A influência da tecnologia nos valores das gerações

Autora

Patricia Huelsen

Patricia Huelsen é mestre em Administração pela PUC-SP e doutoranda no programa de Tecnologias da Inteligência e Design Digital, também na PUC-SP. É professora no curso de graduação em Administração da PUC-SP.

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O estudo das gerações é um tema trazido por psicólogos, cientistas sociais ou mesmo pelas ciências biológicas, um assunto comum na grande mídia. Há uma série de pesquisas sobre o comportamento das gerações e a diferença entre elas. Assim, grande parte do que será dito neste artigo pode ser tomado como senso comum, mas esta análise dará atenção cuidadosa aos conceitos e terá um olhar sobre a tecnologia do nosso tempo, para discorrer sobre a questão dos valores que movem cada geração.

1. Origem e definições de geração

O termo geração vem de gerar e é assim utilizado pelas ciências biológicas como o ato de gerar descendentes. O termo foi aproveitado pelas demais ciências, com o sentido da relação mãe-filho. Nas ciências sociais e na economia, a palavra geração é utilizada para definir um grupo de pessoas dentro da população que compartilham as experiências de um mesmo período de tempo ou fase da vida

Um dos estudiosos mais importantes sobre o tema geracional foi o sociólogo Karl Mannheim (2009) que, no século passado, escreveu vários livros sobre a questão. O autor naquela época entendeu que as mudanças sociais vividas pelos jovens eram cruciais para se entender a formação das gerações. No entanto, nem sempre a questão do tempo poderia ser solucionada com as mudanças geracionais. O sociólogo discorreu sobre a importância de incluir o momento histórico e sociocultural, além do temporal para se tratarmos a questão.

É possível fazer a distinção das gerações como meros fatos coletivos e, por outro lado, como grupos de fato. Mas vale o entendimento de que a geração não é um grupo concreto, uma comunidade, uma tribo ou qualquer tipo de associação humana guiada por compartilhar de um ideal ou qualquer elo. Mesmo assim, não se pode negar que as gerações têm elos entre si, apresentam pontos comuns, mesmo que a sociologia não as entenda como grupos concretos.

Assim, o estudo geracional caracteriza um grupo de pessoas que compartilham questões históricas, culturais e se localizam em um tempo da história. As gerações são um tipo particular de identidade local, que incluem grupos etários embutidos em um processo histórico-social. Pode-se então dizer que o estudo das gerações é um fenômeno local e social.

Observou-se que, independentemente dos grupos concretos e associações distintas tomadas por especificidades culturais, locais e históricas, especialmente as civilizações do Ocidente, pode-se perceber que, em determinadas fases da vida, um grupo de pessoas que compartilham fases de nascimento próximas se assemelham em blocos. Segundo Mannheim (2009), o estudo das gerações deve envolver o entendimento da localização da geração (tempo e espaço), o entendimento da realidade e das diferenças entre os grupos.

2. Localização da geração – tempo e espaço

Se as gerações caracterizam-se por compartilharem o mesmo tempo, é importante caracterizarmos esse tempo na história. Os autores divergem em relação às datas de começo e fim de uma geração para outra. Não há consenso e precisão de quando uma geração começa e termina e, além disso, o intervalo de tempo entre gerações também não é fixo. O que é de se esperar é que este espaço aconteça de acordo com a idade próxima para se gerar filhos, entre 20 ou 25 anos. Mas, atualmente existem três gerações em um espaço de tempo de cerca de 40 anos, ou seja, apesar do tempo ser uma referência, ele não determina a passagem geracional. O que determina tal mudança é o “tipo” de comportamento jovem e isso não leva necessariamente a um tempo fixo ou biológico.

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Nos últimos 40 anos, as radicais mudanças no estilo de vida e do acesso ao jovem a tecnologia e a mídia foram determinantes para agilizar esta passagem. Estudos anteriores não relatam uma relação direta entre o surgimento de novas tecnologias e a aceleração no surgimento de gerações, mas é muito possível que o acesso às novas tecnologias tenha aproximado as gerações. O fato é: existem mais gerações em um menor espaço de tempo.

Grande parte do estudo geracional consiste em entender como e quando um novo bloco de pessoas surge no tempo e na história. Outro fato relevante é que não há gerações estanques, únicas em seu grupo. Os aspectos culturais e sociais são passados de pai para filho e, portanto, carrega-se em cada geração um pouco das anteriores. Neste contexto, é preciso entender como absorvemos os sentimentos, atitudes e pensamentos de nossos pais e outros grupos de gerações anteriores, alterando-se algo em cada indivíduo que caracteriza uma nova geração.

