Patrimônio, Direitos Culturais e Cidadania Propostas, Práticas e Ações Dialógicas

Encontro de Folia de Reis - Goiânia

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Resumo

Este relatório técnico-científico apresenta os resultados de uma intervenção que teve como local o “Encontro de Folia de Reis – Goiânia”, uma ação cultural que acontece desde 2002, organizada pela Secretaria Municipal de Cultura, Prefeitura de Goiânia, juntamente com a Comissão Goiana de Folclore. Da ideia inicial de conhecer mais sobre Folia de Reis segue a inquietação de entender um universo regado a religiosidade e fé que teve início no século XIII em países do continente europeu. Porém, no Brasil, começou no século XVI, durante a colonização dos povos que formam esta nação. Foram utilizadas fontes textuais produzidas por departamentos e pesquisadores na área de folclore e patrimônio cultural, além de documentos que apresentam a importância de preservação do patrimônio cultural brasileiro, fundamentais para o estudo e desenvolvimento que a investigação pretendia chegar. Após a pesquisa inicial, foi realizada uma intervenção que consistiu em uma exposição de 20 fotografias que trazem imagens de grupos de Folia de Reis, da celebração da missa na Igreja Matriz, bem como a representação de alguns objetos que fazem parte da Folia de Reis utilizados nos Encontros. Os resultados da pesquisa e intervenção indicam que os valores culturais e a importância da preservação de manifestações populares e do patrimônio cultural na sua globalidade dependem de políticas públicas efetivas e de envolvimento de toda a sociedade, o que possibilitará, com isso, que conflitos sejam amenizados para a valorização do patrimônio que nos identifica, com características singulares e coletivas, como povo brasileiro.

Palavras-chave: Folia de Reis, folclore, manifestação cultural, diversidade cultural, direitos culturais e cidadania.

Introdução

O estado de Goiás teve duas capitais, a primeira a Cidade de Goiás, que foi a sede do governo até o ano de 1933, data que marca a transferência de fundação da nova capital para a atual capital de Goiás, a cidade de Goiânia. Cidade que foi inspirada e planejada em um período em que não somente se esperava a mudança de localidade da nova capital de um dos estados do Planalto Central mas, também, se almejava o desenvolvimento social e econômico.

Goiânia, assim como outras cidades do Brasil, tem buscado promover em edificações ou lugares públicos o hábito de manter vivas as tradições, as festas, os rituais, as músicas, dentre outras manifestações culturais populares vivenciadas no cotidiano das pessoas, como a prática da Folia de Reis. Desde 2002 a capital realiza anualmente, no mês de janeiro, o “Encontro de Folia de Reis”. A festa é realizada pela Secretaria Municipal de Cultura que, juntamente com a Comissão Goiana de Folclore, já realizou dezessete encontros.

Na folia as manifestações culturais ganham forma, cor, som, danças, músicas, modelos de vestimentas e roupas feitas pela própria comunidade ou por um grupo de pessoas; e, assim, por não ter um criador ou criadora, ou autor ou autora definidos, é considerada como popular. Essas manifestações tradicionais e populares têm uma particularidade, de aproximar e fazer com que a expressividade da alma e da emoção de cada pessoa - seja ela folião ou foliã, ou o público, movidos pela fé e pela religiosidade aos “Santos Reis” - externe sentimentos através de orações e cantorias, que são traduzidos em versos, adicionados com veneração à bandeira que traz a imagem dos Três Reis Magos e a Sagrada Família.

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O público espera com ansiedade a festa, que ocorre durante todo um dia, geralmente no domingo. Nos últimos oito anos a Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de Goiânia consagrou a data para o “Encontro de Folia de Reis – Goiânia” a ser celebrado no último domingo do mês de janeiro.

Após a pesquisa inicial sobre o evento foi realizada uma intervenção, que consistiu em uma exposição de 20 fotografias que trazem imagens de grupos de Folia de Reis, da celebração da missa na Igreja Matriz e de alguns objetos que fazem parte da Folia de Reis. Estas, juntamente com as constatações obtidas nas bibliografias, revelam sobre essa festa religiosa, cheia de fé e devoção aos “Santos Reis”, perceptível ao som dos instrumentos e vozes que entoam poesias em versos e revelam mais um “Encontro de Folia de Reis - Goiânia”.

Como metodologia para o desenvolvimento do trabalho foi realizada pesquisa bibliográfica e diálogos com a servidora Divina Delfina de Brito, uma de minhas convidadas para a ação interventiva, haja vista ter demonstrado interesse em participar. Ela trabalha na Diretoria de Políticas e Eventos Culturais, além de ser uma Capitã de Folia de Reis, tendo sido suas informações e comunicações de muita importância e contribuição no projeto e durante a execução da intervenção.

Também contribuíram de maneira primordial duas servidoras que são Fotógrafas e Designers Gráficas que me cederam, cada uma delas, dez fotografias, totalizando as vinte fotografias para a exposição. Elas também sugeriram muitas ideias, mas a única que autorizou que fosse citado seu nome é a Denise Jácomo.

Na Gerência de Patrimônio Artístico e Cultural convidei os seguintes servidores: Valdirene de Paula Moraes (Val), responsável pelo Acervo Fotográfico do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura de Goiânia, que contribuiu muito e ajudou na montagem da exposição, juntamente com o senhor Antônio Teodoro.

Durante o desenvolvimento muitas ideias foram apresentadas pelos funcionários convidados, principalmente pela Capitã Divina Brito, que sempre falava cheia de emoção a respeito da Folia de Reis. A exposição aconteceu nos dias 20, 21 e 22 de junho de 2018 no espaço que recebe o nome de “Galeria Siron Franco”, na sede da Secretaria Municipal de Cultura, Prefeitura de Goiânia. A abertura foi às 9 horas do dia 21 de junho. O público convidado foram os servidores do órgão.

As etapas que descrevem como a intervenção aconteceu mostram fatos importantes e inusitados do que muitas vezes lemos e ouvimos, os quais somente reafirmam que as heranças que temos de nossa cultura dependem e resultam no conhecimento, da necessidade, do interesse e da importância de possibilitar a continuidade de ações que preservem as manifestações culturais. E que estas ações sejam tomadas conjuntamente, entre o poder público, as instituições não governamentais, os cidadãos em geral e os produtores ou detentores do bem cultural; sendo esses últimos especiais, pois são eles e elas - as comunidades, os grupos, os objetos, os artefatos, os lugares, os monumentos, as edificações, dentre tantos outros - as “joias raras” que se tem nas esferas local, regional e nacional do Brasil que constroem a história da identidade cultural do país.

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Capítulo I - A celebração religiosa e o ato de ser folclore

Desde o início do curso foi comunicado que a atividade final a ser apresentada tratava-se de um relatório técnico-científico. Este resultaria em descrever a trajetória percorrida para o desenvolvimento de uma intervenção cultural, projetada para ocorrer em um determinado lugar (escolhido pelo pós-graduando ou pós-graduanda) e ser planejado a um público específico, que ganharia com a execução do trabalho.

