Paredão eletrônico: investigação, arte e inovação no Nordeste do Brasil

Autores

Laurita Ricardo de Salles e equipe do Laboratório 10 Dimensões/DEART/CCHLA/UFRN

Laurita Ricardo de Salles é artista visual com atuação recente na área de Arte e Tecnologia. É Profa. Adjunta IV no Departamento de Artes da UFRN- Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Tem experiência na área de Artes Visuais, com ênfase na área da imagem e mais recentemente em novas mídias, atuando principalmente nos seguintes temas: imagem contemporânea, imagem numérica , arte e tecnologia. Coordenadora geral do Projeto 10 Dimensões - Diálogos em rede, corpo, arte e tecnologia de junho de 2011 a 2012, e atualmente como Grupo Permanente da UFRN, tendo sido coordenadora adjunta desde agosto de 2010;Coordenadora do Laboratório 10 Dimensões/UFRN; Vice- Coordenadora do Grupo de Pesquisa Matizes e coordenadora da Linha de Pesquisa Poéticas Contemporâneas -no DEART/UFRN desde 2011. Ganhou a Bolsa Vitae de Artes de 1998.É parecerista da FAPESP/Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo desde 2009, foi Membro do Comitê de Poéticas Visuais da ANPAP/Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas 2012/13.Possui graduação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (1979), mestrado e doutorado em Artes-Linha de Pesquisa em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (1999, 2003), com estágios como doutoranda na Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo e junto ao NUMA- Núcleo de Manufatura Avançada do mesmo instituto e na Escola de Artes Visuais e Mediáticas da Universidade de Quebec em Montreal. Teve atuação na área de Design tendo participado do Grupo de Artes da USP Zona Leste responsável pela criação dos cursos de Design e Mídias Digitais e Consultora para formação de curso de Arte e Tecnologia( BAT) na UFABC 2009-15. Interesses atuais na área de Artes-imagem contemporânea e imagem numérica , noção do espaço na sociedade da informação.Tem ainda interesses na área de politicas públicas na formação de recursos humanos pela academia e seu potencial na área de Ciências, Artes e Tecnologia na Sociedade da Informação.


Este texto é uma reflexão surgida no contexto da colaboração com a equipe do Laboratório 10 Dimensões/ DEART/UFRN, vide nota 2.

51

“Pesquisa operacional: método de análise científica orientado para a procura da melhor maneira de tomar decisões a fim de conseguir os melhores resultados” (HOUAISS,2016). http://www.dicio.com.br/operacional/

Como abordar uma investigação envolvendo parceria com uma empresaTrata-se da empresa Savox, sediada em Natal. do campo da economia criativa dos chamados “paredões” no contexto de Natal (RN)? Como compreender, abordar, tratar e intervir em processos organizativos e de arranjos sociotécnicos, implicados em uma dinâmica cultural e artística relacionados a uma cadeia produtiva na área de som e iluminação automotiva?

Estas são as questões iniciais com as quais se deparam o projeto Paredão eletrônico3. Este projeto de pesquisa conta com a colaboração de equipe que envolve pesquisadores com formação múltipla, voltados para investigar o mesmo objeto de pesquisa. Conta com pesquisadores permanentes do Laboratório 10 Dimensões - área das Artes Visuais e Arte e Tecnologia DEART/UFRN, do campo da Informática e das Ciências da Computação (ECT/UFRN), da área da Música, Escola de Música/UFRN; parceiros externos (Média Lab/UFG) da área de Ciências da Computação e Tecnologia em Música (doutorando Universidade MacGill) e, na UFRN, servidor com formação em tecnologia e docente da área de Artes Cênicas-Economia criativa e iluminação. Coordenadora: Profª. Drª. Laurita Ricardo de Salles (AV/DEART/CCHLA/UFRN); demais membros do Núcleo Permanente de Pesquisa: Prof. Dr. Aquiles Burlamaqui (ECT//UFRN) e Prof. Dr. Gabriel Gagliano Pinto Alberto EM/UFRN. Membros parcerias externas: Prof. Dr. Cleomar de Sousa Rocha (Media Lab/UFG); Prof. Jeronimo Barbosa da Costa Junior/MacGill/CA; parceria do projeto no DEART: Prof. Dr. José Savio Oliveira de Araújo (Teatro/DEART/UFRN); servidor Ycaro Ravel Dantas. Bolsistas extensão 10 Dimensões: Allan Jeyson da Cruz Silva (programação e hardware)/ECT; Andiara de Freitas Emidio (produção cultural)/Economia/AV; Luana de Lima Ferreira (documentação videográfica)/AV; Janaina da Silva Santana (Sites e Blogs)/AV; Matheus Estevam de Carvalho Pessoa (Programação)/ECT. Projeto 10 Dimensões Grupo Permanente: Profª. Drª. Laurita Ricardo de Salles (AV/DEART/CCHLA/UFRN); Prof. Dr. Aquiles Burlamaqui; ECT//UFRN e Prof.Dr. Gabriel Gagliano Pinto Alberto (EM/UFRN). Prof. Dr. Rogerio Junior Correia Tavares (AV/DEART/UFRN) e Profª. Drª. Maria Isabel Dantas/IFRN (apoio). Estão solicitadas em Edital da UFRN, ainda em andamento, três bolsistas de Icc: AV, Teatro (iluminação e arranjo produtivo) e ECT (Programação)., primeiro com uma empresa, relacionado à inovação, do Laboratório 10 Dimensões da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sediado em Natal (RN). A investigação propõe mapear, levantar e observar a estrutura Paredão junto à empresa envolvida com o projeto, construindo um quadro de sua estrutura geral, enquanto arranjo sociotécnico, objeto tecnológico e possibilidades criativas. A partir deste mapeamento, prospectar perspectivas de intervenção e deslocamento de inserção cultural, proposições de modificações e acréscimo de incrementos e inovações tecnológicas, que permitam a expansão das possibilidades artísticas e criativas desta manifestação.

O projeto supõe, ainda, o desdobramento e ação experimental concreta e piloto destas inovações e experimentação de deslocamento no circuito, através da realização de obra artística de intervenção urbana na região de Natal (e, eventualmente, em outras cidades no País), com sistemas de luz e som trabalhando em conjunto com sensores de presença e outros que permitam interatividade com ações do público.

A estrutura paredão é uma manifestação plástica-visual e sonora potente, com largo potencial interativo a ser explorado através do uso de sensores diversos; permite inserir relações de interação com o público e, assim, hibridar uma manifestação contemporânea de arte popular da rede urbana do interior, do sertão nordestino, e das capitais nordestinas e o campo da Arte e Tecnologia, abrindo um vetor de pesquisa produtivo a ser investigado.

52

Por outro lado, o projeto responde a questões concretas relacionadas ao processo e ambiente produtivo da empresa e do setor, já que as estruturas lógicas da programação na área de som e iluminação são compradas prontas no mercado, como núcleos desconectados entre si, também com interfaces prontas e sem comunicação e articulação entre as várias centrais de comando dos subsistemas. Portanto, apresentou-se um campo de intervenção de interesse comum entre a universidade e a empresa em um processo que já teve início, com uma colaboração mútua tendo em vista este projeto.

