Esporte Educacional

Módulo 1

MÓDULO 1

Módulo 1
1.2 Programas de Esporte Educacional

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Como já dissemos, o Esporte Educacional está previsto na Constituição Brasileira, como prioritário na destinação dos recursos em relação ao esporte de alto rendimento, demonstrando assim sua força em cumprir o direito ao esporte e lazer “como direito de cada um” (BRASIL, 1988).

A partir dessa legislação pode-se observar a criação de Políticas Públicas e destinação orçamentária que pode ser melhor entendida com o trabalho de Castro, Scarpin e Souza (2017). Na área da inclusão vivenciamos, como pesquisadores e como família de uma pessoa com deficiência, a dificuldade de efetivação do direito previsto em legislação pela falta de políticas públicas que tenham previsão orçamentária para que esses se efetivem. Assim, o investimento no Esporte Educacional certamente foi fundamental para a dimensão que esse tomou no Brasil.

Apesar desse desenvolvimento, Machado et al (2017) demonstram que muito ainda temos a caminhar, por meio de seus estudos concluem:

Os resultados apontam para a incorporação do esporte no cenário político e como esta tem sido marcada principalmente pela disputa de interesses, levando a criação de diversos documentos que buscam delimitar conceitos e investimentos, porém de maneira insatisfatória, cabendo ainda ao esporte de alto rendimento os maiores investimentos (P.103).

Programas e ações do Esporte Educacional têm sido realizados no Brasil com muito envolvimento e dedicação de professores de Educação Física que acreditam no poder formativo do esporte. São inúmeros os projetos e ações de Esporte Educacional, que acontecem junto a projetos sociais ou de forma isolada, no Brasil.

Um exemplo desses projetos é o Programa Ensino Esporte e Juventude de Taubaté/SP, que é municipal, com unidades em bairros periféricos diferentes, e apresenta como finalidades: vivenciar modalidades esportivas; estimular o desenvolvimento cognitivo, físico-motor e afetivo-social; ampliar o conhecimento cultural sobre o esporte; conscientizar sobre a importância da atividade física e hábitos saudáveis e estimular a autonomia e a reflexão crítica preparando o aluno para o exercício da cidadania (MACHADO; GALLATI; PAES, 2015).

Outro exemplo de projeto com fins educacionais é o projeto Esporte em Ação de Curitiba/PR, ação realizada em um bairro carente e com problemas sociais, apresentado e discutido por Castro e Souza (2011), que segundo os autores é “percebido como um espaço que protege os participantes de "males das ruas", como um espaço de aprendizagem e como um espaço para se jogar, brincar, se divertir e estar com amigos” (p. 145).

Certamente o “Programa Segundo Tempo” é a referência de projeto nacional de Esporte Educacional, que há décadas tem envolvido pesquisadores e professores renomados na área da Educação Física em seu estudo, desenvolvimento e na formação dos professores que estão à frente das atividades deste. Alguns materiais elaborados com objetivo de formação no Programa Segundo Tempo foram produzidos por professores de universidades públicas, onde chamamos atenção para Grecco, Conti e Morales (2013), organizado por professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e para Oliveira e Perim (2009), organizado por professores da Universidade Estadual de Londrina.

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O Programa Segundo Tempo foi objeto de estudo de dezenas de dissertações e teses, pesquisadores realizaram suas dissertações e teses nesse tema em universidades como Unicamp, UFMG, UFRGS, UNB, UEM, UEL, UFRN, UFPE, UFV, UERJ, UFBA, UFG, UFSC, entre outras instituições brasileiras.

EXEMPLO

Clique na logo ao lado e conheça um pouco mais do programa no seu site.

Nesse material não temos como objetivo nos deter a um ou outro programa, mas trazer conceitos que os programas apresentam em comum. Buscamos apresentar princípios e caminhos para reflexão sobre a atuação nos programas já existentes e para elaboração de novos programas. Trazemos nossos estudos com ênfase nos princípios da educação inclusiva, sem a pretensão de ser melhor que os demais princípios já abordados nos estudos e materiais formativos anteriores, mas com uma proposta que atende a uma necessidade e dificuldade apresentada pelos professores atuantes nos projetos e pelas pesquisas que abordam tais programas: por uma atuação inclusiva, para todos, humana e consciente.