Os módulos do curso foram acontecendo conforme o calendário e, sempre, a cada atividade que tínhamos, era pedido para falar da proposta de trabalho. Assim, o objetivo se direcionava, se confirmava e se tornava sólido para o trabalho com o tema “Encontro de Folia de Reis - Goiânia”. O que levava a alavancar a pesquisa e a intervenção, principalmente a medida que eram feitas as leituras sugeridas.

Cada módulo iniciado e concluído nos apresentava um maior conhecimento de que tudo o que as pessoas fazem é cultura; ou melhor, tudo o que fazemos é cultura. Laraia (2001) explicita da seguinte forma:

No final do século XVII e no princípio do seguinte, o termo germânico Kultur era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa Civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um povo. Ambos os termos foram sintetizados por Edward Tylor (1832-1917) no vocábulo inglês Culture, que “tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. Com esta definição Tylor abrangia em uma só palavra todas as possibilidades de realização humana, além de marcar fortemente o caráter de aprendizado da cultura em oposição à ideia de aquisição inata, transmitida por mecanismos biológicos. (Laraia, 2001, p.25)

A cultura, então, está presente nas realizações humanas que demonstram como vivem determinadas comunidades ou como estas celebram seus rituais ou manifestações religiosas. Assim como a Folia de Reis, objeto deste trabalho, que traz aspectos espirituais e é regada a orações e emoções que parecem transcender àqueles que entoam os versos muitas vezes feitos no improviso e que demonstram não ocorrer uma herança genética, conforme cita Laraia (2001, p. 28), “Em 1871, Tylor definiu cultura como sendo todo o comportamento aprendido, tudo aquilo que independe de uma transmissão genética, como diríamos hoje”.

A ação ou os modos de criar, de fazer ou de reproduzir o que as pessoas transmitem, muitas vezes de pais para filhos, ou o que se aprende nos modelos de educação, seja a Educação Formal, Educação Não-formal ou a Educação Informal, não pode ou deve ser alvo de juízo de valor, com classificação em cultura superior ou inferior ou, ainda, fazendo equiparações em virtude do desenvolvimento intelectual ou do poder aquisitivo. O valor cultural não é definido por questões econômico-sociais, ou por questões estéticas. Isso se torna irrelevante nas discussões culturais, uma vez que os seres humanos, independente do continente que vivem, sentem as mesmas necessidades biológicas, mas possuem emoções e sentimentos e demonstram atitudes e comportamentos distintos que os distinguem, os diferenciam como seres pensantes.

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Os modos de viver em sociedade possuem características próprias em cada povo e delas derivam manifestações diversas, tal como a Folia de Reis, sobre a qual passaremos a discorrer.

1.1 Folia de Reis e Folclore

A celebração da “Folia de Reis” ou “Folia dos Santos Reis”, como é também chamada, encontra-se relacionada entre as celebrações ou festas ditas como “folclore” - expressão de origem “[...] anglo-saxônica, Folk-Lore, o saber tradicional do povo...” (ALMEIDA, 1976, p. 19) - ou também denominadas como “cultura popular”, de acordo com suas características. Essas ações populares não tem origem definida ou não se sabe quem é o autor; o conhecimento, a forma de se fazer e os elementos que compõem a festa são mantidos com o passar dos anos como uma tradição, com seus costumes, crenças e superstições. Segundo Renato Almeida (1976, p.4) o folclore é “[...] uma ciência de interpretação e não apenas descritiva”.

Manifestações populares como a Folia de Reis adentraram territórios distintos, em diferentes continentes, e ganharam a adesão coletiva das pessoas pelo seu aspecto espiritual, tendo a Igreja Católica como apoiadora de um modelo de “evangelização”, como destacam alguns autores, pois de lar em lar os foliões peregrinam indo às casas para “comemorar no dia 06 de janeiro a rememoração da chegada dos três Reis Santos Baltazar, Belchior e Gaspar no lugar onde estava o Menino Jesus”.

O termo “foliar” é traduzido ou denominado como alegria, um sentimento que pode ser percebido durante a celebração da Folia de Reis. Geralmente a festa é regada por emoções diversas, haja vista que cada cantoria traz uma mensagem que é entoada e pode ser o momento e a forma escolhida para, assim como fizeram os “Reis Magos”, agradecer por uma graça recebida.

A tradição da Folia de Reis é mantida até os dias atuais, irradia a religiosidade e faz parte das festas que não se sabe quem é o autor. Essa manifestação popular é uma prática cotidiana, seus grupos contam com a participação de pessoas idosas e de crianças. Um importante incentivo para que os jovens deem continuidade aos costumes e tradições passadas de pais para filhos, de uma geração para outra, e busquem manter uma tradição popular iniciada no Brasil na área rural. Fator ressaltado no “Calendário de Festas Tradicionais”, publicado no livro “O Folclore Brasileiro” que traz a data de realização da festa no mês de janeiro e destaca que “Na zona rural e na periferia das cidades, realizam-se as Folias de Santos Reis e os festejos a São Sebastião” (Lacerda, p.63).

No caso específico de Goiânia, durante os dezessete anos de evento ou festa do “Encontro de Folia de Reis - Goiânia” vários registros fotográficos foram feitos e compõem o acervo da Secretaria Municipal de Cultura. Com o objetivo de identificar os grupos que participam do encontro surgiu a ideia deste projeto, visando a realização de uma exposição com algumas fotografias e alguns objetos que foram utilizados na decoração de encontros já realizados; em cada um dos anos foi escolhido um dos objetos que tem simbologia nessa manifestação.

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Ao raiar a aurora o primeiro som não é o dos instrumentos dos grupos de foliões de “Santos Reis”, mas sim da “Alvorada Festiva”. Pelos muitos fogos de artifícios ela anuncia que assim como o dia clareia começa mais um encontro, que prossegue com a missa na Igreja Santo Afonso, popularmente conhecida como Igreja Matriz de Campinas.

Após a celebração da “Missa dos Foliões”, mantendo-se a tradição, o café da manhã é servido aos grupos de foliões e à comunidade presente. Em seguida, começam os desfiles de apresentações de cada grupo confirmado, que entoam versos ritmados nas vozes de homens e mulheres acompanhados ao som de violões, violas, sanfonas e pandeiros em devoção aos “Santos Reis”. Participam da festa grupos de Goiânia e de municípios goianos, na sua maioria de locais muito próximos da capital.

Outro momento que mantém a tradição de uma Folia de Reis é o almoço servido às pessoas; cardápio variado e farto. Os servidores que trabalham no evento falam que o total de alimentos preparados no primeiro encontro foi para quinhentas pessoas e que nos últimos dez encontros tem sido para aproximadamente seis mil pessoas a cada edição.

