Inquietações: sociedade, inteligência e tecnologia

Aquietar-se, diante do contemporâneo, parece não ser opção. Marcada pela volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, a cultura contemporânea tem a ciência como veículo e a tecnologia como motor, que acelera em progressão geométrica. As observações tidas no livro, críticas e poéticas, exploram aspectos de uma sociedade que se aglomera em cidades que querem ser inteligentes, do conhecimento que encontra sua validação nos pares conectados e da tecnologia que, como motor, dita a performance social de nosso tempo. Sociedade, inteligência e tecnologia são os temas nucleares sobre os quais o autor se debruça, ao redor dos quais textos curtos de tom ensaístico, orbitam, alinhados com a fragmentada, complexa e diversa inquietação que pulsa, acelerada, respondendo ao pulsar de nosso tempo.

Autor

Cleomar Rocha

Possui Doutorado em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia (2004), pós-doutorado em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP/2009), pós-doutorado em Estudos Culturais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2011), pós-doutorado em Poéticas Interdisciplinares pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2016). Atualmente é professor associado da Universidade Federal de Goiás, onde coordena o Media Lab/UFG, o Observatório de Economia Criativa de Goiás e do Núcleo de Tecnologias Assistivas da UFG. É pesquisador visitante na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde supervisiona pesquisas de pós-doutorado e na Universidade de Caldas, na Colômbia, com orientação de doutorado. Tem projetos financiados pela FINEP, MDIC, MCTI, CAPES, CNPq, MinC e FAPEG. É coordenador executivo do Arranjo Produtivo Local em Audiovisual e Games de Goiânia.

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Apresentação

As inquietações a que me refiro são de ordem quase que ontológica: estão em meu pulsar, em meu pensar e em meu agir. E antes que pensem que me aquieto com a publicação desses artigos de opinião, originalmente publicados em coluna semanal no jornal Diário da Manhã, de Goiânia, nos anos 2017 e 2018, já me aflijo ainda mais pela continuidade dos textos, que pressupõe um inacabamento desse livro e do que o motiva, e pela inquietação que me tipifica, enquanto pesquisador e pensador.

A seleção apresentada aqui está alicerçada em três temas, com desdobramentos em outros tantos mais, refletindo um panorama de assuntos contemporâneos relacionados à sociedade, inteligência e tecnologia. As três seções permitiram orbitar ao seu redor os 62 textos que perfazem o livro, versando sobre educação, ética, mobilidade, cidade inteligente, arte, acessibilidade, cidadania, tecnologia, universidade, saúde, serviços públicos e tantos outros temas que inventam nosso cotidiano.

Novos modelos de sociabilidade, baseados em cidades inteligentes, tornam-se o diapasão que harmoniza as muitas vozes cidadãs, já acostumadas com modelos participativos e colaborativos de governo, mercado e produtos. A tônica, aqui, é rever conceitos e posicionamentos, individuais e coletivos, que vão desde a modelização de cidades digitais e inteligentes, com seus serviços públicos e privados, até sua particularização em saúde, segurança, mobilidade e educação.

Em Inteligência, os textos discutem a conectividade e a invenção de parâmetros que fazem evoluir a humanidade, já amalgamada pela tecnologia. Essa inteligência tecnológica, conectada, colaborativa e distribuída é o modelo contemporâneo do humano, individual e social.

Em Tecnologia, filha pródiga da Ciência, discute-se sua inserção e impactos, com predileção para temas das Humanidades Digitais. A caracterização da tecnologia e de seus aparatos, dispositivos e procedimentos, caracterizando o hodierno, é o chão sobre o qual olhamos, com pés firmes, para o teto, para o devir.

Mas mais que verdades, Inquietações: sociedade, inteligência e tecnologia reflete os ventos contemporâneos que sopram, inquietos, em nossas mentes, tornados textos por uma mente inquieta: sopros, respiração, inspiração.