Mannheim (2009) diz que isso é feito na maior parte das vezes inconsciente ou, então, voluntariamente e essa transmissão se dá pelo que ele chama de contato com o novo e que indivíduos, na primeira infância, recebem os valores e as atitudes sem contestação, mas na adolescência, quando o indivíduo começa a ter novos contatos sociais, ele começa a ver novas realidades e a aceitar novos contextos. Assim como um indivíduo imigrante ou aquele que ascende socialmente, o jovem tem escolhas: de manter conceitos anteriores ou de descartá-los. Há, nesta fase da vida, uma escolha e uma seleção do que é útil manter da geração anterior e o que é preciso superar.

Outro fator importante a considerar é que, por mais que as gerações compartilhem o mesmo momento histórico, há diferenças entre os jovens chineses e os jovens europeus, por exemplo. As diferenças culturais e a experiência histórica específica promovem diferenças entre os grupos de jovens de uma mesma época. Observar os jovens, em seus movimentos políticos, sociais e culturais, traz indícios daquilo que está acontecendo de novo, dos processos ou padrões que estão sendo rompidos e que podem assim fazer parte dos valores de uma geração.

Os movimentos de protestos sociais via internet, muito bem representados pelo movimento no Egito em 2010, no intenso protesto que surgiu com a morte do jovem Khaled Said em um café de Alexandria e com milhões de adeptos nas redes sociais, mostrou a força social que as redes estão criando para os grupos (CASTELLS, 2013). Quais valores surgem daí? O que estará motivando esses jovens?

Nos protestos no Brasil em 2013, aparentemente contra aumentos de preços abusivos, mas, sobretudo, a favor de direitos sociais, perdeu-se de vista a real identidade dos grupos de protesto. O uso de máscaras não conseguiu mostrar uma identidade única, mas o que, de fato, parecia ser comum a todos foi a organização por meio das redes sociais e o direito de protestar. O encontro de grupos via internet começou com brincadeiras de calçada, com grupos de mangás e fã-clubes, ligados a algum aspecto midiático comum até passar a ser caso de polícia.

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É preciso identificar que a internet tornou-se um “local” onde as gerações podem trocar anseios comuns, aproximando culturas e desejos de jovens de todo o mundo, vencendo barreiras econômicas e culturais. Assim, a observação de grupos, que, nas suas diferenças ideológicas, políticas ou econômicas e sociais, compartilham a mesma época, é parte constituinte do estudo geracional.

Castells (2013) identifica impulsos característicos nesses movimentos: o medo, como aspecto negativo, e o entusiasmo, como aspecto positivo. Outros autores (BONTON, R. A et al, 2013) que avaliam a geração y - geração que diz respeito à maioria dos indivíduos jovens atualmente presentes - caracterizam esta geração como a que “luta contra injustiças” e que é socialmente ativa. De fato, o estudo geracional tem a sua importância por buscar entender a estrutura social e o movimento intelectual de uma época, tentando prever mudanças de hábitos e valores de um grupo de pessoas.

3. Os blocos geracionais temporais

Foi visto que, independentemente da precisão do tempo, é possível caracterizar as gerações de acordo com a cultura vigente e a realidade imposta pela sociedade. Os babies bommers, nascidos no pós-guerra, aparecem como a geração que mais se estendeu, não só por durar 20 anos, mas pelo número de pessoas que nasceram nesse período. Confiante, seguro, trabalhador, esse grupo de pessoas que compartilham um tempo de nascimento, que vai de cerca de 1947 a aproximadamente 1964, tiveram a importância de construir as cidades no pós-guerra, quando a tecnologia presente na indústria, o acesso ao trabalho, a produção de produtos com qualidade e o surgimento do setor de serviços como propulsor de uma melhor qualidade de vida foram característicos desse tempo.

Tudo parecia ser possível com a chegada da TV e com o crescimento da classe média. As famílias se constituíam com o valor do trabalho e da riqueza – pais e filhos sentados, com entretenimento comum e na hora marcada. A rotina e os papéis estavam demarcados na família tradicional. Pai trabalha, mãe cuida do lar e os filhos estudam. Os valores aqui identificados são: o do trabalho, o do dinheiro como forma de sucesso e o lazer concentrado em períodos do dia e da vida (PRITCHARD, K, WHITING, R, 2014). A tecnologia foi para esse grupo sinônimo de algo sofisticado a ser almejado, nem sempre ao alcance.

A geração que se segue, a geração X, assume características de uma geração de transição, como definiria Mannheim (1926), pois não parece tão distante dos boommers e dos Ys. Ela carrega os valores de trabalho dos baby boomers, mas entende que o trabalho está vinculado à competência e não à situação hierárquica, é uma geração mais idealista e acostumada com incertezas e com mudanças. Vivenciou a transição da mídia TV para a internet e a chegada do celular. Foi a geração que esperou a guerra nas estrelas, com a corrida armamentista dos EUA e da Rússia, mas viu acontecer um mundo globalizado e despolarizado, a queda do muro de Berlim, a chegada da AIDS. Esta geração tem como valor o status social e financeiro como aspecto de sucesso e coloca a família como eixo, apesar de conhecerem o divórcio já com seus pais. É uma geração cuja mulher é realmente ativa no trabalho fora do lar. A tecnologia é para este grupo sinônimo de transformação e mudança.

