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Comunicações científicas

16Aplicabilidade da Técnica de Injeção de Látex para Estudo da Vascularização Cardíaca – Relato de Caso

Introdução

O estudo da vascularização, trajeto e relações anatômicas entre o sistema circulatório e as estruturas adjacentes tem sido feito por meio de várias técnicas morfológicas. Dentre elas, a injeção de látex com corantes variados representa uma alternativa de fácil execução, possuindo alto grau de penetração inclusive nos capilares, baixo custo, sendo amplamente acessível e compatível com outras técnicas de conservação de peças anatômicas (CURY et al., 2013). Ao ser injetado, o látex não sofre alterações em sua composição, não alterando também a espessura dos vasos devido à sua capacidade de adaptação (RODRIGUES, 2010). Com isso, o objetivo deste trabalho foi relatar a aplicabilidade da técnica de injeção de látex para estudo de vasos sanguíneos no coração adulto de suíno, uma vez que apresenta morfologia comparada similar com o órgão humano.

Material e Métodos

Inicialmente, os materiais necessários para o desenvolvimento da técnica, incluindo uma peça anatômica de coração de suíno previamente selecionado e os instrumentais a serem utilizados, além do látex natural e corante vermelho, foram disponibilizados e organizados a fim de possibilitar a sua correta execução.  Em seguida, foram identificados os grandes vasos da base do coração e, da mesma forma, a artéria aorta foi seccionada em sua parte ascendente a fim de possibilitar o melhor acesso à região, bem como a visualização das demais estruturas. As artérias coronárias foram localizadas e, partir daí, foi possível a identificação dos óstios destas artérias, local escolhido para a introdução de um escalpe a fim de acessar a luz de cada vaso. Após a introdução dos escalpes, estes foram amarrados com fio de sutura buscando evitar o seu deslocamento e, da mesma forma, o extravasamento de líquido injetado. Os vasos foram limpos por meio da injeção de 10 ml de formol e, na sequência, o látex natural foi corado, utilizando-se corante vermelho, e a mesma quantidade foi injetada no interior dos mesmos Estes materiais foram introduzidos de forma lenta e progressiva em ambos os antímeros, por meio de um acompanhamento rigoroso a fim de evitar rupturas e extravasamento das substâncias para fora dos vasos.

Resultados e Discussão

Após a execução da técnica, o látex pigmentado e injetado possibilitou a visualização das artérias coronárias cujo trajeto foi evidenciado, incluindo suas ramificações e a vasta morfologia de irrigação arterial do coração. Foram introduzidos 10 ml de formol, sendo a mesma quantidade utilizada para a injeção do látex. Por outro lado, existem diferentes técnicas relacionadas à utilização de látex para a evidenciação do sistema vascular, uma vez que inúmeras variações quanto aos vasos a serem canulados podem ser observadas (CURY et al., 2013), como por exemplo as técnicas nas quais água morna à 40ºC pode ser injetada previamente ao látex (OLIVEIRA et al., 2000), dentre outras. Da mesma forma, a diluição do látex também pode ser considerada, visando uma facilitação de sua distribuição ao longo de vasos menos calibrosos como os capilares (RODRIGUES, 1998). Os vasos foram evidenciados, demonstrando que a técnica de injeção de látex pode ser considerada como uma metodologia capaz de auxiliar no estudo e entendimento da vascularização do coração.

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Conclusão

Pode-se concluir que a técnica de injeção de látex constitui um instrumento plausível para treinamento e aprendizado, apresentando baixo custo e fácil execução. Mostra-se como um artifício eficiente e facilitador do aprendizado para evidenciação e estudo de vasos, demonstrando sua aplicabilidade na anatomia humana e animal.

Referências

CURY FS; CENSONI JB; AMBRÓSIO CE. Técnicas anatômicas no ensino da prática de anatomia animal. Pesq. Vet. Bras., Rio de Janeiro ,  v. 33, n. 5, p. 688-696,  May  2013.

OLIVEIRA A.S., FERREIRA J.R. & BLUMENSCHEIN A.R. 2000. Estudo anatômico do modelo arterial de vasos responsáveis pelo aporte sanguíneo da glândula submandibular de primatas neotropicais (Cebus apella Linnaeus, 1766). Acta Scientiarum 22(2):573-579.

RODRIGUES H. 1998. Técnicas Anatômicas. 2ª ed. Arte Visual, Vitória, ES. 222p.

RODRIGUES H. 2010. Técnicas Anatômicas. 4th ed. GM Gráfica e Editora, Vitória, ES. 269p.