Todo o envolvimento de fé, religiosidade e devoção é percebido em pessoas simples, que com sorrisos, alegria e emoção transmitem no convívio uns com os outros o que os une na devoção que tem aos “Santos Reis”. Essas e outras observações nos levaram à busca por saber que grupos participam do Encontro de Folia de Reis de Goiânia (Imagem 01), além da identificação dos instrumentos e cantorias que os diferenciam de outras manifestações culturais, bem como o interesse por saber sobre cada objeto e instrumento utilizados.

A cultura é tudo que está ao alcance de nossos olhos, o que nossas mãos fazem, as ideias que surgem e são projetadas pela escrita ou pelos traçados em forma de desenhos nas suas mais diferentes trigonometrias, os movimentos que damos ao corpo, os versos transformados em músicas e muito mais que a capacidade de raciocínio tem poder para criar. Assim, os sentidos nos fazem perceber variados ritmos, letras, sons resultantes de músicas e danças, que a cada intenção em palavras e gestos manuais celebram devoções a crenças que são muitas vezes escolhidos ou não, pois podem pela rotina e costumes acontecer no mesmo lugar e assim tornar aquele ambiente sagrado e especial a um determinado grupo social. Ou, ainda, por não ter um autor definido, as manifestações da cultura popular são fruto de muitos anos de conhecimentos e práticas passadas de pais para filhos,

A celebração religiosa “Folia de Santos Reis” é caracterizada pelas cantorias e rezas que um grupo de pessoas, denominadas foliões e foliãs, agregando também os não foliões, tem o objetivo de oferecer louvor e adoração a Jesus, segundo Vigilato (2000, p.79 e 80):

(...) Para realizar tal objetivo, procura manifestar solidariedade para com os moradores visitados, pregando a paz, o amor, a fraternidade, a alegria. Por isso, durante a viagem, vai passando de casa em casa, anunciando o Nascimento de Jesus e pedindo, em cantoria, para que sejam solidários com Jesus-Menino, inclusive, para que ofereçam, através da Folia, seus presentes (ofertas, por alguns chamadas esmolas).

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A maneira pela qual os grupos de Folia de Reis fazem a sua “jornada” é expressa por Brandão (1977):

A jornada deve ser “cumprida” de tal forma que comece pelo Leste (Oriente) e termine a Oeste (Belém), todo o percurso da jornada está dividido entre o “giro” e o “pouso”. A Folia gira entre um pouso e outro. Com a bandeira de Santos Reis, à sua frente ela caminha pelas estradas “das fazendas” passando entre casas de moradores a quem o grupo pede esmolas. (Brandão, 1977, p.8)

O costume de as visitas acontecerem nas casas demonstra uma característica rural, haja vista que do século XVI até o século XIX o Brasil viveu o período colonial, de forte mineração e produção agrícola principalmente com a cana-de açúcar e o café, além de outros grãos.

Há diferentes versões sobre o “Giro de Folia de Reis”, mas que traduzem e assumem o mesmo objetivo: o de ir de casa em casa fazendo uma espécie de “evangelização”, momento de rememorar o anúncio do “Nascimento do Menino Jesus” e, ao mesmo tempo, parece reproduzir a peregrinação e visitação que os “Três Reis Magos”, Baltazar, Belchior e Gaspar, guiados por uma estrela, fizeram até o local onde encontraram o menino Jesus, sua mãe Maria e seu pai José. Esse costume religioso já passa por vários séculos e adentrou fronteiras com o crescimento e disseminação do Cristianismo em vários países.

Segundo Brandão (1977), na Folia de Reis o

“Giro” é o nome dado à jornada cumprida pela companhia. De modo mais específico é o nome do trajeto feito entre os pousos, quando a Folia cumpre a obrigação de passar de casa em cada, pedindo esmolas “em nome de Santos Reis. O ritual nas casas do giro é muito mais simples do que nas casas de pouso. Ele se divide nas partes seguintes: a) cantoria na porta da casa com avisos de visita e pedidos de esmola; b) diálogo jocuso do palhaço com o dono da casa; c) doação de esmola e agradecimentos com pedidos de benção.” (Brandão, 1977, p.22).

Essas celebrações no Brasil ocorreram principalmente nas cidades do interior, em fazendas, devido ao período de mineração e de produções agrícolas. Mas, com o surgimento das cidades a festa “Folia de Reis” ou “Folia de Santos Reis” migrou com aqueles que se deslocaram, não somente a tornando existente em alguns lugares como também contribuindo para continuar a descrever e escrever a história do povo brasileiro. Estas pessoas são responsáveis pelo crescimento, construção e desenvolvimento, mas são também os atores que tornam possível as manifestações culturais herdadas passarem anos e anos, séculos e séculos, e se perpetuarem, mesmo que fosse necessário adaptá-las a novas realidades.

Dessa forma, com o povoamento durante o período do ciclo de mineração em alguns lugares brasileiros e, especialmente no estado de Goiás, os hábitos e costumes da cultura tradicionalmente popular foram recebidos pela crença cristã das pessoas que migraram à procura de trabalho, inicialmente com a retirada de ouro, como Br

andão (1977, p.3) descreve em relação a Mossâmedes. Página 134

Mossâmedes é uma das cidades mais antigas do estado de Goiás. Ela está a menos de 50 quilômetros da Cidade de Goiás, a antiga capital da província. Localizada do outro lado da Serra Dourada, Mossâmedes não ofereceu aos seus primeiros desbravadores o mesmo ouro encontrado com alguma abundância nos rios da Cidade de Goiás. Por isso mesmo, enquanto a capital foi povoada rapidamente por contingentes de brancos mineiros (donos de escravos) e negros mineradores (escravos ocupados nas lavras do ouro), a antiga Aldeia de São José foi inicialmente povoada por índios reunidos em aldeamentos pelo governo da província.

No ano de 1774 o governador comprou as terras onde, no ano seguinte, foram reunidos em um “aldeamento modelo” grupos de índios Acroás, Carijós e Naudoz. Segundo alguns informantes, em 1778 os índios construíram a igreja de São José, a única existente até hoje na cidade.

Cada pessoa que pertence a uma determinada comunidade, ou mesmo a uma nação, como é o Brasil, agrega na sua formação cultural valores, crenças, atitudes de diferentes povos, resultando em uma variada herança cultural. Um exemplo é a celebração da “Folia de Santos Reis”, que acontece em vários locais, inclusive em Goiânia. A festa relembra a história do nascimento do Menino Jesus. Na cidade de Goiânia que é o nosso foco de estudo, a cada ano, a cada nova edição, um dos muitos objetos e símbolos que compõem a história da festa torna-se o tema do encontro. Participante desde o primeiro “Encontro de Folia de Reis – Goiânia”, em 2002, a Capitã da Associação Caminhos da Fé, Divina Brito, disse que o evento “foi idealizado pelo Secretário de Cultura e Diretor de Ação Cultural da época”.