1.2.1 Planejamento

Certamente, falar de planejamento para o Esporte Educacional, considerando a abrangência do tema em questão, é um grande desafio que impossibilita dar conta do todo com a profundidade que merece em um só material. No entanto, procuraremos realizar reflexões para aprimorarmos o objetivo de planejar considerando a diversidade de público, de realidades e de possibilidades.

O planejamento aumenta significativamente as chances de se atender aos objetivos propostos. A dificuldade de inclusão no Esporte Educacional, verificada na significativa desistência de participação apresentada em vários estudos, muitas vezes está relacionada com a falta de um planejamento adequado. Planejar o que ensinar e como realizar esse ensino, o que Grecco et al (2013) chamaram de “ensinar o esporte” é parte importante do planejamento do Esporte Educacional que abordaremos em outro capítulo, mas aqui buscamos discutir alguns princípios da educação inclusiva que podem enriquecer a ação planejada do professor no Esporte Educacional.

Nos projetos de Esporte Educacional planejamos a partir de propósitos, objetivos e metas apresentadas pelos Programas do qual fazemos parte. Mas planejamos também, a partir do que gostaríamos de oferecer para aquela comunidade, algo que acreditamos que poderá proporcionar melhora nas condições e qualidade de vida, de educação e de relações para as crianças e adolescentes envolvidos. Geralmente é apaixonante ouvir os “planos” dos professores envolvidos em projetos sociais e educacionais, mas muitas vezes estes se perdem considerando-se as dificuldades encontradas na realidade onde essas ações acontecem. Assim, torna-se fundamental que ao planejar se considere onde, com quem e com que condições.

Parece puramente poético, mas é complexo, segundo Oliveira et al (2009) “a intervenção pedagógica mediada por metas deliberadas é um processo dinâmico, intencional e complexo e, por isso, tem características instáveis e provisórias” (p.237). Dessa forma, é fundamental que o planejamento seja flexível, que envolva uma avaliação processual e reconstrução de objetivos a partir dos resultados encontrados.

Para além de princípios provenientes de Programas e Projetos de Esporte Educacional, e de intenções e objetivos dos próprios professores atuantes, existe um fundamento básico e primordial da educação inclusiva que propomos dar ênfase ao se planejar ações no esporte educacional que é “Nada sobre nós sem nós” (SOUZA, 2013; SANTOS, 2020). As crianças e os adolescentes muitas vezes não são consultados quando se planeja ações, projetos e programas para eles.

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As rodas de conversa ao final das aulas com os participantes, a escuta sensível e o olhar atento do professor podem ser instrumentos de avaliação processual riquíssimos para que os objetivos e metas sejam adequados e o planejamento obtenha maior sucesso para alcançar os princípios do Esporte Educacional. Vamos falar mais sobre escuta sensível e gestão participativa mais a frente.

Reforçamos que o planejamento é fundamental para se alcançar objetivos, mas o engessamento pode levar ao fracasso. O diálogo com as situações cotidianas e com os participantes deve proporcionar a reformulação constante do planejamento e adequação à realidade. Oliveira et al (2009) também propõem nesse sentido quando, discutindo planejamento, relatam que “esses processos de interação e aprendizagem do Esporte Educacional devem partir das suas experiências concretas e das de seus alunos, possibilitando o aumento de conhecimentos e saberes sociais, culturais, de cidadania, de autonomia” (p.239).

Outro princípio discutido na educação inclusiva que gostaríamos de chamar atenção junto ao planejamento do Esporte Educacional, para que este atinja seu objetivo de ação inclusiva, ou seja, participação de todos os alunos, é o Ensino Colaborativo (MENDES, 2006). A complexidade vivenciada pelos programas e projetos de Esporte Educacional com as diferentes realidades sociais e com a diversidade humana é apresentada em vários artigos, dissertações e teses, o que muitas vezes resulta em exclusão de participantes por falta de conhecimento do professor. Ao lidar com a diversidade humana, é impossível que o professor seja detentor de todos os conhecimentos para que planeje e aja adequadamente considerando a diversidade racial, de gênero, sensorial, cognitiva/neurológica, motora, cultural, entre outras tantas. Assim, prever um trabalho interdisciplinar no planejamento, e realizar um trabalho interdisciplinar durante o planejamento, aumenta a possibilidade de atingir metas e objetivos do Esporte Educacional respeitando-se a diversidade humana.