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A geração Y assume as facilidades que o dinheiro e o consumo trouxeram para eles, mas não ficam com o valor do trabalho árduo de seus pais. Querem consumir e o mundo se abre por tudo que a internet permite. Ficam com os benefícios do consumo e do acesso a muitas mídias para conseguir o que querem e, assim, começam a vincular o trabalho com o prazer. O dinheiro e o prazer não se separam, fazem parte da mesma fase da vida. Não esperam ganhar dinheiro, acumular para descansar e usufruir na velhice, o tempo presente e o prazer coexistem. As famílias são distintas, muitas chefiadas por mulheres independentes financeira e emocionalmente e com convivência de pais separados, irmãos de outros casamentos, namorados de pais. Há quem diga que são a geração dos folgados, superficiais e insubordinados, como relatam Santos et al. (2011).

Mas, certamente, valores como o hedonismo, o individualismo e a vaidade estão presentes neste grupo (LIPOVETSKY, 2003). O que causou isso? A tecnologia, a influência da mídia e do consumo? É preciso lembrar que a tecnologia e a mídia são vistas como objeto de acesso e não de conhecimento ou de aprofundamento. Ou seja, este grupo parece ser um grupo do: “tudo posso” (acesso), mas não necessariamente do “tudo sei” (aprofundamento no uso) (MC CRINDLE, 2009).

A geração Z, que corresponde a jovens que nasceram na década de 1990, assume um papel ainda mais isolado na sociedade e tem a tecnologia fortemente presente. Cresceram com o conceito de virtualidade incorporado à vida diária: o celular, o jogo, a ubiquidade midiática. Talvez, por isso, mostram-se mais isolados do mundo. Não à toa é conhecida como geração do “fone de ouvido” (MC CRINDLE, 2009). Trazem o valor da individualidade fortemente presente, o que não exclui o convívio em grupo, mas exibem suas relações vinculadas às interações virtuais por meio das CMCs (comunicações mediadas por computador), como definidas por Reingold (1996), atualmente polarizadas pelo Facebook e WhatsApp. Esta geração tem em comum a impaciência da geração anterior e, pelo que parece, ainda mais forte. É uma geração mais amiga da tecnologia, conhecendo-a mais de perto.

A questão midiática e tecnológica, mais fortemente presente nas três últimas gerações é determinante para as mudanças de valores. O ciberespaço, como disse Lévy (1999), por ser um local desterritorializado, uma terra fértil para as identidades criadas, propicia diferentes relacionamentos e é um local mais livre e seguro para o jovem, pelo menos mais seguro do que sair às ruas das grandes cidades.

4. O valor geracional

O conceito de valor é amplo devido ao fato de representar algo. Não existe valor por si só, este conceito só existe se há alguma referência, ou seja, para apropriar valor é preciso comparar uma coisa com outra, para que a importância seja posta em relevo. O que tem valor para alguém pode não ter para outro alguém. Os valores humanos são crenças pessoais ou comuns de um grupo, que podem ser passados de geração para geração. O conceito de valor depende do entendimento do simbólico, daquilo que está implícito, mas não sabemos por que, mas de que nos apropriamos e o entendemos como tal.

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Na análise geracional, fica claro que as gerações mais recentes não ficam com o valor do trabalho árduo para conseguir algo na vida, estes conceitos estão mais explícitos na geração bommer e X. Para os Y e Z, parece ser possível conciliar prazer e trabalho e a vida não traz a ideia de que é preciso sofrer para alcançar uma meta.

Jorgensen (2003) mostra que a maioria dos valores fundamentais como a honestidade, responsabilidade e liberdade permanecem sempre na lista das gerações, muda-se a ordem de prioridade, mas são basicamente os mesmos valores. Mas, por mais que ainda carreguemos os mesmos valores de nossos pais, a chegada das facilidades tecnológicas fomentam novos valores nos jovens. Presenciamos na atualidade, jovens mais individualistas, mais livres e menos pacientes.

Os boomers também foram influenciados pela sua época. Jorgensen (2003) diz que a ideia do self, o individualismo, surgiu com eles, em oposição às experiências de massa e autoritarismo vividas na Segunda Guerra, quando se passou a dar mais valor à questão da igualdade, da meritocracia e do indivíduo.