Ao verificar materiais gráficos do arquivo da Secretaria Municipal de Cultura, na Diretoria de Políticas e Eventos Culturais observei que a grafia dada ao nome da festa tem uma variação, pois em alguns anos foi denominado de “Encontro de Folia de Reis de Goiânia” e em outros “Encontro de Folia de Reis em Goiânia” (Imagens 02, 03 e 04). Trata-se apenas de um parêntese para observação, pois, embora a preposição utilizada possa fornecer interpretações diferenciadas, não é esse o nosso objetivo no trabalho.

Goiânia, nesse ano de 2018, mais uma vez contou com a realização da festa Encontro de Folia de Reis, que completa dezessete anos. Evento realizado na Praça Santo Afonso, conhecida como “Praça Matriz de Campinas”, um lugar que conta com edificações construídas nos arredores da praça que são patrimônios culturais da cidade. A festa conta com foliões de Santos Reis que viajam de diferentes cidades do interior do estado de Goiás, como também com os grupos de Goiânia, que durante todo o dia entoam muitas cantorias. Como relatou sorridente a Capitã da Associação Cultural Folia de Reis Caminhos da Fé, Divina Brito, “É com muita alegria e fé no coração que tenho devoção a Santos Reis”.

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Capítulo II - Breve história da festa de “Santos Reis”

2.1 Comemoração da Folia de Reis

A tradição do cortejo da Folia de Reis tem início às vésperas da data comemorativa do Natal, no dia 24 de dezembro, e se encerra no sexto dia do mês de janeiro, conhecido como “Dia de Santos Reis” ou “Dia de Reis”.

A data de início da Folia de Reis, na Europa, consta desde o “século XIII” (Vigilato, 2000, p.80). A festa chega ao Brasil com o processo de colonização pelos portugueses e espanhóis, no século XVI, introduzida pelos jesuítas para a catequização dos povos indígenas ou nativos, como assim eram chamados os povos que já habitavam o território brasileiro.

Em diferentes estados da federação a Folia de Reis é uma festa popular comemorada no dia 06 de janeiro, com muitas cantorias acompanhadas por instrumentos musicais, como as violas, violões, caixas, pandeiros e sanfonas que trazem nos seus versos a histórica travessia que os três reis, Baltazar, Belchior e Gaspar, fizeram até chegar ao local onde encontraram o “Menino Jesus” e seus pais “Maria e José”, assim conhecidos pelos ensinamentos cristãos.

Sobre a data e como chega a Folia de Reis no Brasil, Vigilato (2000) conta o que segue:

A Folia de Reis chegou ao Brasil foi no século XVI. O Brasil foi descoberto pelos Portugueses, exatamente o povo inventor da Folia de Reis, e por eles fomos colonizados. Naquela época, a Folia foi introduzida no Brasil como forma de litúrgia, isto é, como cerimônias ligadas à igreja. Uma forma de catequese jesuíta, pelos padres jesuítas, da Campanha de Jesus, fundada por Santo Inácio de Loiola, em 1534, e aprovada pelo Papa João III, em 1540. (Vigilato, 2000, p. 81)

A administração pública, seja na esfera federal, estadual ou municipal, bem como no Distrito Federal, busca, mesmo diante de limitações e conflitos, cumprir leis criadas com o propósito de preservar e proteger o patrimônio cultural brasileiro. Haja vista que são direitos e garantias estabelecidos na Constituição Federal do Brasil de 1988, no Capítulo III, Seção II, nos Artigos 215 e 216 (Coletânea de Leis/IPHAN. 2006, p. 20 e 21):

Art.215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

§1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

§2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

§1º O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.

§2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.

§3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.

§4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.

§5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.

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Os Artigos 215 e 216 da Constituição Federal do Brasil asseguram que é responsabilidade do Poder Público garantir condições de existência juntamente com a comunidade para o exercício dos direitos culturais e a sua efetividade por meio de políticas públicas para a cultura, com trabalhos que contemplem a participação interdisciplinar. De maneira pontual, esses artigos definem o patrimônio cultural brasileiro dando como garantia a importância à preservação dos bens culturais existentes, sempre considerando a contextualidade da diversidade cultural no país.

Por outro lado, a Carta Magna vem fortalecer e instigar mais ainda a observância para a garantia fundamental do patrimônio cultural em prática no país, por meio do Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, que estabeleceu as formas de organização e proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. A realização do “Encontro de Folia de Reis – Goiânia” é uma ação que busca manter a tradição, sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura, órgão que, enquanto poder público pretende tornar efetivas as políticas públicas de cultura, possibilitando o acesso e garantia do cidadão à promoção, à produção e à difusão de ações artísticas e culturais.

Quanto a essa manifestação em outros estados da federação brasileira, vejamos o que diz Pessoa (2007):

Aqui, já não se está tratando mais do encontro de duas folias durante um giro pelas casas de sítios e fazendas. Trata-se do encontro de várias companhias em um local público, geralmente sob a promoção do poder local ou de alguma instituição religiosa. Pioneira desses encontros, a cidade de Muqui (ES), desde 1950, os realiza, por intermédio da Prefeitura, recebendo dezenas de grupos, sobretudo do próprio Estado. Nas décadas de 1970 e 1980, surgiram outros encontros importantes, como os de Ribeirão Preto (SP) e de Brasília (DF). (Pessoa, 2007, p. 228)

A devoção aos Santos Reis que no Brasil teve inicialmente a missão de doutrinar os índios e negros, passa então a ter acesso aos lares da zona rural nos séculos XX e XXI. Mas, com o surgimento dos centros urbanos e o crescimento demográfico e populacional, passa também a ser presente em vários municípios do país durante o período natalino e no mês de janeiro.

A devoção parece não escolher lugar, seja na zona rural ou em grandes centros as cantorias e a religiosidade são percebidas na entonação de canções e versos que se dedicam a agradecer pelo momento, que celebram os “Santos Reis”. Em Goiás muitos municípios realizam o giro de folias, que percorrem as casas durante o ano sempre com o objetivo de evangelizar. Durante o giro, os donos da casa, as pessoas que recebem a Folia de Reis, são denominadas “Festeiros”.

Os encontros realizados pela Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia tiveram início em 2002 e a cada ano a celebração reúne mais grupos vindos do interior de Goiás, como escreve Pessoa (2007):

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No Estado de Goiás, surgiu, em 2002, o Encontro de Folias de Reis em Goiânia, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura e Comissão Goiana de Folclore, com a intenção de atrair os ternos de Folia da Capital. Mas imediatamente o encontro foi “tomado” pelos grupos do interior. A primeira edição contou com 8 grupos, a segunda, com 13, a terceira, com 28. As quarta e quinta edições contaram com cerca de 40 agremiações. O encontro de Goiânia provocou uma reação significativa nas folias do interior, tanto no que concerne à participação no referido encontro, quanto à criação do encontro em outras localidades. Em 2005, já houve o I Encontro no Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade. Itapuranga já realizou duas edições e Aparecida de Goiânia, o segundo município em população do Estado, também entrou nesse circuito, em 2006.

