Licenciatura em Artes visuais Percurso 3
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Metodologias para o ensino de Artes Visuais

Autor

Dr. César Pereira Cola Possui graduação em Educação Artística - Licenciatura Plena pela Universidade Federal do Espírito Santo (1986), Graduação em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (1982), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (1996), título: Livre expressão e metodoligia triangular no esino da arte: investigação sobre o desenho infantil, orientado por João Eudes Pinheiro Ribeiro e doutorado em Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2003), título: Desenho infantil: processo de comunicação e expressão, orientado por Dra. Olga de Sá. Pós-Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo, orientado pela Dra. Janete Carvalho Atualmente é professor associado 3 da Universidade Federal do Espírito Santo. Desenvolve pesquisas relacionadas ao processo criativo em artes em todas as faixas etárias, com ênfase no desenho da criança, incidindo tanto na Educação Escolar, quanto na Educação não-Escolar. Áreas de interesse: estética, arte, desenho infantil, educação.

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Apresentação

Desejo, antes de tudo, bons estudos para todos nós. Este é um momento importante em minha carreira por estar envolvido em curso de formação de professores de Arte, modalidade EAD e ser responsável pelo material de Metodologias que, espero, seja muito útil para profissionais que atuarão na Educação. Além de muita dedicação, acho bom termos também prazer e responsabilidade com o que fazemos, já que envolve vida e formação de pessoas, coisas que ultrapassam os conteúdos disciplinares.

A arte está na vivência de todos os seres humanos, mas em determinados casos tenho certeza de que ocupa um lugar especial. Assim me observo pensando: na vida de quem a arte é mais significativa e está mais presente? Vejo que isso acontece na vida de artistas, publicitários, ilustradores, editores de livros, jornal ou revista, pessoas que lidam com mídia de um modo geral, entre uma quantidade enorme de profissionais. Mas dentre esses, gostaria de acentuar você, estudante de arte e futuro professor, que estará (ou já está) falando de arte para um número enorme de pessoas. E no trabalho que amanhã será desenvolvido, é preciso ver até que ponto a arte é importante para você mesmo para que ela venha a ser significativa também para seus alunos, pois se a arte não fizer sentido para professores, ela também não fará para os alunos de arte.

Uso tais palavras para falar sobre mim mesmo e o sentido da arte em minha vida. Quando decidi lidar com educação, tinha a certeza de a disciplina arte deveria ser trabalhada com muita dedicação, considerando sua importância para a vida. E sendo professor, torna-se necessário perceber em si mesmo encontros que acontecem com a arte. Assim, proponho que você tenham um monólogo constante e silencioso, trazendo questões como: 1) Eu gosto de pintura, escultura, desenho, fotografia, das Artes Visuais? 2) Minha vida é melhor, mais feliz porque existe o cinema, a dança, fotografia, a arte de um modo geral? 3) Eu tenho prazer em ver ao meu redor objetos interessantes não só por serem utilitários, mas pela forma como me seduzem pela cor, brilho, localização dentro do ambiente?

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Posto isso a proposta deste curso é introduzir você, estudante, a refletir sobre o que poderá ser feito em termos de ensino de Arte na Educação Básica. Sendo assim, priorizei uma abordagem geral sobre didática, pois ao longo do curso estaremos pensando sobre o ato de ensinar e projetando a atuação como professor de arte. Os conhecimentos que você possui de estudos anteriores serão agora muito significativos, pois eles a didática fica vazia. Esses estudos não são só as disciplinas do curso, mas também outros adquiridos em leituras, palestras e eventos. Vamos buscar conceitos que você possua sobre arte, temas e técnicas que gostam de lidar, pois ensinar pressupõe um trabalho de autoria. Espero que esta disciplina seja uma troca de ideias, que saibamos compartilhar os conhecimentos que já possuímos previamente e outros que vão sendo adquiridos durante o curso.

Conforme esquema proposto no curso, à discussão sobre educação, pedagogia e didática marcam o início dos trabalhos. A didática está estreitamente relacionada com educação e pedagogia, considerada por muitos um subitem das mesmas. Dessa forma, a discussão na área se torna bastante necessária. A maioria dos autores, ao falar em didática não dispensa essas duas áreas maiores.

1.1. Educação

Todos têm muito a falar sobre educação. Mesmo em regiões longínquas, onde escolas muitas vezes não existem, vemos adultos referindo-se a crianças ou outros adultos como mal educados. O termo ‘sem educação’ é trivial, senso comum. Educação é um termo básico e enraizado onde quer que seja no mundo. Isso indica a dimensão global do que se possa denominar educação, um termo bastante difícil de ser encaixado em uma única definição.

O senso comum costuma passar pelo fator de conservação dos costumes e hábitos necessários para a subsistência do ser humano. Reportando à Pré-história, vemos a necessidade real de serem transmitidas determinadas tarefas que garantam a subsistência do homem. Caçar, por exemplo, exige domínio de determinadas táticas (encurralar ou surpreender o animal), instrumentos e armas para abater o alvo. É possível que tenha havido um aprendizado com a prática: os mais jovens acompanhando os mais experientes, mas como não existem registros, a herança mais certa é a dúvida. De qualquer forma, as transmissões cognitivas guardam um teor materno ou paterno, ambiente local, necessidades sociais, hábitos culturais, linguagens que tal grupo de indivíduos costuma lidar. Sendo assim, transmissão, conservação parecem ser as palavras-chave quando se diz educação.

Etimologicamente, segundo Morandi (2009), educação carrega uma forte tendência relacionada a cuidar e criar, geralmente uma criança. Provê-la de alimento, de condições para sobreviver por si, bem como de adquirir determinado domínio de conceitos fundamentais para vida em sociedade (educatio) ou fazer sair, tirar de uma pessoa o que existe de potencialidade inerente (educere). A mitologia fala em Eduque, deusa que regia a educação. E Durkheim (1978) fala sobre uma ação exercida, seja de uma pessoa ou grupo, sobre outro grupo. Considerando tais fatores, podemos afirmar que a educação é algo externo, ou seja, aprendido.

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Outra distinção significativa sobre e educação é classificá-la como sistemática e assistemática (HAYDT, 2006). Assistematicamente conhecimentos são adquiridos na vivência cotidiana, sem determinadas regras para se ensinar. As sociedades pré-letradas lançariam mão da educação assistemática, na qual a educação acontece pela vivência entre as pessoas, de forma que os mais jovens partem para a experiência direta, aprendem e praticam as atividades dos adultos por meio da observação e fazer empírico (GARCIA, 1976). Ao observarmos uma pessoa em determinado afazer (pintando, cozinhando, utilizando o computador, lavando roupa, por exemplo) podemos aprender pela observação, ou seja, esse é um aprendizado assistemático. Libâneo (1991) prefere denominar a educação assistemática como não intencional e a educação sistemática como intencional. Assim se reporta o autor sobre o assunto:

Os estudos que tratam das diversas modalidades de educação costumam caracterizar as influências educativas como não-intencionais e intencionais. A educação não intencional refere-se às influências do contexto social e do meio ambiente sobre os indivíduos. Tais influências, também denominadas de educação informal, correspondem aos processos e aquisição e conhecimentos, experiências, ideias, valores, práticas, que não estão ligados especificamente a uma instituição e nem são intencionais e conscientes. São situações e experiências, por assim dizer, casuais, espontâneas, não organizadas, embora influam na formação humana. É o caso, por exemplo, das formas econômicas e políticas de organização da sociedade, das relações humanas na família, no trabalho, na comunidade, dos grupos de convivência humana, do clima sócio-cultural da sociedade.
A educação intencional refere-se a influências em que há intenções e objetivos definidos conscientemente, como é o caso de educação escolar e extra-escolar. Há uma intencionalidade, uma consciência por parte do educador quanto aos objetivos e tarefas que deve cumprir, seja ele o pai, o professor ou os adultos em geral — estes, muitas vezes, invisíveis atrás de um canal de televisão, do rádio, do cartaz de propaganda, do computador etc.
(LIBÂNEO, 1991, p. 17-18)

Intencional ou não intencional, devemos considerar que essas duas vertentes se interpenetram, formando um fenômeno único, um verdadeiro organismo ou sistema. Assim sendo, convém aos profissionais da escola estar conscientes que suas ações sofrem e também promovem influências em determinados conceitos, por exemplo, etnias, classes sociais, inclusão e exclusão, gênero, diferenças pessoais, opção sexual, preconceitos antigos e recentes, discriminação da faixa etária etc. Quem atua na escola deve ser consciente sobre a vertente ideológica que sua profissão carrega. Mesmo os profissionais que dizem “nada sei de política ou de preconceitos” apenas desconhecem que estão a favor ou contra determinadas posições. Essa relação entre educação e ideologia existe desde a Pré-história da humanidade. Historicamente os períodos foram construídos, solidificados ou destruídos tendo como fator de mudança a educação, seja ela sistemática ou assistemática.

Sendo assim, Libâneo é claro quando fala da importância do professor estar apto em transmitir conteúdos específicos da disciplina ao aluno, trabalhar para desenvolver no aluno suas capacidades intelectuais e seu entendimento crítico sobre os problemas pelos quais a sociedade está passando, para contribuir na construção de uma sociedade mais justa. Outra dimensão a ser lembrada é que a educação é singular e individual do homem. Assim, devem ser consideradas as potencialidades dos indivíduos, posto que o mundo é uma representação que cada pessoa, como sujeito, traz (SCHOPENHAUEr, s.d.; DELEUZE, 2007). Tais diferenças e potencialidades individuais necessitam estar cada vez mais presentes na educação, existindo pesquisas que consideram tal fator.

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Em arte, sabemos o quanto é relevante a expressão individual, considerando que existem muitos artistas denominados autodidatas, ou seja, que não frequentaram escola. Alguns adquiriram materiais artísticos, partindo para uma prática pessoal que pode ser classificada como assistemática, pois é fruto de um aprendizado individual e pessoal. Convém observar que o autodidatismo pode ser trabalhado com o objetivo é fazer arte, mas hoje a disciplina Arte ultrapassa o fazer, propondo também conhecimento, análise crítica, contextualização da arte.

1.2. Pedagogia

A pedagogia está relacionada a propostas educacionais, sendo uma ciência que sistematiza a educação de forma racional e intencional, para propor algo concreto e efetivo em determinada sociedade, em determinada época, possuindo como fundamentação orientações culturais que estão implicadas nesta sociedade. Sendo assim, aspectos econômicos, sociais, políticos, históricos, artísticos, estéticos, religiosos, entre outros, são a matéria prima de onde a pedagogia extrai elementos para sua efetivação. E a história está cheia de exemplos significativos no que diz respeito à função da pedagogia em determinada época: preservar costumes e evitar mudanças sociais, impor novos modelos políticos, sociais, econômicos, por exemplo. De qualquer forma, a implicação maior é a formação, instrução do sujeito, dos membros de uma sociedade.

O olhar da pedagogia é amplo. Vê um todo contemplando e pensando ações que futuramente irão envolver uma quantidade significativa de indivíduos, provocando e sofrendo consequências na família, no ambiente, nas crenças religiosas, nas artes, na economia, na política etc. Tudo ocorre de maneira prevista, sendo analisadas situações que implicarão em consequências previamente desejadas. Dessa forma, pode-se pensar em termos de controle de práticas em diversas áreas. A ditadura militar imposta no Brasil na década de 1960, por exemplo, necessitou moldar a pedagogia escolar, para que pudesse ter seus desígnios alcançados, evitando que os militares perdessem controle sobre a política nacional. Podemos pensar assim em outras épocas, em outros países.

Etimologicamente, pedagogo, o paidagôgo, é aquele que conduz, cuida, se encarrega da criança. Pode-se dizer tratar de uma pessoa que inspeciona o percurso de outra. Provavelmente daí provenha subáreas como supervisão, inspeção, coordenação, direção, característicos de alguns pedagogos. Como toda ciência, a pedagogia possui diferentes definições, mas de um modo geral, são canalizadas para um mesmo sentido. Vejamos os escritos de Morandi no que concerne ao significado de pedagogia:

O estabelecimento do termo “pedagogia” e seu uso específico é relativamente recente. A enciclopédia lhe dá lugar na “lógica da ciência do homem” como “arte de comunicar ou transmitir os pensamentos”, e descreve que ela “trata da escolha de estudos e da maneira de ensinar”; indiretamente, no verbete educação, também considera pedagogia o sistema representado pelos conhecimentos humanos. [...] A história da pedagogia está até hoje associada aos grandes educadores, como Montaigne e Rousseau. Durkheim volta a dar à pedagogia uma função nobre, ligando-a à sociologia e atribuindo-lhe um estatuto de teoria. [...] A abordagem sociológica vê as práticas educativas como fatos não isolados, que, porém, contribuem para um sistema educativo de uma época e de um país. (MORANDI, 2008, p. 34-35)
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Convém atentar a dois aspectos da pedagogia: o pensar e o agir, ou seja, a ação e a reflexão. Tal nuance, porém, sempre relacionada ao processo educativo, à lógica que sustenta determinada ação/reflexão em educação, assim caracterizando uma atitude de observação da efetivação do que se pensou, bem como diferentes opções de modificar tal projeto quando em período de sua prática ou posterior a esta fase. Pensar na pedagogia como preparação otimizada dos indivíduos para ações adequadas em determinado ambiente social pode ser um excelente ponto de partida. Tal fator implica em estudos sociológicos, psicológicos, filosóficos por parte do pedagogo. Que tipo de indivíduo, de homem se pretende formar? O que se espera deste indivíduo? O que se pode oferecer ao mesmo? Essas questões podem ser interrogações constantes no processo pedagógico de construção de uma sociedade que possui determinados propósitos a alcançar. Muitos estudiosos estão preocupados com tais processos, podendo contribuir de forma consistente para estudos teóricos e práticos na área. Libâneo nos traz ideias.