Estrutura Paredão

O Paredão é um arranjo sociotécnico inventivo na área da economia criativa nordestina. O Nordeste tem tradição acumulada e variada no contexto da criação musical e de dispositivos sonoro musicais eletrificados, envolvendo desde o trio elétrico, o berimbau elétrico, a guitarra baiana e o Paredão. Dispositivos desta natureza não são uma exclusividade da região, podendo ser citados desde o tecnobrega da Região Norte ao rock em geral, enquanto manifestação espraiada global. Porém, a região tem vetores próprios, que envolvem a difusão do som através de microfones em alta intensidade potencializados por dispositivos eletrificados. O Paredão apresenta-se como estrutura sonora automotiva, no sentido de que é vinculada a veículos automotivos e à cadeia produtiva de instalação de dispositivos de alta potência sonora em veículos. É herdeiro e manifestação deste campo da e nesta cadeia produtiva cultural. Apresenta-se como estrutura de dispositivos sonoros e luminosos, atuando ambos os sistemas desdobrando-se no tempo. Objeto de pesquisa ainda não explorado, sua concepção visual apresenta grande inventividade plástica pela capacidade imaginativa, compositiva e de disposição geométrica modular nos veículos automotivos da aparelhagem sonora luminosa. Também margeia a lógica do espetáculo.

Estrutura móvel por excelência apresenta grande força plástica pelo uso intensificado de luzes coloridas rebatidas como reflexo em tubos refletores de luz. Estes atuam como canais de difusão e potencialização da luz. Dispostas em sistemas modulares, apresentam geometrias e tratamentos de muita riqueza formal e de cor que, em outra circunstância de época e lugar, lembram as estruturas geométricas das casas do sertão nordestino (a geometria popular das casas do sertão nordestino foi documentada por Anna Mariani in Pinturas e Platibandas e comentadas, dentre outros, por Rodrigo Naves e Caetano Veloso que aponta nelas uma lírica geometria). Mantém, por outras vias, a relação entre a inventividade geométrica nordestina nas capitais e no sertão urbano e contemporâneo, um território que conecta as cidades via rede de estradas e pela rede telemática e televisiva. Nordeste vinculado a um território e cultura próprios e, simultaneamente, relacionado às cenas nacional e global.

Circuito Cultural Paredão

A estrutura Paredão é, usualmente, criada e mantida, ou vendida para encomendantes, por empresários na área de sonoros em veículos automotivos e tem um circuito específico de atuação com festivais próprios; também é usado para locação em festas, até mesmo em campanhas políticas e de todo tipo. Invenção contemporânea com grande força de atuação no Nordeste (porém, existente não apenas na região), criou, ao mesmo tempo, uma área e um nicho de atuação no campo da economia criativa, um circuito de apresentação e circulação, manifestando-se como uma estrutura variável de conjuntos modulares de equipamento sonoro/luminoso móvel. Podemos dizer que é uma invenção que circula na ambiência de várias expressões da música eletrificada já atuantes no Nordeste. Também podemos apontar que se encontra, neste momento, em momento de manifestação ampla e em trajetória de evolução.

53

Segundo Trotta (TROTTA: 2012, 151-172, pág. 165), “em Som de cabra macho: sonoridade, nordestinidade e masculinidades no forró: “De modo resumido, podem ser apontados dois elementos constitutivos da sonoridade jovem: uma predileção pelas novas tecnologias do som, que tem como marco o surgimento da guitarra elétrica e dos sistemas de amplificação eletrônica do som aplicados aos vários instrumentos. Diz o autor: “... o que me parece mais significativo na possibilidade de manipulação direta do som é a possibilidade de criação de efeitos e de sonoridades “artificiais”, “sintético ou artificialmente gerado, com “sonoridades antinaturais, que integram uma ideologia de valorização do urbano, do asfalto, da “modernização”. Aponta o autor que sons eletrificados e/ou processados eletronicamente, em volume intenso (possibilitado, inclusive, por tal sistema de emissão) tornam-se os timbres da música entendida como jovem. Diz que se molda, assim, uma sensibilidade musical baseada na estética da saturação dos sentidos. O autor cita ainda o antropólogo José Jorge de Carvalho, em um artigo sobre o universo musical contemporâneo, em que exemplifica a sensibilidade atual analisando um show dos Rolling Stones, em 1994: o último autor remete à descrição da estética da saturação no show dos Stones a um exemplo quase didático do repertório dos Aviões do Forró, faixa de abertura do CD “Volume 6”, lançado em 2009, a qual, ressalto, descreve um paredão: “Quem não aguenta que corra, corra, corra, corra, corra do meu paredão. E a galera está no posto curtindo o som Os carango equipado, oh duelo bom!”

O autor nos fornece, ainda, um breve descritivo da estrutura Paredão: “formado por dezenas de caixas de som empilhadas, o “paredão” é um signo de qualidade do evento, seja ele na festa com as aparelhagens completas, ou mesmo no “posto”, onde os automóveis (e seus donos) disputam para aferir quem possui o som mais potente”. O autor relaciona seu artigo à demonstração da masculinidade, o que não é o foco da presente pesquisa, embora a observação seja pertinente. O Paredão é, pois, herdeiro e manifestação da história do som automotivo; relaciona-se, também, a outras estruturas e equipamentos móveis ou instrumentos de sistemas de som e musicais eletrificados no Nordeste e, em geral. Também hibrida-se com a manifestação e arranjo sociotécnico da carreta.

Esta pesquisa pressupõe que a estrutura Paredão cristaliza, enquanto elemento da economia criativa, em um determinado espaço e formação cultural, uma possibilidade de estrutura tecnológica dada, entendida esta como inerente a um circuito produtivo, acessos a elementos de produção tecnológica e de inserção culturalA emergência de um determinado arranjo sociocultural, sua estrutura vinculadas a suas relações sociotecnicas culturais, vinculadas a cadeias concretas da economia criativa (e bibliografia pertinente, parágrafo seguinte), é uma contribuição do pesquisador José Savio de Oliveira Araújo, do curso de Teatro/DEART/UFRN, de nossa equipe. Esta parte da pesquisa será de sua responsabilidade.. Desta maneira a técnica e a tecnologia são imbricadas a uma ambiência cultural determinada, a qual mantém circuitos e relações comunicativas com o entorno. Portanto, para melhor compreender a estrutura e o circuito por onde o paredão circula, se faz mister compreender o campo e os vetores de força que o originaram e o orientam através de levantamento de campo; esta análise permitirá melhor compreender as possibilidades de intervenção no mesmo e dos deslocamentos a serem propostos. Também as relações que mantém com circuitos e manifestações adjacentes.

54

Como referências para abordar as relações entre tecnologia, cultura e a criação artística, temos as reflexões de Stuart Hall, sobre o estatuto da cultura e sua ambiência contemporânea, assim como aquelas relativas às proposições de Canclín. Também considera, de forma geral, proposições coletadas por Claudia Galvão e outros sobre a economia criativa.


