Considerações Finais
Os resultados e análises realizadas apontam que houve o desenvolvimento de uma política e de um conjunto de ações construídas de forma colaborativa, ao longo do ano de 2020, por parte da Prograd/UFG, integradas a um conjunto de iniciativas promovidas pela UFG. Isso possibilitou que a universidade, a despeito da suspensão do calendário acadêmico, não cancelasse todas as suas atividades e pudesse, de forma gradual e amplamente discutida com representantes da comunidade acadêmica, desenvolver suas atividades acadêmicas no âmbito da graduação e, posteriormente, na Educação Básica, desde o mês de março de 2020. Esse movimento se deu com a continuidade de atividades de Estágio na área da saúde, inicialmente, bancas de defesa de Trabalho de Conclusão de Cursos, ampliando posteriormente a oferta para outras disciplinas, como de Estágios em áreas essenciais, Estágio não obrigatório e Cursos de EaD. Na sequência, a oferta se alargou para as disciplinas de Núcleo Livre, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Prática como Componente Curricular (PCC), dentre outras, até a retomada plena do calendário acadêmico, em 31 agosto de 2020, após aprovação no Conselho Universitário, em 03 de julho de 2020; e retomada compulsória de todas as disciplinas teóricas no formato de ERE, estágios de acordo com a possibilidade de realização no formato remoto e aulas práticas que exigissem laboratórios especializados (Cf. Resolução Consuni nº 34/2020).
A problematização dessa realidade, o debate contínuo no contexto do GT TDIC (de modo específico no subgrupo da Graduação), no Consuni e em outros espaços como assembleias e Conselhos Diretores de diferentes unidades acadêmicas, permitiram que a Prograd construísse, de forma participativa com a comunidade acadêmica, resoluções, um e-book (com diretrizes didático pedagógicas voltadas ao ERE) e, posteriormente, um documento com recomendações gerais para o desenvolvimento de atividades práticas emergenciais, que norteariam as atividades de ensino na graduação.
Um importante documento que permitiu que os índices de evasão não tomassem proporções imensuráveis foi o franqueamento de regras importantes do RGCG, como por exemplo, a possibilidade de ampliação no número de trancamentos, dilatação dos prazos para cancelamento de disciplinas/componentes curriculares sem documentos comprobatórios, a não contabilização, no prazo de integralização do curso, do semestre correspondente ao de trancamento de matrícula.
Uma outra ação que a Prograd em parceria com outros órgãos (como CIAR, a Secretaria de Tecnologia e Informação (SETI), DAD/Propessoas, LabTime), docentes de diferentes unidades acadêmicas, colaboradores externos à UFG e que impactou, de forma positiva, o desenvolvimento das atividades na graduação e na educação básica, nesse novo formato, foi a proposição de cursos de formação para professores, técnicos educacionais e estudantes, conforme descrito nos Apêndices B, C, D e E.
Para apoio e acompanhamento das atividades no ERE, foi implantado o Programa Pró-Unidades que tem buscado estabelecer uma ponte entre a Prograd e os cursos, por meio de seus interlocutores, por meio de uma rede de apoio e acompanhamento de modo a fomentar:
- formação continuada dos profissionais da educação, em nível da graduação e da educação básica por demanda;
- partilha de experiências entre os interlocutores e destes com servidores de suas unidades;
- diálogos com as coordenações de cursos, com temas que tratam das relações intersubjetivas no contexto do ensino e da aprendizagem no ERE;
- mediações pedagógicas utilizando as tecnologias digitais.
Outro ponto que merece destaque é a política de estágio ao longo do ano de 2020. Essa atividade foi impactada no contexto da pandemia. Diversos marcos legais foram construídos e impactaram o desenvolvimento das atividades de estágio obrigatório, de modo particular aqueles realizados na área da saúde. Essa foi uma das atividades que passou por ressignificações ao longo do processo e uma delas foi a possibilidade de realização no formato remoto, quando possível e ancorados nos princípios das DCNs dos cursos de graduação.
O estágio não obrigatório sinaliza um expressivo aumento de TCEs assinados, considerando que até então (mês de abril de 2021), já alcançamos 72% dos números do ano civil de 2020.
A UFG ao longo de 2020 se mostrou ainda mais preocupada com as pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social. Para que todos pudessem ter condições para continuar suas atividades de ensino, de modo especial na educação básica e na graduação, a instituição promoveu uma série de ações que permitiu aos estudantes vulneráveis terem equipamento, pacote de dados, chips, dentre outros recursos para continuarem seus estudos. A Prograd participou ativamente dessas discussões e iniciativas que permitiram que, com a retomada do calendário, todos os estudantes da educação básica e graduação tivessem tais recursos para desenvolver suas atividades escolares/acadêmicas. Aliado a isso a CIP e o Núcleo de Acessibilidade procurou dar apoio a todos os estudantes e docentes que solicitaram apoio para o desenvolvimento das atividades de ensino e aprendizagem.
