Em 2012 foi criado e deu início aos seus trabalhos de pesquisa o grupo de estudos Sociotramas. Hoje, a maioria de seus membros já recebeu seu doutorado, enquanto a minoria encontra-se a caminho. Os temas de estudo estão sempre voltados para a pletora de questões que envolvem as redes digitais de informação, acesso, comunicação e interação. No início de cada ano, um tema de trabalho é escolhido para pesquisa e discussão nos encontros mensais do grupo e, ao final do ano, realiza-se um evento para apresentação, por cada um dos membros, dos textos resultantes dos meses de estudos.
No primeiro ano, optou-se por um panorama representativo de tópicos relativos às redes. Foi realizado um encontro aberto ao público, ao final de 2012, para trazer ao debate vozes adicionais externas ao grupo. Para enriquecer ainda mais o debate, o evento contou também com especialistas convidados. Os resultados que foram aí obtidos encontram-se hoje publicados no livro Sociotramas. Estudos multitemáticos de redes digitais, pela Editora Letras e Cores, SP.
A tônica dos artigos que compõem o volume voltou-se para o cenário atual de hiperconexão que transformou o “estar conectado” em “ser conectado”. Hiperconexão significa não apenas ligação entre pessoas, mas também entre sistemas e, com a emergente internet das coisas, significa ligação entre gente, animais, coisas e lugares. Passamos rapidamente de uma Web estática para uma Web dinâmica, de uma Web de páginas para uma Web de plataformas participativas, em uma miríade de ambientes de conversação, compartilhamentos, controvérsias e conflitos.
O tema escolhido para 2013 foi bastante complexo: “o tempo nas redes”. O grupo trabalhou durante todo o ano, trocando e colocando em discussão coletiva os dados de pesquisa de cada membro. Isso conduziu novamente a um evento realizado ao final do ano para a apresentação dos trabalhos.
Bem no início do ano seguinte, 2014, desafiado pela relação inseparável dos jovens com seus aparelhos celulares e tablets, o grupo elegeu o tema da onipresença dos jovens nas redes como foco de suas preocupações e convidou o especialista Cleomar Rocha para compartilhar nossos interesses. A perspectiva dos dez meses de tempo pela frente concedeu ao grupo a possibilidade de buscar fontes teóricas e, inclusive, dedicar-se a pesquisas empíricas para encostar, tanto quanto possível, na vivência dos jovens, buscando desvendar quais são os fatores e motivos da sedução e do fascínio que as redes de relacionamento exercem sobre eles.
O presente livro, que ora passamos às mãos do leitor, apresenta um leque de tópicos que lançar algumas luzes e abrandar, até certo ponto, a perplexidade em que se encontram mergulhados pais e educadores diante dos novos e inelutáveis hábitos de comunicação tecnologicamente mediada, adquiridos pelas gerações que estão despontando com a beleza e energia indômita de sua juventude.
Desde seus primeiros meses de existência, o grupo Sociotramas criou um blog no qual, todas as semanas, são publicados posts de autoria de seus membros, por meio do rodízio de um autor a cada semana. Atualmente, esse blog conta com um acervo, que muito nos orgulha, de artigos breves que procuram apalpar a realidade mutável das redes sociais. Creio que vale a pena prestar uma visita a esse blog: http://sociotramas.wordpress.com. Há lá temas e discussões para os mais distintos gostos e expectativas.
Lucia Santaella