Seguem alguns vídeos ilustrativos de Paredões:

Paredão – vídeo que mostra alguns de seus componentes.

https://www.youtube.com/watch?v=tQwnm4AyJVM

Paredão do Hulk (Pau dos Ferros, RN).

https://www.youtube.com/watch?v=-1KqGFZbZaM

Paredão com dispositivos de moving lasers nas laterais.

https://www.youtube.com/watch?v=_Qfjq_bkXtw

Paredão do Gibão e Paredão do Hulk (campeonato potiguar). Ambos têm pequeno painel de leds na parte de cima.

https://www.youtube.com/watch?v=9f4JUE9-Olw

Paredões no RN som automotivo.

https://www.youtube.com/watch?v=YsrAVqYLzQI

Carreta Treme Treme 192 falantes une a manifestação da Carreta ao Paredão.

https://www.youtube.com/watch?v=jkragyOXSmM

https://www.youtube.com/watch?v=u1rnIJ_w8iA

Paredão Pais e filhos no carnaval de Jaguaruana, Ceará.

Colocada em traseira de caminhão.

https://www.youtube.com/watch?v=c-oqPnCkfT8

Paredão Pais e filhos erguendo o hidraúlico 2015.

https://www.youtube.com/watch?v=4QGgIq8ao2Y

Inovação

A palavra inovação é derivada do termo latino innovatione Inovação in Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2016. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/, pedir palavra inovação. Sem identificação de autores. e relacionada à palavra latina novus, refere-se ao ato ou efeito de introduzir algo novo e diverso de paradigmas anteriores. Atualmente, a palavra inovação adquiriu uma conotação oriunda da economia enquanto invenção aplicada e difundida no âmbito socioeconômico.

Para tratarmos das especificidades de nosso projeto, faremos, inicialmente, breve resumo sobre a concepção de inovação e seu histórico, a partir do capítulo Modelos científicos de inovação economicaTraduzido do inglês pela autora deste texto. (SCHWACHULA, A. VILA SEOANE, M., HORNIDGE, A-K : 2013, p. 8-9), que aborda de forma sucinta a origem e evolução do conceito.

Segundo os autores, o conceito de inovação foi proposto pelo economista austríaco Joseph Schumpeter nos anos 30 do século XX. Estes apontam que “ele definou a inovação como uma combinação nova de fatores que levavam para uma aplicação de um novo produto ou processo comercial ou industrial, ou a abertura de um novo mercado, a conquista de uma nova fonte de recursos ou uma mudança organizacional” (SCHWACHULA, A. VILA SEOANE, M., HORNIDGE: 2013, A-K, p. 8)Mantive as citações do texto. Ver referências sobre Schumpeter, 1934; Fagerberg, 2006, In: SCHWACHULA, A. VILA SEOANE, M. HORNIDGE, A-K. Working Paper 13 -Science, technology and innovation in the context of development: an overview of concepts and corresponding policies recommended by international organisations. Bonn, ZEF Working Paper Series, Department of Political and Cultural Change/Center for Development Research, University of Bonn, 2013. Disponível em inglês: (http://www.zef.de/uploads/tx_zefportal/Publications/zef_wp_132.pdf), págs. 8.

Ainda segundo os mesmos autores, o conceito de inovação vem, desde então, sofrendo várias redefinições, passando de uma compreensão mecânica e linear para uma compreensão mais complexa. Inicialmente considerava-se o processo de uma ideia para o produto como um processo unidirecional e linear, onde uma nova tecnologia criada e um laboratório de pesquisa era transformado, através de feedbacks do mercado, para um produto.

55

Nos anos 80, afirmam os autores, a escola evolucionista de economia propôs que a mudança econômica seria explicada como um processo evolutivo, onde processos tecnológicos e de inovação têm papel crucial, citando Nelson e Winter (1982)Da mesma maneira, as referências sobre os pesquisadores citados (Nelson e Winter (1982) e Kline e Osenberg (1986)) pelos autores do texto por mim resumido podem ser obtidas junto ao texto original, já que citação dos mesmos e por mim mantidas por tratar-se de uma abordagem que elenca várias contribuições. Logo mais, ao considerar as questões de educação na inovação, é citada a contribuição de Edquist (2005). Disponível em inglês: (http://www.zef.de/uploads/tx_zefportal/Publications/zef_wp_132.pdf), págs. 8 e 9. Esta posição foi reforçada, sustentam, pelo modelo interativo de inovação de Kline e Rosenberg (1986), o qual reivindicava, grosso modo, que o processo de inovação envolve relações multidirecionais e que não se tratava simplesmente de um processo que parte do novo conhecimento oriundo do sistema de tecnologia para a aplicação prática e comercial.

Modelos que retratam a inovação como um adequado processo linear não avaliam bem a natureza e direção dos fatores causais atuantes. A inovação é complexa, incerta, um pouco desordenada, e sujeita a alterações de muitos tipos. A inovação é também difícil de ser mensurada e exige uma estreita coordenação do conhecimento tecnológico adequado excelente julgamento do mercado, a fim de satisfazer determinações economicas, tecnológicas,e outros tipos de restrições, todas simultaneamente. O processo de inovação deve ser visto como uma série de mudanças em um sistema completo, não só de hardware, mas também de ambiente de mercado, instalações de produção e conhecimento do contexto social da organização da inovação. (KLINE e ROSENBERG:1986, p. 275)Tradução do resumo introdutório do texto em inglês pela autora deste texto, assim como outros trechos dos autores..

Kline e Rosemberg também ressaltam o papel relevante do design na inovação:

Contrariamente a muitos prognósticos mais comuns, o degrau inicial de muitas inovações não é a pesquisa, mas o design; o termo “design analitico” é usado para denotar um estudo de novas combinações de produtos existentes, rearranjamento de processos e projetos de desenho de novos equipamentos no campo do estado da arte existente (KLINE e ROSENBERG: 1986, p. 304)

Atualmente, os autores de Modelos científicos de inovação econômica salientam que, segundo vários pesquisadores, a inovação não é vista mais como um fenômeno isolado que “emerge no interior de organizações”, mas como um fenômeno social, onde vários atores e instituições intervêm. Lembram, também, que contemporaneamente, muitos autores consideram que protagonistas privados e públicos atuam na produção de inovações tecnológicas, contribuindo ainda, a educação, com um papel fundamental (EDQUIST, 2005).

Embora não texto acadêmico, nos interessou também a abordagem encontrada em breve artigo publicado em um portal da área (Escola EDTI - O que é inovação)Por não tratar-se de artigo acadêmico, mantemos a referência aqui. Artigo O que é inovação, autor Marcelo Petenate. Campinas, Escola Edti, 2013. Escola Edti:http://www.escolaedti.com.br/a-escola/ Disponível em: http://www.escolaedti.com.br/artigo-o-que-e-inovacao/ pela atenção à experiência a ser provocada pela inovação, a qual, reivindica, deve ser o foco de investigação nos processos de inovação.

