
A escola
Fui palco de muitos conflitos, emoções e relações entre pessoas. Hoje sou um espaço onde todos têm voz e vez. Fui transformada pela ação dos estudantes e pela consciência democrática da gestão e do corpo de professores.
Hoje acolho eventos, reuniões e ações que envolvem toda a comunidade. Mães, avós, pais, irmãos dos estudantes participam de vários projetos aqui.
O Barão não tem mais aquela cara austera que só se preocupava com obediência e punição. Hoje, os estudantes cooperam e participam das decisões. Noeli aprendeu muito. A Ediane conduziu o projeto de “escola para todos”, concretizado em parceria com a comunidade escolar. A Romilda se aposentou, e o clima escolar e as relações entre todos melhoraram bastante. Há muito ainda a ser feito, mas há boa vontade e muito menos conflitos.
Os estudantes estão mesmo participando ativamente das decisões e ações da escola. Tudo isso fez com que a aprendizagem melhorasse, uma vez que os alunos se sentem mais satisfeitos e empenhados e os professores têm se preocupado apenas com o processo educativo, e não mais com os conflitos e problemas disciplinares.
Ah! O abandono escolar também diminuiu, e os professores estão aprendendo que o espaço da sala de aula não é apenas para ensinar conteúdos; que nessas quatro paredes também são bem-vindos, debates, conversas e proposição de ações e ideias que envolvam temas com emoções, vivências cotidianas, expectativas para o futuro, exercício da cidadania e para a vida em sociedade.
O espaço que foi aberto para o diálogo e participação nas propostas e decisões também fizeram os estudantes passarem a sentir-se responsáveis pelas relações, pelo processo educativo e também pela conservação do espaço do qual fazem parte.
A Noeli separou uma parede de um dos laboratórios para que os estudantes deixassem suas marcas e seus nomes e, assim, pudessem expressar suas vontades e sentimentos. Ficou lindo. Olha você mesmo e diz o que achou:

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Jorge foi visitar a Isa em sua casa poucos dias depois da reportagem na TV. Conheceu o Dog Mc, que o reconheceu, assim como as irmãs da Isa e também sua mãe, que fez pão de queijo e suco de maracujá. Isa não teve vergonha da sua casa nem de sua família. E Jorge ficou contente em poder retribuir a visita.
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Hoje, Jorge está feliz. Começou a cursar faculdade. Isa conseguiu um estágio em um jornal da capital. Lá ela posta as reportagens no site e já escreve alguns textos. Continua no Barão, fazendo o segundo ano na mesma sala que a Geovanna. Ela também foi eleita a presidente do Grêmio Estudantil Paulo Freire e tem uma relação de respeito mútuo com a gestão da escola. Continua sonhando com um mundo mais justo. Nesse objetivo, ela tem feito a sua parte.
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– E hoje é uma escola perfeita? – você deve estar se perguntando.
Claro que não! Pois estou em eterna construção. E cada pessoa que aqui frequenta traz e deixa um pouco de si. E você? O que levou da escola? O que deixou na escola?