Em geral, os encontros que estão surgindo no Estado de Goiás seguem o formato planejado em Goiânia: por se tratar de um encontro, em nenhum momento se estimula competição ou classificação em quesito; inicia-se com uma alvorada e a Missa dos Foliões, uma abertura oficial, e seguem-se as apresentações dos grupos por sorteio. O encontro se configura, então, como uma grande celebração, na qual os foliões de cada terno têm a oportunidade de conhecer como se configuram todos os outros. (Pessoa, 2007, p. 229 e 231)

Algo que chama atenção é o uso de uniformes pelos grupos participantes, embora o uso da roupa padronizada seja decidido pelos organizadores das apresentações como “ingrediente da apresentação da folia em outros espaços que não o giro” (Pessoa, 2007, p. 233). Nota-se, portanto, que essa é uma forma de se adaptar a projetos que tenha como propósito o conhecimento e fortalecimento de manifestação cultural na sociedade.

2.2 Simbologia dos objetos da Folia de Reis

Para o cidadão, para a comunidade detentora do bem cultural, a Folia de Reis contém momentos importantes de uma celebração religiosa que reúne sentimentos, um protocolo, uma liturgia que tem identidade com o povo brasileiro. Mas, não se trata somente de uma festa, e sim de um momento de preservação de um patrimônio cultural do Brasil. Mesmo que nem todos os participantes percebam toda essa dimensão, estão contribuindo para a preservação e manutenção das nossas tradições.

“O patrimônio cultural de um povo é formado pelo conjunto dos saberes, fazeres, expressões, práticas e seus produtos, que remetem à história, à memória e a identidade desse povo. A preservação do patrimônio cultural significa, principalmente, cuidar dos bens aos quais esses valores são associados, ou seja, cuidar de bens representativos da história e da cultura de um lugar, da história e da cultura de um grupo social, que pode, (ou, mais raramente não), ocupar um determinado território. Trata-se de cuidar da conservação de edifícios, monumentos, objetos e obras de arte (esculturas, quadros), e de cuidar também dos usos, costumes e manifestações culturais que fazem parte da vida das pessoas e que se transformam ao longo do tempo. O objetivo principal é preservação do patrimônio cultural é fortalecer a noção de pertencimento de indivíduos a uma sociedade, a um grupo, ou a um lugar, contribuindo para a ampliação do exercício da cidadania e para a melhoria da qualidade de vida. (IPHAN, Patrimônio Cultural Imaterial, 2012 p.12)

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A manifestação popular Folia de Reis é um bem cultural. As maneiras pelas quais as companhias fazem a celebração seja com o “giro ou terço” se diferenciam em relação a prazo ou com uma finalidade específica, mas sempre muitos objetos são utilizados durante a celebração da festa, seja no “giro”, nos encontros realizados pelo poder público nas cidades ou na oração do “terço”.

Parte desses objetos está contemplada nas vinte fotografias que foram expostas na Galeria Siron Franco, cedidas pelas duas designers e fotógrafas da Secretaria Municipal de Cultura. As fotografias retratam edições dos encontros de Folias que ocorreram entre 2010 a 2014. O planejamento inicial era uma exposição que pudesse contemplar desde o ano de 2002 até a edição de 2018, mas não foi possível porque existem falhas de alguns anos e devido a não utilização de fotografias com critérios específicos de valorização dos direitos autorais.

A exposição foi composta de 20 fotografias (imagens 05 e 06) que, em sua maioria, retratam Grupos de Folia de Reis de Goiânia e de municípios goianos. Alguns objetos que tem simbologia na celebração da festa foram emprestados para a exposição pela Diretoria de Políticas e Eventos Culturais, da Secretaria Municipal de Cultura, todos usados antes dos anos de 2018 na decoração do espaço onde se realiza o encontro, na Praça Santo Afonso (Praça da Matriz de Campinas). São eles: sanfona, viola, caixa e igrejinha (imagens 07 e 08).

Além desses objetos, compôs a exposição um dos mais importantes símbolos, a Bandeira de Santos Reis, enfeitada com fitas azul, branco, amarelo, verde e vermelho (imagem 09), bem como a vestimenta do palhaço, a máscara, a capanga e o bastão (imagem 10). Nesse trabalho serão descritos os objetos que compuseram a intervenção, ou seja, a exposição ocorrida nos dias 20, 21 e 22 de junho de 2018.

Bandeira

A bandeira de “Santos Reis” é um dos símbolos mais importantes da celebração religiosa. A sua estampa traz a figura dos três Reis Gaspar, Belchior e Baltazar, a Sagrada Família e o Menino Jesus.

Por ser um dos símbolos sagrados para os devotos “ninguém pode passar à sua frente”, como narrou a Capitã Divina Brito, sendo assim observado que os palhaços estão sempre a protegê-la.

Fitas da bandeira

As fitas são utilizadas não somente para embelezar a bandeira de “Santos Reis”, cada uma das cores expostas e utilizadas representa algo que pode ser positivo ou negativo. Cinco cores são habitualmente usadas pelas companhias e. conforme mostra o vídeo “Folia de Reis, costumes, crenças e tradições”, elas expressam “alegria”. Elas são assim representadas:

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Vestimenta do palhaço, máscara e bastão

O palhaço é o guardião da Bandeira de Santos Reis (imagem 11). Segundo Brandão (1977, p.5) “Ele acompanha a jornada da companhia e é um dos seus membros.” Porém, ele assume duas figuras que está entre o Sagrado e o Profano. Parece que esse participante assume uma característica de ir abrindo o caminho por onde passa. Na sua maioria, as máscaras que usam são assustadoras. Segundo Porto (1982) a roupa do palhaço é bem colorida, dando característica à “manifestação folclórica”.

Os palhaços vestem-se de cores mais vivas, enquanto que os demais membros de uma folia preferem cores mais discretas.

O mais comum é o emprego de três cores, devido ao simbolismo do número, que lembra os três Reis.

As cores, em geral, são vivas, e a preferência vai, além de branco, para o verde, o azul e o amarelo. (Porto, 1982, p. 23)

A Igrejinha e as representações dos instrumentos musicais

Além da representação da igrejinha, que dá início ao encontro com a celebração da Missa e representa o lugar escolhido para tanto pedir quanto pagar um voto, também nos foram cedidos pelos organizadores dos encontros anteriores, alguns “instrumentos básicos” (assim considerados por Porto - 1982, p. 24) que acompanham as cantorias:

Duas servidoras que participaram da intervenção, Denise Jácomo e Divina Brito, me sugeriram a apresentação de um grupo de Folia de Reis composto por vinte foliões que fariam uma apresentação com cantoria de alguns versos, seria de aproximadamente trinta minutos, na abertura da exposição. Agreguei a sugestão e consegui um grupo, porém, lamentavelmente, na semana da exposição foi preciso o cancelamento. O motivo é que o grupo teria que fazer a apresentação na área externa da Secretaria e fugiria um pouco da proposta do projeto na qual havia incluído também a montagem de dois arcos com flores e folhas de coqueiros e dois presentes que providenciei para dois palhaços da companhia que viria.