56

Segundo Petenate, a palavra inovação é muito utilizada no contexto de ideias e invenções. Mas, garante, inovação não trata apenas de ideias e invenções, avanços científicos e tecnológicos, sendo um conceito muito mais ligado a algo novo que consegue alterar, gerando valor, o seu ambiente. É algo que ocorre dentro das organizações, porém gera uma mudança externa. O autor defende que as organizações que buscam inovar devem pautar seus esforços não em desenvolver tecnologias, mas no ambiente em que atuam. Aponta o exemplo da Apple, bastante interessante: “sempre focou na sua proposição de valor ao invés da qualidade técnica de seus produtos. O exemplo disso é o slogan criado para o primeiro iPhone: “The internet in your pocket”. Ele mostrava claramente qual o valor a ser entregue”, aponta o artigo no portal.

Tal abordagem é de particular interesse no nosso caso, que envolve uma estrutura e arranjo sociotécnico cultural, o qual estabelece uma relação de experiência sinestésica e estética com o público. Essa interação com a experiência é fundamental em obras que tenham uma dimensão artístico-cultural e o propósito de uma ação poética, como é o nosso caso. A vinculação entre Arte e experiência é bastante bem colocada por Dewey.

Economia da inovação

Segundo o Manual de Oslo“O Manual de Oslo é a principal fonte internacional de diretrizes para coleta e uso de dados sobre atividades inovadoras da indústria. Sua segunda edição foi atualizada para incorporar o progresso feito na compreensão do processo inovador, a experiência adquirida com a rodada anterior de pesquisas sobre inovação, a ampliação do campo de investigação a outros setores da indústria e as últimas revisões das normas internacionais de classificação” (MORICONE: 2004, pág. 5). “inovação está no cerne da mudança econômica” ( MORICONE: 2004, pág. 32). Este afirma que, segundo Schumpeter, “inovações radicais provocam grandes mudanças no mundo, enquanto inovações ‘incrementais’ preenchem continuamente o processo de mudança” (MORICONE: 2004, pág. 32, 33). Logo a seguir o mesmo manual salienta que Schumpeter propôs um conjunto de vários tipos de inovações: introdução de um novo produto ou mudança qualitativa em produto existente; inovação de processo que seja novidade para uma indústria; abertura de um novo mercado; desenvolvimento de novas fontes de suprimento de matéria-prima ou outros insumos; mudanças na organização industrial.

O DTI/Innovation Report no capítulo: O que é inovação (SAINSBURY: 2003, p. 21) aponta que “a inovação é a exploração bem-sucedida de novas ideias”Tradução do inglês para o português pela autora. onde estas:

... podem ser inteiramente novas para o mercado ou envolvem a aplicação de ideias existentes as quais sejam novas para a organização inovada, ou frequentemente, uma combinação de ambas. A inovação envolve a criação de novos design, conceitos e maneiras de fazer as coisas, sua maneira de exploração comercial e difusão subsequente através do resto da economia e sociedade.... Muitas inovações são incrementais – uma sucessão de modestas melhorias individuais em produtos ou serviços através de seu ciclo de vida. Mas algumas serão dramáticas, criando algo inteiramente novo (SAINSBURY: 2003, p. 21).

57

Diversos analistas classificam as inovações quanto aos seus objetivos focais e impacto. Consideramos aqui a compilação de Fuck e Vilha, que resume a contribuição de diversos autores (FUCK, M.P. E VILHA, A.M.: 2011 págs. 5 a 11)Classificação que, segundo os autores, tem por base a terceira edição do Manual de Oslo, da mesma forma que em trecho anterior, referências sobre textos e pesquisadores citados pelos autores deste trecho de artigo por mim resumido, podem ser obtidas junto ao texto original, já que citações por mim mantidas, por tratar-se também de uma abordagem que levanta, por sua vez, várias contribuições. Disponível em:.. Apontam que a inovação pode ser de produto ou tecnológica (modificações nos atributos do produto, com modificação na percepção deste pelos seus consumidores) ou uma inovação de processo (mudanças no processo de produção do produto ou serviço, com promoção de melhorias).

Quanto ao impacto da inovação, esta pode ser incremental (pequenas melhorias contínuas em produtos ou linhas de produtos, costumam implementar pequenos avanços nos usos percebidos pelo consumidor e não modificam muito a maneira como o produto é consumido ou o modelo de negócio ao qual está relacionado) e inovação radical (mudança profunda na maneira pela qual o produto ou serviço é consumido. Tende a oferecer um novo paradigma no âmbito do mercado relacionado ao produto, modificando o modelo de negócios envolvido).

As inovações tecnológicas podem ser entendidas como a introdução de produtos/serviços ou processos produtivos tecnologicamente novos e melhorias significativas em produtos e processos existentes. Considera-se que uma inovação tecnológica de produto/serviço ou processo tenha sido implementada se a mesma tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto), ou utilizada no processo de produção (inovação de processo) (OECD, 2006). (FUCK, M.P. E VILHA, A.M.: 2011, p. 8).

Estes apontam que as últimas mudanças podem combinar-se entre si no tempo, a partir de outros autoresMantemos as citações dos autores. As referências citadas são encontráveis no texto original: Disponível em::

Segundo Chris Freeman & Carlota Perez (1987), além das inovações incrementais e das radicais, deve-se considerar as mudanças de sistemas tecnológicos, que dizem respeito a mudanças de longo alcance na economia e geralmente incluem numerosas inovações radicais e incrementais de produtos e processos (“constelações de inovações”) e mudança de paradigma tecnoeconômico, que diz respeito a mudanças tão profundas que afetam o comportamento de praticamente toda a economia (ou de toda ela). Furtado (2006) destaca que, na perspectiva neo-shumpeteriana/evolucionária, a difusão tecnológica tende a estar associada à introdução de inovações incrementais e de outras complementares. Por essa ótica, que entende o processo de inovação de forma ampla, é relevante o papel da aprendizagem tecnológica de usuários e fornecedores, a interação entre eles, os mecanismos de apropriabilidade da inovação e o papel das mudanças sociais, organizacionais e institucionais no processo de difusão. (FUCK, M.P. E VILHA, A.M.: 2011, p. 10).

Por fim, Fuck e Vilha apontam que, segundo Furtado (2006), a “inovação deve ser entendida como resultado de um mix de ingredientes internos e externos” (p.188); e que esta não deve ser entendida como um ato isolado, mas em um contexto maior do qual participam muitos atores. Lembram, ainda, que em um contexto de P&D, a atividade de pesquisa pode ser entendida como “instrumento ou ferramenta para a descoberta de novos conhecimentos básicos ou aplicados”; e a atividade de desenvolvimento trata da aplicação destes novos conhecimentos para se obter resultados práticos” (OECD, 2006), embora reconheçam que estas podem mesclar-se (FUCK, M.P. E VILHA, A.M.: 2011, p. 10 e 11).

