jaraguá, que não só as apresentou para os goianos, mas teve um maior alcance através da utilização da tecnologia para ser divulgado nas redes sociais. Dessa forma, um conhecimento de tradição oral pôde ser repassado e difundido através desse meio atual de comunicação e que atinge o mundo todo. O blog terá continuação para um mapeamento das lendas de todo o Estado. Mostrou que essas histórias fazem parte da vida cultural de todos.
1. Desenvolvimento
Cultura pode ser definida como a vivência de um grupo. Seus hábitos, leis, costumes, crenças, capacidades adquiridas, formas de expressão, agir e pensar. Um dos produtos da cultura popular é o folclore, uma criação individual ou coletiva, que representa a identidade social e cultural de determinada sociedade. Os mitos, lendas, músicas, danças, rimas, costumes, brincadeiras, superstições, são componentes do folclore e são passados de gerações a gerações.
A palavra folclore surgiu através das pesquisas realizadas pelo arqueólogo William Johm Thom, em 1846. Thom, por meio do seu interesse pelas tradições populares, organizou uma coletânea de contos, lendas, provérbios, mitos, canções, que foi transmitida oralmente. Folk significa povo e lore saber, folclore é a sabedoria do povo.
Está estabelecido na releitura da Carta do Folclore Brasileiro, realizada em 1995, durante o VIII Congresso Brasileiro de Folclore que:
Página 313“Folclore é o conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social. Constituem-se fatores de identificação da manifestação folclórica: aceitação coletiva, tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade”.
O folclore, para Florestan Fernandes, pode ser situado na área da pesquisa sociológica:
“Ele faz parte da porção do meio sócio cultural, ambiente que concorre para a formação do caráter do imaturo. Através dele a criança aprende a lidar com situações, com pessoas e com técnicas sociais análogas aquelas com que se defrontará no mundo dos adultos”. (FLORESTAN FERNANDES apud MAZZA).
Os Irmãos Grimm, assim como Thom, localizaram as origens de algumas tradições populares que deram origem às obras Dicionário, Gramática e a Mitologia Alemã. Além dessas obras e, da mesma forma que Charles Perrault e Bruno Bettelheim, eles registraram as histórias que ouviam durante suas infâncias e que foram transmitidas por seus avós, pais e outros contadores de histórias.
Dessa forma, é possível perceber que os velhos são um importantíssimo elemento que, além de preservar nossa cultura e memória, contribui para a compreensão do mundo no qual se vive hoje. “Um mundo social que possui uma riqueza e uma diversidade que não conhecemos pode chegar-nos pela memória dos velhos. Momentos desse mundo perdido podem ser compreendidos por quem não os viveu e até humanizar o presente” (BOSI, 1994).
O presente trabalho focou nas lendas, que são histórias criadas pelo imaginário coletivo, baseadas em acontecimentos reais, para explicar fatos misteriosos ou sobrenaturais que intrigavam a sociedade da época. Eram transmitidas oralmente através do tempo, principalmente por pessoas mais velhas. Estão repletas de fatos históricos, tradições, vivências, modo de agir e pensar de todo um grupo, ou seja, essas lendas são parte da identidade cultural de uma sociedade.
1.1 Objetivo geral
Divulgar as lendas da cidade de Jaraguá mostrando sua importância para a história e cultura da cidade e de que forma elas contribuem para a preservação da identidade e memória de uma população.
1.1.1 Objetivos Específicos
- Identificar os locais com carência de informação sobre Patrimônio Cultural, memória e identidade;
- Realizar palestras sobre o tema incentivando a participação do público a buscar, através de suas memórias, sua história particular e/ou coletiva;
- Citar as lendas como formas de memória e construção de identidade;
- Estimular o interesse da população, principalmente jovem, pelo seu passado e sua história;
- Criar um blog contendo lendas locais;
- Utilizar as redes sociais (Whatsapp, Facebook, Instagram, E-mail) para a divulgação do blog;
1.2 Metodologia
O trabalho é interdisciplinar e se enquadra em pelo menos quatro eixos temáticos:
Cultura: tema se refere ao folclore, que é uma das formas de expressão de um povo, uma manifestação cultural; História: Foi necessário retornar ao passado para a investigação das lendas e seu contexto histórico (por volta de 1800); Patrimônio Cultural: O folclore (lendas e mitos) faz parte do patrimônio cultural brasileiro e é uma das formas de expressão da sociedade, uma maneira que foi encontrada para dar explicação ao desconhecido que acabou por se tornar uma crença; Psicanálise: Como as lendas interferem na construção do ser, como a pessoa que escuta os contos pode ter uma interpretação e compreensão da vida e amadurecer como pessoa.