Oliveira et al (2009) ao discutirem planejamento no Esporte Educacional consideraram essa complexidade, e apresentaram a necessidade do professor de compreender a diversidade para planejar, quando indicam a “leitura atenta” sobre gênero e sexualidade. Os autores relatam que o planejamento é fundamental para que se atinja “o desenvolvimento de valores humanos, sociais, culturais e éticos por meio do Esporte Educacional” (p.240).

Como propomos, neste material trouxemos alguns princípios da Educação Inclusiva para discutir o planejamento no Esporte Educacional, sendo que esses buscam complementar e não substituir princípios para planejamento já apresentados. Assim indicamos a leitura do capítulo “Planejamento do programa segundo tempo a intenção é compartilhar conhecimentos, saberes e mudar o jogo” de Oliveira et al (2009) e o capítulo “Planejamento das atividades” de Grecco et al (2013).

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1.2.2 Fundamentos pedagógicos

Partimos da concepção de que um projeto social nasce da convicção de pessoas, organizações, governamentais ou não governamentais, tendo-se como princípio a necessidade de mudar realidades que afetam as condições de vida e o desenvolvimento das pessoas (MELO; DIAS, 2009, p.17).

Para discutir fundamentos pedagógicos para o Esporte Educacional, para além de entendê-lo como direito constitucional, temos que entender os princípios do Esporte Educacional.

O documento da Política dá às práticas esportivas sua grande importância ao desenvolvimento humano, e sua utilização histórica para atingir objetivos políticos/sociais como apresentamos anteriormente. A importância do esporte na sociedade vem o tornando prioridade nas diversas sociedades do mundo atual, sendo determinante na formação dos indivíduos que a compõem, e como importante fenômeno sociocultural (TUBINO, 2010).

A Lei nº 9615 de 1998, que institui normas gerais para o desporto já reconhecia o poder do desporto educacional “para o desenvolvimento integral do homem como ser autônomo e participante”, no entanto apresentava limites para seu desenvolvimento pois traz no seu teor uma hierarquização existente com respeito ao desporto educacional, de participação e de rendimento, que desconsidera a realidade de desigualdade social (BRASIL, 1998). Essa ênfase é um limite para o desenvolvimento do Desporto Educacional e de Participação, retrato de determinações históricas e correlação de forças da época, que a Política Nacional do Esporte propõe superar.

Um dos preceitos principais do Esporte Educacional é o da diversidade, advogando que o direito ao esporte deve ser garantido para todas as pessoas, sem distinção de cor, etnia, gênero, ou condição socioeconômica, em especial as populações empobrecidas e os menos hábeis para a prática esportiva. Diversidade nesse documento é entendido como:

se expressa por uma concepção concreta e dinâmica na relação humana, na qual a “diferença” é um importante elemento de conhecimento que deve ser explicitado e defendido, ao mesmo tempo em que se denunciam e se combatem permanentemente as mazelas da desigualdade (BRASIL, 2005, p.23).

Outro ponto importante para se pensar em fundamentos pedagógicos a partir da Política Nacional de Esporte, é identificar como essa entende o Esporte Educacional. Segundo o documento, o sentido educativo é dado ao esporte ao se ter como objetivo os princípios da cidadania, da diversidade, da inclusão social e da democracia. O esporte é caracterizado como educacional quando:

efetiva a participação voluntária e responsável da população, concretizando a auto-organização e a autodeterminação com práticas que não comprometam o caráter genuinamente nacional e popular. Deve promover o desenvolvimento da Cultura Corporal nacional, cultivar e incrementar atividades que satisfaçam às necessidades lúdicas, estéticas, artísticas, combativas e competitivas do povo, tendo como prioridade educá-lo em níveis mais elevados de conhecimento e de ação que se reflitam na criação de possibilidades de solução dos problemas sociais que, no momento, impedem o progresso social (BRASIL, 2005, p.23).
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Assim, os fundamentos pedagógicos adequados ao Esporte Educacional envolvem, para além da vivência dos movimentos desportivos, tudo o que o momento dessa vivência envolve, toda sua riqueza com as vivências biopsicossocial, reforçando seu conteúdo social à pura apropriação de técnicas, ressaltando a natureza lúdica do jogo, sendo que “o lúdico abre o jogo à participação de todos e torna o jogo democrático” (BRASIL, 2005, P.25).

TOME NOTA

Se você acessar a página 23 do documento a seguir, poderá ver como a PNE caracteriza o Esporte Educacional.