58

Estas análises referenciam questões que, a seguir, iremos abordar em nossa pesquisa. Ressaltamos, porém, que apresentam um ponto de vista externo a quem faz a inovação e refletem tentativas de elaborar teorias gerais de funcionamento da área. No entanto, a perspectiva de quem faz a inovação nos interessa sobremaneira, pois partem do entusiasmo e da inspiração experimentados por quem atua na fronteira do conhecimento e em suas hipóteses de aplicação concreta, enquanto pessoas criativas. Maria de Fátima Bruno-Farias e Marcus Vinicius de Araújo Fonseca discorrem sobre criatividade e inovaçãoMantemos as citações dos autores. A referência citada é encontrável no texto original: Disponível em: e lembram que Steelee Murray (2004) aponta “a importância das pessoas no desenvolvimento de uma cultura de inovação” (BRUNO-FARIA e FONSECA:2014, p. 386).

Acompanhamos recentemente o processo do início da computação ao nos determos na análise e histórico da configuração da noção de espaço-informação de Engelbart e contribuições de Allan Kay, entre outrosVide meus artigos: SALLES, L. R. de. Espaço informacional: janela para o Gabinete de maravilhas contemporâneo, artigo apresentando no SIIMI-Seminário Internacional de Mídias Interativas- 2016, Media Lab, UFG, Goiânia, 2016 (no prelo) e Sobre o Espaço Informação: Primeiras anotações. In: Anais [recurso eletrônico] do 24o Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas, setembro de 2015, Santa Maria, RS; Nara Cristina Santos ... [et al.] (Orgs.). Santa Maria: Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas; Universidade Federal de Santa Maria, PPGART; Universidade Federal do Rio Grande do Sul, PPGAV, 2015. Tema: Compartilhamentos na arte: redes e conexões. ISSN/ISBN: 2175-8212 pág. 1402 a 1421 Volume 1. Disponível em: . A possibilidade de atuar na transformação do mundo e na possibilidade de inventar e configurar novas tecnologias tendo em vista seus usos é patente na fala e na realização daquelas investigadores, sustentados por estruturas de pesquisa voltada a projetos.

Inovação e ciência

Kline e Rosenberg sustentam (ciência, entendida por eles, “para seus propósitos “ como “a criação, descoberta, verificação, justaposição, reorganização, e disseminação do conhecimento físico, biológico, e natureza social) que “os dois principais componentes da ciência que afetam a inovação são: 1. a totalidade atual de conhecimento humano armazenado sobre a natureza e 2. os processos pelos quais nós corrigimos e adicionamos a esse conhecimento” (KLINE e ROSENBERG:1968, p. 287)Tradução do inglês pela autora deste texto.. Também ressaltam a relação complexa de interação entre ciência e inovação:

Assim, num quadro completo, devemos reconhecer não só que a inovação se baseia em ciência, mas também que as exigências de inovação, muitas vezes forçam a criação da ciência. Como todos sabemos, as interações entre ciência e da tecnologia no mundo moderno são muito fortes. Mas isso não deve nos levar a aceitar o senso comum de que “a tecnologia é mera ciencia aplicada”, inovação muitas vezes cria ciencia” (KLINE e ROSENBERG: 1968, p. 287).

Argumentam que é indispensável para a criação de inovação técnica bem-sucedida, a contribuição significativa da tecnologia na ciência e outras formas de pensamento, atuando, no entanto, primordialmente junto aos protagonistas do processo de inovação, sendo necessária a pesquisa quando este conhecimento acumulado não resolve a questão em pauta.

59

Se há uma única lição enfatizada nesta revisão da inovação, é a que vê o processo de inovação como mudanças em um sistema completo não só de hardware, mas também no ambiente de mercado, na produção de instalações e conhecimento, e os contextos sociais da organização inovadora. (KLINE e ROSENBERG:1968, p. 304).

A ciência moderna e contemporânea transforma a técnica em tecnologia, inserindo-se no processo produtivo, como conhecimento científico objetivado, segundo Marilena Chauí (CHAUÍ: 2000, p. 362 e 363). Ela aponta que, contemporaneamente, as máquinas ultrapassam a condição de dispositivos de aperfeiçoamento e alongamento de nossa percepção, para a de instrumentos técnico-tecnológicos que corrigem falhas de nosso pensamento, uma vez que são inteligências artificiais (o computador foi chamado de “cérebro eletrônico”, lembra a autora), como “objetos técnico-tecnológicos por excelência”, ou seja, conhecimento científico depositado e concretizado num objeto:

Aponta Chauí sobre a ciência e a relação ciência e tecnologia:

o conhecimento científico é concebido como lógica da invenção (para a solução de problemas teóricos e práticos) e como lógica da construção (de objetos teóricos), graças à possibilidade de estudar os fenômenos sem depender apenas dos recursos de nossa percepção e de nossa inteligência....os objetos técnicos são criados pela ciência como instrumentos de auxílio ao trabalho humano, máquinas para dominar a Natureza e a sociedade, instrumentos de precisão para o conhecimento científico e, sobretudo, em sua forma contemporânea, como autômatos. (CHAUÍ: 2000, p. 362).

Com as seguintes características:

...marcas do novo estatuto desse objeto: são resultado e corporificação de conhecimentos científico...objetos que possuem em si mesmos o princípio de sua regulação, manutenção e transformação. ...As máquinas modernas são autômatos porque, dado o impulso eletro-eletrônico inicial, realizam por si mesmas todas as operações para as quais foram programadas, incluindo a correção de sua própria ação, a realimentação de energia, a transformação. São auto-reguladas e autoconservadas, porque possuem em si mesmas as informações necessárias ao seu funcionamento; como conseqüência, não são propriamente um objeto singular ou individual, mas um sistema de objetos interligados por comandos recíprocos; são sistemas que, uma vez programados, realizam operações teóricas complexas, que modificam o conteúdo dos próprios conhecimentos científicos, isto é, os objetos técnico-tecnológicos fazem parte do trabalho teórico. (CHAUÍ: 2000, p. 363)

Por fim, Chauí sustenta que as ciências passaram a fazer parte das forças econômicas produtivas da sociedade, trazendo mudanças sociais importantes na divisão social do trabalho, na produção e na distribuição dos objetos, e na forma de consumi-los.

Lucia Santaella, por sua vez, salienta que as máquinas tem algo de ferramenta no sentido de serem extensões das capacidades humanas, mantendo, no entanto, autonomia e unidade; a autora divide as máquinas em três tipos fundamentais, que podem mesclar-se: máquinas musculares, máquinas sensórias e máquinas cerebrais. Para ela, as máquinas musculares substituem a força física humana (e, acrescento, animal) multiplicando a força aplicada através de processos mecânicos, os quais usam fontes de energia não humanos, acionados por motores, objetivando uma ação e fim determinados, produzindo objetos. Já as máquinas ou aparelhos sensórios, segundo a autora, têm o objetivo de ampliar os sentidos humanos especializados, como a visão, a audição e outros, aumentando a percepção e a qualidade dos órgãos sensórios, produzindo registros e signos, “formas de memória extra-somática”, como aponta a autora, reprodutíveis e proliferantes. Por fim, contemporaneamente, aponta, temos as máquinas cerebrais, máquinas teóricas como o computador, que imitam as funções cerebrais, capazes de interpretar e acionar códigos, permitindo, assim, tornarem-se dispositivos autômatos e que controlam e fabricam outras máquinas. A autora problematiza a noção de máquina para referir-se ao computador, já que agenciamento complexo de interfaces conectadas a um sistema de várias máquinas e codificador geral de signos, banco de dados, conectados a um sistema de comunicação global (SANTAELLA in DOMINGUES: 1997, p. 33 a 43).

