Patrimônio, Direitos Culturais e Cidadania Propostas, Práticas e Ações Dialógicas

Comunicando a Arte Mural em Goiânia: Mapeamento Cultural

Página 214

Resumo

Este trabalho procura fornecer um panorama sobre a arte mural, com foco em Goiânia, divulgando pesquisas sobre o tema com a intenção de comunicar e, ao mesmo tempo, fazer o mapeamento da arte mural na cidade. A disponibilização das informações sobre a arte mural foi feita por meio da criação de uma página web, criada com a finalidade de democratizar o acesso ao conteúdo trabalhado, bem como estimular a visitação e a preservação dessa arte, principalmente pela população goianiense. Apresentamos neste relatório os mecanismos utilizados na criação da página, assim como os resultados dessa ação voltada para a comunicação patrimonial.

Palavras-chave: Arte mural; Comunicação; Mapeamento cultural.

Introdução

O presente trabalho, intitulado “Comunicando a arte mural em Goiânia: mapeamento cultural”, teve como tema a difusão dessa arte em Goiânia, por meio da criação de uma página na web, que funcionou e, ainda, tem funcionado como uma espécie de museu virtual.

Buscamos optar por um tema que implicasse em um retorno social para a sociedade goianiense. A capital do Estado de Goiás centraliza a produção artística da região, que é de extrema importância para a história da cultura goiana. Desde sua criação, Goiânia conta com uma sociedade engajada em projetos de artes visuais, de ensino, produção artística e de comunicação através de exposições e publicações.

O projeto de ação cultural foi desenvolvido com o intuito de comunicar o acervo artístico da cidade, de arte mural, que representa décadas de memória cultural dos goianienses. A proposta torna acessível ao público informações sobre obras de arte mural na cidade e possíveis percursos temáticos com foco na arte local. A ação divulga pesquisas voltadas para o patrimônio da cidade e para os artistas goianos.

Foi feito um estudo sobre as pesquisas desenvolvidas dentro do tema selecionado. A arte mural que propusemos comunicar nessa ação cultural é “[...] não somente a pintura mural, mas também as outras técnicas e materiais usados na execução da arte sobre o muro ou parede de modo a abranger um número maior de obras e formas de expressão” (WILHELM, 2011, p.13-14).

Através desse projeto de ação cultural contribuímos para a reunião de parte da bibliografia que aborda a arte mural do Estado. A página web aqui produzida serve como fonte de pesquisa e esclarece possíveis dúvidas sobre nossa produção artística. O público tem acesso à produção artística local e é incentivado a visitar os espaços onde as obras de arte mural podem ser encontradas.

O conteúdo da página web pode ser acessado por meio do link <artemuralgoiania.wixsite.com/mapeamentocultural>. A seguir, apresentamos como surgiu a necessidade da criação do site para a comunicação da arte mural em Goiânia, bem como a metodologia utilizada.

1. Desenvolvimento e Metodologia

A região central de Goiânia consiste em uma referência elementar para a análise e compreensão de sua história. Ela é carregada de referências patrimoniais e de traços da história da construção da cidade. As ruas 20, 24 e avenidas como a Araguaia, Tocantins, Goiás e Anhanguera, estão repletas de elementos da arquitetura art déco, típica da época da construção de Goiânia, e parte do patrimônio cultural a ser valorizado na cidade.

Página 215

O estilo Art Déco presente no conjunto arquitetônico tombado, Caracteriza-se pela utilização de linhas retas, fachadas limpas e sóbrias, independente de grandes dimensões e volumes, provocam uma sensação racionalista e de monumentalidade. Nos edifícios, as fachadas livres dos excessos decorativos, apresentam superfícies planas, utilizam diversos materiais e são eliminados os desenhos simbólicos e aqueles que representam uma falsa estrutura (ARAÚJO, 2007, p.6).

Por meio da exposição de tais referências - a arquitetura e, principalmente, as expressões artísticas através da arte mural -, será possível discutir e problematizar os temas elencados na linguagem da página web.