A pedagogia, sendo ciência da e para a educação, estuda a educação, a instrução e o ensino. Para tanto, compõe-se de ramos de estudo próprios, a Teoria da Educação, a Didática, a Organização Escolar, e a história da Educação e da Pedagogia. Ao mesmo tempo, busca em outras ciências os conhecimentos teóricos e práticos que concorrem para o esclarecimento do seu objeto, o fenômeno educativo. São elas a Filosofia da Educação, Sociologia da Educação, Biologia da Educação, Economia da Educação e outras. O conjunto desses estudos permite aos futuros professores uma compreensão global do fenômeno educativo, especialmente de suas manifestações no âmbito escolar. Essa compreensão diz respeito a aspectos sócio-políticos da escola na dinâmica das relações sociais, dimensões filosóficas da educação (natureza, significados e finalidades, em conexão com a totalidade da vida humana); relações entre a prática escolar e a sociedade no sentido de explicitar objetivos político-pedagogicos em condições históricas e sociais determinadas e as condições concretas do ensino; o processo do desenvolvimento humano e o processo da cognição; bases científicas para a seleção e organização dos conteúdos dos métodos e formas de organização do ensino; articulação entre e mediação escolar de objetivos/conteúdo/métodos e os processos internos atinentes ao ensino e à aprendizagem. (LIBÂNEO, 1991, p. 24-25)

A pedagogia possui determinadas tendências que são relacionadas a determinadas épocas históricas. No entanto, sabemos que muitas tendências pedagógicas antigas continuam em prática mesmo após o período na qual ela foi predominante. Pode-se considerar que hoje somos uma somatória de todos os formatos propostos durante milênios. Num sentido benéfico, muitas vezes são guardadas influências desta ou daquela tendência para construir uma nova perspectiva educacional, pedagógica. A pedagogia tradicional, a pedagogia nova e a pedagogia histórico-social ou crítico social dos conteúdos são as três vertentes que se pretende trabalhar neste curso.

Sobre pedagogia tradicional podemos falar em um ensinamento no qual o centro do conhecimento e o ponto de partida são o professor, seus enormes discursos, suas propostas específicas de trabalho. Nesta tendência, é valorizada a questão de memorização, também chamada de educação bancária, pois como em um banco, depositamos para depois sacar a mesma quantia depositada. A autoridade do professor é reforçada, está em suas mãos qualquer decisão em relação a resultados a serem obtidos. Se pensarmos em arte, veremos que o neoclassicismo foi um modelo altamente tradicional: o aluno deveria seguir regras rígidas de composição, perspectiva, claro-escuro, muitas vezes utilizando a cópia como aprendizagem mais significativa.

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Com a pedagogia nova o centro do conhecimento passa do professor para o aluno, propondo liberdade na busca dos interesses que lhe sejam mais significativos. A criança, o aprendiz passou a ser um ser com potencial, como caracterizado por Morandi (2008, p. 78) “como um ser novo, com sua natureza de ser em devir em seu desenvolvimento, destinado a um futuro”. Dewey (2008, p. 57), como expoente desta tendência, fala sobre a quantidade de riqueza que pode advir do interior do indivíduo, sendo proposto ao aluno estar capacitado a buscar um conhecimento por si mesmo, introduzido, guiado aos interesses singulares, subjetivos latente em sua mente, em seu espírito. Trazendo para o campo da arte, vemos nítida influência do movimento expressionista, no qual utiliza materiais com bastante liberdade para produzir trabalhos inéditos, oriundos de um fazer e aprender por si. Tal vertente, quando mal utilizada, gera o laissez faire, expressão francesa para deixar fazer, entendendo que o aluno é deixado abandonado, faz o que bem entende sem o retorno do professor.

Na pedagogia histórico-crítica ou crítico-social dos conteúdos alunos e professores devem estar atentos aos processos sociais, pois esta pedagogia acontece concomitante com os mesmos. A escola deve estar sintonizada com o que está se passando ao seu redor, pois os desdobramentos sociais irão determinar as possíveis ações no ambiente da educação escolar.

O método tradicional e a escola nova são incorporados como atitude de estar além deles. Os melhores momentos e resultados de tais vertentes poderão estar presentes na escola, sendo que a problematização da prática social é fundamental. Interessa uma nova compreensão da sociedade por parte de todos e, com o objetivo de interagir reciprocamente com a sociedade, busca-se novas maneiras de compreendê-la, bem como transformá-la.

Didática

Inicialmente, cabe a definição de didática do dicionário: “1. A técnica de dirigir e orientar a aprendizagem; técnica de ensino. 2. Estudo dessa técnica” (FERREIRA, 1998, p. 221). Da palavra deriva didata que é aquele que ensina ou escreve obras sobre didática. Assim, estudar didática significa passar por um processo de aprendizagem, adquirir e utilizar conhecimentos para lançar mão desse ensino (de didática) e instruir alguém sobre algo.

Existem em sala de aula duas posições: a do professor e a do aluno. Comumente, hoje muito se fala: quem aprende é o professor, quanto mais se ensina, mais se aprende. No entanto, é também senso comum concluir que os conteúdos, os objetivos, a metodologia etc, são propostas trazidas pelo professor. Na Escola Nova, como vimos anteriormente, o professor busca muitas vezes conteúdos que os alunos sugerem. O professor propôs escutar o aluno e sugerir o conteúdo. De qualquer forma, é lógica a conclusão de que estava na mão do professor decidir consultar o aluno sobre o que deverá ser trabalhado em sala de aula. Se um professor se diz ‘moderníssimo’ e não elabora os planejamentos, em nome de um livre-arbítrio do aprendiz, isso é também uma escolha didático-pedagógica. Convém lembrar que didática implica antes de tudo em seleção de quê e como fazer.

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No item Pedagogia, vimos algumas tendências pedagógicas. Para cada uma delas, existe uma didática que é mais adequada para promover o ensino pelo qual se optou. Sendo assim, didática é um subitem de pedagogia, bem como uma ciência estreitamente relacionada à educação, que convoca uma série de comportamentos que são selecionados para interagirem nessa espécie de matriz chamada professor – conteúdo – aluno. O professor Cordeiro (2009), citando o filósofo John Pasmore, assim nos fala sobre tal matriz: “Uma pessoa ensina quando transmite fatos, cultiva hábitos, treina habilidades, desenvolve capacidades, ensina alguém a nadar ou a apreciar música clássica, mostra como funciona um foguete lunar, ou que, e por que, os planetas se movem em volta do sol” (apud cordeiro, 2009, p.23). Para esse mesmo autor, o ensino pode ser entendido como uma relação triádica, isto é, que envolve três vértices e que pode ser expressa numa afirmação do tipo “x ensina algo a alguém” (o professor – o conteúdo do ensino – o aluno). No entanto, ao contrário do que acontece em outros tipos de relação, esse aspecto triádico pode ficar escondido no ensino, já que nem todos os elementos da relação precisam ser explicitados.

Podemos dizer que a didática buscava muitos elementos na Filosofia antes do século XX. A educação no século XX esteve muito arraigada em teorias de Psicologia, da Biologia e da Sociologia. Assim, em séculos anteriores, a influência mais significativa na educação era a Filosofia. Estudos sobre Biologia, Psicologia e Sociologia trouxeram contribuições alusivas ao desenvolvimento físico, considerando-se também as grandes diferenças e particularidades cognitivas e afetivas. O mundo da criança foi estudado com mais profundidade, destacando as singularidades de cada pessoa, as diferenças sociais e ambientais. Hoje, porém, muitos educadores buscam alternativas, opções educacionais que escapem das teorias psicológicas de teóricos como Freud, Piaget, Vygotsky, já que trouxeram influências da psicologia para a educação. Tais teorias já são bastante transformadas, modificadas ou mesmo contestadas, mas ainda presentes em sala de aula. Didática seria então um campo repleto de influências de tudo que diz respeito a vivências do ser humano.

Unidade 2: Construção, transformação e tnfluência no cotidiano social

As considerações do item 2.1 deste capítulo já foram abordadas no capítulo anterior. No entanto, pretende-se discutir um pouco mais sobre as mesmas. Na segunda parte, serão abordadas teorias sobre Educação, seguindo um percurso histórico e de evolução do ensino e ideias no que diz respeito a propostas pedagógicas. Como sistematização destas transformações, filósofos, psicólogos, educadores serão citados junto com as propostas alusivas aos seus ensinamentos.

2.1. A sociedade e sua característica mutante

Uma aula implica em outra aula, e essa outra aula irá implicar em todas as aulas do ano letivo (CORDEIRO, 2009). O ano letivo, depois de terminado, também não garante que os conteúdos ensinados irão funcionar como algo significativo na vida dos alunos ou para a sociedade. Assim, a didática e a sala de aula lidam constantemente com ressignificação do que se irá selecionar para ser ensinado, de que forma tal ensino irá ser conduzido, a possibilidade ou não de retrabalha-lo. A dimensão da globalidade da educação implica em destruir procedimentos, transformando-os em outros que caracterizam uma mutabilidade constante.

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Ora, possuindo a sociedade tal capacidade mutante, não existe como conseguir uma prática didática que não seja também sujeita a mudanças em todos os seus aspectos. Tentando elencar alguns aspectos que causam a mutabilidade na sociedade e, consequentemente, na Educação, podem ser apontados.

Merleau-Ponty, Bérgson e Husserl apontam a complexidade do tempo ser compreendido de forma simples, assim como o entendemos, mas, de qualquer forma, é consenso que os comportamentos da Idade Média, não eram os mesmos do Renascimento; que o século XIX foi completamente diferente do século XX.

A localização geográfica de determinada civilização aponta para uma influência demasiadamente significativa no âmbito social. Clima regional implica em vestimenta a ser utilizada, em comida a ser consumida. Isto irá implicar em fatores que trazem consequências para a comunicação e, apesar de a didática não ser somente comunicação, sofrerá grandes impactos de como tal área é praticada socialmente.

Numa sociedade economicamente estável é possível uma educação também estável. Onde imperam grandes diferenças de situação econômica entre as classes, será encontrada uma educação marcada por elas (excelente educação para uns, educação precária para outros). Professores poderão encontrar muitas dificuldades por não disporem de condições de estudo em determinadas regiões, considerando-se a condição econômica das mesmas.

A Política dominante em determinada sociedade pode influenciar no processo educacional, para tanto lançam mão de ações que visam a sua perpetuação no poder. Pode, também, pensar em igualdade social para todos, incentivando e promovendo uma sociedade e educação fundamentadas em justiça social. O modelo político vigente influencia os indivíduos, mesmo que seja levando-os a buscar mudanças. É notável como, muitas vezes, movimentos estudantis influenciam na ordem política de uma nação. A política pode variar de nação para nação, bem como em uma mesma nação, pois é um processo sempre em mudança.

Valores sociais implicam em relações afetivas, cognitivas, necessárias, socialmente consolidadas em determinado ambiente e tudo que possa contribuir para promover tais relações. Os valores predominantes no social serão, possivelmente, os mesmos encontrados na sala de aula.

Democracia significa governo eleito pelo povo, governo ou governantes que o povo deseja. Libâneo nos fala de uma Educação para a Democracia. Seu pensamento aponta para uma postura do professor voltada para o atendimento de exigência intrínseca ao econômico, social, político de um determinado tempo e local. Vejamos um pouco de sua fala:

Como já sabemos, os conteúdos e métodos da escola pública devem corresponder às exigências econômicas, sociais e políticas de cada época histórica, no que diz respeito à conquista de uma democracia efetiva para os grupos sociais majoritários da sociedade. Ao delimitar as tarefas da escola pública democrática é necessário levarmos em conta as características de sua clientela hoje, analisando criticamente a escola de ontem e a escola de hoje, a quem serviu no passado e a quem deve servir hoje.
A escola de décadas atrás serviu aos interesses das camadas dominantes da sociedade e para isso estabeleceu os seus objetivos e conteúdos, métodos e sistema de organização de ensino. Aos filhos dos ricos fornecia educação geral e formação intelectual, aos pobres, o ensino profissional visando ao trabalho manual. A escola para qual devemos lutar hoje visa ao desenvolvimento científico e cultural do povo, preparando as crianças e os jovens para a vida, para o trabalho e para a cidadania, através da educação geral, intelectual e profissional.
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Isto irá implicar em fatores que trazem consequências para a comunicação e, apesar de a didática não ser somente comunicação, sofrerá grandes impactos de como tal área é praticada socialmente.

Numa sociedade economicamente estável é possível uma educação também estável. Onde imperam grandes diferenças de situação econômica entre as classes, será encontrada uma educação marcada por elas (excelente educação para uns, educação precária para outros).

Outra questão a ser considerada é que, dependendo do autor, as ideias sobre a Didática podem se apresentar de formas muito diferente. No presente estudo, estudamos, entre outros, Libâneo e Cordeiro, sendo possível detectar como suas teorias em muitos aspectos se encontram, e em outros se divergem. Podemos levar em conta, inclusive, que o livro de um dos autores foi publicado em 1991 e outro em 2009. Considerando o tema deste item, cabe ressaltar o caráter mutante das ideias em educação. Qualquer livro hoje publicado amanhã poderá ser ultrapassado, ou seja, aqueles pressupostos eram adequados em uma época, em um determinado contexto.

2.2. Percurso histórico em educação

Ao longo desse tópico, pode ser observado como a prática contemporânea ainda traz muitos pressupostos que possuem suas origens em séculos anteriores, daí a importância de um olhar mais cuidadoso em teorias da Pedagogia, da Didática, advindas de séculos anteriores.