As análises acima são significativas para nossa investigação e também referenciam questões que abordaremos abaixo.

60

Questões sobre a pesquisa paredão eletrônico

A questão da inovação em um projeto universitário apresenta de imediato a relação universidade/empresa. Neste momento, o projeto foi aprovado pela Pró-reitoria de Pesquisa da UFRN como formulação genérica. A forma de relação mais específica está sendo trabalhada no momento entre empresa, universidade e grupo responsável pela pesquisa, tendendo para a nomeação da empresa no projeto.

Frente e costas da estrutura de madeira sobre carro de transporte.Estas fotos e as seguintes são de autoria da equipe do Projeto 10 Dimensões 2016.

A empresa envolvida dispôs um paredão específico para que pudéssemos analisar a sua estrutura, juntamente com funcionários. Este está sendo montado, tem um sistema central e duas “portas” laterais dobráveis. Poderá ser modificado no processo.

Os paredões são estruturas autotransportáveis, montadas em sistema de módulos realizados em madeira compensada, agregada ou MDF, baseadas em carretas movidas por outros autos. Tem sistema gerador próprio, geralmente de caminhão. As maneiras de montar os módulos podem variar, de acordo com cada projeto específico, envolvendo potência de som desejada, arranjo de iluminação e subsistemas agregados. Em modelos mais complexos, como neste exemplo, têm subsistemas de “portas” que rotacionam através de dobradiças. Portanto, é um sistema modular com variantes.

Verificamos que a empresa tem autonomia no que se refere ao projeto e no controle do mesmo, enquanto definição da montagem dos módulos e seu porte e adaptação a carreta ou veículo automotivo, dependendo de uma negociação. Também a empresa pode fazer um determinado paredão, apresentá-lo no circuito de eventos da área e, depois, vendê-lo ou vender sua capacidade de realizar, já que vista e observada nos encontros de paredões ou outras situações de encomenda de aluguel para eventos, que funcionam, também, como divulgação.

Gerador de um dos paredões da Savox acoplado aos fundos da carreta e caixas de som montadas.Foto a título de exemplo, pois é de outro projeto, acoplado a um carro. O paredão que utilizaremos não está ainda nesta fase de montagem.

O paredão é uma estrutura baseada em uma carreta movida por outro veículo. Possui estrutura autônoma de energia e centrais de comando de iluminação e som, geralmente comprados no mercado. Portanto, uma parte da estrutura é construída na empresa, e outra é comprada de terceiros.

Fitas de led montadas no Paredão a ser utilizado para a pesquisa.

A iluminação é realizada com fitas de led RGB montadas em série nos módulos e comandadas por uma mesma central lógica (nome usado no circuito comercial da área para central de comando) são colocadas em cada módulo em posições e situações diferenciadas. A cor emitida é transmitida pela programação da central de comando de iluminação. O potencial estético das luzes é potencializado pela reflexão nos módulos pintados de branco. Estes podem ter vários formatos e formas de colocação no sistema.

Há vários dispositivos atualmente em uso complementares na área de iluminação, com denominações específicas no jargão do meio: os moving lasersMoving Lasers a venda no Mercado Livre a título de referência: http://eletronicos.mercadolivre.com.br/audio-profissional-djs/iluminacao/moving-laser#D[A:-moving-laser,OC:MLB3855] e os painéis de leds. Os moving lasers são projetores de luz laser oriundos de usos cênicos, geralmente acoplados nos painéis laterais dos paredões, no lado externo das “portas dobráveis das mesmas” ou nas laterais externas. Os painéis de leds são pré-programados para emitir mensagens e imagens, geralmente colocados na parte de cima central dos paredões. Também alguns paredões usam máquinas de fumaçaMáquinas de fumaça a venda no Mercado Livre a título de referência: http://eletronicos.mercadolivre.com.br/audio-profissional-djs/maquinas-fumaca/.

61

Verificamos o uso da ribalta, um tipo de painel de leds com sensor de áudio Ribalta com sensor de áudio a venda no Mercado Livre a título de referência: http://lista.mercadolivre.com.br/ribalta-com-sensor#D[A:ribalta-com-sensor]. Estes não tem sensor de presença., único elemento com possibilidades interativas, apontado pelos funcionários da empresa, que une sensor de presença a som e imagem em pequeno painel de efeitos luminosos. Trata-se de painel módulo vertical, comprado pronto no mercado, podendo ser implantado entre os demais módulos de qualquer paredão. Este tipo de ribalta interage com qualquer pessoa que mova a mão sobre o dispositivo, gerando variação de iluminação em um painel. Alguns relacionam luz e som.

Levantamento inicial e operacional

O projeto está em seu início, mas já fizemos um primeiro levantamento de questões a serem enfrentadas:


O paredão não é um sistema interligado por comandos recíprocos por causa da compra de subsistemas aos pedaços, cuja tecnologia interna é desconhecida da empresa.

A programação de dispositivos e das caixas ou do comando é desconhecida por muitas empresas. Há quem venda este conhecimento.

As caixas lógicas ou de comando de iluminação e som não se conectam, já que são compradas isoladamente. Sua interface e possibilidades de efeitos não são de domínio da empresa e são vistas como de profundo interesse.

Nossa equipe de pesquisa aponta possibilidades interativas para a estrutura paredão, desde sensores de presença a outros tipos de interação com o público, notadamente com celulares.

A equipe está iniciando a construção de uma maquete em escala do paredão, para trabalhar hipóteses de alteração da estrutura, subsistemas de comando próprios e de sua interligação, assim como da programação do projeto e seus subsistemas.

O grupo trabalha de forma integrada com a empresa, com encontros semanais ou quinzenais entre grupo e funcionários definidos para trabalhar junto ao projeto por parte da empresa (a verificar melhor operacionalidade dos trabalhos a partir de agosto de 2016). Os grupos de pesquisa e extensão integrados ao projeto trabalham de forma interdisciplinar, com reuniões semanais e plataforma mediática do projeto aberta e comunicações integradas.

O Laboratório 10 Dimensões mantém um site e promove a divulgação dos vários projetos sediados no mesmo, inclusive estehttp://www.10dimensoes.com/ .

Concluímos então que, provavelmente (já que em início do projeto), estaremos introduzindo no sistema inovações de processo - programação própria, inovações incrementais (aperfeiçoamento de comandos e interfaces), inovações radicais de produto (inserção de interatividade) e, eventualmente, novas interfaces.

O processo de pesquisa parte da apresentação da estrutura paredão por parte da empresa e de uma análise com feedbacks da empresa e de seus funcionários, e de propostas por parte da equipe, assim como de uma prospecção a ser realizada do circuito e do subsistema desta indústria criativa em Natal. Desta maneira, concluímos que há uma interação entre a experiência da empresa e de seus servidores com aquela da universidade, em um processo de colaboração mútua, distinto de um processo mecânico e linear de inovação, mais próximo de um processo envolvendo relações multidirecionais, como aquele descrito por Kline e Rosenberg.