O assolamento do patrimônio é problema comum não apenas nas grandes cidades. Pichações, vandalismos, mau uso, descaracterização e depredação causada pelo abandono do patrimônio cultural são fatores de degradação e desaparecimento de referências históricas e culturais de determinada população. Não é raro encontrarmos casas históricas abandonadas, edifícios descaracterizados pelo comércio e a publicidade, monumentos, museus e outras referências culturais.

A importância da preservação do patrimônio cultural está relacionada com as heranças culturais engendradas em torno da relação do homem com o patrimônio, num esforço constante de construção das identidades culturais. Preservar as referências patrimoniais de determinada sociedade significa também preservar sua história, a memória e a identidade pela qual se constrói o sentimento de pertencimento a determinado grupo social.

Os bens imóveis de uma cidade, como casas, edifícios públicos e monumentos, quando tombados pelos órgãos competentes por sua preservação (municipal, estadual e federal), estão protegidos de reformas indevidas, demolições e descaracterizações. A tais bens também são dedicados cuidados especiais que visam a sua conservação e, portanto, a minimização do processo natural de degradação, bem como o cuidado contra a ação de vandalismo e, ainda, a fiscalização constante.

Apesar de o tombamento ser uma ferramenta necessária para a garantia da preservação das referências patrimoniais e para a proteção contra os agentes de depredação, é igualmente necessário que a população se dê conta da importância de tais referências de modo a possibilitar que a proteção do patrimônio não dependa estritamente das políticas de tombamento, mas que envolva também a população interessada em preservar a sua cultura. Para isso, é fundamental divulgar o patrimônio artístico da cidade, na linguagem e nos meios de comunicação que atinjam essa sociedade.

Sendo assim, essa proposta procurou fornecer inicialmente um panorama sobre a arte mural no Estado de Goiás, com foco em Goiânia, divulgando pesquisas sobre o tema com a intenção de disponibilizar tais informações e, ao mesmo tempo, fornecer uma espécie de mapeamento da arte mural na cidade, por meio da página virtual criada. A capital, “[...] com tão pouco tempo de existência se comparada às outras capitais nacionais, apenas 70 anos, apresenta inúmeros murais que refletem a intenção de um grupo de artistas em expressar, no espaço público, a sua arte” (WILHELM, 2012, p.693).

Ao propor o projeto de ação cultural de comunicação de temas relacionados à arte mural em Goiás, partimos da hipótese de que a divulgação de tais temas e desse patrimônio seria de interesse do público que, depois de acessar o conteúdo exposto de forma simplificada, reconheceria aquele patrimônio e passaria a visitá-lo, respeitando e preservando o mesmo. Dessa forma, a divulgação por meio da internet, em página web voltada para o assunto específico, resultaria em soluções para os problemas de baixa visitação de espaços culturais, de vandalismo e desrespeito com o patrimônio público e artístico, colaborando então para a preservação desse patrimônio e para o sentimento de cidadania.

Página 216

Apesar de não termos como estimar com precisão a efetividade da visitação aos espaços mapeados na página web, podemos controlar a quantidade de vezes que a página é acessada pelo internauta, o que nos permite observar o interesse da população pelo tema. A quantidade de acessos à página virtual é um dos recursos que avalia a eficiência desse meio de comunicação e que reforça a necessidade de preencher a lacuna de informações de fácil compreensão e alcance disponíveis sobre o tema. Outra maneira de avaliar o sucesso da ação cultural se dá pelo contato direto com o visitante da página, que pode contribuir com novas sugestões para o site, enviando mensagens e respondendo a questionários.

A metodologia utilizada na ação cultural, de cunho educativo e patrimonial, foi a pesquisa-ação. Para tanto, foi preciso unir a teoria da pesquisa social aplicada e, também, outros teóricos que produzem na área de estudo das artes plásticas, tornando possível assim a criação da página web, que busca atender às necessidades de um público que carece de informações pontuais sobre a arte mural na cidade.

Parte da metodologia foi fotografar as obras, ou buscar imagens das mesmas, e anotar sua localização. No mapeamento, foram utilizadas imagens que contribuem na ilustração e identificação dos objetos artísticos citados. Todas as informações levantadas sobre as obras foram disponibilizadas na página web, utilizando o recurso da internet com a intenção de democratizar o acesso às informações.