Sócrates

Do legado de Platão e Sócrates (século V a.C.) é interessante observar a questão do diálogo. Eles preconizaram que o saber é conquistado por duas pessoas pensando, falando, dialogando; não acreditavam que o saber era dado, mas concluído por cada indivíduo. Em seu tempo, Sócrates fazia enorme discurso em praça pública, falava com muita eloquência, sendo que desta forma seus conhecimentos eram transmitidos de forma oral. Platão, discípulo de Sócrates, escreveu muitas coisas que o mestre falou, especialmente sob forma de diálogo. Falava sobre a consciência do erro, pois conhecer o erro é o melhor caminho para que se chegue a um aprendizado ideal.

Idade média

Na Idade Média, a educação ficou muito relacionada com a religião. Agostinho, bispo católico (354 – 430), deixou muitos escritos teológicos, influenciando toda a Idade Média. Não é possível dizer que era um educador, que pensava sobre a Educação, mas seus escritos de alguma forma são bastante perspicazes, conduzindo grande parte de pensadores da época a terem seus pensamentos voltados para os escritos teológicos. Tomás de Aquino (1225 – 1274) parece ter despertado a humanidade do entorpecimento da fé que de certa forma dominou a Idade Média, trazendo um discurso no qual pode ser notada a tentativa de explicar a existência de Deus por meio da lógica racional. Sem desmerecer a fé em um ente superior, conseguiu um discurso híbrido entre razão e fé. Aquino, assim como Abelardo e Alberto Magno, era um dos mestres da universidade, termo que surge no período, onde os estudantes juntavam-se em torno de um mestre, cuja aula era dada em latim. Determinados textos eram comentados pelos mestres. Para que determinada universidade funcionasse, era necessário um decreto dado pelo Papa. Com suas reflexões, Tomás de Aquino contribuiu para o surgimento do pensamento renascentista.

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João Amos Comenius

Comenius (1592 – 1670) entendia e acreditava ser o ser humano a obra mais perfeita criada por Deus, sendo que o homem deveria procurar acima de tudo sua felicidade eterna. Apesar de concordar com muitas das ideias medievais, devido sua formação cristã, trouxe importantes contribuições para a didática. Acreditava que os jovens deveriam ser educados em conjunto, sendo que para isso seria necessário haver um lugar específico de encontro dos mesmos. Tal lugar seria a escola. Quando Comenius se refere a jovens, incluía também as mulheres, sendo pioneiro neste aspecto.

Sua obra intitulada Didática Magna foi publicada em 1632 e bastante divulgada no continente europeu de então, tendo sido considerada obra de referência na época. Segundo muitos autores (CORDEIRO, 2009, entre outros) a Didática Magna preconizava um ensino para todos, sendo possível e desejável a adoção de um método único, auxiliando o trabalho do professor, universalizando o saber.

Heinrich Pestalozzi

Ambiente circundante é a principal causa de uma boa ou má formação do homem, segundo Pestalozzi (1746 – 1827). A natureza era a principal razão de existência do homem e buscá-la seria a melhor opção para a formação desejada do ser humano. Aliás, acreditava que todos nascem bons, mas o ambiente pode modificar seu o caráter. Acreditava que a Educação seria a melhor opção em termos de aprimoramento da humanidade. Assim como Comenius, Pestalozzi pregava uma educação da massa, buscando transformar a sociedade em uma sociedade justa. A reforma social era necessária e a Educação seria o meio ideal para conseguir tal intento.

Foi um dos primeiros estudiosos a observar que a criança possuía um desenvolvimento, que era senhor de um mundo pessoal diferente do mundo do adulto, universo que precisava ser entendido e respeitado, ou seja, não compreender a criança como um miniadulto, mas com características próprias da infância. O referido desenvolvimento implicaria em etapas relacionadas com as capacidades motoras e cognitivas. Caberia ao adulto selecionar determinados procedimentos em Educação que favoreceriam tais desenvolvimentos.

Friedrich Fröbel

Fröbel (cerca de 1840) foi discípulo e assistente de Pestalozzi, com quem trabalhou durante cinco anos. Assim como seu mestre, falava sobre o potencial espiritual intrínseca a cada pessoa (período romântico de Goethe e Schiller). Suas teorias vão ao encontro da Arte, conforme pode ser lido nos tópicos abaixo:

John Frederick Herbart

Herbart (1776 – 1841) denota em seus escritos uma preocupação importante sobre o funcionamento da mente humana, podendo, desta forma, ser considerado um dos primeiros estudiosos a investigar questões de psicologia aliada à experimentação (psicologia experimental).

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Segundo Cordeiro (2009), Herbart acreditava que o aluno deveria adquirir uma determinada disciplina, para assim poder se orientar e autocontrolar, dominando sua vontade, com o objetivo de tornar-se senhor de seu caráter e de sua capacidade de juízo moral. As regras do mundo adulto eram convocadas e era necessário que a criança fosse submissa a elas de uma forma intelectual, sábia, e, dessa postura moral, juntasse ideias que formassem seu caráter. Após tais pressupostos, a educação aconteceria com a criança seguindo estímulos e desenvolvimento dos interesses (sociais e singulares).

Pregava um determinado ciclo sucessivo, caracterizado como conhecimento-ideias de caráter. Mas passava por um determinado livre arbítrio, quando era importante que o aluno conseguisse desenvolver um interesse importante pelas matérias em estudo. A tal processo, Herbart chamou de ‘teoria do interesse’. As influências externas eram de importância capital no que chamava de combinações que acontecem na mente do individuo. Citando Haydt (2006, p. 20), fica claro que “a característica fundamental do ser humano é o seu poder de assimilação. A teoria de Herbart gravita, assim, em torno da noção de função assimiladora, que ele denominou de apercepção”.

Émile-Auguste Chartier

A questão principal do autor foi o embate que travou com os defensores da Escola Nova (ou renovada). Preconizava que as grandes obras da humanidade, os grandes autores deveriam ser trazidos para o ambiente escolar, sala de aula, pois o maior desejo interior das crianças é tornarem-se adultos, fazerem parte do mundo do adulto. Desta forma, combate com veemência as ideias progressistas dos teóricos que preconizavam na Escola Nova o princípio de conservar a criança dentro de uma espécie de redoma, onde era vista como autônoma em um mundo infantil perfeito. Pensava em promover a igualdade social, mas rechaçando a tendência escolanovista de acreditar nas aptidões naturais intrínsecas ao ser humano. Acreditava em exercícios de repetição constante dos modelos mais significativos em educação, pois os alunos possuíam uma hereditariedade natural.

O escolanovismo fazia uma ligação importante do ato de brincar, dos brinquedos com a educação. Tal procedimento também foi negado por Chartier, pois, contrário a tal ideia, entendia que era nítida uma separação entre mundo infantil e mundo do adulto. Seria parte da natureza humana sair da condição de criança para a condição de adulto, sendo a escola um local onde tal passagem deveria ser considerada e trabalhada com competência pelos adultos.

A escola funcionaria como um local que forneceria modelos de perfeição humana para as crianças seguirem. Implica em exaustão de reprodução de modelos e imitação das grandes obras da humanidade. Por serem perfeitas, determinadas obras da humanidade são modelos a serem seguidos. O professor deverá ser indivíduo bastante instruído, para que consiga dar conta deste método, funcionando como um guia, uma espécie de monitor (CORDEIRO, 2009). Como wconsequência, Chartier foi classificado por outros teóricos como conservador, relacionado ao ensino tradicional.

John Dewey

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Quando lecionou na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, Dewey (1859 – 1952), Doutor em Filosofia, propôs que o os Departamentos de Filosofia, Psicologia e Pedagogia fossem reunidos em um só. Tal proposta já indica a erudição de Dewey, bem como seu entendimento de intercâmbio entre diferentes áreas e saberes. Nos Estados Unidos, é reconhecido como um grande educador, sendo suas propostas relevantes também em muitos outros países do mundo. Experiência e atividade são as bases de suas teorias, a experiência humana, vivida pela criança, deve ser ressignificada, compreendendo e apregoando uma determinada liberdade, que é onde a criança encontra seu verdadeiro interesse pelos objetos de estudo. O espontaneísmo deve ser proporcionado à criança, no sentido dela mesma desvendar seus interesses pessoais, tentando vencer obstáculos que possam surgir no contexto da aprendizagem. Declara-se contrário aos ideais de Herbart na educação.

As questões propostas por Dewey incidem sobre a ação, por ser um fator inerente ao pensamento humano. Entende que a ação precede o ato mental, o conhecimento. Experiência e vida prática são dois termos comumente encontrados nas obras do autor. Trabalho em grupo e cooperação também devem servir de direcionamento e objetivo no processo de aprendizagem. Dessa forma, a humanidade é essencialmente social, agindo, aprendendo de forma grupal. Coisas necessárias e importantes que acontecem e estão presentes no cotidiano deveriam também estar na educação, na qual todo trabalho funciona com mais propriedade se realizado em cooperação entre os alunos.

As teorias de Dewey influenciaram o ensino de Arte e outras áreas em todos os níveis, inclusive no Ensino Superior. Autores brasileiros na área de Arte mencionam em suas publicações experiências baseadas nos ensinamentos de Dewey. Muitos intelectuais brasileiros que estudaram nos Estados Unidos trouxeram tais ideias inovadoras no século XX para o Brasil. Dentre estes, Cordeiro menciona Anísio Teixeira, que implementa alguns de seus conceitos na educação formal no Brasil.

Maria Montessori

Montessori (1870 – 1951) dedicou muito tempo de sua vida ao estudo de crianças com dificuldades de aprendizagem. Como grande observadora, passou a criar uma série de teorias alusivas ao modo como as crianças aprendem. Assim como muitos estudiosos em educação, adaptou suas teorias para as crianças sem dificuldades de aprendizagem (em sua época chamadas de normais).

A questão fundamental no pensamento de Montessori sobre a criança é que ela possui um mundo muito diferente do mundo do adulto. Propõe que todo o ambiente escolar deve ser adaptado à criança, levando-se em conta suas especificidades. Chega a preconizar que o mobiliário deve ser também adaptado ao tamanho da criança, ou seja, menor do que o do adulto.

Como era médica possuía, antes de tudo, uma preocupação importante no que diz respeito aos cuidados com a higiene e a saúde; tais hábitos deveriam ser aprendidos desde cedo pelas crianças. A vida em sociedade também fazia parte de seus ensinamentos. Suas propostas pedagógicas levam em consideração a vida em sociedade, pois é uma condição fundamental para todos e cada um como membro de determinada comunidade.

Assim como na proposta da Escola Nova, a criança empenha-se em todas as atividades escolares. O professor, sempre presente, desempenha importante função de auxiliar as crianças no esclarecimento de suas dúvidas, necessidades e outras questões alusivas ao processo de aprendizagem.

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Vários materiais pedagógicos para serem utilizados na escola foram criados pela autora. Os alunos, no início da aula, seriam deixados à vontade para buscar determinados jogos, brinquedos, materiais que eram relacionados a exercício para a vida cotidiana, material sensorial, material de linguagem, material de matemática e material de ciências. Eles implicavam em determinadas habilidades. As crianças faziam uma espécie de rodízio até terem lidado com todos eles. Estavam relacionados com conceitos também alusivos à dimensão, cor, quantidade, proporções, letras etc. Deveriam estar presentes em sala de aula, onde os alunos pudessem manipulá-los com liberdade de escolha.

Dentre os materiais propostos, existe um denominado material dourado, relacionado com matemática, que orienta o aluno no domínio do sistema decimal e outras características da aritmética. Tal material é o mais difundido, conhecido no mundo inteiro, utilizado mesmo em instituições que não adotam o método montessoriano.

Ovide Decroly

Decroly (1871 – 1932) teve formação em medicina, especializado em neurologia. Assim como Montessori, estudou primeiramente crianças ditas então anormais, para posteriormente estender suas pesquisas para indivíduos ditos normais, fundando sua escola em 1907. Seu enfoque também incidia sobre os interesses do aluno, com fundamentos psicológicos e sociológicos, sempre induzindo o aprendiz à autoavaliação.

Preconizava os centros de interesse na educação. Esses centros de interesse seriam determinados pelos próprios alunos, que posteriormente seriam a base para gerar o currículo escolar.

Convém considerar que exerceu grande influência no Brasil, assim como em toda a América Latina. Criticado como um método que se aproxima do ensino tradicional, Decroly não negou tal observação, mas considerou que o que propunha era uma tentativa de conciliar um ensino que valorizava a espontaneidade das crianças, mas conciliava as mesmas com os conteúdos clássicos.

Célestin Freinet

Freinet (1896 – 1966) via na educação a possibilidade de transformar a sociedade, um poderoso instrumento que poderia provocar uma mudança social. Fala também sobre o espírito comunitário e de solidariedade. Propõe procedimentos, técnicas que incluem desenho livre, aulas-passeio, texto livre, imprensa escolar, correspondência escolar. Tais técnicas seriam desenvolvidas visando ao desenvolvimento dos conteúdos das disciplinas escolares.

Dentre os autores, é o que coloca maior ênfase no social, na vida comunitária, pois entende que o homem é essencialmente social, nascido para viver em comunidade. Todas as etapas na aprendizagem deveriam priorizar a vida em sociedade. A avaliação, inclusive, deveria ser feita em conjunto, contando com a participação de todos os alunos e do professor. Freinet criou uma verdadeira rede de escolas na França, possuindo adeptos em muitos outros países, que seguem seus pensamentos educacionais (CORDEIRO, 2009).

