Material Didático sobre Militarização dos Colégios Estaduais em Goiás
O maior objetivo desta pesquisa é proporcionar à sociedade ferramentas teóricas e históricas para refletir sobre os possíveis interessados nessa parceria e nesse crescente número de escolas públicas se tornando militares, principalmente no estado de Goiás. Com base nas fontes e na reflexão promovida mediante o estudo da bibliografia, descobrem-se os motivos que levaram e levam à propagação de mais colégios militares, com a premissa de melhorarem a qualidade da educação e diminuírem a violência nos bairros e dentro das escolas. Mas essas premissas se efetivam na prática até que ponto? Notamos uma autoafirmação dessas instituições como detentoras de um ensino diferenciado por meio de uma disciplina rigorosa que não necessariamente é a responsável pela garantia de uma educação de qualidade, democrática e livre da violência. Por isso, propomos uma formação com alunos e até mesmo com professores a partir de material didático específico para a educação básica, com linguagem apropriada a ser apresentada, aqui, como forma de levar aos estudantes e aos profissionais da educação ferramentas que lhes propiciem condições para que possam se posicionar a respeito da militarização das escolas públicas de Goiás.
Entendemos que, numa militarização de escolas públicas, os mais afetados são os estudantes, que pouco participam do processo. Neste trabalho apresentamos isso. Mostramos que os projetos de militarização surgem de políticos, que os apresentam à Assembleia Legislativa para aprovação, ou não. Ou seja, não surge na escola, não passa pela escola, tampouco pelos mais interessados, os alunos dessas instituições.
Assim, o material que apresentamos aqui trata-se de um material didático a ser aplicado nas escolas públicas de Goiás, tanto nas que já possuem projetos de militarização como naquelas que nunca os tiveram, mas, caso tenham num futuro, que os alunos possuam informações e formação suficiente para reivindicarem esse formato de escola, ou o contrário, para negarem a aplicação de tais projetos de militarização em suas unidades escolares.
Algo que ficou claro com a pesquisa é que os alunos não participam do processo de militarização de uma escola e, ao final, são os que estão na escola diariamente e têm suas rotinas alteradas.
Os jovens e até as crianças possuem opiniões que devem ser levadas em conta quando o assunto é a própria vida escolar deles, contudo, percebemos, muitas vezes, falta de informações ou mesmo informações incorretas, mentirosas e exageradas.
A educação precisa lidar com a informação correta, com fatos concretos e, além disso, considerar as individualidades de cada educando, de cada unidade escolar e de cada comunidade que atende.
A escola militarizada é um modelo de escola, tem suas características próprias, apresenta resultados positivos, mas também possui fragilidades, especialmente quando o tema é a inclusão social, tendo em vista que se trata de uma escola com custo ao aluno.
A escola militarizada é comandada por profissionais da segurança pública e não somente por professores, o que acarreta mudança também do ponto de vista de concepção, pois a formação inicial de um professor é diferente da de um policial. A forma de lidar com crianças e jovens de um professor sempre será diferente da de um policial.
Com isso, podemos afirmar que outros caminhos para o ensino público podem ser traçados que não seja a entrega da gestão das escolas para a polícia e, consequentemente, a perda de espaço e atuação social do professor. É preciso pensar em um projeto político pedagógico para cada unidade escolar, em que se considere o perfil do alunado, os problemas locais existentes e uma forma democrática e coletiva de solucioná-los; algo imposto sem qualquer consulta à comunidade, sem diálogo com o alunado, que chega de modo opressor a todos os envolvidos.
Cabe ao professor, junto com toda a comunidade escolar, decidir e até mesmo reverter determinado projeto na escola, se for ou não benéfico para ela. Daí a importância de se ter um material informativo sobre os projetos de militarização.
Como professores e alunos poderão se posicionar se não sabem o que muda com a militarização de uma escola? Se não possuem nem mesmo a noção de como um projeto assim surge?
Nas palavras de Paulo Freire (2017), “[s]er professor e não lutar é uma contradição pedagógica”. Cabe a esse sujeito, o educador contemporâneo, lutar e defender a educação que acredita e deseja para a escola pública e, ainda, instigar que seu aluno também o faça. No entanto, precedente a essa luta é preciso formação.
O material informativo divide-se em partes. São elas:
- Apresentação
- Introdução
- O que é um CPMG
- Surgimento do colégio militar em Goiás
- Os projetos de militarização dos colégios estaduais de Goiás
- Diferenças entre CPMGs e colégios militares do Exército
- Quem são os alunos dos Colégios da Polícia Militar de Goiás
- O ingresso nos Colégios da Polícia Militar em Goiás
- As principais diferenças entre os CPMGs e demais colégios estaduais de Goiás
- O fardamento
- A mensalidade
- Semelhanças entre os CPMGs e colégios estaduais comandados por professores
- Referências
A seguir, temos o conteúdo do material informativo voltado para alunos e professores da educação básica sobre a militarização de colégios estaduais em Goiás. Esse material dará origem a um e-book, a ser disponibilizado aos estudantes e profissionais da educação.