O uso da Internet com critério pode tornar-se um instrumento significativo para o processo educativo em seu conjunto. Ela possibilita o uso de textos, sons, imagens e vídeo que subsidiam a produção do conhecimento. Além disso, a Internet propicia a criação de ambientes ricos, motivadores, interativos, colaborativos e cooperativos. (BEHRENS, 2008, p. 99).

Para Valério (2012, p.152), “[...] o acesso à informação é peça fundamental para a comunicação e a divulgação científica [...]”, a autora completa que esse fenômeno da comunicação permite que o público que antes não teria acesso a publicações de maneira formal agora tenha mais facilidade de encontrar conteúdo dessa natureza pela internet.

Com a criação de novos serviços, as redes eletrônicas, através da Internet, têm possibilitado o acesso à informação e à comunicação científica por profissionais das mais diversas áreas e leitores curiosos que têm acesso à grande rede, configurando novos grupos de usuários, ou novos públicos internautas (VALERIO, 2012, p. 151).

As práticas museológicas de preservação patrimonial envolvem, muitas vezes, deslocar objetos de seus contextos originais e transportá-los para dentro de uma instituição museal. Esse deslocamento físico ocasiona também uma mudança nos valores que aquele objeto agrega. Ele passa a ser um semióforo, passa a portar um sentido que vai além de sua função básica, primária. Nos museus virtuais, uma situação bastante próxima daquela proposta no projeto aqui desenvolvido, ainda há o deslocamento de objetos que, mesmo quando representados em seu local de origem, serão visualizados através de um meio eletrônico. Existirá uma barreira física entre o público e o objeto.

“O museu virtual é chamado também como museu on-line, museu eletrônico, hipermuseu, museu digital, cibermuseu ou Web museu, dependendo dos antecedentes dos praticantes e pesquisadores trabalhando neste campo.” (SCHEIBENZ, 2004, p.3 apud CARVALHO, 2013, s/p.). Mesmo apresentando características peculiares, os museus virtuais, assim como os museus tradicionais, se baseiam nas teorias museológicas e almejam

Página 217

[...] compreender o comportamento individual e/ou coletivo do homem frente ao seu patrimônio e por outro lado, desenvolver mecanismos para que a partir desta relação o patrimônio seja transformado em herança e esta, por sua vez, contribua para a necessária construção das identidades (individuais e/ou coletivas) (BRUNO, 1996, p. 16).

Com os avanços da tecnologia e a expansão da internet, multiplicaram-se os websites que se denominam museus, voltados a diversos temas, permitindo que o usuário da internet possa “visitar”, em um mesmo dia, museus localizados fisicamente em diferentes continentes (CARVALHO et al., 2012, s/p.).

[...] desde o movimento da Nova Museologia, almeja-se a criação de espaços convidativos e, principalmente, propiciadores da construção de um conhecimento crítico e pluralista, capaz de sustentar a existência da cidadania e da democracia [...] (FUNARI & CARVALHO, 2009, p. 4).

O museu virtual, ou página web que propõe a musealização de objetos artísticos, pode se enquadrar enquanto espaço convidativo que realiza sua função social. Por ser virtual, seu público pode realizar visitas sem mesmo ter que sair de casa. Podem participar de aplicativos que funcionam como atividades de ação educativa e, até mesmo, participar de estudos e avaliações sobre o tema exposto.

Carvalho aponta ainda que:

A ideia de tornar-se virtual, segundo Schweibenz (2004), pode não ser uma ideia agradável para alguns museus, especialmente para museus de arte que apreciam o ideal da “coisa real” e sua aura. Porém, este desenvolvimento é inevitável em função da crescente digitalização do patrimônio cultural e da demanda de tornar as coleções mais acessíveis. (CARVALHO, 2012, s/p.).

Apesar da contradição gerada quando as palavras “materialidade” e “virtualidade” são colocadas num mesmo plano, entendemos que os museus virtuais, ainda que não trabalhem diretamente com o objeto físico, lidam com a cultura material, com suas representações, e enfrentam os mesmos desafios que os museus tradicionais no que diz respeito à forma de comunicar esse patrimônio.