Em primeiro lugar foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre os conceitos de Patrimônio Cultural, memória e identidade. Em seguida, pesquisou-se a história da cidade de Jaraguá e as lendas existentes para que fosse possível dar início à criação do blog. Foi, ainda, realizada uma pesquisa de campo em Jaraguá para conhecê-la, interagir com alguns moradores, colher depoimentos sobre suas histórias e suas versões das lendas, dando mais vida ao projeto.
Página 314Após as pesquisas, o blog https://lendasdegoias.blogspot.com foi publicado e foram criados cartazes e folders divulgando o blog e o motivo para acessá-lo. O cartaz virtual foi postado nas redes sociais (Facebook, Instagram e Whatsapp).
Com o material pronto, uma visita foi feita no colégio Dr. Mauá Cavalcante Sávio (Anápolis-GO) onde realizamos uma aula expositiva sobre o conteúdo do blog e conceitos sobre Patrimônio Cultural para os alunos do 3º ano do ensino médio, no turno matutino. Os cartazes foram colados no mural indicado pela escola e a atividade foi realizada em sala de aula utilizando o Datashow, possibilitando aos alunos o acesso rápido às lendas e às imagens da cidade de Jaraguá.
1.3 Procedimentos
Após os estudos sobre Patrimônio Cultural, Memória e Identidade, História de Jaraguá e suas lendas – as lendas foram pesquisadas através de sites, livros e entrevistas -, deu-se início à criação do blog, que foi publicado em 15 de julho de 2018, com as lendas de Teresa Bicuda, O Cavaleiro da Rua das Flores e a Procissão das Almas.
Em 13 de junho, fiz contato com João Luiz das Graças Soares, professor, pesquisador e morador da cidade, que respondeu a um questionário e me forneceu o livro “Parceiros da História", do qual é o organizador. João me passou o contato de outros moradores de Jaraguá, que conversaram comigo via Whatsapp.
A primeira divulgação do blog foi em 27 de julho de 2018, pelo Facebook, com 20 “curtidas”, 02 comentários e 12 compartilhamentos. No blog, além das lendas, há também algumas fotos de Goiás. A segunda divulgação foi em 05 de setembro, com a imagem do cartaz. Obteve 15 “Curtidas” e 02 compartilhamentos. Além dessas divulgações ocorreram outras, via Whatsapp, no decorrer do mês de julho até o mês de setembro.
Em 18 de agosto de 2018, realizei uma pesquisa de campo em Jaraguá. Conheci a famosa serra que deu origem ao nome da cidade, “yaraguã” (Serra/Senhor do Vale), bem como a Rua das Flores, palco das lendas “Teresa Bicuda”; “Cavaleiro da Rua das Flores” e “Procissão dos Mortos”. Tive contato com alguns moradores que se disponibilizaram a contar suas histórias e a compartilhar os conhecimentos sobre as lendas. Forneceram também outros materiais, como gravadores com relatos de idosos já falecidos; folders contendo a história da cidade; livros sobre suas lendas (que não são mais publicados).
A roda de conversa que tivemos “como antigamente”, como disse um dos moradores, aconteceu em uma das calçadas no final da Rua das Flores, em um estabelecimento que tem o nome de Casa das Flores. É uma loja colaborativa onde é vendida a produção artesanal local. Lá foi possível, durante a conversa, assistir ao pôr do sol na Serra.
Passeei pela Rua das Flores, conheci a Igreja Nossa Senhora do Rosário (onde Teresa foi enterrada pela primeira vez). Retornei para Goiânia com um rico material. Como uma das maneiras de divulgar o blog, entrei em contato com Gabriela Borges, colega da especialização, que conversou com a professora regente do Colégio Estadual Dr. Mauá Cavalcante Sávio para que a divulgação do blog e da importância das lendas fossem realizadas em conjunto com sua intervenção, já que ambas entram no conceito de Patrimônio Cultural, Identidade e Memória.
Página 315O colégio está localizado na Rua Deocliciano Moreira Alves, Q. 4, L. 20, Setor Residencial Pedro Ludovico – Anápolis, Goiás.