Também Havíamos pensado que nesse momento teríamos o “rito da beijação”, atitude que ocorre com as pessoas que beijam a bandeira. Estes símbolos da Folia de Reis ficaram para outra oportunidade, que espero acontecer. Observei, com esse trabalho, que os servidores da Secretaria têm ideias e vontades de produzir mais para a população da cidade; é preciso que haja por parte da administração interesse de fomentar, produzir e efetivar as políticas públicas para a cultura.

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Capítulo III - Direito e cidadania cultural

3.1 Diferenças culturais, direitos e cidadania

O desrespeito aos direitos humanos teve repercussão histórica em diferentes partes do mundo, devido às tiranias e a opressão que muitos povos de diferentes nações passaram. No caso brasileiro, constatam-se agressões com os povos indígenas, os negros, com as mulheres, que sofreram e ainda vivem ou enfrentam violências físicas, sociais, emocionais e culturais por não serem compreendidos por suas diferenças culturais. Isso engloba as formas de fazer e de expressar individualmente ou em comunidades.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos surge partindo do pressuposto de regulamentar os princípios para a existência do ser humano em sociedade e com cidadania. Para tanto, começa demonstrando primeiramente um ideal comum que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade, conforme descreve o Artigo I, e segue dizendo da diferença entre os animais e seres humanos em virtude de sua racionalidade. Prossegue dizendo que todos têm a capacidade para usufruir, desfrutar dos direitos e de liberdades estabelecidas na Declaração Universal dos Direitos Humanos e especifica, no Artigo II, algo que atualmente é bastante abordado, porém ainda pouco efetivado: “sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, ou qualquer outra condição.”

Em uma visão geral, que contemple a vida nos seus aspectos humanos, sociais, econômicos e políticos, o Pacto Internacional dos Direitos Humanos, de 1966 - que vai vigorar no Brasil somente dez anos depois, em 1976 – bem como a Constituição Brasileira de 1988 (no Capítulo III, Seção II, da Cultura) e, ainda, a Declaração de Friburgo (dos Direitos Culturais), têm como diretriz e protagonista a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a qual dá a instrumentação e reafirma ao ser humano o direito a cultura e, também, reforça a diversidade cultural instigando o respeito à diversidade e aos direitos sócios- econômicos.

Essa formatação gerada na Declaração dos Direitos Humanos e que tem que ser seguida no Brasil pelas três esferas públicas, estabelece que as respectivas especificidades devem ser contempladas nas legislações federal, estadual e municipal, Desta forma, seriam legitimados os direitos humanos culturais especificados na Declaração de Friburgo (2007) como princípios fundamentais, (Artigos 1 e 2) a partir da sua definição do que é “cultura”, “identidade cultural” e “comunidade cultural”.

Uma elaboração pautada pelo respeito à identidade cultural - que é o conjunto das referências culturais - e que dá ao ser humano a livre escolha de sua própria identidade,. Alem disso, reforça o compromisso com as gerações presentes e futuras de se ter o respeito à diversidade cultural e aos valores essenciais ao patrimônio que uma nação possui.

O acesso e a participação na vida cultural são bem pontuados nos incisos a e b do Artigo 5 da Declaração de Friburgo, sendo assim especificadas a liberdade de expressão, pública ou privada, a liberdade de exercer suas próprias práticas culturais e, consequentemente, a valorização e divulgação de bens e serviços. A liberdade de desenvolver e de compartilhar os conhecimentos, as pesquisas, os fazeres, as línguas, os registros, enfim tudo o que contextualiza as memórias, as artes e a cultura de um povo, incluídas as celebrações, as festas e os rituais religiosos, como é o caso da Folia de Reis.

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Todas essas ferramentas e diretrizes apresentadas nas legislações especificadas são, podem, e devem ser efetivadas e compreendidas por meio da educação. Este continua a ser o paradigma de consolidação para o “pleno desenvolvimento da sua identidade cultural, com respeito aos direitos do outro e à diversidade cultural”, como específica o Artigo 6.

Observando-se o campo social, econômico, político e também a ausência de conhecimento por parte da grande maioria das pessoas que ouvem falar superficialmente sobre esses direitos normatizados pelas quatro fontes de instrumentalização, lamentavelmente, depois de tantas décadas, ainda não ocorre a efetividade de sua aplicação. Isso pode ser notado porque ainda não foi incluso educação patrimonial e diversidade cultural nos currículos escolares. Dessa forma, muitas expressões artísticas como a música, as crenças religiosas e a linguagem regional, por exemplo, continuam a encarar situações de discriminação e, consequentemente, não recebem o devido respeito.

3.2 Diversidade Cultural é preciso conhecer e preservar

A formação do povo brasileiro se constitui pelos índios, europeus e africanos, entre outros, como foi visto anteriormente. Desses povos, muitas heranças se distribuíram pelo território brasileiro, podendo ser observadas nas culinárias, festas, artes, músicas, objetos, artefatos, dentre tantos outros bens culturais que pela sua relevância identificam determinadas regiões, lugares ou cidades.

Dessa variedade de expressões culturais, muitas vezes, cada um dos povos dá à sua própria cultura um juízo de valor de se exaltar em comparação à cultura de outros povos, de se auto valorizar ao extremo e se considerar como referência. Essa valorização é saudável em alguns aspectos e até certo ponto, pois é necessário ter o cuidado com esse tipo de comportamento quando ele passa a configurar um etnocentrismo, demonstrando um ponto de vista preconceituoso e produzindo atitudes discriminatórias em relação ao “outro”, ao “novo”, ao “diferente”.

A cultura de um povo varia muito de um lugar para outro e é preciso que haja o reconhecimento e o interesse de saber, de conhecer essas diferenças e especificidades. As distinções que caracterizam e distinguem os grupos, as comunidades, os povos, é o que os torna diferentes uns dos outros. Em um dos catálogos publicados pelo IPHAN (2007) as diferenças culturais são tratadas da seguinte maneira:

“Reconhecer que todos os povos produzem cultura e que cada um tem uma forma diferente de se expressar é aceitar a diversidade cultural. Ou seja, é reconhecer que não existem culturas mais importantes, ou melhores que outras, e sim culturas diferentes!” (IPHAN, 2007, p.9)

Com o passar dos anos as manifestações culturais e as culturas herdadas, como é o exemplo do Brasil, passaram e passam por transformações. Isso ocorreu pelo fato desses grupos diversos manterem “contato com outras culturas aqui presentes e também causaram transformações nas culturas daqui” (IPHAN, 2007, p.9). Sendo assim, as observações e constatações que podem comprovar adaptações das manifestações culturais nos levam a reforçar a importância da preservação da diversa riqueza cultural que o país tem.