Buscando mais uma vez trazer para o Esporte Educacional os princípios da Educação Inclusiva, considerando os preceitos da Política Nacional de Esporte para o respeito à diversidade e trazendo pressupostos mais práticos para encaminhamento pedagógico dos fundamentos aqui discutidos, apresentaremos algumas estratégias pedagógicas/metodológicas que apresentamos com mais detalhes em Dalla Déa e Dalla Déa (2020).

Muitas vezes os professores de Educação Física sentem dificuldades em tornar suas atividades mais inclusivas pela falta de documentos que indiquem, para além dos princípios teóricos, formas de efetivar a inclusão em suas aulas. Analisando 66 dissertações e teses defendidas entre 2008 e 2018, sobre inclusão na Educação Física, verificamos que alguns fundamentos e estratégias pedagógicas podem propiciar aulas mais inclusivas (DALLA DÉA; DALLA DÉA, 2020).

Neste trabalho, para além dessa pesquisa em trabalhos científicos, realizamos pesquisa com professores de Educação Física em uma Instituição Especial, buscando práticas pedagógicas e fundamentos que pudessem enriquecer a atuação do professor na Educação Física inclusiva, elencamos pressupostos sobre estratégias metodológicas para inclusão como: organização dos alunos, instrução para aula, materiais, atividades inclusivas, entre outras. Assim, caso queira se aprofundar indicamos a leitura de Dalla Déa e Dalla Déa (2020).

Clique na imagem acima para acessar o site

Um exemplo dessas estratégias, em nossas pesquisas verificamos que uma forma de evitar a exclusão das crianças e adolescente menos hábeis, e tornar as aulas mais inclusivas, é apresentar diferentes estratégias para apresentar uma mesma atividade. Então, um jogo que tem como objetivo que a bola chegue em um aro pequeno e alto pode ser vivenciado com aros de diferentes tamanhos, em diferentes alturas, parados ou em movimento, com um ou vários aros, entre outras possibilidades.

No entanto, muitas vezes uma estratégia que visa inclusão acaba segregando os alunos menos hábeis quando o professor separa a turma em grupos em que alguns façam apenas as atividades adaptadas e outros façam as mais exigentes. Para os alunos mais hábeis vivenciarem atividades adaptadas pode-se trazer novas vivências e maior desenvolvimento de habilidades já presentes e proporcionar o respeito à diferença, componente tão importante na formação humana. Para os menos hábeis realizar as atividades com os mais hábeis é uma aprendizagem para ambos, uma oportunidade de aprendizado ou de descoberta de competências, e uma forma de aumentar a autoestima.

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DICA

Um jogo que tem como objetivo que a bola chegue em um aro pequeno e alto pode ser vivenciado com aros de diferentes tamanhos, em diferentes alturas, parados ou em movimento, com um ou vários aros, entre outras possibilidades.

Essa estratégia de múltiplas possibilidades em uma mesma atividade parte de outro princípio da Educação Inclusiva que podemos levar para o Esporte Educacional, tornando-o mais inclusivo e educativo, chamamos de Desenho Universal da Aprendizagem, que ainda é pouco utilizado e estudado na Educação Física e no Esporte Educacional no Brasil.

Segundo Munster e Lieverman (2019), o Desenho Universal da Aprendizagem é uma nova perspectiva, baseada em evidências da neurociência, que busca acomodar pessoas com diferentes características de aprendizagem em um currículo responsivo à variabilidade neurológica dos alunos. O Desenho Universal de Aprendizagem considera que cada aluno é único e para atender à diversidade de formas de aprendizado oferece múltiplas possibilidades de estímulos por meio da linguagem, de materiais, de estratégias, de organização de aula, entre outras.

Pode-se encontrar na literatura e na vivência do Esporte Educacional diversos relatos de exclusão, onde os professores não oferecem para participantes não hábeis com alguma necessidade específica ou ainda com alguma deficiência possibilidades e oportunidades de participação e sucesso nas aulas. Mas também vivenciamos e estudamos exemplos de professores que já utilizam-se dos princípios do Desenho Universal da Aprendizagem e conseguem manter turmas com alunos diversos. Propomos nesse material, que nós professores busquemos tornar essa prática mais constante, trilhando caminhos e possibilidades para que esses professores mais inclusivos sejam valorizados e que possam socializar cada vez mais suas estratégias.