A ação foi realizada da seguinte forma:
- Significado de patrimônio cultural e identidade;
- Como parte do patrimônio cultural foi citada a literatura regional escrita;
- As lendas entraram como literatura oral, uma tradição que foi passada de geração para geração (como forma de entretenimento com explicações da realidade) ;
- Foram expostas cinco lendas da cidade de Jaraguá (Teresa Bicuda, Cavaleiro da Rua das Flores, Procissão dos Mortos, Mané Criatura e O Cadáver do Zé Alves) e como estão relacionadas com a história e identidade da cidade;
- Por fim, foram apresentadas aos alunos algumas lendas da cidade de Anápolis, mostrando para eles que todo lugar tem um conto, uma lenda, uma história que identifica a sociedade e que se deve preservar.
Análise das lendas
Teresa Bicuda:
Negra livre que incomodava os moradores da cidade com seus hábitos não religiosos. Maltratava a mãe e morava em uma das primeiras ruas da cidade. Cavalgou na mãe por toda a rua e a mulher morreu. Teresa morreu de forma misteriosa e não parava enterrada nas terras sagradas (ao lado da igreja Nossa Senhora do Rosário, terceira igreja de Jaraguá). Tornou-se um fantasma e depois acabou se tornando parte da natureza, sendo enterrada na Serra de Jaraguá (que deu nome à cidade Yara-Guá). No local onde foi enterrada nasceu um pé de caju (a árvore varia de acordo com quem conta), Teresa virou marimbondo que ataca as pessoas que passam por lá. Virou “fogo na serra, chuva forte, ventania, marimbondo... se encantou na natureza” de acordo com o relato de um dos moradores.
A lenda de Teresa, além de ser um patrimônio imaterial (que educou “muito menino custoso”), também é parte do Patrimônio Material, já que se fundiu com a natureza da Serra de Jaraguá, que é um Parque Ambiental Estadual com dois sítios arqueológicos registrados pelo IPHAN.
O Cavaleiro da Rua das Flores
Cavaleiro que aparece na Rua das Flores montado em seu cavalo. Diz a lenda que é possível ouvi-lo cavalgando por toda a rua até hoje. Esse cavaleiro também morava na Rua das Flores e sua possível residência continua lá.
Mané Criatura
Morador da cidade, perto do Rio Vermelho, que se tornava lobisomem por alguns motivos da época: ser mau caráter, preguiçoso, de mau comportamento. Surgia sempre na penumbra e aterrorizava a população, até que um dia os moradores se uniram para caçá-lo. Depois de amarrado a um tronco e passado a noite toda lá, no outro dia era apenas um homem, o Mané Criatura “nu e amarelo, estendido no chão”.
Essa lenda é uma forma de ensinamento, voltada principalmente para as crianças. “Se não se comportar o Mané Criatura aparece” ou, “se não se comportar pode virar o lobisomem, igual Mané Criatura”. Além da maneira sinistra de educar criança, a lenda cita a natureza da cidade, como o Rio Vermelho, que foi o local onde os bandeirantes e os “negros faiscadores” encontraram ouro (ao pé da Serra) e deu início ao povoamento da cidade. Entre os anos de 1727 e 1736.
Página 316O Cadáver do Zé Alves
A lenda se trata de um esqueleto que não parava dentro de sua sepultura. Foi encontrado por um pai e um filho enquanto buscavam lenha para poderem acender o fogo. O curioso era que o esqueleto estava na terra em tempo suficiente para não haver mais nada além dos ossos, mas, incrivelmente, as vestes estavam impecáveis, como novas. Tentou enterrá-lo no Cemitério Santana, o primeiro da cidade, mas o cadáver saía de lá toda vez. Conta a lenda que Zé Alves foi um fazendeiro mau que pegava para si as terras dos outros e que foi devido a essa maldade que as terras santas não aceitaram seu corpo.
Nesta lenda, é possível perceber o costume de ir buscar a lenha para o fogo, já que não havia eletricidade na época; há também o ensinamento de ser uma pessoa “correta” para que seja possível “descansar” depois da morte, e informações sobre o primeiro cemitério da cidade, o Cemitério Santana (também conhecido como Cemitério Municipal) que foi palco de muitas brincadeiras das crianças, entre elas o esconde-esconde e o desafio para ver quem teria coragem de atravessar o cemitério à noite sem encontrar com o “Cadáver do Zé Alves”!.
1.4 Resultados
O objetivo da intervenção de divulgar as lendas, através do blog (https://lendasdegoias.blogspot.com) e uma exposição, foi alcançado. A divulgação e existência do blog continuarão e serão acrescentadas lendas de outras regiões do Estado de Goiás. Através do blog e, também, da aula, algumas pessoas tiveram acesso às histórias pela primeira vez, e a uma cidade que nem sabiam que existia. O objetivo foi também mostrar a diversidade de patrimônio, que não é somente um edifício ou uma obra de arte, mas também as crenças, os costumes, e que eles estão presentes em todas as sociedades, em todas as localidades.
