5. Conclusão: para uma EaD institucionalizada e de qualidade na UFG

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Os primeiros movimentos no sentido de se implementar oficialmente as ações de EaD na universidade aconteceram no início dos anos 2000, com a criação do Centro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação a Distância, a UFG Virtual. Na época, o órgão estava vinculado à Pró-reitoria de Extensão e Cultura da UFG, quando a universidade participou, por meio de algumas unidades acadêmicas, de diversos projetos de cursos, convênios e programas voltados ao uso das TDIC e na modalidade a distância. Desde o princípio, sintonizado com sua missão de “gerar, sistematizar e socializar o conhecimento e o saber, formando profissionais e indivíduos capazes de promover a transformação e o desenvolvimento da sociedade”, os projetos que atuaram no sentido de implementar a EaD na universidade sempre primaram pela qualidade na educação, viabilizando democratizar o acesso por meio da interiorização dos cursos, no sentido de permitir a participação de estudantes das mais distantes localidades dentro, e algumas vezes fora, do estado de Goiás, atendendo às necessidades diversas dos estudantes e comunidade. Ao longo deste período, dentro do programa UAB, a UFG já ofereceu 19 cursos na modalidade a distância, sendo 7 em nível de graduação e 12 em nível de pós-graduação, além dos cursos oferecidos pela atual Universidade Federal de Catalão que, sendo parte da UFG por muitos anos também apresentou muitas ofertas na modalidade, e dos diversos cursos em nível de pós-graduação lato sensu e de capacitação e extensão que são oferecidos fora do programa UAB.

A despeito da longa trajetória já percorrida pela UFG na Educação a Distância e de sua já reconhecida qualidade, é preciso reconhecer que o contexto de políticas neoliberais que insistem em tentar precarizar a educação, particularmente as universi- dades públicas, associado aos efeitos recentes da pandemia global que nos afetou profundamente, justificam a importância das presentes discussões e nos levam a evidenciar os fatores de qualidade que devem caracterizar a EaD na universidade.

Dos diversos impactos causados pela pandemia da Covid-19, particularmente nos seus dois anos iniciais, 2020 e 2021, os modos de se fazer educação escolar foram, sem dúvida, dos que mais deixaram sequelas em todos os seus membros. A implementação, na maioria das vezes forçada e sem um planeja- mento adequado, das TDIC nas escolas em seus diversos níveis de formação, resultou em uma série de desdobramentos, seja no modo de se pensar o uso dessas tecnologias, seja nas lacunas de formação por parte dos sujeitos aprendentes.

O chamado “Ensino Remoto Emergencial (ERE)”, adotado como uma forma de atender à demanda pelo acesso à univer- sidade durante o período de isolamento social causado pela pandemia, se constituiu basicamente de um transplante força- do das atividades presenciais de sala de aula para o ambien- te online. Por acontecer em um contexto em que não se sabia quanto tempo seria o isolamento e pela necessidade urgente de evitar maiores prejuízos no cumprimento do fluxo curricular dos estudantes, o ERE se estabeleceu a partir de um plane- jamento limitado às condições disponíveis naquele contexto e pela falta de uma capacitação e infraestrutura adequadas para uma caracterização como modalidade a distância. O que era previsto para durar 6 meses, acabou se estendendo por 2 anos, quando, finalmente após o acesso à vacinação e às condições de controle da contaminação, foi possível retornar gradativamente aos espaços presenciais.

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Uma das consequências desse período foi o surgimento de dois modos de pensar o uso das TDICs e a EaD na comunidade universitária e na população em geral: o primeiro, resistente à EaD e preocupado com sua entrada na universidade, por não ter de forma clara o que é EaD; e o segundo, deslumbrado com a modalidade, e sedento por implementá-la imediatamente nos cursos, também por não entender plenamente o que é EaD. De fato, se há algo em comum entre o Ensino Remoto Emergencial e a modalidade Educação a Distância, é o fato de ambos fazerem um uso intenso de algumas tecnologias que permitem o contato remoto entre os participantes no processo de ensino-aprendizagem. No entanto, esse uso é significativamente distinto, a ponto de ser consenso entre acadêmicos e profissionais que trabalham na área o entendimento de que não se trata, absolutamente, de sinônimos. O presente documento tem como finalidade apontar, portanto, o que entendemos por EaD na UFG e quais os caminhos para sua institucionalização.

A Universidade Federal de Goiás possui um percurso longo de trabalho na Educação a Distância, tanto na prática, com a implementação de cursos na modalidade em nível de gra- duação, pós-graduação, em atividades diversas de extensão e pesquisa, assim como na produção teórica e política com reconhecida produção acadêmica de docentes pesquisadores, realização de eventos como o Esud 2020 (XVII Congresso Bra- sileiro de Ensino Superior a Distância) e participação intensa nos fóruns da EaD no país, como o fórum da UAB (Universida- de Aberta do Brasil), com participação na UniRede (Associação Universidade em Rede) e mais recentemente com representação no ICDE (International Council for Open and Distance Edu- cation). Esse percurso demonstra que a institucionalização da EaD é o resultado natural de um projeto que começou no início dos anos 2000 com a UFG Virtual e que hoje tem um importan- te passo com a produção do presente relatório produzido pelo grupo de trabalho com representação de todas as unidades acadêmicas e órgãos finalísticos da UFG. Que o presente rela- tório possa orientar as ações da universidade, reconhecendo a importância da modalidade sempre tendo no horizonte a visão de "consolidar-se como instituição de referência para o processo de desenvolvimento social, econômico e institucional de Goiás, bem como ampliar seu alcance nacional e interna-cional, tendo como fundamentos a valorização das pessoas, a sustentabilidade, os valores da democracia e da liberdade.

Assim, com base neste documento que trata de uma proposta de política de institucionalização e desenvolvimento da EaD para a UFG, espera-se que as diversas instâncias (graduação, pós-graduação e extensão) repensem as regulamentações que, em alguma medida, abordem a Educação a Distância na universidade.