1.2.3 Modalidades no Esporte Educacional

O “Esporte Educacional” como um dos seus elementos constitutivos básicos, deve ser cuidado com vistas a atender plenamente os interesses das diversas comunidades sem contudo perder sua essência formativa (GRECCO, 2013, p.08).

Nesse momento, refletindo sobre as modalidades esportivas nos projetos e programas de Esporte Educacional, vamos discutir modalidades a serem trabalhadas. Segundo a Política Nacional do Esporte no Esporte Educacional:

As modalidades selecionadas devem ter um maior potencial de universalidade e compreensão dos elementos culturais brasileiros - futebol de campo e de areia, vôlei de areia, futevôlei, capoeira e outras semelhantes. Portanto, o ensino na escola não deve orientar-se, apenas, para a formação de uma futura elite esportiva, o que não significa a eliminação da possibilidade do desenvolvimento de atletas a partir do ensinamento das práticas esportivas na escola (BRASIL, 2005, p.25).

Assim, na discussão das modalidades a serem trabalhadas no Esporte Educacional consideraremos outras práticas corporais para além dos esportes competitivos/formais. Para Oliveira e Perim (2009), o Esporte Educacional:

Deve ser compreendido para além de sua forma institucionalizada, ou seja, como toda forma de atividade física que contribua para a aptidão física, o bem-estar mental, a interação, a inclusão social e o exercício da cidadania. Consequentemente, assume como elementos indissociáveis de seu propósito pedagógico as atividades de lazer, recreação, práticas esportivas sistemáticas e/ou assistemáticas, modalidades esportivas e jogos ou práticas corporais lúdicas da cultura brasileira, de forma a possibilitar ampla vivência e formação humana e de cidadania, sobretudo de crianças, adolescentes e jovens.
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Melo, Bretas e Monteiro (2009) ao discutirem as modalidades para o Programa de Esporte Educacional Segundo Tempo dizem que as atividades devem atender às diferentes expectativas e interesses, considerando-se toda diversidade de gênero, idade, deficiência e aptidão, com atividades diversas. Inclusive com atividades que atendam às diversas características, indo ao encontro da nossa discussão de desenho universal. Os autores destacam que se deve utilizar as diversas linguagens e manifestações, dando como exemplo os esportes praticados na natureza, em quadras e campos, as lutas, esportes radicais, caminhadas em ambientes naturais ou urbanos; danças e ginásticas.

Segundo Tubino (2010, p.71), apesar de serem diferentes:

É muito difícil a desvinculação do Esporte Educacional da Educação Física, conforme a pesquisa de Dessupoio Chaves (2006) demonstrou, ao relacionar os objetivos da Educação Física Escolar com os princípios do Esporte Educacional.

Tanto a Educação Física Escolar quanto o Esporte Educacional têm como objetivo a formação do indivíduo por meio das práticas corporais. No entanto, os espaços podem não ser os mesmos, considerando que os projetos e programas de Esporte Educacional podem estar na escola, em centros esportivos, em bairros, ou em outros espaços.

Mas como os projetos e programas de Esporte Educacional são variados, adotando determinadas e diferentes práticas corporais de acordo com suas condições, expectativas e experiências dos professores envolvidos, vamos apresentar aqui as possíveis práticas corporais ou modalidades esportivas por meio da legislação vigente.

A categorização apresentada em Brasil (2018) na Educação Física escolar “não tem pretensões de universalidade, pois se trata de um entendimento possível, entre outros, sobre as denominações das (e as fronteiras entre as) manifestações culturais tematizadas” (p.214), dividindo as unidades em 6 categorias: brincadeiras e jogos, esportes, ginásticas, danças, lutas e práticas corporais de aventura.

Independente da modalidade de prática corporal adotada em determinado projeto ou programa o importante é destacar seu aspecto educacional. Segundo Machado, Galatti e Paes (2015, p.406):

os conteúdos abordados – além de terem significado aos alunos – precisam ultrapassar a esfera da prática motora, sendo parte de um processo de ensino, vivência e aprendizagem que privilegie o ensino de valores e comportamentos, questões históricas e culturais sobre o esporte e as modalidades aprendidas, a discussão sobre a ética no esporte, a influência da mídia, o respeito, entre outros conhecimentos que fazem parte do universo esportivo e contribuem para o aspecto educacional e social da prática esportiva.