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3.3 Direito e Cidadania

Toda pessoa nasce com direitos estabelecidos, com o ideal de uma qualidade de vida, dentro de uma perspectiva que possibilite a efetividade de recursos indispensáveis que contemplem o acesso “... à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade”, como cita o artigo XXII da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Essas premissas se refletem no estabelecimento do Plano Nacional de Cultura, que tem como referência os princípios estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a fim de valorizar toda a produção científica e cultural.

As ações e artísticas e culturais, nas suas várias linguagens, têm como um de seus objetivos beneficiar as pessoas, os cidadãos. Todas as formas de expressão ganham a atenção, os ouvidos, os lábios, os olhos, as mãos, enfim fazem elevar a alma, o encantamento de quem faz e de quem admira. O importante é integrar e se entregar de maneira a fazer parte e, com isso, também tornar possível a continuidade e a permanência de usos, costumes, formas de criar, de fazer as manifestações culturais que fazem parte da vida das pessoas e, mais ainda, saber que é possível sua continuidade ao longo do tempo mesmo com as várias inovações.

E de que forma pode ocorrer essa continuidade? Certamente é o que se pretende quando se pensa em reforçar a importância das atividades artísticas e culturais, de recordar as formas de criar, de fazer, de se expressar dos povos, da sociedades, das comunidades e dos grupos sociais que tenham condições de escrever e descrever a história de um lugar. E isso somente é possível porque são as pessoas que dão o verdadeiro e real sentido de sua existência e das mudanças e transformações culturais que ocorrem.

Mas por que isso é importante? Para rememorar. Para recordar. Para ter a memória de que o lugar, os usos, enfim, de que as manifestações culturais dão a identidade à pessoa daquele lugar, de sua história, de sua cultura e, assim, poder preservar o patrimônio cultural. Vejamos o que fala GOHN (2005), sobre os grupos sociais e suas ações para a sociedade com referência às ações e intervenções culturais:

“Entendemos o projeto sociopolítico e cultural de um grupo, organização ou movimento social, como sendo o conjunto de crenças, valores, ideologias, formas de conceber e de fazer as ações sociais coletivas concretas. Este conjunto é compartilhado por todos os membros no que tange a seus valores principais. O conteúdo desse conjunto, principalmente no que se refere às crenças, usualmente é anterior à existência do grupo, extrapola seus limites e fronteiras. Para encontrar sua origem ou gênese temos que resgatar as redes de articulação e de comunicações do grupo, organização ou movimento, ou associação. Na maioria das vezes o conteúdo do projeto modifica-se a partir da prática, da experiência cotidiana. Mas ele se modifica pela incorporação de temas que buscam dar soluções a seus problemas, por isso as lutas centralizam-se em temas específicos e não em grandes projetos societários. Mas inovação e criatividade surgem deste processo e elas se resumem ao grupo que as desenvolveu. Uma vez criadas, passam a ser de domínio público e se universalizam.” (GOHN, 2005, p.17)

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Diante do exposto, pensando no patrimônio cultural imaterial e especificamente nas ações que acontecem em Goiânia, me propus a fazer uma intervenção com a manifestação cultural “Folia de Reis”, que trouxe os resultados de “Encontros de Folia de Reis” já realizados na cidade de Goiânia por meio de uma exposição composta por fotografias e alguns objetos simbólicos dessa festividade.

3.4 Fato inesperado

Para a exposição de fotografias e de alguns objetos da Folia de Reis foi definida a data de 20 a 22 de junho de 2018, na Galeria Siron Franco, área interna da Secretaria Municipal de Cultura, da Prefeitura de Goiânia.

Enquanto eram cumpridas as exigências necessárias de autorizações e termos e aguardávamos a liberação, os participantes convidados para a intervenção sugeriram muitas ideias que enriqueceriam o trabalho, como a montagem de dois arcos, a confecção de flores de papel para enfeitar os arcos, a colocação de um presépio e o terço, além da participação de um grupo de vinte foliões com versos e orações, que a Capitã Divina Brito havia confirmado para a abertura da exposição. Ademais, ao liberar o espaço para a intervenção, a Direção da Galeria disse que três dias seria muito pouco e entendia que, pelo minucioso e trabalhoso exercício que é retirar uma exposição e montar outra, o ideal seria ficar de 20 a 29 de junho de 2018; sendo acatado e feito o pedido dessa maneira.

Tudo já estava organizado para ser executado quando nos chegou a comunicação verbal de que o grupo não poderia se apresentar na recepção como havia sido planejado, conforme já destacamos em outro momento deste trabalho. É perceptível que falta interesse das lideranças públicas, que não entendem o real sentido de uma ação cultural, nesse caso específico, uma exposição que na abertura teria uma apresentação de detentores do bem cultural a ser exposto e difundido. Desta forma, adaptações foram feitas e cancelamentos também, tendo sido mantidos então somente três dias, de 20 a 22 de junho.

3.5 A exposição de fotografias e alguns objetos da Folia de Reis

Dois servidores da Secretaria Municipal de Cultura, a Val e o senhor Antônio, colaboraram muito na montagem da exposição, com a fixação das fotografias, dos objetos e a identificação (etiquetas).

No dia 21 de junho os servidores daquele local estiveram na exposição e além de virem as fotografias e objetos ouviram a respeito de o porque da intervenção. Eu procurei falar sobre o curso de especialização, o objetivo do trabalho - que é a preservação das manifestações culturais de natureza imaterial - e destacar que herdamos não somente patrimônio cultural edificado. Pude também falar que a especialização é interdisciplinar, envolvendo pós-graduandos oriundos de diferentes cursos de graduação. E, para finalizar a apresentação da exposição e do trabalho de intervenção, falei sobre direitos culturais, dando ênfase a nossa constituição que atribui o direito à cultura como “Garantia Fundamental” e de cidadania, sendo necessário haver não somente a responsabilidade de preservação e cuidados com o patrimônio cultural por parte do poder público, mas também como um dever de todas as pessoas.

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Muitos servidores ali presentes falaram que a exposição deve ser levada para outros espaços públicos, como a sede administrativa da Prefeitura de Goiânia, o Paço Municipal; outros falaram para levar para o Museu de Arte e outros disseram que deveria acontecer durante o próximo “Encontro de Folia de Reis de Goiânia”. Duas participações verbais que me chamaram atenção e quero deixar registradas são as dos servidores Igor e Gesse, dos quais que colhi esses “depoimentos” e com os quais finalizo esse relatório esperando, se possível, dar continuidade à pesquisa e intervenção.