Paulatinamente ao acompanhamento do ERE na UFG, a Prograd continuou avançando em outras agendas e iniciativas como, por exemplo, o protagonismo na implementação do projeto piloto do Programa de Mobilidade Virtual em Rede Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Promover Andifes), uma ação que visa contribuir para a criação de uma rede de colaboração virtual entre universidades brasileiras e estrangeiras, com fins a elevar a qualidade do ensino superior de modo que impulsione o desenvolvimento profissional, científico e cultural dos sujeitos participantes do programa e, consequentemente, o desenvolvimento social (local, regional e nacional) e de pleno exercício da cidadania.
Para finalizar o presente relatório, uma série de dados e análises nos mostraram que, em 2020, a UFG:
- contou com 21.804 estudantes regulares vinculados no primeiro semestre, dos quais 88% cursaram disciplinas e/ou estiveram em mobilidade e 12% trancaram sua matrícula;
- ofertou, no primeiro semestre, mais de 6 mil turmas, sendo que 83% delas foram consolidadas, 13% foram suspensas e/ou excluídas e 4% permanecem abertas. Das turmas suspensas ou excluídas, a maioria era de componentes que possuíam CHP igual ou maior que 16h;
- teve 2.562 trancamentos no primeiro semestre e, até maio de 2021 (referente ao segundo semestre letivo de 2020), ocorreu um registro de 3.512 trancamentos. A partir do questionário aplicado aos estudantes nessa condição, identificamos que os trancamentos foram associados a dois ou mais motivos. E aqueles alegados com maior frequência pelos estudantes, com matrícula trancada em 2020/2, foram a não identificação com o curso (50% das respostas), razões de ordem psicológicas devido a questões pessoais (50% das respostas), razões de ordem psicológicas devido à pandemia (30% das respostas), dificuldades em conciliar o curso com o trabalho ou devido a necessidade de ter uma remuneração (63% das respostas); falta de adaptação à metodologia utilizada nas disciplinas durante o ERE (40% das respostas) e dificuldade em acompanhar o calendário acadêmico (cerca de 50% das respostas);
- teve uma maior incidência de alunos que se encontram em situação de exclusão, pertencentes aos turnos noturno e integral. Algumas razões podem estar associadas a necessidade de obter ocupação remunerada ou transferência para outros cursos ou para o mesmo curso em outras instituições de ensino superior;
- teve um aumento no número de estudantes que deixaram de realizar matrícula, sendo a maior incidência entre aqueles que ingressaram em 2018 e 2019. Apesar desse aumento, historicamente, o abandono de curso sempre esteve concentrado nos dois anos iniciais do curso a partir do ingresso do estudante. Algumas das motivações que levaram o estudante a não realizar sua matrícula, em 2020, estiveram associadas ao desconhecimento das regras de vínculo e trancamento estabelecidas no RGCG, perda de prazos para renovação do vínculo (matrícula ou trancamento), transferência para outra IES ou o fato de cursarem graduação em outra universidade fora do país. Tais motivações foram identificadas durante a busca ativa conduzida pela Prograd;
- teve um aumento no número de cancelamentos dos componentes curriculares/disciplinas, sendo que o impacto foi nas disciplinas obrigatórias de natureza prática ou com carga horária teórico-prática, como disciplinas de Estágio, disciplinas com carga horária prática (CHP) igual ou maior que 16 ou disciplinas de laboratórios ou experimentais.
A pandemia acarretou agravos imensuráveis às pessoas e à educação. Contudo, toda a UFG e especificamente a Prograd construiu, coletivamente, medidas e ações que dirimiram prejuízos ocasionados pelo cenário da crise sanitária e humanitária da Covid-19 à educação básica e à graduação.
Embora os dados evidenciem o aumento em trancamentos de matrícula e cancelamentos de componentes curriculares, nossa percepção é que, apesar das dificuldades também pontuadas neste estudo, a maioria dos estudantes mantiveram-se vinculados à UFG.
Por fim, recomendamos que as unidades acadêmicas e as unidades acadêmicas especiais se apropriem deste trabalho e colaborem, ainda mais, na construção de outras alternativas, visando assegurar as condições necessárias para que os estudantes permaneçam na UFG e concluam, com qualidade, a educação básica ou a graduação.