62

Consideramos, pois, que a inovação, neste caso, não se trata de um fenômeno isolado nem emergente no interior de organizações, mas, de fato fenômeno social, onde muitos atores atuam, inseridos, ainda em uma dada cadeia da economia criativaA relação entre arranjo sociocultural, sua emergência e vinculação a cadeias concretas da economia criativa é uma contribuição do pesquisador José Savio de Oliveira Araújo, do curso de Teatro/DEART/UFRN, de nossa equipe.. Pretendemos proporcionar iniciação na área de programação para arduino junto a funcionários da empresa, entendendo, então, o processo de inovação de maneira ampla, considerando “relevante o papel da aprendizagem tecnológica de usuários e fornecedores, a interação entre eles, os mecanismos de apropriabilidade da inovação e o papel das mudanças sociais, organizacionais e institucionais no processo de difusão.” (FUCK, M.P. E VILHA, A.M.: 2011 pág. 10). Consideramos, a partir de Kline e Rosenberg, que, neste caso, a inovação envolve mudanças não só de hardware, mas também no ambiente de mercado, na produção de instalações e conhecimento, e os contextos sociais da organização inovadora”. (KLINE e ROSENBERG:1968, pág. 304), já que, um projeto situado na área cultural e artística envolve, necessariamente, um contexto e circuito artístico-cultural, crucial, para as definições do que fazer.

A noção de “design analítico” de Kline e Rosenberg, talvez, ainda, possa descrever algumas das hipóteses de pesquisa a serem efetivadas pelo grupo, já que a reorganização da montagem dos subsistemas eletrônico e de iluminação está em pauta em nosso projeto inicial, proporcionando novas combinações e articulações entre estes, de produtos comprados ou a serem comprados rearranjamento de processos, particularmente na área de programação e consequente projetos de desenho de equipamentos “no campo do estado da arte existente” no que se refere à estrutura paredão.

Misto de máquina ou estrutura muscular (paredões são acoplado a carros ou carretas autoportantes ou puxadas por outro veículo, etc.; são, por excelência, estruturas móveis de som e iluminação), máquina sensória por reproduzir áudio e músicas, com o acréscimo da iluminação, que mobiliza nossos sentidos e, máquina cerebral, por ter centrais computacionais e de comando autômato (a partir de Santaella), o paredão concretamente é entrelaçamento, “resultado e corporificação de conhecimentos científico”. Objeto que possui em si mesmo “o princípio de sua regulação, manutenção e transformação (a partir de Chauí). Autômato porque desdobra por si mesmo as operações para as quais foram programadas seus subsistemas; autorregulado e auto-conservado, porque possui em si mesmo as informações necessárias ao seu funcionamento; claramente “sistema de objetos interligados por comandos recíprocos, não é propriamente um objeto singular ou individual, também, tendo em vista, Chauí”.

Neste caso, compreendemos que questões da estética da comunicação são, ainda, válidos e oportunos no que se refere ao projeto Paredão Eletrônico e à estrutura móvel, pois este arranjo sociotécnico envolve um sistema de comunicação interno entre seus subsistemas, entre interfaces internas e com seu público. Como diz Fred Forest, esta “funda seu encaminhamento sobre a relação particular, específica e original que estabelece entre si mesmo, o espectador e o ambiente” (FOREST:1983Parágrafo encontado em: 1 - Esthétique de la communication et intervention sur la réalité comme activité symbolique et esthétique in Manifeste pour une esthétique de la communication. Fred Forest, 1983. Tradução da autora.), questão fundamental a orientar nossa pesquisa.

63

A estética da Comunicação concebe transpor diretamente os princípios observados na evolução de nosso ambiente e do mundo sobre o funcionamento da arte ela mesma e de considerar não mais em termos de objetos isolados, mas em termos de relações e de integração....Os artistas sabem bem que a percepção é uma transação; e, consideram isto evidente. O artista é simultaneamente observador e comunicador. Seu sucesso depende em parte de sua capacidade de análise e de organizar os dados perceptivos em formas significativas para seu público. (FOREST: 1983)Parágrafos encontrados em: 1 - Esthétique de la communication et intervention sur la réalité comme activité symbolique et esthétique e 6 - Les architectes de l'information, respectivamente, Manifeste pour une esthétique de la communication. Fred Forest, 1983.Tradução da autora.

Certamente, este projeto envolve muitas questões relativas à estrutura das mídias interativas e sua específica configuração; entre elas, a própria noção de interatividade e sua relação com a de agenciamento: “A palavra interatividade está nas vizinhanças semânticas das palavras ação, agenciamento, correlação e cooperação, das quais empresta seus significados” (SANTAELLA, 2004, p. 153) e Rocha:

Interatividade ocorre quando há mediação tecnológica. Assim, temos interatividade entre usuário-sistema, interação entre pessoas...Os ambientes interativos, ao apresentarem características de agência, impactam nossos sentidos, fazendo-nos enxergar a efetividade de nossas ações. (ROCHA: 2012)....A efetividade da ação, com feedback em tempo real, é outro elemento que nos traz prazer, afirma Murray. A autora denomina de agência esta característica, definindo-a enquanto “capacidade gratificante de realizar ações significativas e ver os resultados de nossas decisões e escolhas” (2003, p. 127). Este é o princípio de interação, ou o estabelecimento de uma ação que resulta em outra ação. (ROCHA: 2012) Citação de Murray no texto de Cleomar Rocha. Preferimos deixar citação a partir dele, pois está inserida em contexto de sua própria fala. Lançamos também o texto citado por ele, de Murray, nesta bibliografia.

Também importam as questões aquelas relativas da estrutura do banco de dados e da cultura do remix, a partir de Manovich, como aquelas da hibridação cultural, segundo Canclín, entre tantas outras. Por fim, levantamos aqui, com interesse, a noção de ambiente responsivo de Myron Krueger, particularmente próxima as questões que pretendemos tratar. Diz o autor: “Os ambientes descritos sugerem uma nova mídia baseada na relação entre uma interação em tempo real entre homens e máquinas. A mídia é compreendia entre sensoreamento, displays e sistemas de controle... É a composição entre ação e resposta é que é importante... A resposta é a mídia! O aspecto distintivo da mídia, é, claro, o fato de que esta responda aquele que vê de um modo interessante” (KRIEGER;1977, pág. 430).

A estrutura paredão existe em um contexto da economia criativa e, no nosso caso, envolverá investigação em hipóteses tecnológicas, de processo, produto, design, estéticas e artísticas. Desta maneira, nos interessa a concepção de inovação relacionada a valor, onde é salientada a experiência de uso dos que interagem com a plataforma, considerando, assim, as questões a serem investigadas para a criação de um ambiente responsivo. Por ser uma estrutura que envolve um espetáculo, tudo o que nela é realizado tem um fim estético e cultural, relacionado ao circuito cultural e também da economia criativa específica onde está inserido e às opções de relação com o público e, no caso, de interfaces interativas, com os futuros interatores. Desta forma, as inovações tecnológicas são e serão mediadas neste arranjo sociotécnico e, enquanto plataforma técnico-artística, valorizando a experiência que proporcionam.