O pensamento de Freinet é muito elogiado, apoiado pelos professores devido ao fato de ter sido pensado, levando-se em conta a prática em sala de aula, por meio de observações e aplicações práticas, fugindo de teorias que muitas vezes não se adaptam na realidade vivida pelos alunos.

Alexander Sutherland Neill

Neill (1883 – 1973) idealizou a famosa escola de Summerhill, na Inglaterra. Foi uma instituição que serviu de exemplo para o mundo inteiro durante o século XX. Seus princípios baseiam-se na liberdade dos alunos. O livre arbítrio deve ser concedido ao ser humano desde cedo, deixando-o determinar, buscar seus interesses pessoais, de uma maneira não diretiva. Sua proposta chega a ser considerada por muitos como radical. O aluno não é obrigado a frequentar as aulas, e muitas decisões no âmbito escolar são decididas em assembléia, na qual aluno e professor possuem o mesmo peso em termos de fala e voto.

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Neill entendia a família e a sociedade como instituições muito repressivas, capazes de oprimir o indivíduo de forma, às vezes, cruel. O aluno frequentava a escola em regime de internato, só visitando a família durante as férias. A sociedade era compreendida como grande repressora da liberdade do indivíduo, sendo que a educação poderia ser o local onde tal liberdade seria concedida sem limites.

Decidir se quer ou não estudar, é uma questão proposta para o aluno resolver, pois o fundamento, objetivo principal em Summerhill é o de conceder a liberdade. O conhecimento é um complemento da liberdade que é dada ao indivíduo. O indicador principal do rendimento do ensino é a felicidade. A avaliação é compreendida pelo grau de contentamento que o aluno conseguiu na escola. Os postos de trabalho que se conseguiria futuramente, ou o dinheiro que se ganharia não é objetivo proposto por Neill, como acontece em outras propostas educacionais.

Paulo Freire

Paulo Freire (1921 – 1997) é ligado ao movimento de renovação da igreja católica, tendo sido inicialmente professor de Português. É o educador brasileiro mais conhecido no exterior e no Brasil. A questão básica dos ensinamentos desse pernambucano é a divisão mais justa da economia, de forma que todos tivessem acesso à alimentação, saúde, educação etc. Enfim, volta-se para os mais pobres, buscando solidariedade social.

No início dos anos 1960, inaugura um método de alfabetização de adultos experimentado inicialmente em Recife, onde se tornara professor da Universidade Federal de Pernambuco. Em 1962, em Angicos, Rio Grande do Norte, a pedido do governo estadual, coordenou um grupo de jovens monitores que conseguiu sucesso na alfabetização de 300 trabalhadores rurais em 45 dias. Didática do Ensino da Arte 45. Essa experiência teve grande repercussão internacional e atraiu a atenção do governo federal, o qual iniciou os preparativos para uma grande campanha nacional de alfabetização que pretendia praticamente erradicar o analfabetismo no país no ano de 1964.
Com o golpe militar, o movimento foi interrompido. Freire foi preso e depois exilado, tendo vivido 14 anos no Chile e, mais tarde, algum tempo em outros países, tendo trabalhado em diversos programas de alfabetização na América Latina e na África, bem como lecionado em universidades nos Estados Unidos.
Retornando ao Brasil depois da Anistia, Paulo Freire retoma suas atividades junto ao meio universitário e político, bem como junto aos movimentos populares de alfabetização. Chegou a ser Secretário Municipal de Educação de São Paulo entre 1989 e 1991.
Para Freire, a alfabetização é um processo de aquisição de consciência e deve ter como ponto de partida a realidade social e cultural vivida pelos educandos. A classe é transformada no chamado círculo de cultura, em que, por meio de debates coordenados por um monitor, os educandos podem se apropriar da sua cultura, elevar seu nível de compreensão da realidade e, ao mesmo tempo, adquirir um poderoso instrumento intelectual e político representado pelo letramento.
O objetivo de todo esse trabalho é cooperar no processo de conscientização e de libertação dos oprimidos, no sentido de instauração de condições para a construção coletiva e autônoma de uma sociedade nova, em que não haja dominantes nem dominados.
As ideias, propostas e realizações de Paulo Freire ganharam adesão de inúmeros educadores engajados em processos de transformação da sociedade contemporânea. Embora pensados inicialmente em relação à educação de adultos, diversos princípios freireanos acabaram sendo incorporados também na educação de crianças e jovens, principalmente aqueles ligados ao respeito ao universo cultural, ao saber e à autonomia dos educandos, bem como à necessidade de instauração de relações pedagógicas não autoritárias.
(CORDEIRO, 2009, p. 183)
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George Snyders

George Snyders (1917 –) é um grande estudioso, tendo revisto profundamente os conceitos, pressupostos, fundamentos tendências de todas as vertentes educacionais do século XX. Retirou momentos significativos tanto na Pedagogia Tradicional quanto na Pedagogia Nova. Considerou também as pedagogias não diretivas, como as propostas por Neill e Rogers, considerando-as muito individualistas e elitistas.

Hoje, fala sobre o resgate do prazer de aprender, sendo que o aluno deve almejar ser feliz, estar satisfeito com os estudos, sendo assim possível realizar algo de interessante durante o processo de aprendizagem.

Foi influenciado por Gramsci (pensador italiano) e, assim como Paulo Freire, mostra em seus escritos uma grande preocupação com interesses que venham ao encontro das expectativas das classes mais humildes. Considera a educação muito relacionada com a burguesia, sendo seu trabalho orientado no sentido de uma revolução socialista (especialmente antes da crise do Marxismo e do Socialismo na Europa.

Unidade 3: Atores no âmbito educacional

O termo atores, aqui utilizado, traz um sentido de atuação, indivíduos envolvidos que fazem o processo educacional acontecer na sociedade, na instituição em que atuam, no meio onde vivem. Muitos outros poderiam ser citados, como os pais dos alunos, os teóricos em educação ou em outras áreas. Mas vamos suportar o recorte proposto, refletindo sobre quem são tais personagens e intervenientes de seu fazer na educação.

É significativo contemplar que tais profissionais atuam no sentido de troca, de aprendizagem mútua, que é importante e interdependente a existência de todos eles. Ou seja: professor não existe sem aluno, aluno da arte não existiria se artista não existisse, pedagogo não seria necessário se não fosse a escola, a relação do professor com aluno.

3.1. Professor

Talvez remontando a origem antológica da civilização seja possível determinados perfis interessantes que, de alguma forma, fazem sentido ainda nos dias atuais. Na Pré-história, existe a imagem do homem caçando enormes mamíferos. Enquanto isso, as mulheres poderiam estar olhando as crianças ou realizando outros afazeres no local de habitação (apesar da característica nômade de tal período).

Algumas dessas comunidades possuíam, por exemplo, uma agricultura, razão pela qual historiadores consideram que as mulheres teriam inventado (ou descoberto?) a agricultura, formas de preservação do fogo, vestimentas, medicina e educação. Assim, existem fortes razões para ser defendida a hipótese de que educação se iniciou com a mulher. Sendo assim, o professor e o ensino trazem uma característica feminina muito importante. Especialmente em séries iniciais, a mulher ocupa espaço muito maior do que o homem, assim como determinadas profissões são ocupadas por homens. Mas o panorama está mudando muito rapidamente graças ao movimento feminista do século XX. Hoje, por exemplo, existem professores atuando na Educação Infantil e nas séries iniciais, fenômeno ou característica rara, pelo menos nos municípios do estado do Espírito Santo, assim como as mulheres têm ocupado profissões antes reservadas somente aos homens (policial, por exemplo).

Muitas vezes, algumas crianças veem o professor como uma mãe, um pai, um ídolo, um herói, um exemplo a ser seguido, um ideal a ser conquistado. Mas existe também a imagem do carrasco: aquele professor rígido, que ralha com alunos para conseguir ensinar, que exerce a profissão com ódio, desgosto por não ter tido outra opção na vida, entre outras características negativas. Mas pensando bem, isso ocorre em todas as profissões. Fácil sermos atendidos por um médico que receita um remédio sem ter um diagnóstico importante. Enfim, professor é uma profissão que se assemelha a qualquer outra, mas que, no entanto, é responsável por todas as outras e, ainda, responsável por aspectos psicológicos e afetivos nos indivíduos, por tratar-se também de ensinar, conduzir, orientar a ser.

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A responsabilidade advindas da didática devem ser constantemente repensadas, trabalhadas pelo professor. Tecnicamente, cognitivamente falando, um professor sem profundidade no conteúdo que ministra é inadmissível no âmbito escolar, mas aquele que não transmite ao aprendiz o desejo de vida, a curiosidade de saber e a felicidade de existir, também pouco estará contribuindo para a sociedade, para a vida.

Detetive, pesquisador, estudioso, curioso, podem ser apontadas como características de um professor, pois é necessário estar sempre tentando descobrir, detectar, procurar aprender o quê e o como fazer com aquelas pessoas naquele lugar específico da escola. E não existem receitas a serem seguidas, como se acreditava em séculos passados, parecendo também não ser possível um consenso sobre a melhor forma de se ensinar. Sala de aula, dessa forma, se apresenta como o lugar da dúvida, da pergunta constante, conduzindo o professor a uma constante insatisfação com o trabalho que realiza. Libâneo, em outros termos, provavelmente esteja considerando esses mesmos aspectos em relação ao professor:

O trabalho docente, entendido como atividade pedagógica do professor, busca os seguintes objetivos primordiais:
  • Assegurar aos alunos o domínio mais seguro e duradouro possível dos conhecimentos científicos;
  • criar as condições e os meios para que os alunos desenvolvam capacidades e habilidades intelectuais de modo que dominem métodos de estudo e de trabalho intelectual visando a sua autonomia no processo de aprendizagem e independência de pensamento;
  • orientar as tarefas de ensino para objetivos educativos de formação da personalidade, isto é, ajudar os alunos a escolherem um caminho na vida, e terem atitudes e convicções que norteiem suas opções diante dos problemas e situações da vida real.
Esses objetivos se ligam uns aos outros, pois o processo de ensino é ao mesmo tempo um processo de educação.
(LIBÂNEO, 1991, p. 71)

No discurso acima, fica claro a função do professor em conduzir o aluno a uma autonomia, tanto em relação aos métodos de aprendizagem, como a possuir um pensamento independente, sendo capaz de determinar com segurança as melhores opções de escolha para formação de sua personalidade. Escola, conhecimento, são interligados com a vida pessoal do aprendiz. A tal processo, Libâneo denomina (conforme visto acima) de caráter educativo do ensino. O autor, podendo ser chamado de didata, deixa clara a relação próxima da didática com as questões sociais:

A dimensão educativa do ensino que, como dissemos, implica que os resultados da assimilação de conhecimentos e habilidades se transformem em princípios e modos de agir frente à realidade, isto é, em convicções, requerem do professor uma compreensão clara do significado social e político do seu trabalho, do papel da escolarização no processo de democratização da sociedade, do caráter político-ideológico de toda educação, bem como das qualidades orais da personalidade para a tarefa de educar. [...] A didática, assim, oferece uma contribuição indispensável à formação dos professores, sintetizando no seu conteúdo a contribuição dos conhecimentos de outras disciplinas que convergem para o esclarecimento dos fatores condicionantes do processo de instrução e ensino, intimamente vinculado com a educação e, ao mesmo tempo, provendo os conhecimentos específicos necessários para o exercício das tarefas docentes. (LIBÂNEO, 1991, p.74)
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O ensino é idealizado pelo professor levando em consideração a instituição, os alunos etc, mas convém lembrar que é um trabalho isolado, mental, realizado por um indivíduo no que diz respeito ao planejamento. O professor pode ser classificado como autônomo, mas existe o momento de encontro na escola, sala de aula. Assim, no desenvolvimento do ser professor, implica escola, comunidade, possuindo uma relação também muito acentuada com a equipe pedagógica da instituição.

Segundo Cordeiro, contemporaneamente o professor está vinculado a um modo muito sui generis, pessoal, singular, de realizar seu trabalho, sendo, inclusive, assunto de estudo de muitos sociólogos, historiadores, psicólogos. Tais estudos escapam ao modelo de compreender o professor como caracterizado de comportamentos comuns entre si, mas, pelo contrário, sendo compreendidos pelas nuances particulares de cada indivíduo.

É visível o local estratégico que o professor ocupa diante das questões do estado, como formador de conceito. Sendo assim, existe por parte do estado um desejo de controle no trabalho que desenvolvem. Determinado discurso costuma ser desejado sobre o como ser professor, de que maneira agir, levando-se em consideração o discurso oficial político dominante. Mas, conforme já dito anteriormente, professor necessita estar sempre consciente destes fenômenos, no sentido de poder escolher as melhores opções para si, para os alunos, para a sociedade.

3.2. Aluno

A posição inicial para muitos é que o aluno é aquele que sabe menos do que o professor na área em que o professor atua. De alguma, forma é difícil negar tal afirmativa, mas é também inegável em muitos outros assuntos, noutras áreas é possível que o aluno saiba muito mais do que seu mestre. A escola tradicional parece ter esquecido tal fator, colocando o aprendiz como uma folha totalmente em branco, na qual o professor escrevia o que quisesse. Mas as coisas não acontecem dessa maneira. O que é dito em sala de aula pelo professor tem recepções variadas, dependendo de cada aluno, levando-se em conta conhecimentos anteriores sobre o assunto, relação afetiva com o tema, empatia com o comportamento do professor, nuances da personalidade do aprendiz, momento que o aluno vive no período, outros. Hoje existem também estudos aprofundados, até mesmo bastante severos sobre as diferentes possibilidades de aprendizagem de cada indivíduo.

