Apresentação
Entre em Ignição! Ignição foi o tema do SIIMI, IV Simpósio Internacional em Mídias Interativas, realizado em maio de 2016, na Universidade Federal de Goiás, mais especificamente, no Media Lab da referida universidade, sob direção de Cleomar Rocha. Esse simpósio vem se tornando um marco anual para a reunião e debate de ideias da comunidade de pesquisadores e artistas brasileiros em conjunto com convidados internacionais voltados para a teoria, crítica, criação e curadoria de arte em mídias interativas. No decorrer de quatro anos de realizações continuadas, o SIIMI avança pari passu com as aceleradas transformações das mídias interativas, dos potenciais que elas abrem para a produção artística e dos novos problemas que suscitam para a reflexão teórica e crítica.
Assim, inovar por ignição, eis o que o SIIMI veio propor em 2016. No seu significado dicionarizado, ignição é o processo ou meio, do tipo de uma centelha elétrica, por exemplo, que inflama um material combustível. A rede semântica de termos associados a ignição nos conduz para o significado metafórico que o SIIMI 2016 buscou e que os ensaios aqui reunidos, resultantes de reflexõesAs comunicações do evento resultaram nos Anais do SIIMI 2016, disponibilizados pelo site do Media Lab / UFG www.medialab.ufg.br. Os ensaios aqui apresentados derivam das discussões tidas a partir das comunicações, sendo material distinto dos Anais. pós evento, levaram adiante: combustão, centelha, flama, geração, tensão.
O convite aos participantes foi lançado como uma centelha em aberto a que cada autor(a) respondeu de acordo com aquilo que essa centelha nele(a) despertou. Vem daí a diversidade dos ensaios, na sua maioria lançando-se às reflexões sobre os desafios que a estética contemporânea vem nos apresentando. Quando se trata dos artistas, tais reflexões são transportadas para a prática da criação. Em razão disso, este volume se vê enriquecido pelas interferências, em estado de ignição, dos artistas e da maneira como se deixam tocar pelas questões atuais, materializadas em obras que falam pelos ângulos do sensível e das afecções.
Os ensaios reflexivos, por seu turno, buscam as tensões que pulsam nos interstícios, ou seja, as tensões próprias dos territórios interdisciplinares, entre a antropologia e a comunicação, entre a ciência e a arte, entre a arte e a filosofia, entre a arte e a arquitetura.
Ao lançar tais inquietações e fricções na forma de livro, buscamos ativar novos circuitos de ignição, alcançando um público maior, em desdobramentos capazes de trazê-lo ao contexto das discussões gerais promovidas pela tecnologia, entendida como conhecimento que se lastreia pelo contemporâneo.
Ignições, o livro, reverbera esse contexto, ressonando as tensões de pensamentos e pensadores, não para apaziguar o mundo, para mas fazê-lo mover, a partir da sua mola mestra, nosso pensamento inquieto e suas formas de comunicar, materiais inflamáveis da era do conhecimento e da conectividade.
Cleomar Rocha e Lucia Santaella