Lehdonvirta (2010) discorre sobre a cultura material e o consumo cultural em meio virtual. A cultura material é um fator essencial para a sociabilidade. O autor acredita que com as mudanças trazidas pela tecnologia e o uso do meio virtual, a cultura material e valores como posse, exclusividade e hierarquia serão cada vez mais substituídos por uma nova ética. O autor fala sobre a cultura material e a forma como presentes trocados entre as pessoas expressam amor e gratidão; bens materiais simbolizam status social; roupas e acessórios nos dizem se as pessoas, por exemplo, se vestem para o trabalho ou para o lazer. O autor completa com “uma pedra em um campo não tem nenhum significado, até que alguém a pegue e a utilize para construir uma casa, ou a adicione para sua coleção de pedras preciosas” (LEHDONVIRTA, 2010, tradução livre).

Para defender a existência de uma cultura material no meio virtual, Lehdonvirta (2010) fala sobre como nos preocupamos com nossos arquivos, damos sentidos e agregamos valores a bens virtuais, utilizamos a Internet para “compra” e “venda”, etc.

These beliefs and practices cannot be described as non-material culture, because they involve assigning cultural meanings to tangible features of digital architecture. It can therefore be said that virtual spaces have material culture. After all, virtual spaces are not incorporeal dream worlds, but real artefacts that are experienced through the senses. Parts of these artefacts enter material culture as people appropriate them for different uses, functional and symbolic (LEHDONVIRTA, 2010).

Página 218

Para Ulpiano Meneses, “o museu é por excelência o espaço da representação do mundo, dos seres das coisas, das relações.” (MENESES, 2002, s/p.). Compreendendo os museus enquanto espaços de representação, não devemos menosprezar os museus virtuais, que não nos oferecem objetos “reais”, portadores da “aura” que fala Benjamin (1994). Com os avanços da tecnologia, os museus virtuais se aproximam cada vez mais dos museus tradicionais, proporcionando ao usuário uma experiência semelhante àquela oferecida presencialmente.

[…] people consume virtual goods for much the same reasons they consume material goods: to establish social status and live up to the expectations of their peer groups, to build and express identity, and to seek solutions to problems, real or imagined. In other words, the results show that many online arenas are now permeated by that specific type of material culture, consumer culture. (LEHDONVIRTA, 2010).

A página web tem como público-alvo os moradores de Goiânia, principalmente aqueles que vivem na região central da cidade, estudantes e trabalhadores que passam pela região, turistas que visitam a cidade. Segundo Ana Rosa Mantecón, “o público compõe-se de uma variedade de conjuntos que têm, cada um, uma motivação, um objetivo próprio e um comportamento específico” (2009, p.176). O público não pode ser definido apenas por um indivíduo ou grupo específico, pois cada indivíduo tem anseios próprios e deve ser analisado de acordo com o contexto em que está envolvido e, também, sua condição social. Mantecón aponta que:

Os públicos não nascem como tais, formam-se e transformam-se permanentemente pela ação da família, amigos, escola, comunidade circundante, meios de comunicação, ofertas culturais, intermediários culturais, entre outros agentes que influem – com diferentes capacidades e recursos – nas maneiras como se aproximam ou se afastam das experiências de consumo cultural. (MANTECÓN, 2009, p. 177).

Em “O Museu na Cidade x A Cidade no Museu: para uma abordagem histórica dos Museus de Cidade”, Meneses (1985) propõe um projeto para um museu da cidade que não seja nem espaço mistificador do passado nem um diluidor das contradições sociais. Para se tornar um patrimônio cultural de todos os cidadãos, o museu deve conter tudo que foi significativo para a construção e a transformação da cidade. Nossa página web não propõe a criação de um museu de cidade, mas, de certa forma, trabalha com temas como aqueles de um museu virtual e, assim como Meneses explana em seu texto, busca abordar a arte mural em Goiânia que é significativa para a identidade e a transformação da cidade.