Muitos teóricos preconizam ser o aluno o centro da aprendizagem, e foi visto como tal fator é dominante na Escola Nova. No entanto, pode-se dizer que nem o aluno nem o professor é o centro do processo ensino-aprendizagem, mas a aprendizagem em si é o centro da didática. Hoje, podemos ver no desempenho de muitos professores uma verdadeira simbiose entre escola tradicional, ensino renovado, situação crítico-social envolvidos em um mesmo momento. Qualquer que seja o desempenho do professor existe a certeza de que ainda que seja dada liberdade total ao aluno, dar tal liberdade foi pensado pelo adulto, professor, pedagogo, outros, o que conduz à compreensão de que em muitos aspectos, alguém seleciona para o aluno o que aprender, como fazer para aprender e como continuar tal aprendizagem posteriormente.

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Alunos possuem também um mundo que não cabe na escola. Tal mundo é rápido, carregado de modificações, desejos fugazes, especialmente na adolescência e juventude, nas quais não existem muitos intervalos para reflexão como acontece na escola. Muitas vezes, professores procuram levar para a escola determinadas atitudes de aprendizagem que tentam se encaixar neste modelo, o que pode causar tédio ou mesmo atitudes irônicas ou debochadas dos alunos quanto a tais tentativas. Mas, alunos parecem compreender muito bem que sala de aula é um lugar de experimentação, onde encontram amigos; pessoas que passam a conviver em sua vida pessoal, compreendendo ser um local que de qualquer forma irá determinar sua vida futura; outros. Compreensão de comportamentos dos alunos em relação à aprendizagem escolar pode servir de base para um desempenho consciente em sala de aula. Cordeiro, também citando Perrenoud, assim trata o assunto:

Um determinado tipo de crítica que se generalizou em relação ao chamado ensino tradicional diz respeito à acusação que diz que nele os alunos acabam mantendo uma atenção e disciplina mais simulada do que real e que desenvolvem um grande arsenal de estratégias para se esquivarem das tarefas indicadas pelo professor.
No entanto, estudos recentes têm sugerido que tanto diante das atividades ditas tradicionais quanto pelas atividades propostas pelas didáticas mais renovadas, as atitudes e estratégias dos alunos têm sido mais ou menos as mesmas. Diante das tarefas e trabalhos que lhe são sugeridos ou impostos, de acordo com Phillippe Perrenoud, os alunos acabam adotando estratégias que se combinam com base em cinco atitudes básicas:

Admitir a veracidade dessa descrição sugerida por Perrenaud traz a vantagem de fazer o professor perceber que, por mais que se procure embalar as tarefas da aprendizagem com os rótulos mais atraentes ou preenchê-las com conteúdos ‘interessantes’ para os alunos, as relações que estabelecem com a escola, com a aprendizagem e com os conteúdos escolares são muito variadas, não obedecendo a um padrão uniforme.

Muitas vezes, os professores deduzem uma espécie de hierarquia ou classificação dessas diferentes atitudes dos alunos diante das atividades escolares, diferenciando os ‘bons alunos’ — aqueles que tudo aceitam ou que fazem tudo muito rápido — dos ‘maus alunos’ — os que contestam, fazem tudo muito lentamente ou nunca entendem as instruções. O estabelecimento dessas hierarquias e classificações acaba, muitas vezes, por separar os alunos em ‘bons’, ‘fracos’ e ‘médios’. A atenção tende a se concentrar nos extremos da escala, seja tomando os alunos ‘bons’ como exemplo de excelência e parâmetros dos resultados que cada um dos indivíduos poderia obter, seja estigmatizando os ‘maus’ como incapazes, preguiçosos, fadados ao fracasso. Os alunos vistos como ‘médios’, tendem a receber pouca atenção, e isso eventualmente, pode ter consequencias significativas sobre a sua auto-estima, sobre os seus resultados posteriores, sobre o prosseguimento dos seus estudos ou sobre a sua escolha da carreira profissional.

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3.3. Pedagogo

Educação e escola precisam de teorias, estudos para se concluir a maneira mais adequada de proporcionar o ensino. O pedagogo é um teórico que estuda as formas mais adequadas de realizar tal trabalho, tendo em vista a realidade do local, a necessidade dos alunos, da comunidade. Conhecimentos humanos devem ser considerados quando se pensa na concepção para uma instituição, quando se pensa a política de determinado território (seja municipal, estadual, federal). Além dos conhecimentos humanos, os pedagogos estão também relacionados com a política local, desempenhando importante papel de pensador sobre o que e como efetivar de maneira mais adequada o ensino, buscando evitar interesses de grupos constituídos na educação com objetivos de lucros financeiros individuais ou para financiamento de campanhas políticas.

Se o foco do professor é a aprendizagem, o aluno, os conteúdos e outros objetivos ditos anteriormente, pode-se dizer que tais objetivos também estão em pauta nas atividades do pedagogo, com a diferença de que este tem a incumbência de pensar a educação de forma mais ampla do que o professor. Opções de melhoria no que diz respeito à implementação de um estado ideal de efetivar a educação, levando-se em conta os objetivos que se deseja alcançar. Tendo acesso aos pais dos alunos, ao diretor da escola, ao secretário de educação de forma mais intensa do que o professor, o pedagogo tem elementos que deveriam detectar os interesses, as necessidades de uma escola, ou de toda uma rede de ensino quanto ao fator educacional.

A formação em pedagogia apresenta um formato generalista, polivalente. Estuda questões alusivas ao processo de realizar pesquisa em educação, opções de se trabalhar a educação em diferentes lócus (meninos de rua, prisões, hospitais, asilos etc), mas sendo a escola o principal foco da área; possuem também formação em muitas áreas, por meio de metodologias do ensino (de português, de matemática, de geografia, de arte, de história, outros). Pensa a educação como um todo. Quando atuantes profissionalmente, muitos exercem a função de verdadeiros gestores educacionais, priorizando a vertente teórica aliada à prática institucional, outros se dirigem para a Educação Infantil, permanecendo como professores, lidando diretamente com as crianças, ou anos iniciais do Ensino Fundamental, onde atuam como professores de todas as disciplinas em locais que não possuem professores específicos para ministrar as mesmas. Alguns permanecem na escola, onde desempenham papel de supervisor, orientador, diretor, inspetor. Muitos servem de intermediários no diálogo do professor com alunos problemáticos ou com os pais dos alunos, geralmente tentando resolver problemas de alunos que faltam ou mesmo que possuem determinados problemas em casa e os levam para a escola.

Existe um diálogo muito significativo entre professor e pedagogo nas instituições. Depoimentos e pesquisas diversas revelam que vários procedimentos podem promover um entendimento bom entre esses profissionais. Mas muitas vezes, também, surgem desentendimentos severos, especialmente quando o pedagogo tenta interferir em questões didáticas do professor em sala de aula, ou mesmo sugerir conteúdos que o professor não aceita trabalhar naquele período ou com determinada turma. Isso é uma constante, devido à formação geral que o pedagogo possui em seus estudos.

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3.4. Pesquisador

Nesse tópico, existe a pretensão de falar do ato de pesquisar, considerando que tal pesquisador é o professor e/ou o pedagogo. Compreender que pedagogos, professores e outros profissionais conseguem desempenho mais interessante quando se dedicam também a pesquisas. Em níveis superiores, tem sido unânime a compreensão de que professor possui a obrigação de pesquisar, considerando que para seleção de pedagogos e docentes para tais níveis tem sido exigido, no mínimo, título de mestre. Na Educação Básica, no entanto, tal exigência ainda não existe, mas sabe-se que a diferença salarial de um professor com pesquisas em níveis de mestrado e doutorado para um professor com apenas Curso Superior tem sido cada vez mais considerável. Não existe aqui a pretensão de reforçar que os vencimentos sejam o maior objetivo em Educação, mas é sabido que profissionais da Educação já deveriam ter alcançado uma remuneração mais digna no Brasil.

Pesquisar, pensar, refletir é um ato presente no cotidiano da escola. Mas nem todos são obrigados a serem pesquisadores. Pesquisas realizadas na área de Educação e Artes são de fundamental importância para a Educação. Os livros didáticos ou de Arte publicados são frutos de pesquisas realizadas por profissionais que se dedicam às mesmas. Dessa forma, Educação é um lugar, por excelência, próprio para pesquisas, assim como também é as Artes, por tratar-se de um campo sempre em evolução, que implica em atualizações constantes. A única maneira de um professor aprimorar seu desempenho é através de reflexão, observação, leitura, escrita, diálogo, entrevistas, ação em sala de aula seguida de avaliação, enfim, elementos completamente relacionados com a pesquisa. Basta ser observada a maneira como o ensino é trabalhado hoje em dia (em todos os níveis de ensino), para ser constatado como a pesquisa está associada ao aprendizado em qualquer área. Educação, lidando com sociedade e cultura, necessita contemporaneamente da pesquisa como base em todos os sentidos. A realidade do local onde se atua deve ser conhecida e, para tal, procedimentos de pesquisa:

Como profissionais da Educação, torna-se significativo tomar consciência da relevância dos conceitos que são formados no município em que se atua. Dessa forma, fica constatada a necessidade de uma reflexão sobre a real necessidade da Arte no município. Pelo menos, fica claro qual é o pensamento de habitantes da comunidade local. O que pensam sobre a Arte, se existe alguma expressão artística ou artesanal significativa na região. (COLA, 2009, p. 16)

Estudantes, ao lidarem com estágio ou práticas de ensino, muitas vezes necessitam de verdadeiras atitudes de pesquisa, seja analisando grupos, colocando em prática determinadas experiências para depois averiguar os resultados, seja consultando bibliografias para os estudos. Seminários que são realizados (em nível municipal, estadual ou federal), também funcionam como excelentes locais de aprendizagem e troca de ideias.

3.5. Artista

O trabalho do artista está presente em sala de aula, ocupando espaço total na educação em Artes. Tudo que sucede nas artes estará, em certo momento, presente na Educação. Daí surge a necessidade de o professor de Arte frequentar exposições de arte, seja em Museus, em Galerias de Arte etc. Muitas escolas fazem visitas com alunos onde a Arte está presente, pois ver, conhecer a Arte por meio de reproduções é importante e necessário, mas a obra será melhor compreendida, fruída, se for vista no local onde se encontra exposta.

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Se consultados livros atuais sobre Arte na Educação, pode-se notar análise da fala ou entrevista com artistas. Sendo assim, o artista também está presente na escola, representado pelo seu trabalho. O professor de Arte é a mediação, o responsável em despertar no grupo a curiosidade em conhecer a produção dos artistas no município onde a escola está localizada.

Unidade 4: Planejamento

Fazer alguma coisa implica em pensar como fazê-la. No seu caso, futuro professor, existe a necessidade inevitável e premente de projetar, considerar anteriormente opção de o quê e como trabalhar algo. Sobre isso, vejamos o artigo de um diretor de marketing, Sr. Vagner Aguilar:

A síndrome de Alice no País das Maravilhas — Um dos segredos do sucesso é ter um plano bem elaborado
Vale lembrar a história de Alice no País das Maravilhas, que, quando se viu perdida numa encruzilhada, perguntou para o coelho que estrada devia seguir. Ele então quis saber para onde ela queria ir, e Alice disse que não sabia. A resposta natural dele foi: “Então, qualquer caminho serve”.
Quando inicio uma conversa com donos e mantenedores de escola, sempre começo perguntando a eles sobre a participação e as expectativas em relação ao mercado, se concordam que o segmento esteja saturado. Sempre ouço respostas subjetivas ou achismos. Pergunto a eles aonde querem chegar neste ramo, quais as novas metas e quanto querem desenvolver do negócio deles para a sociedade e contribuir naquela cidade. [...]
Todas essas questões podem parecer simples, mas no dia a dia, ao ligar seu computador, você se esquece de seus objetivos, começa a trabalhar em cima de seus problemas e tarefas e deixa de lado seus principais objetivos [...]
(AGUILAR, 2010, p. 48)

Às vezes é bom ser Alice e viver no país das maravilhas. Todos temos momentos assim, mas esse não deve ser o caso em um para formar professor, não é esse mesmo o caso. Todos deveriam possuir um planejamento ao se direcionarem para a educação, ou seja, estabelecer uma relação entre a realidade que existe e seu planejamento. As formas de ação sobre a realidade devem prever as dificuldades para vencê-las, alcançando um desempenho que promova a aprendizagem dos alunos. Alguns elementos são colocados como inevitáveis por muitos autores no que diz respeito ao planejamento:

De acordo com o professor Nélio Parra, planejar consiste em prever e decidir sobre:

Existe, por exemplo, uma turma de quinto ano do Ensino Fundamental. Foi dada liberdade total ao professor para elaborar seu planejamento. O professor pode iniciar suas reflexões dessa forma: vou trabalhar exercícios práticos em arte ou história da arte, ou estipular um diálogo dessas opções entre si. Qualquer que seja sua decisão, já pode ser vista a ponta de um iceberg, debaixo do qual será trazida toda uma avalanche de temas, objetivos, conteúdos, procedimentos, recursos a serem determinados. Mas o início está justamente nesta definição do que deverá, poderá ou escolherá fazer. Tal reflexão é necessária pelo fato de a arte na escola ser uma disciplina diferente das outras, assim como ocorre com educação física.

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As opções não se iniciam com a dicotomia de se trabalhar elementos que oscilam entre a teoria e a prática de algo. Muitos professores escolhem durante toda sua vida profissional efetivar Arte em sala de aula, desenvolvendo exercícios de conhecimento orientados por uma prática artística como desenho, pintura, gravura, vídeo, instalações, outros. Já outros professores caminham pela vertente da teoria, propondo leituras e resenhas de textos, projeção de imagens de diferentes períodos da História da Arte, contextualizando a mesma com os dias atuais. Mas sabemos que muitos – e isso poderia estar ocorrendo com a maioria – lançam mão dos dois procedimentos. Qualquer que seja a escolha do professor, nunca se deve perder a noção do pensar o planejamento com muita competência, sabedoria, estudos, sabendo que é considerada uma vertente tipicamente humana.