Quando foi iniciado o tema “Lenda” um aluno falou uma que ele conhecia “Mãe D`ouro” e que os outros não conheciam, sabem somente das mais famosas como Saci, Cuca, Mula sem Cabeça, lendas importantes para o folclore brasileiro, mas deve-se reconhecer que existem muitas outras.
Em Jaraguá existe um projeto que está chamando a própria população a se recordar da cultura. O Serenata Encenada é realizado nas ruas de Jaraguá por um grupo de teatro que encena as lendas locais pelas ruas da cidade.
Os alunos participaram e se interessaram muito pelo assunto. Gostaram de saber também que na própria cidade existem as lendas.
Conclusão
O processo de coletar as lendas foi levemente desafiador, já que foi preciso transcrever e tentar transmitir as emoções de uma tradição que sempre foi oral. Mas, o contato com pessoas dispostas e interessadas em compartilhar essas histórias fez com que fosse realizada essa documentação.
Através do projeto foi possível identificar que há uma carência de conhecimento da população goiana em relação a seu próprio patrimônio cultural. Quando pensam em patrimônio, muitos pensam em museus e obras de artes e esquecem-se ou desconhecem todas as outras manifestações culturais que compõe o patrimônio. Trabalhar as lendas é uma forma de mostrar a importância da preservação da identidade cultural.
Página 317O projeto do blog foi um impulso para uma maior utilização das redes sociais para divulgação e perpetuação da cultura e memória de uma determinada sociedade, no caso estudado, a jaraguense. A boa receptividade em relação ao blog, bem como para o conhecimento sobre patrimônio, deixou claro o interesse das pessoas em conhecer esses contos fantásticos e que, mesmo não sendo de sua cidade, fazem parte do seu Estado e do seu país.
Esse contato com as lendas fez com que o público atingido se sentisse mais à vontade para falar de suas memórias, de suas histórias; e, o mais importante, em querer transmiti-las para os outros, fazendo com que uma tradição continue viva, sendo preservada para que as futuras gerações, e a atual, possam ter noção de memória, que contribui para a construção dos indivíduos que existem hoje. O projeto será levado adiante para que possa atingir mais pessoas possíveis, para que conheçam a mais diversificada cultura existente neste vasto país.
Referências
BENJAMIN, Roberto. Conceito de folclore. Disponível em: https://www.unicamp.br/folclore/Material/extra_conceito.pdf. Acesso em: 09 jan. 2018.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 9. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra. 1980.
BOSI, Eclea. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
CAVIGNA, Julie Antoinette. Mito e Memória na Construção de uma Identidade Local. Rev. do Instituto de Letras da UFRGS, v.21, n.42 (2007). Disponível em: https://seer.ufrgs.br/organon/article/view/36163/23366. Acesso em: 01 ago. 2018.
DELBEM, Daniele Conte. Folclore, Identidade e Cultura. UNAR, Araras (SP), v.1, n.1, p.19-25, 2007. Disponível em: https://vdocuments.site/folclore-identidade-e-cultura.html. Acesso em: 09 nov. 2018.
FREITAS, Lúcia Gonçalves de. Cenários da memória e identidade goiana: O caso de Jaraguá. 2004. Disponível em: https://docplayer.com.br/1083486-Cenarios-da-memoria-e-identidade-goiana-o-caso-de-jaragua.html. Acesso em: 01 ago. 2018.
Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Jaraguá. Parceiros da História. Jaraguá/ João Luiz et al. Goiânia: Kelps, 2008.
LOPES, Carlos Renato. Em busca do gênero lenda urbana. Disponível em: www.scielo.br/pdf/ld/v8n2/09.pdf. Acesso em 20.05.2018
MAZZA, Débora. A leitura do folclore paulistano: a contribuição de Florestan Fernandes. In: 24ª Reunião Anual da ANPED - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, 2001, Caxambu. CD-ROOM da 24ª Reunião anual da ANPED, 2001.
SILVEIRA, Maria José. Uma cidade de carne e osso. São Paulo: FTD, 2004.
VALADARES, Ione Maria de Oliveira (Org.). Histórias populares de Jaraguá. Organizado por Ione Maria de Oliveira Valadares e Nei Clara de Lima. Goiânia: Centro de Estudos da Cultura Popular. ICHL. UFG, 1983.