A proposta da página web almeja não apenas registrar as expressões artísticas que engrandecem a cidade, mas, também, disponibilizar a teoria que é produzida na área. Como embasamentos teóricos para o projeto desenvolvido foram utilizados autores que trabalham com o tema da comunicação por meio da internet, com foco em acervos artísticos, assim como autores que abordam diversos aspectos da arte da capital goianiense. Dentre esses autores podemos citar Vili Lehdonvirta, Rosali Henriques, Palmira Valerio, Rosane Carvalho, Vera Dodebei, Edna Goya e Vera Wilhelm.

Assim, pretendemos com este trabalho contribuir para a reunião de parte da bibliografia que aborda o tema proposto, servindo também como um registro das atividades desenvolvidas para a salvaguarda do patrimônio que está sendo comunicado por meio da página na internet.

Página 219

1.1 Objetivo Geral

Para o mapeamento cultural, maior foco do conteúdo disponível na página web, este trabalho realizou um estudo da arte mural em Goiânia, abordando as características das obras identificadas, localização e artista. O estudo reuniu informações sobre a arte mural na cidade de Goiânia e disponibilizou-as em uma página web que serve como meio de pesquisa e comunicação do acervo artístico da cidade, possibilitando que pontos onde há arte mural sejam facilmente encontrados.

Criamos um espaço de discussão, aberto à população e com “entrada gratuita”, a fim de despertar no cidadão o sentimento de pertencimento e de responsabilidade social para com o seu patrimônio artístico.

1.1.1. Objetivos Específicos

Dentre os objetivos específicos estavam a delimitação do conteúdo a ser disponibilizado na página web, as obras e a produção acadêmica. Foram sistematizadas as informações coletadas durante o projeto sobre aspectos específicos do acervo artístico da capital para que o conteúdo levantado e sua importância para a memória da cidade fosse apresentado. Trabalhos de pesquisadores de grande importância para a arte goianiense e a arte mural de modo geral foram disponibilizados na página. Dentre eles podemos citar Amaury Menezes, Edna Goya e Vera Wilhelm.

Em linhas gerais, podemos dizer que o objetivo principal foi especificar a localização das obras levantadas através de um mapeamento, assim como criar meios para que o usuário pudesse contribuir com conteúdo significativo para a página web, tornando-o sujeito participante na ação, sugerindo novos temas, links de conteúdos similares e, especialmente, identificando novas localizações de obras de arte mural na cidade.

Todo o conteúdo levantado permitiria estudar a relação cidade e arte e as possibilidades da criação de um circuito turístico, a ser realizado pelo internauta de forma independente ou ainda por grupos, que poderiam utilizar a página como meio de divulgação desses encontros e rotas a serem exploradas.

1.2 Procedimentos

Para a criação da página web, como já foi informado, foi preciso fazer um levantamento de todo o conteúdo que seria comunicado no site. Posteriormente, a página passou a ser montada através de software gratuito que permite que o conteúdo fique disponível em domínio na internet sem custo qualquer. O site que hospeda a página criada é o Wix.com. Essa plataforma dá a opção de hospedagem gratuita, que apresenta na versão final a propaganda da empresa, e a versão paga, que não apresenta anúncios da empresa. Para esse projeto optamos pela versão gratuita.

A principal proposta de comunicação girou em torno do mapeamento das obras de arte mural em Goiânia. O foco fundamental foi justamente a localização dessas obras na cidade. Para isso, foi necessário utilizar uma ferramenta, disponível na plataforma, que permite que o criador da página customize um mapa com diversos pontos de interesse. A ferramenta que mais satisfez a necessidade do projeto foi a Located - Store Mapper. Ela permite que diversos pontos de localização sejam inseridos em um único mapa, totalmente customizável, com links e imagens dos pontos desejados.

Todas as obras identificadas foram lançadas no mapeamento. As informações são adicionadas contendo título, artista, breve descrição, técnica (quando possível) e latitude e longitude para identificação exata no mapa. A ferramenta é interligada ao mapa da Google e possibilita que o visitante clique no local desejado e calcule a melhor rota para chegar ao ponto onde há arte mural.