4.1. Tipos ou níveis de planejamento

De um sistema educacional

O termo sistema refere-se a determinada área de atuação da educação. Por exemplo, o sistema de educação das Universidades Federais no Brasil, sendo que entre as universidades, apesar de federais, vai ter peculiaridades dependendo da região. Todo estado possui um sistema próprio de educação, mas dependendo da região, da cidade na qual a escola está localizada, guardará diferenças em relação a escolas de outras cidades.

De uma escola

Escola implica em um trabalho em equipe. Caso seja escola municipal, terá determinadas características que dizem respeito a elas. Caso seja escola particular, estará vinculada a princípios do grupo que a mantém. Cada escola será gerida pela equipe de profissionais, por meio de propostas de atuação diferenciadas. Costuma-se entender que o planejamento de determinada instituição seja participativo, dizendo de outra forma: todos os membros devem participar, buscando escutar os alunos e, dependendo da faixa etária, também os seus pais.

Haydt nos esclarece que cada escola tem determinadas prioridades em seu plano de ação, mas, de uma forma geral, as etapas são as seguintes:

1. Sondagem e diagnóstico da realidade da escola:
1.1. Características da comunidade;
1.2. Características da clientela escolar;
1.3. Levantamento dos recursos humanos e materiais disponíveis;
1.4. Avaliação da escola como um todo no ano anterior (evasão, repetência, percentagem da aprovação, qualidade do ensino ministrado, dificuldades e problemas superados e não superados).
Observação: é interessante que sondagem é o levantamento de dados e fatos importantes de uma realidade, enquanto o diagnóstico é a análise e interpretação objetiva dos dados coletados, permitindo que se chegue a uma conclusão sobre as condições da realidade. 2. Definição dos objetivos e prioridades da escola.
3. Proposição da organização geral da escola no que se refere a:
3.1. Quadro curricular e carga horária dos diversos componentes do currículo;
3.2. Calendário escolar;
3.3 Critérios de agrupamento de alunos;
3.4. Definição do sistema de avaliação, contendo normas para adaptação, recuperação, reposição de aulas, compensação de ausência e promoção dos alunos.
4. Elaboração de plano de curso contendo as programações das atividades curriculares.
5. Elaboração do sistema disciplinar da escola, com a participação de todos os seus membros, inclusive com o corpo discente.
6. Atribuição de funções a todos os participantes da equipe escolar: direção, corpo docente, corpo discente, equipe pedagógica, aquipe administrativa, equipe de limpeza, outros.

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De um currículo

Quando se fala em currículo está sendo pensada a escola de um modo geral, levando-se em consideração a relação entre os diferentes componentes que formam tal currículo. Deve ser traçado um eixo, determinado uma espécie de objetivo geral a ser seguido por toda a instituição. Citando Surubbi, e com suas palavras, assim Enricone (1990) define planejamento curricular:

Uma tarefa multidisciplinar que tem por objeto a organização de um sistema de relações lógicas e psicológicas dentro de um ou vários campos de conhecimento, de tal modo que se favoreça ao máximo o processo ensino-aprendizagem. A previsão de todas as atividades que o educando realiza sob a orientação da escola para atingir os fins da educação. (ENRICONE, 1990, p. 17)

Nas falas dos autores, pode ser observada a característica abrangente dos planejamentos de um currículo, pois envolve toda a instituição. Estão voltados para a ação e todos devem comprometidos com o processo. Novas descobertas científicas, artísticas devem ser elementos de enriquecimento do mesmo, bem como discussão de assuntos que sejam de interesse da comunidade tanto escolar, quanto o bairro onde a escola está inserida, o município ao qual pertence.

O que se espera são melhores resultados, para tanto, torna-se necessária uma característica de mobilidade no currículo, pois todas as coisas estão em constante mutação. Aspectos relacionados à disciplina também devem ser constantemente debatidos, pois é um fator que diz respeito a todos os membros da escola, especialmente nos dias de hoje, nos quais valores estão em constante reavaliação.

Na elaboração do currículo, as escolas devem seguir as diretrizes gerais fixadas pelo conselho Federal de Educação, pois estabelece os componentes mínimos e obrigatórios (conhecidos como núcleo comum). Cabe ao Conselho Estadual de Educação estabelecer determinados componentes que irão formar a parte diversificada do currículo. A referida parte diversificada poderá possuir outros componentes que não os estabelecidos e, para tal, a escola pode propor ao Conselho Estadual de Educação. Caso sejam aprovados, poderão fazer parte da organização curricular da escola.

4.2. Planejamento didático ou de ensino

Conforme visto anteriormente, a palavra didática, antes de tudo, diz respeito ao que é desenvolvido em sala de aula. Se o assunto é planejamento didático, fica claro que irá incidir sobre aspectos que serão trabalhados em sala de aula, ações que dizem respeito a professor e aluno. Nesse sentido, trata-se do plano curricular em operacionalização.

Quando se pensa em planejamento didático, torna-se necessário identificar três tipos, que variam de acordo com a abrangência:

  1. planejamento de curso;
  2. planejamento de unidade;
  3. planejamento de aula.

Planejamento de curso

Fala-se em planejamento de curso levando-se em consideração o âmbito de uma escola. Cursos podem existir de forma livre e seus planejamentos poderão possuir várias formas. Para o presente estudo, o interesse é focado em cursos ministrados em escola. Um plano de curso abrange geralmente um ano letivo, mas pode também ser de um semestre. Ele prevê os temas que serão desenvolvidos, subdivididos em planejamento de unidades e planejamento de aulas. Prevê uma turma, de um dos anos escolares. O plano curricular não pode ser esquecido nesse momento, posto que, nos planejamentos de curso, o currículo encontra-se distribuído em diferentes graus, faixas etárias. Os cursos são partes integrantes do currículo da escola. Haydt assim fala sobre a sistemática de um planejamento de curso:

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  1. Levantar dados sobre as condições dos alunos, fazendo uma sondagem.
  2. Propor objetivos gerais e definir os objetivos específicos a serem atingidos durante o período letivo estipulado.
  3. Indicar os conteúdos a serem desenvolvidos durante o curso.
  4. Estabelecer as atividades e procedimentos de ensino e aprendizagem adequados aos objetivos e conteúdos propostos.
  5. Selecionar e indicar os recursos a serem utilizados.
  6. Escolher e determinar as formas de avaliação mais coerentes com os objetivos definidos e os conteúdos a serem desenvolvidos (2006, p. 101).

Nesses seis itens, a autora nos fala sobre:

  1. sondagem;
  2. objetivos gerais e específicos;
  3. conteúdos;
  4. procedimentos ou metodologia;
  5. recursos materiais;
  6. avaliação.

São os elementos constituintes de um plano, sendo importante para os professores saberem as diferenças entre os mesmos, bem como dominar a forma adequada de executá-los.

Planejamento de unidade

Unidades são subitens de um plano de curso que são relacionados entre si, muitas vezes, guardando uma complexidade que gradualmente aumenta. Cada unidade demanda várias ou algumas aulas, dependendo do tema abordado e de como o professor resolveu desenvolver as mesmas. Um professor pode pensar um curso sobre História da Arte Brasileira, dividindo-o em unidades como, por exemplo:

Unidade 1 – Barroco no Brasil.
Unidade 2 – Neoclassicismo no Brasil.
Unidade 3 – Final do século XIX – influências do Impressionismo no Brasil.
Unidade 4 – Modernismo no Brasil.

Determinadas as unidades, resta distribuir o número de aulas para cada unidade e tal distribuição vai depender do que o professor possui em mente, como tem pensado em distribuir os conteúdos. Claudino Piletti aconselha determinadas etapas que podem auxiliar o professor no momento de elaborar ou desenvolver as unidades:

  1. Apresentação – Nesta fase, o professor vai procurar identificar e estimular os interesses dos alunos, tentando aproveitar seus conhecimentos anteriores e relacioná-los ao tema da unidade. Dentre as atividades desta etapa podemos relacionar: pré-teste para sondagem das experiências e conhecimentos anteriores dos alunos; diálogo com a classe; aula expositiva para introduzir o tema, comunicando aos alunos os objetivos da unidade; apresentação de material ilustrativo para introdução do assunto (cartazes, jornais, revistas etc).
  2. Desenvolvimento – Nesta fase, o professor organiza e apresenta situações de ensino-aprenizagem que estimulem a participação ativa dos alunos, tendo em vista atingir os objetivos específicos propostos, conhecimentos, habilidades e atitudes). Entre as atividades realizadas nesta etapa, podemos indicar: solução de problemas, projetos, estudos de textos, estudo dirigido, pesquisa, experimentação, trabalho em grupo.
  3. Integração – Nesta fase, os alunos farão uma síntese dos conhecimentos trabalhados durante o desenvolvimento da unidade. Para a realização dessa síntese, são sugeridas as seguintes atividades: elaboração de relatórios orais ou escritos que sintetizem os aspectos mais importantes da unidade; organização dos resumos e quadros sinóticos.
    No que se refere a essa terceira etapa, diz a professora Irene Carvalho: completado o estudo de todas as subunidades, deverá ser recomposta a unidade no seu todo. O melhor meio para alcançar esse objetivo é levar os alunos a organizar um quadro sinótico completo e abrangente, no qual figurem todos os conhecimentos essenciais da unidade. De início, os discentes terão de ser cuidadosamente orientados pelo professor, diminuindo-se esse tutela à medida que eles vão dominando a técnica de condensar e organizar os pensamentos (apud haydt, 2006, p. 101-102).
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Tais etapas e ensinamentos teóricos são colocados para que se conheça o que a literatura diz a respeito do assunto. Elas podem ser úteis para o professor, apesar de seu caráter objetivo, acredita-se que cada professor buscará caminhos próprios para serem trabalhados na educação. No entanto, sabemos que professores encontram diversas formas de lidar com o ensino, o contexto da sala de aula na hora de efetivação da mesma. Surgem muitos intervenientes imprevistos, como perguntas dos alunos, questões que são trazidas para sala de aula e que interferem muito no processo, podendo, inclusive, estimular o professor a prolongar uma unidade, ou mesmo reduzi-la em função de tais fatores. Assuntos não previstos podem e devem ser desenvolvidos em função de tais intervenientes, outros, quem sabe, podem ser excluídos. Mas a necessidade de alguma organização existe, para que o professor não se sinta perdido, ou que esqueça determinados objetivos e conteúdos importantes.

Planejamento de aula

É a menor parte da questão planejamento, se considerar plano de curso, plano de unidade e plano de aula como um só corpo. Entendo a aula como o momento mais significativo em tudo que diz respeito à escola, pois, ao mesmo tempo em que é um local de ensinar, é também um local de aprender. Todos aprendem, todos se alegram, sofrem, ficam contentes, mas ficam também irados.

As aulas contêm surpresas inumeráveis, no que concerne ao conteúdo, assim como também no que diz respeito a empatias; antipatias; momentos que alunos debocham do professor por motivos pessoais; momentos que o professor perde a paciência por ser uma pessoa como qualquer outra, sujeita, inclusive, a cometer erros. Porém, convém fugir nesse momento de tais assuntos, para averiguarmos o que a literatura específica traz sobre planejar uma aula. Nunca se deve perder a dimensão que a aula está inserida em uma unidade, em um curso. Nesse sentido, escreve Haydt (2006, p. 102-103):

No planejamento de aula, o professor especifica e operacionaliza os procedimentos diários para a concretização dos planos de curso e de unidade.
Ao planejar uma aula, o professor:

Plano de aula, não é dissociado da aula em si. Sendo a base de organização do processo, como confirma Libâneo:

Se considerarmos o processo de ensino como uma ação conjunta do professor e dos alunos, na qual o professor estimula e dirige atividades em função da aprendizagem dos alunos, podemos dizer que a aula é a forma didática básica de organização do processo de ensino. Cada aula é uma situação didática específica, na qual objetivos e conteúdos se combinam com métodos e formas didáticas, visando fundamentalmente propiciar a assimilação ativa de conhecimentos e habilidades pelos alunos. Na aula se realiza, assim, a unidade entre ensino e estudo, como que convergindo nela os elementos constitutivos do processo didático. (LIBÂNEO, 1991, p. 178).
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O conceito de ampliação do nível de informação dos alunos não deve ser negligenciado, tendo em vista que acontece em cada momento da aula. Outro fator considerado por Libâneo é o professor procurar desenvolver no aluno boa vontade, gosto, interesse pela disciplina, o que implica em estimular também diferentes métodos em sala de aula. Para tal, a vida prática, o dia a dia dos alunos deve estar também contemplado, mantendo a certeza de que todos os alunos estejam assimilando a matéria. Coletividade, ajuda mútua, respeito pelas diferenças também devem ser trabalhados de forma associada com os objetivos e conteúdos da disciplina (Libâneo, 1991).