64

Referências

BRUNO-FARIA,M de F. E FONSECA, V.de A. Cultura da inovação: conceitos e modelos teóricos. Anpad, RAC, Rio de Janeiro, v. 18, n. 4, art. 1, pp. 372-396, 2014 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rac/v18n4/1415-6555-rac-18-04-00372.pdf

CANCLINI, N.G. Culturas híbridas. São Paulo: Editora da USP, 1998.

______. Imaginários urbanos. Buenos Aires: Eunade, 1999.

CARVALHO, José Jorge de. Transformações na sensibilidade musical contemporânea. n. 266. Brasília: UnB, 1999. (Série Antropologia). Disponível em: http://www.ufrgs.br/ppgas/ha/pdf/n11/HA-v5n11a04.pdf

CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2000.

DEWEY, J. Arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

FOREST, F. Manifeste pour une esthétique de la communication. 1983 Disponível em: http://www.webnetmuseum.org/html/fr/expo-retr-fredforest/textes_critiques/textes_divers/3manifeste_esth_com_fr.htm#text.

FUCK, M.P. E VILHA, A.M. Inovação tecnológica: da definição à ação. Contemporâneos: Revista de Artes e Humanidades, Santo André, n. 9., Lepcon/Laboratório Estudos e Pesquisas da Contemporaneidade, UFABC, 2011. Disponível em: http://revistacontemporaneos.com.br/n9/dossie/inovacao-tecnologica.pdf

GALVÃO, Claudia. et al. Plano da Secretaria da Economia Criativa, Políticas, Diretrizes e Ações, 2001-14. Brasília: Ministério da Cultura, 2011. Disponível em: http://www.cultura.gov.br/documents/10913/636523/PLANO+DA+SECRETARIA+DA+ECONOMIA+CRIATIVA/81dd57b6-e43b-43ec-93cf-2a29be1dd071

HALL, Stuart. Identidades culturais na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

HOUAISS, A. Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Instituto António Houaiss, 2012. Disponível em: http://www.dicio.com.br/operacional/.

MANOVICH, L. O banco de dados - Lev Manovich. Tradução de Camila Vieira. Primeira parte do quinto capítulo da obra A Linguagem da Nova Mídia (2001), de Lev Manovich. Revista ECO Pós ISSN 2175-8689 ARTE, TECNOLOGIA E MEDIAÇÃO. Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, Dossiê, 2015. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/eco_pos/article/view/2366.

______. The Language of New Media. Cambridge: MIT Press, 2001.

______. Software takes command. New York: Bloomsbury Academic, 2013.

______. Remix and Remixability. 2005. Disponível em: http://www.nettime.org/Lists-Archives/nettime-l-0511/msg00060.html.

______. What comes after remix. 2007. Disponível em: http://www.manovich.net/DOCS/remix_2007_2.doc.

MARIANI, Anna Mariani. Pinturas e platibandas. São Paulo: Editora Inst. Moreira Salles, 2010.

MORICONE, P. (Coord.). Manual de Oslo: proposta de diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação tecnológica. Brasília: OCDE/FINEP, 2004. Disponível em: http://www.ufal.edu.br/empreendedorismo/downloads/manuais-guias-cartilhas-e-documentos-sobre-empreendedorismo-e-inovacao/manual-de-oslo.

MURRAY, Janet H. Hamlet no holodeck: o futuro da narrativa no ciberespaço. Tradução de Elissa Jhoury Daher, Marcelo Fernandez Cuzziol. São Paulo: Itaú Cultural: Unesp, 2003

KLINE, S. J. E ROSEMBERG, N. An Overview of Innovation. In: R. Landau, N. Rosenberg (Eds.). The Positive Sum Strategy: Harnessing Technology for Economic Growth. Washington, D.C.:National Academy Press, 1986. Disponível em: ftp://ftp.ige.unicamp.br/pub/CT010/aula%202/KlineRosenberg(1986).pdf.

KRUEGER, M. Krueger. The responsive environment. National Computer Conference, 1977. Disponível em: http://zeitkunst.org/media/pdf/Krueger1977.pdf.

ROCHA, C. Deslumbramentos e encantamentos: estratégias tecnológicas das interfaces computacionais. Revista Zona Digital, Rio de Janeiro, Ano I, n. 3, 2012. Artigos especiais. UFRJ/Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em: http://zonadigital.pacc.ufrj.br/deslumbramentos-e-encantamentos-estrategias-tecnologicas-das-interfaces-computacionais/.

SAINSBURY, Lord. DTI/Innovation Report: Competing in the global economy - the innovation challenge. Londres: Departamento de Comércio e Indústria, 2003. Disponível em: http://webarchive.nationalarchives.gov.uk/+/http:/www.dti.gov.uk/files/file12093.pdf

SALLES, L. R. de. Espaço informacional: janela para o Gabinete de maravilhas contemporâneo. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE MÍDIAS INTERATIVAS (SIIMI), 2016, Goiânia. Anais... Goiânia: Media Lab, UFG, 2016.

______. Sobre o Espaço Informação: primeiras anotações. In: 24º ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS. 2015, Santa Maria (RS). Anais Eletrônicos... Nara Cristina Santos ... [et al.] (orgs.). – Santa Maria: Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas; Universidade Federal de Santa Maria, PPGART; Universidade Federal do Rio Grande do Sul, PPGAV, 2015. Tema: Compartilhamentos na arte: redes e conexões. Disponível em: http://anpap.org.br/anais/2015, págs.. 1402 a 1421 Volume 1.

65

SANTAELLA, L. O Homem e as máquinas. In: A Arte no Século XXI: a humanização das tecnologias. DOMINGUES, Diana. (Org.). São Paulo: UNESP, 1997.

______. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004.

SCHWACHULA, A. VILA SEOANE, M. HORNIDGE, A-K. Working Paper 13 -Science, technology and innovation in the context of development: an overview of concepts and corresponding policies recommended by international organisations. Bonn: ZEF Working Paper Series, Department of Political and Cultural Change/Center for Development Research, University of Bonn, 2013 Disponível em: http://www.zef.de/uploads/tx_zefportal/Publications/zef_wp_132.pdf..

STEPHEN J. KLINE; NATHAN ROSENBERG. An overview of innovation. 1986. Disponível em: ftp://ftp.ige.unicamp.br/pub/CT010/aula%202/KlineRosenberg(1986).pdf.

TROTTA, F. Som de cabra macho: sonoridade, nordestinidade e masculinidades no forró. Revista Comunicação, Mídia e Consumo, do Programa de Pós-Graduação e Práticas de Consumo da Escola Superior de Marketing, São Paulo, ano 9, v. 9, n. 26, págs. 151-172 , 2012. Disponível em: http://revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/article/view/349/pdf.