Página 220

Grande parte das informações que alimentam o site foi fruto de pesquisas de outros estudiosos ou acadêmicos. O próprio levantamento das obras de arte mural em Goiânia, que foi utilizado neste trabalho, vem sendo realizado pela Professora Dra. Vera Wilhelm, que desenvolve pesquisas sobre arte mural. Ele teve contribuição da museóloga Werydianna Marques, que identificou e fotografou murais publicados na página web. A página divulga ainda o vídeo que aborda o tema arte mural, produzido pela museóloga citada, que teve edição nossa e cinegrafia de Gilson Borges, todos alunos desta Especialização Interdisciplinar em Patrimônio, Direitos Culturais e Cidadania.

A reunião e a divulgação das informações de forma acessível foram o grande desafio e a proposta do projeto, buscando vencer a barreira do trabalho acadêmico, denso, para o meio virtual de fácil acesso e leitura. Foi dedicado aproximadamente um mês para a construção da página, que está em constante desenvolvimento. O acesso ao site está disponível desde o início do mês de setembro.

1.3 Resultados

O resultado do projeto de ação cultural desenvolvido consiste na comunicação do patrimônio goianiense de arte mural, além da reunião de bibliografia e demais informações que estão relacionadas a essa arte. A comunicação desse conteúdo se deu pelo desenvolvimento de uma página web que priorizou o mapeamento desse patrimônio na tentativa de sensibilizar a sociedade sobre a existência dessa arte, suas características, e o desafio de preservar esse tipo de produção artística.

A página conta com um campo onde é possível entrar em contato com o administrador do site para enviar sugestões e, também, para avaliar o conteúdo disponível. É possível vincular enquetes e questionários sobre o tema e, ainda, organizar eventos, rotas turísticas pela arte mural na cidade, e promover tópicos de discussão sobre determinada obra e/ou artista.

Uma das dificuldades encontradas na execução deste trabalho foi localizar as obras das quais, a princípio, não tínhamos uma localização exata. A partir de informações de possíveis locais onde encontraríamos determinado mural, partimos para uma espécie de pesquisa de campo, perguntando aos moradores da região se tinham conhecimento do trabalho em arte mural. Outra dificuldade foi realizar o registro de obras que estão em propriedades privadas.

Felizmente, sempre fomos bem recebidos nos locais que abrigam os murais. Ao conversar com alguns desses proprietários, identificamos que eles fazem tudo aquilo que está ao seu alcance na tentativa de preservar os murais, reconhecendo a sua importância para a história da cidade.

2. Conclusões

O conhecimento produzido por essa ação servirá como fonte de referência para outros projetos que venham a ser realizados na busca de objetivos semelhantes. O sucesso da ação que procurou divulgar assuntos da área cultural artística indicou que o meio escolhido, página web, atende àquilo que determinado público precisa para poder melhor usufruir do seu patrimônio.

O projeto teve como justificativa apontar a necessidade de um meio de fácil acesso e linguagem, que indicasse ao cidadão goianiense onde o seu patrimônio artístico está localizado na cidade. Um meio de divulgação que trouxesse informações claras sobre a arte mural local e seus produtores.

Página 221

Além de contribuir para a comunicação do patrimônio artístico da região, essa ação cultural contribuiu para a produção de material de pesquisa sobre artistas goianos, uma vez que, em outro desdobramento, incluiu a produção de um vídeo, também divulgado no site, de entrevistas com artistas e importantes figuras culturais de Goiânia sobre a arte mural. Para preservar qualquer patrimônio é preciso salvaguardá-lo, mas também comunicá-lo. Pensando nisso, a ação focou justamente em disponibilizar na página web diversas informações dentro do tema artes visuais, que poderão chegar aos usuários que tenham acesso à internet.

Com a nossa proposta de ação cultural para divulgação do patrimônio artístico local, pudemos concluir que a criação de uma página web contendo informações sobre arte mural, artistas e mapeamento dessa produção artística pode atender uma demanda cultural da população. Pelo grande alcance e fácil acesso, a internet pode ser considerada o melhor canal para fazer esse tipo de divulgação. A disponibilização dessa informação em uma página web estimulou a população a tomar conhecimento sobre o assunto e, possivelmente, a visitar esses espaços de cultura.