Ao professor também é considerada determinada característica flexível, perspicaz, diante das situações imprevisíveis em sala de aula. Etapas ou passos didáticos muitas vezes também podem ser considerados relativamente similares a todas as matérias:

O trabalho docente, sendo uma atividade intencional e planejada, requer estruturação e organização, a fim de que sejam atingidos os objetivos do ensino. A indicação de etapas do desenvolvimento da aula não significa que todas as aulas devam seguir um esquema rígido. A opção por qual etapa ou passo didático é mais adequado para iniciar a aula ou a conjugação de vários passos numa mesma aula ou conjunto de aulas depende dos objetivos e conteúdos da matéria, das características do grupo de alunos, dos recursos didáticos disponíveis, das informações obtidas na avaliação diagnóstica etc. Por causa disso, ao estudarmos os passos didáticos, é importante assinalar que a estruturação da aula é um processo que implica criatividade e flexibilidade do professor, isto é, a perspicácia de saber o que fazer frente a situações didáticas específicas, cujo rumo nem sempre é previsível. (LIBÂNEO, 1991, p. 179).

Unidade 5: Objetivos e Conteúdos

5.1. Importância dos objetivos para a ação pedagógica

Convém aqui lembrar o texto trabalhado no tópico anterior, intitulado ‘A síndrome de Alice no país das maravilhas’: se não existe um determinado local para se chegar, qualquer opção é válida. Educação implica sobremaneira em que o professor se submeta a um processo mental, pensando o que espera de seus alunos. Sendo assim, a questão fundamental em objetivo é uma pergunta que, apesar de antiga, ainda faz sentido: ‘o que espero que os alunos sejam capazes de saber e fazer, no final do curso, da unidade e da aula?’ Mas buscar os conteúdos adequados implica também em muitas coisas ditas anteriormente. Como realidade do aluno, da sociedade, conhecimentos e formação do professor, recursos disponíveis etc. Mais uma vez, o professor é extremamente responsável na realização desse trabalho.

Objetivos trabalham com projeção ideal de algo que irá acontecer depois de determinado trabalho (no presente caso, em educação). A relação do método e dos conteúdos é muito próxima dos objetivos. Aliás, todos os elementos componentes de um planejamento possuem relação muito próxima. Muito voltado para questões sociais, assim preconiza Libâneo sobre objetivos educacionais:

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Os objetivos educacionais têm, pelo menos, três referências para sua formulação:
  • os valores e ideais proclamados na legislação educacional e que expressam os propósitos das forças políticas dominantes no sistema social;
  • os conteúdos básicos das ciências, produzidos e elaborados no decurso da prática social da humanidade;
  • as necessidades e expectativas de formação cultural exigidas pela população majoritária da sociedade, decorrentes das condições concretas de vida e de trabalho e das lutas de democratização.
Essas três referências não podem ser tomadas isoladamente, pois estão interligadas e sujeitas a contradições. Por exemplo, os conteúdos escolares estão em contradição não somente com as possibilidades reais dos alunos em assimilálos como também com as possibilidades reais dos alunos na medida em que podem ser usados para disseminar a ideologia de grupos e classes minoritárias. [...]. Assim, o professor precisa saber avaliar a pertinência dos objetivos e conteúdos propostos pelo sistema escolar oficial, verificando em que medida atendem exigências de democratização política e social; deve, também, saber compatibilizar os conteúdos com necessidades, aspirações, expectativas da clientela escolar, bem como torná-las exequíveis face às condições sócioculturais e de aprendizagem dos alunos.[...]
Os objetivos educacionais são, pois, uma exigência indispensável para o trabalho docente, requerendo um posicionamento ativo do professor em sua explicitação, seja no planejamento escolar, seja no desenvolvimento das aulas (LIBÂNEO, 1991, p. 120-121).

5.2. Objetivos gerais

Objetivos podem se divididos em dois níveis: os objetivos gerais e os objetivos específicos. Desenvolvimento da personalidade dos alunos pode ser considerado objetivo geral, bem como exigências que a realidade social possa indicar. Libâneo entende que os objetivos gerais possuem três níveis de complexidade, ou abrangência, do mais amplo ao mais específico:

  1. pelo sistema escolar, que expressa as finalidades educativas de acordo com ideais e valores dominantes na sociedade;
  2. pela escola, que estabelece princípios e diretrizes de orientação do trabalho escolar com base num plano pedagógico-didático que represente o consenso do corpo docente com relação à filosofia da educação e à prática escolar;
  3. pelo professor, que concretiza no seu ensino da matéria a sua própria visão de educação e sociedade. (LIBÂNEO, 1991, p. 123).

Sendo assim, pode ser notada na obra de Libâneo a defesa da sociedade democrática, garantindo preferencialmente o atendimento dos anseios, desejos e necessidades da maioria da população. Educação tem um papel fundamental nesse processo, sendo que o professor também necessita de estar consciente de tais objetivos, que podem ser trabalhados em sala de aula.

5.3. Objetivos específicos

Muitos profissionais não levam em consideração se um objetivo é geral ou específico, classificando os mesmos apenas como objetivos. Assim acontece, por exemplo, em um plano de aula, no qual muitas vezes vemos apenas o termo objetivo sendo utilizado. Mas de qualquer forma, os dois níveis de objetivos estão correlacionados. Deve-se ter em mente que os objetivos de uma aula são objetivos dos alunos, ou seja, é importante ter em mente que, ainda que a aula esteja agradando ao professor, ele deve assegurar-se se os alunos estão atingindo os tais objetivos propostos durante a aula. Esperar a avaliação no final de uma unidade pode ser tarde, desse modo é interessante estar atento no momento em que se explica algo aos alunos. É uma tarefa complexa, mas acredito que cada professor possui uma forma pessoal de prestar atenção no nível de interesse de um grupo como um todo.

A fala de Libâneo também esclarece alguns detalhes sobre o assunto:

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O professor deve vincular os objetivos específicos aos objetivos gerais, sem perder de vista a situação concreta (da escola, da matéria, dos alunos) em que serão aplicados. Deve, também, seguir as seguintes recomendações:
  • especificar conhecimentos, habilidades, capacidades que sejam fundamentais para serem assimiladas e aplicadas em situações futuras, na escola e na vida prática;
  • observar uma sequencia lógica, de forma que os conteúdos e habilidades estejam inter-relacionados, possibilitando aos alunos uma compreensão de conjunto (isto é, formando uma rede de relações na sua cabeça);
  • expressar os objetivos com clareza, de modo que sejam compreensíveis aos alunos e permitam, assim, que estes introjetem os objetivos de ensino como objetivos seus;
  • dosar o grau de dificuldades, de modo que expressem desafios, problemas, questões estimulantes e também viáveis;
  • sempre que possível, formular os objetivos como resultados a atingir, facilitando o processo de avaliação diagnóstica e de controle;
  • como norma geral, indicar os resultados do trabalho dos alunos (o que devem compreender, saber, memorizar, fazer etc.) (libâneo, 1991, p. 126-127).

5.4. Importância dos conteúdos em educação

Costuma-se definir conteúdo como a matéria-prima a ser utilizada na educação. O arcabouço teórico e prático de conhecimentos acumulados pela humanidade é a base, a fonte onde o professor busca e seleciona conteúdos relacionados com sua área. Haydt fala em séculos de conhecimento, mas pode-se também falar em milênios de conhecimentos, sabedoria em diferentes áreas: ciência, arte, religião, filosofia etc.

Conteúdo faz uma ponte interessante com os objetivos, como se fosse uma mão dupla. Conteúdos indicam determinados objetivos, objetivos também indicam determinados conteúdos.

É uma relação importante, sendo que o professor precisa constantemente estar refletindo sobre como tem funcionado a relação entre os diferentes componentes de um planejamento, seja de curso, de unidade ou de aula.

Mas cabe ao professor estar sempre acompanhando as diferentes concepções, pensamentos de autores que publicam artigos, livros ou fazem palestras sobre o assunto. O pensamento e conclusões pessoais do professor também devem ser trabalhados, sendo que a importância primeira nesses processos de busca é a satisfação pessoal do docente, para que a mesma seja transmitida para os discentes (como visto anteriormente). Libâneo dessa forma fala sobre objetivos:

Podemos dizer que os conteúdos retratam a experiência social da humanidade no que se refere a conhecimentos e modos de ação, transformando-se em instrumentos pelos quais os alunos assimilam, compreendem e enfrentam as exigências teóricas e práticas da vida social. Constituem o objeto de mediação escolar no processo de ensino, no sentido de que a assimilação e compreensão dos conhecimentos e modos de ação se convertem em idéias sobre as propriedades e relações fundamentais da natureza e da sociedade, formando convicções e critérios de orientação das opções dos alunos frente às atividades teóricas e práticas postas pela vida social. (LIBÂNEO, 1991, p. 129).

De acordo com Walter Garcia, conteúdo é ‘tudo aquilo que é passível de integrar um programa educativo com vista à formação das novas gerações. Um conteúdo pode referir-se a conhecimentos, atitudes, hábitos etc.’ Como podem verificar, esse é um conceito amplo de conteúdo, que não se identifica apenas com a simples aquisição de informação. É por meio dos conteúdos que transmitimos e assimilamos conhecimentos, mas é também por meio do conteúdo que praticamos as operações cognitivas, desenvolvemos hábitos e habilidades e trabalhamos as atitudes. Haydt também indica critérios nos quais os professores devem fundamentar-se:

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1. Validade – Deve haver uma relação clara e nítida entre os objetivos a serem atingidos com o ensino e os conteúdos trabalhados. [...]. Em segundo lugar, os conteúdos são válido quando há uma atualização dos conhecimentos do ponto de vista científico.
2. Utilidade – O critério de utilidade está presente quando há possibilidade de aplicar o conhecimento adquirido em situações novas. Os conteúdos curriculares são considerados úteis quando estão adequados às exigências e condições do meio em que os alunos vivem, satisfazendo suas necessidades e expectativas [...].
3. Significação – Um conteúdo será significativo e interessante para o aluno quando estiver relacionado às experiências por ele vivenciadas. Por isso, o professor deve procurar relacionar, sempre que possível, os novos conhecimentos a serem adquiridos pelos alunos, com suas experiências e conhecimentos anteriores [...].
4. Adequação ao nível de desenvolvimento do aluno – O conteúdo selecionado deve respeitar o grau de maturidade intelectual do aluno e estar adequado ao nível de suas estruturas cognitivas.
5. Flexibilidade – O critério de flexibilidade estará sendo atendido quando houver possibilidade de fazer alterações nos conteúdos selecionados, suprimindo itens ou acrescentando novos tópicos, a fim de ajustá-los ou adaptá-los às reais condições, necessidades e interesses. (HAYDT, 2006, pp. 130-131).

No sentido de organização, torna importante observar a sequência em nível de complexidade ou evolução histórica do assunto. Dificilmente se escapa do estudo cronológico quando o tema é História da Arte. Quando se fala em aspectos estéticos, por exemplo, em muitos casos não é necessária uma sequencia temporal, pois podem ser estabelecidas familiaridades entre os cânones renascentistas e os gregos da época de Fídias, bem como do Neoclássico do século XIX com o Renascimento.

Unidade 6: Procedimentos, Recursos e Avaliação

6.1. Conceito de procedimentos, recursos e avaliação para a ação pedagógica

Procedimentos são também chamados de metodologia ou desenvolvimento. Correspondem às opções no que diz respeito aos objetivos e conteúdos em ação. Trata-se da melhor forma de agir, opções de colocar o planejamento idealizado, teórico, em prática. Esse momento é quando o professor não escapa de ser o que realmente é em termos de profissional da educação, pois nos procedimentos cada professor tem uma forma pessoal de agir, quando geralmente coloca em cena também seu temperamento, seu jeito de lidar com uma turma diante de situações imprevistas, geralmente agradáveis, mas que em determinados momentos o professor necessita de muita paciência.

Procedimentos estão relacionados a um planejamento prévio. Um curso pode ser todo ministrado em sala de aula somente com quadro, cadernos. Mas em sala de aula podem haver representações dramáticas sobre os assuntos, projeção de imagens, jogos de integração, seminários elaborados pelos alunos, como será visto adiante. A aula pode ser também desenvolvida em uma galeria de arte, uma fábrica, um shopping, campo de futebol, viagem ao campo ou a outros municípios, estudos em bibliotecas. Experiências diversas devem ser patrocinadas aos alunos, inclusive levando em consideração as diferentes faixas etárias. Procedimentos implicam em ações não somente por parte do professor, mas também por parte do aluno. Autores defendem que o aluno aprende com o professor, consigo mesmo e com os outros alunos, e tal dimensão deve estar presente na mente do professor no momento de selecionar os procedimentos a serem desenvolvidos para alcançar determinados objetivos propostos no planejamento da aula, da unidade, do curso.

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Recursos relacionam-se a materiais a serem utilizados pelo professor e pelos alunos. Como todos os outros itens, devem estar vinculados aos objetivos, conteúdos, bem como ao planejamento como um todo. Reproduções de desenhos e pinturas, reprodução em data show são recursos, assim como a obra exposta no museu também é um recurso que poderá estar sendo utilizado para compreensão da obra do artista. Ir ao museu é um procedimento, sendo que as obras expostas são recursos que estão sendo utilizados para conceituar a fruição estética, realizar análise da obra etc. Comparar a fruição da arte reproduzida no papel com a fruição da obra in loco (diante da obra mesmo) é um objetivo no qual estão implicados dois recursos: reprodução de obra artística e obra artística (no museu, na galeria, por exemplo). Desta forma, recurso diz respeito a algo que vai ser utilizado para desenvolver o procedimento (metodologia) proposto pelo professor.

Avaliação incide sobre a pergunta se os alunos aprenderam o que foi ensinado. E isso diz respeito a averiguar se os objetivos foram (ou estão sendo) alcançados. Em Artes, avaliação tem sido uma ação bastante polêmica, especialmente no que diz respeito a trabalhos que envolvam fazer arte, como trabalhos em pintura, desenho, instalação, cerâmica e outras técnicas. Determinados aspectos podem ser observados, especialmente no que diz respeito à utilização de técnicas, teorias, mas, como estética escapa ao pensamento lógico racional, só se consegue um consenso quando se coloca um objetivo muito determinado a ser alcançado, o que é polêmico em artes. Por outro lado, quando se trabalha com teorias (História da Arte, Didática do Ensino de Artes, Filosofia da Arte, por exemplo), a avaliação possui elementos mais racionais para se aferir os resultados.