5. O acesso à tecnologia e os valores geracionais

O acesso às novas tecnologias trouxe para as gerações mais recentes aspectos contraditórios também: falamos com muita gente, mas conhecemos menos as pessoas, estamos conectados o tempo todo, mas preferimos o isolamento. Não é preciso e também não é possível buscar causas e efeitos diretos na relação tecnologia – valores humanos, pois estamos em uma fase de mudanças aceleradas em que as contradições fertilizam. Em vez de olhar as mudanças tecnológicas como agente transformador é preciso olhar o jovem como agente. Segundo Castells (2013), a comunicação horizontal das redes sociais é o mecanismo mais ativo e amplificador que aconteceu em toda a história. Sendo assim, observar e entender o jovem, na sua atuação em rede, é fundamental para entender os passos das gerações vindouras.

A questão da segurança, como valor, parece ter sido reduzida pelas gerações mais recentes, pois o ciberespaço aparenta ser um local seguro para os jovens. Eles sentem-se confortáveis ao consultar informações ou falarem com seus amigos. A sensação de liberdade parece crescer, pois é possível falar com alguém do outro lado do mundo a qualquer hora, é possível usar pseudônimos e dizer tudo o que se pensa. A paciência e o individualismo são valores que também caminham em ordem inversa e que possivelmente são estimulados pelo imediatismo da rede.

Quais outros valores estão sendo passados de geração em geração e vêm recebendo a influência das tecnologias digitais? Quanto das nossas relações está e será alterado por conta das CMCs? São perguntas que nos desafiam.

Não há como negar que, apesar de tanta rapidez e agilidade que o acesso à informação e às redes conectadas tem trazido para a vida comum, ainda há valores que permanecem e passam de geração a geração. Ainda temos um estilo de vida baseado em itens comuns a qualquer família da idade moderna, tais como trabalho, consumo e interações sociais. Somos influenciados pela cultura local, religião e pela sociedade em que estamos inseridos. Mas somos seres grupais que, independentemente da idade ou fase da vida, passamos por constante transformação, o que se intensifica nas gerações mais jovens. Portanto, é preciso acompanhar essa transformação, olhando para o jovem e para aquilo a que ele está dando importância.

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O estudo geracional é curioso por evidenciar os conflitos e as diferenças de valores entre gerações e chega a elucidar em parte a questão dos valores nas suas relações com as tecnologias. Assim, é possível identificar valores humanos que possivelmente estão mais vinculados às transformações trazidas pela tecnologia: a segurança, a liberdade, o individualismo e a impaciência. Entretanto, há tantos outros valores que merecem ser analisados e melhor explorados, como a questão da colaboração ou mesmo a intensidade dos elos criados pelas redes. O estudo geracional proporciona uma visão temporal interessante, pois o aumento da velocidade das mudanças tecnológicas parece interferir no espaço de tempo entre as gerações.

A tecnologia não é um condicionante da transformação, mas sim parte atuante no processo. Ela poderia ser vista como aceleradora dos grupos geracionais ou de indivíduos como agentes transformadores. Afinal, não há máquina sem o humano.

Cientes de que o ciberespaço nos desloca no tempo e no espaço, devemos nos preocupar com os modos pelos quais absorvemos a tecnologia, com o processo pelo qual ela é incorporada à vida e aos valores do indivíduo. Devemos entender como ela poderá nos ajudar a superar valores antigos e trazer à tona novos valores.

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Referências

CASTELLS, M. Redes de indignação e esperança. Movimentos Sociais na era da Internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

BONTON, R. A et al. Understanding Generation Y and their use of social media: a review and research
agenda. Journal of Service Management, v. 24. n. 3 p. 245 – 267, 2013

JORGENSEN, B. Baby Boomers, Generation X and Generation Y? v. 5, n.4, p. 41-49, 2003.

KRAHN, J., GALAMBOS N. Work values and beliefs of ‘Generation X’ and ‘Generation Y’, Journal of Youth Studies, v.17, n.1, 92-112, 2014.

LEVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34., 1999.

LIPOVETSKY, G. A felicidade paradoxal. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

MANNHEIM, K. The social problem of generation. Inglaterra: Taylor e Francis Book, 2009, p.163-195.

MC CRINDLE, M. The A, B, C of X, Y, Z. Understanding the global Generation. UNSW Press Book. Sydney: 2009.

PRITCHARD, K. ,WHITING, R. Baby boomers and the lost generation: On the discursive construction of generations at work. Organizations Studies, v. 35. 2014.

REEVES, T., OH, E. Generational differences. University of Georgia, Athens, Georgia. , 200?.

SANTOS, C.F et al. O processo evolutivo entre as gerações, x, y e baby boomers. XIV Semead. out, 2011.

SMOLA, K. W., SUTTONS, C. D. Generational differences: revisiting generational work values for the new millennium. Journal of Organizational Behavior. Published online in Wiley InterScience. v. 23, p. 363–382, 2002.