Referências

ARAÚJO, Márcia ; ALMEIDA, M. G. O patrimônio e a paisagem do núcleo pioneiro de Goiânia: uma interface com a cultura e identidade. In: II COLÓQUIO NACIONAL DO NEER, 2007, Salvador. Anais Eletrônicos... Salvador: NEER, 2007. Disponível em: http://www.neer.com.br/anais/NEER-2/Trabalhos_NEER /Ordemalfabetica/Microsoft%20Word%20-%20MarciadeAraujo.ED1II.pdf. Acesso em: out. 2018.

BEHRENS, Marilda Aparecida. Projetos de aprendizagem colaborativa num paradigma emergente. MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos Tarciso. In: Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 6. ed. Campinas, São Paulo: Papirus, 2000.

BRUNO, Cristina. Museologia: algumas idias para sua organização disciplinar. In: BRUNO, Cristina. Museologia e comunicação. Lisboa: ULHT, 1996. (Cadernos de Sociomuseologia, n. 9). p. 09-38. Cadernos de Socio-museologia, nº 9. 1996.

CARVALHO, Rosane Maria Rocha de. Comunicação e Informação de Museus na Internet e o Visitante Virtual. In: XIII ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO - XIII ENANCIB, 2012. GT 9: Museu, Patrimônio e Informação. Anais Eletrônicos... Rio de Janeiro: UFRJ, 2012. Disponível em: http://www.eventosecongressos.com.br/metodo/enancib2012 /arearestrita/pdfs/19326.pdf. Acesso em: 29 jan. 2018.

FUNARI, Pedro Paulo; CARVALHO, Aline Vieira. Cultura Material e Patrimônio Científico: discussões atuais. In: GRANATO, Marcus; RANGEL, Márcio F. (Orgs.). Cultura material e patrimônio da ciência e tecnologia. Rio de Janeiro: Museu de Astronomia e Ciências Afins - MAST, 2009. (Livro eletrônico). Disponível em: http://www.mast.br/livros/cultura_material_e_patrimonio_da_ciencia_e_tecnologia.pdf. Acesso em: 20 jul. 2013.

LEHDONVIRTA, Vili. Online spaces have material culture: goodbye to digital post-materialism and hello to virtual consumption. Media Culture and Society, 2010. Disponível em: http://www.hiit.fi/u/vlehdonv/documents/ Lehdonvirta-2010-material-culture-of-online-spaces.pdf. Acesso em: 29 jan. 2018.

MANTECÓN, Ana Rosa. O que é o público? Revista Poiésis, UFF, Rio de Janeiro n.14, p.175-215, dez. de 2009.

MENESES, Ulpiano Bezerra. O Museu na Cidade x A Cidade no Museu: para uma abordagem histórica dos Museus de Cidade. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 5, n. 8/9, pp. 197-205, set. 1984/abr. 1985.

Página Mosaicos do Brasil. Painel de Clóvis Graciano em Goiânia: uma novela sem fim. Disponível em: http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id152.html. Acesso em: 29 jan. 2018.

VALERIO, Palmira Moriconi. Comunicação científica e divulgação: o público na perspectiva da internet. In: PINHEIRO & OLIVEIRA (orgs), Múltiplas facetas da comunicação e divulgação científicas: transformações em cinco séculos. |IBICT, Brasília; 2012 Disponível em: http://livroaberto.ibict.br/bitstream/1/711/1/M%C3%BAltiplas%20facetas%20da%20comunica%C3%A7%C3%A3o%20e%20divulga%C3%A7%C3%A3o%20cient%C3%ADficas.pdf. Acesso em: fev. 2018.

WILHELM, Vera Regina Barbuy. A arte mural e a prática da preservação. 2011. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo)–Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-23112011-162002/publico/Tese_Vera_Wilhelm_Revisada.pdf. Acesso em: out. 2018.

______. Arte Mural em Goiânia. In: Encontro de História da Arte, p. 693-707, 2012, Rio de Janeiro. Disponível em: https://www.ifch.unicamp.br/eha/atas/2012/Vera%20Regina.pdf. Acesso em: out. 2018.

Nota de rodape. Aperte ESC para sair ou clique no botão Fechar.