Aqui o assunto retorna como foi no início, como se estivesse andando em círculo, ou seja, selecionar procedimentos, recursos e avaliação também implica em conhecer a realidade na qual a Arte está sendo trabalhada em educação. Quais são as vivências dos alunos, condição econômica, aspectos sociais. Os alunos também devem ser ouvidos nesses momentos: averiguar de que forma gostariam de trabalhar determinados conteúdos, podendo, inclusive, sugerir e escolher materiais (recursos) com os quais desejam trabalhar em Artes, mas que todos possam ter a oportunidade de usar materiais semelhantes para que não haja exclusão (os que têm material e os que não os têm). Se algum aluno é mais carente do que outros, o professor poderá conversar com a direção com a finalidade de averiguar a possibilidade de se conseguir material para o aluno. É aconselhável que a escola tenha materiais para fornecer aos alunos, sendo que cada unidade de ensino deve prever procedimentos para tal. A avaliação também pode contar com a participação da turma, averiguando como eles gostariam de ser avaliados. Avaliação pode ocorrer durante o processo da aula, ou mesmo ao final de determinada unidade (como costuma acontecer).

Retorna-se a algo que também foi dito antes, que, mesmo considerando toda a participação dos alunos, o professor é que vai escolher as melhores opções no que diz respeito à participação dos alunos na seleção de procedimentos, recursos e avaliação.

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Seleção de procedimentos, de recursos e de avaliação, vão ao encontro de que tipo de aprendizagem que se deseja efetivar, incidindo sobre a natureza do conteúdo, e dos objetivos propostos. A faixa etária dos alunos também não pode ser negligenciada, pois teorias do desenvolvimento nos mostram as diferenças entre as mesmas, inclusive implicando em processos de aprendizagem (haydt, 2006).

Quanto à natureza dos procedimentos torna-se interessante destacar duas formas, que Haydt assim classifica:

1. Procedimentos de ensino-aprendizagem individualizantes.

Trata-se dos procedimentos mais difundido na educação no Brasil, também sendo o mais tradicional. Citando vários outros autores como, por exemplo, Nérici em seu livro Metodologia de ensino, esse procedimento implica geralmente em exposição, apresentação oral de um tema que é logicamente estruturado, assumindo duas posições didáticas:

  1. Aula expositiva dogmática (ou exposição dogmática), onde a mensagem não pode ser contestada, devendo ser, inclusive, repetida na hora da avaliação. O professor é dominante e o aluno é passivo e receptivo. Quando se tem certeza que a turma tenha atingido um grau importante de atenção e concentração, a aula expositiva pode ser muito rica, especialmente se o professor tiver grande domínio sobre o assunto e contempla em sua fala questões alusivas ao assunto que interessem aos alunos. No entanto, cobrar posteriormente um retorno ipsis literis por parte do aluno, pode estar descontextualizado da presente realidade, pois torna-se necessário que os alunos saibam contextualizar a fala dogmática.
  2. Aula expositiva aberta ou dialogada, onde a discussão e participação do aluno são incentivadas e a fala do professor seve para desencadear tais discussões. Agora o professor se coloca na posição de ouvinte dos alunos em relação ao tema proposto, inclusive procurando responder dúvida que possam surgir, também propondo perguntas a serem respondidas pelos alunos. Ainda segundo Haydt, a aula expositiva dialogada favorece a atividade reflexiva dos alunos, promovendo também a participação dos mesmos na aula. Aponta as seguintes situações onde a aula dialogada pode ser utilizada com maior sucesso quando se introduz um novo conteúdo, quando invoca conceitos básicos alusivos ao conteúdo, buscando assim uma visão panorâmica do assunto; para sintetizar o assunto, no final de uma unidade. De qualquer forma, é sempre motivo de despertar os alunos para o assunto, aumentando seus interesses, bem como conhecer o que sabem, o que não sabem ou têm a falar sobre o conteúdo.

2. Procedimentos de ensino-aprendizagem socializantes.

Envolve desenvolvimento e participação dos alunos em termos grupais, buscando sempre alternativas de interação entre os indivíduos. Haydt destaca procedimentos alusivos a tal metodologia:

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  1. Uso de jogos – tem como princípio que jogo é uma atividade que os seres humanos fazem com prazer, sendo prática arraigada na sociedade, podendo também ser trazida para a sala de aula. Considera-se que o mesmo desenvolve as capacidades criadoras nas crianças, adolescentes e adultos, considerando-se o envolvimento que o jogo é capaz de promover no indivíduo em ralação a um grupo. Envolve prazer, emoção, iniciativa. Haydt destaca que ‘integra as dimensões afetiva, motora e cognitiva da personalidade’, funcionando, assim, como fator de integração entre tais aspectos trabalhados em educação (motricidade, cognição, afeição).
  2. Dramatização – o aluno tem a possibilidade de representar diferentes papéis, seja através de improvisação ou mesmo de forma planejada. Situações reais da vida podem ser trabalhadas, propondo que os alunos elaborem em grupo pequenas dramatizações em sala de aula. Gilson Sarmento, educador na área de teatro, fala sobre a necessidade de serem trabalhadas nas escolas pequenas dramatizações, sem a proposta de serem apresentadas no final do semestre em forma de teatro. Pequenas dramatizações, desempenhadas em sala de aula, apenas com a turma, trazem resultados mais importantes para os alunos do que apresentação de teatro, como costuma ser visto nas escolas (desde a Educação Infantil até o Ensino Médio). Tais dramatizações são fatores de aquisição de determinados conhecimentos, para se atingir objetivos, bem como para promover interação entre os alunos.
  3. Trabalho em grupo – traz muitos elementos também contidos na dramatização. Só que agora existe uma proposta a ser trabalhada, no sentido de conteúdo de ensino. No século XX, costumava-se utilizar a expressões como dinâmica de grupo, interação grupal, trabalho em grupo, trabalho em equipe, voltados para a questão grupo social. Determinado objetivo comum é sugerido pelo professor ou pelos alunos e, com os alunos divididos em determinados grupos, irão proceder a trocas de ideias, construindo determinado conhecimento, investigando em grupo ou individualmente e trazendo para o grupo as questões ou respostas encontradas. Pode ser decidido em sala de aula não só a assunto a ser trabalhado, bem como modos de executá-lo grupalmente.
  4. Estudo de casos - determinada situação real é apresentada aos alunos, para que procedam a estudos sobre a mesma. Podem fazer ligação do caso mencionado com determinado conteúdo. E outro aspecto, segundo Haydt, ‘podem propor alternativas e soluções. É uma forma de os alunos aplicarem os conhecimentos teóricos a situações práticas’. Os casos e situações podem ser reais ou hipotéticos, segundo critério do professor ou do grupo. Geralmente, está buscando-se levar o aluno a relacionar conteúdos teóricos com situações reais.
  5. Estudo do meio – é desenvolvida fora de sala de aula, para onde depois o aluno deverá trazer suas conclusões, dados e anotações realizadas. É proposto ao aluno que proceda a um levantamento de dados em determinada região, geralmente a região onde a escola está localizada ou onde o aluno habita. Poderá lançar mão de fotografias, entrevistas, filmagens, aplicação de questionários, gravações em áudio, consultas a documentos em cartórios, museus, observação nos aspectos arquitetônicos, costumes, culinária etc. Tal atividade desenvolve a capacidade de observação, contato social, permitindo ao aluno estar realizando uma verdadeira pesquisa. Ao final, deverá obter conclusões, conforme o tema proposto para a investigação.
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A questão básica da avaliação é a averiguação se os alunos alcançaram os objetivos propostos no planejamento. E também é um momento que pode ser discutido com os alunos. Perguntar aos mesmos de que forma acreditam ser importante averiguar se assimilaram os conteúdos trabalhados. Pode ser realizada no final de uma unidade ou mesmo de um conteúdo, mas muitos professores estão constantemente atentos durante todo o desenvolver dos estudos, buscando meios de efetivar a avaliação durante todo o percurso das aulas. Isso pode ser possível, por exemplo, caso se proponha a avaliar o interesse do aluno pela aula, bem como a participação, seja por meio da atenção que demonstra em relação aos conteúdos e às atividades, seja elaborando perguntas pertinentes, assim como participando com respostas quando as mesmas são solicitadas. Outra questão levada em consideração, especialmente quando muitos exercícios práticos são solicitados em sala de aula, é a frequência do aluno na escola.

Convém atentar para duas formas de avaliar: comparar o desempenho do aluno com o resto da turma ou compará-lo consigo mesmo. Levando-se em consideração a avaliação comparativa de aluno para aluno (em relação ao grupo), torna-se mais fácil a aferição, pois existem os primeiros, segundos e terceiros lugares. No entanto, avaliar o desempenho do aluno consigo mesmo é uma proposta um pouco mais complexa, pois ao professor será necessário conhecer o nível em que o aluno se encontra quando iniciou o curso e o nível que teria atingido quando finalizar o mesmo.

A tarefa de casa (extraclasse) também deve ser verificada: se o aluno as cumpre constantemente, se as desenvolve de maneira competente, se pode ser observado que ele mesmo realizou ou se não foi realizada por terceiros.

Sabe-se que, salvo várias exceções, a educação é dominada pela avaliação tipo ‘bancária’, ou seja, o aluno deve falar sobre o que foi dito em sala de aula, o que se encontra escrito nos livros adotados, ou o que o professor acha que é mais correto. Tal avaliação é comumente denominada de quantitativa. Em certa medida, ela pode ser adotada, mas deve-se considerar também valores qualitativos em sala de aula.

Libâneo (1991) aponta como características importantes da avaliação as seguintes considerações:

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  • Reflete a unidade objetivos-conteúdos-métodos – entende a avaliação como parte integrante do processo de aprendizagem, sendo que conteúdos, objetivos e métodos devem estar presentes nas mesmas. Os objetivos, tendo sido explicados com clareza aos alunos, auxiliam nesse processo.
  • Possibilita a revisão do plano de ensino – o professor poderá averiguar até que ponto seus objetivos estão sendo atingidos, se os alunos estão satisfeitos. Novas decisões poderão ser tomadas pelo professor após ter procedido a uma avaliação.
  • Ajuda a desenvolver capacidades e habilidades – Libâneo acredita que o aluno, é ajudado a reconhecer sua posição diante da turma inteira, sendo, assim, impelido a tomar determinadas posições, podendo servir como uma base para suas ‘atividades de ensino e aprendizagem’.
  • Voltar-se para a atividade do aluno – deverá estar presente durante o desenvolvimento das atividades do aluno e não somente no final do bimestre.
  • Ser objetiva – instrumentos e técnicas devem ser aplicados nesse sentido. Não se trata de excluir as subjetividades de alunos e professores, mas as mesmas não podem ‘comprometer as exigências objetivas-sociais e didáticas - inerentes ao processo de ensinar’. Assim sendo, a exigência de objetividade deve estar presente na avaliação.
  • Ajuda na autopercepção do professor – é um momento no qual o professor pode e deve refletir sobre a aplicação de seu trabalho, no sentido de poder esclarecer se está sendo suficientemente claro para toda a turma; se está dando preferência a alguns e discriminando outros; se tem conseguido motivar os alunos a valorizarem a disciplina; outros.
  • Reflete valores e expectativas do professor em relação aos alunos – ‘a avaliação escolar envolve a objetividade e subjetividade, tanto em relação ao professor quanto aos alunos’.

A avaliação é para o professor e para o aluno uma indicação da continuidade dos estudos. Se o aluno foi avaliado dentro da média, é sinal que pode ser promovido para outro ano (grau) de ensino. Para o professor, se ocorreram muitas reprovações ou mesmo se as notas não foram muito satisfatórias, é um indicativo de que algo não vai muito bem em seu desempenho, em seu planejamento. Se toda a escola indica desempenho indesejável pelos alunos, algo deve ser severamente mudado naquela instituição.

O vestibular parece também determinar na educação a tendência na avaliação tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, mas, por enquanto, Arte está livre desse perigo, pelo fato de não ser ainda conteúdo de vestibular. Porém, órgãos de governo já têm procedido a estudos para incluí-lo no teste. O campo de trabalho será certamente aumentado, mas me questiono se haverá um ganho qualitativo na área. Ademais, é risível valorizar a Arte na escola somente pelo fato de estar presente no vestibular. Poderá atribuir nota mais alta ao aluno que produz dentro do que entende ser mais adequado ser expresso em arte.

A avaliação é para o professor e para o aluno uma indicação da continuidade dos estudos. Se o aluno foi avaliado dentro da média, é sinal que pode ser promovido para outro ano (grau) de ensino. Para o professor, se ocorreram muitas reprovações ou mesmo se as notas não foram muito satisfatórias, é um indicativo de que algo não vai muito bem em seu desempenho, em seu planejamento. Se toda a escola indica desempenho indesejável pelos alunos, algo deve ser severamente mudado naquela instituição.

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O vestibular parece também determinar na educação a tendência na avaliação tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, mas, por enquanto, Arte está livre desse perigo, pelo fato de não ser ainda conteúdo de vestibular. Porém, órgãos de governo já têm procedido a estudos para incluí-lo no teste. O campo de trabalho será certamente aumentado, mas me questiono se haverá um ganho qualitativo na área. Ademais, é risível valorizar a Arte na escola somente pelo fato de estar presente no vestibular.

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