Essa exposição me trouxe a lembrança da minha família antigamente. Era uma tradição de meus pais receberem a folia em casa. Foi super relevante a exposição. Quando eu vi o palhaço relembrei de meus tempos de criança. Eu achei a exposição completa, pois trouxe elementos que considero os principais como a bandeira, o palhaço e as fotografias com imagens de grupos e a missa na Igreja da Matriz. A Folia de Reis nos faz ser gratos ou termos que agradecer por tudo. (Depoimento do servidor Igor de Almeida Silva e Sá, que trabalha na Gerência de Apoio Administrativo da Secretaria Municipal de Cultura, na abertura da exposição no dia 21 de junho de 2018).

Olha eu trabalhei em vários encontros de Folia de Reis em Goiânia e não sabia que o palhaço, a máscara, a vestimenta do palhaço, a bandeira, a montagem dos arcos e flores que você iria fazer tenham tantos significados tão importantes. Esse trabalho aqui na Secretaria trouxe revelações muito importantes do que são esses objetos. Acho até que deveria ser falado mais, pois nós servidores trabalhamos e não sabemos o que é realmente a Folia de Reis. Agora eu pude aprender um pouco. Se você perguntar para outros servidores você verá que outras pessoas também podem ter dúvidas como eu. (Depoimento da servidora Gesse Barbosa, que trabalha como recepcionista no Gabinete do Secretário, da Secretaria Municipal de Cultura, na abertura da exposição no dia 21 de junho de 2018).

Conclusão

Articular a ideia de exposição de fotografias e alguns objetos usados pelas companhias de Folia de Reis com o objetivo de falar sobre o “Encontro de Folia de Reis”, que acontece há dezessete anos na cidade de Goiânia, propondo e realizando uma intervenção participativa no órgão responsável pelo projeto dos Encontros, trouxe resultados que podem ser codificados como “inesperados”. Isso por que os depoimentos e falas de alguns funcionários que participaram da mostra como público demonstra que os resultados vão além do esperado, no resgate da memória de uma tradição considerada e incluída no folclore brasileiro. O resultado do trabalho apresenta importância pela sua relevância em abordar um bem cultural de natureza imaterial, haja vista a Folia de Reis ser uma celebração religiosa regada de fé e devoção a santos venerados por centenas de pessoas, as quais rememoram uma celebração que acontece desde o século XIII nos países europeus que deram sua origem e, especificamente no Brasil, desde o século XVI.

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O “Encontro de Folia de Reis – Goiânia” tem ganhado adesão e comprometimento dos detentores do bem cultural, os quais têm toda a alegria de participar da festa. Essa importância, mesmo que não esteja explícita para muitos deles, está implícita na própria continuidade dessa manifestação cultural enquanto patrimônio intangível, cuja preservação e implementação de condições para a sua permanência é fundamental para a atual e para as futuras gerações, como escreve CAMPOS (2013):

“[...] A preocupação com a preservação e a valorização da chamada cultura tradicional e popular (que incitará na regulamentação do patrimônio imaterial) surgiu fortemente no cenário internacional logo após ser firmada, por diversos países, a Convenção da UNESCO sobre a salvaguarda do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, em 1972. A necessidade de se destacar a tradição popular nasceu como reação ao entendimento conservador de que patrimônio seria apenas o conjunto de bens móveis e imóveis, bens arquitetônicos e sítios urbanos ou naturais, expresso ainda na referida Convenção. A preservação do patrimônio imaterial surgiu das práticas de países orientais e de países subdesenvolvidos, conforme afirmação de Sant’Anna que esclarece que o patrimônio desses lugares é constituído de criações populares anônimas, não tão importantes em si por sua materialidade, mas pelo fato de serem expressões de conhecimentos, práticas e processos culturais.” (CAMPOS. 2013, p.22)

Diante dessa importância é preciso que o poder público, juntamente com toda a sociedade, elaborem políticas públicas para a cultura que valorizem e preservem os bens culturais que trazem a identificação de quem somos, como somos e o que nos configura como povo brasileiro. É preciso, então, que se promova a difusão, produção, valorização, reconhecimento, conhecimento de hábitos, práticas, costumes, modos de fazer e de lugares.

As pesquisas e estudos possibilitam criar uma ponte de conheicimento capaz de mostrar origens e, ao mesmo tempo, adaptações contemporâneas, visto que o jovens foliões serão a nova e futura geração que continuará a conhecer, praticar a celebração. A tornar a festa parte do seu cotidiano e a escrever outros capítulos da histórica desse legado, deixando o registro de memória à nossa sociedade e dando o real valor à multiculturalidade do povo brasileiro.

Referências

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BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A Folia de Reis de Mossâmedes. Caderno de Folclore 20. Ministério da Educação e Cultura. Departamento e Assuntos Culturais. Programa de Ação Cultural. Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro. Gráfica Olímpica Editora, Ltda. 1977. 37p.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Que é Educação. São Paulo: Editora Brasiliense, 1981. 116 p.

CAMPOS, Yussef Daibert Salomão de. Percepção do Intangível: entre genealogias e apropriações do patrimônio cultural imaterial. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2013. 138p.

Declaração dos Direitos Humanos. UNIC / Rio / 005. 2009. Disponível em: http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/7/docs/declaracao_universal_dos_direitos_do_homem.pdf. Acesso no dia 15 de junho de 2017 às 15h.

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GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Disponível em: http://escoladegestores.mec.gov.br/site/8-biblioteca/pdf/30405.pdf. Acessado no dia 11/04/2018 às 21:56.

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IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Patrimônio Cultural Imaterial: para saber mais / Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; texto e revisão de, Natália Guerra Brayner. – 3. ed. – Brasília, DF: Iphan, 2012. 36 p. : il. ; 21 cm.

LACERDA, Regina. Folclore Brasileiro Goiás. Ministério da Educação e Cultura. Departamento e Assuntos Culturais. Fundação Nacional de Arte. Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro. Gráf. Olímpica Editora, Ltda. 1977. 77p.

LARAIA, Roque de Barros, 1932 – Cultura: um conceito antropológico / Roque de Barros Laraia. – 14.ed. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.

PORTO, Guilherme, sac. As folias de Reis no Sul de Minas. – Rio de Janeiro:MEC-SEC.FUNARTE: Instituto Nacional do Folcore, 1982. 72p.:il.,mús.

Vídeos

Vídeo “Folia de Reis costumes, crenças e tradições”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SaXO2KmwiCQ. Acesso em: dia 17 de junho de 2018, às 15h45.

Vídeo “Família de Diadema mantém tradição da Folia de Reis”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JJKPfkE692E. Acesso em: dia 17 de junho de 2018, às 16h23.

Consultas feitas:

Biblioteca pública da Gerência de Patrimônio Artístico e Cultural da Secretaria Municipal de Cultura/Prefeitura de Goiânia. Instalada na Av. Parque Atheneu nº 1477, Parque Atheneu- Goiânia – GO.

Biblioteca pública do Museu Zoroastro Artiaga. Superintendência de Cultura/Secretaria de Estado da Educação. Instalada na Praça Doutor Pedro Ludovico Teixeira (Praça Cívica), Setor Central – Goiânia – GO.

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