Unidade 1: Biodiversidade I
3. Principais grupos de organismos
3.3.3 Fungos
Os fungos compreendem eucariotos heterotróficos de parede composta de quitina, que se nutrem por absorção. No passado, foram tratados dentro da botânica, pois eram considerados plantas degeneradas (sem clorofila). Contudo, com o advento da filogenia molecular, atualmente, são considerados mais proximamente relacionados aos animais. A área da ciência que estuda os fungos é chamada de micologia.
Representam um grupo extremamente diversificado, com mais de 100 mil espécies identificadas, que baseadas em estimativas conservadoras, representariam apenas 5% do total de espécies existentes no mundo. O grupo tem grande importância como causadores de doenças no homem, em animais e plantas; como decompositores de matéria orgânica, atuando na ciclagem de nutrientes; na produção de alimentos, principalmente em processos que envolvem fermentação; na produção de fármacos, como antibióticos e vasodilatadores; em processos de biorremediação de áreas contaminadas com poluentes orgânicos; e como importantes simbiontes, participando de associações como os liquens e as micorrizas, entre outras (EVERT & EICHHORN, 2014).
A organização do talo dos fungos é predominantemente filamentosa, mas existem também formas unicelulares, que são comumente chamadas de leveduras. Alguns fungos podem apresentar as duas morfologias, passando da forma leveduriforme a filamentosa, em resposta a alterações ambientais.
Os filamentos individuais, que compõem o talo dos fungos, são denominados hifas e o conjunto de hifas, que compõe o talo de um fungo, é denominado micélio. As hifas podem ser septadas, quando apresentam paredes transversais que dividem o citosol, ou cenocíticas (asseptadas), quando não apresentam tais septos. Os septos de hifas septadas podem apresentar um poro central, de modo que o citosol de células contíguas se comunica.
Os fungos se reproduzem sexuadamente e assexuadamente através da produção de esporos. Podemos separar os fungos em quatro filos baseados em características reprodutivas: Filos Chitridiomycota (quitrídias), Zygomycota (zigomicetos), Ascomycota (ascomicetos) e Basidiomycota (basidiomicetos). Adotaremos esta classificação por razões didáticas, contudo, tal classificação é artificial.
O Filo Chitridiomycota é representado por fungos aquáticos, terrestres e do rúmem de herbívoros, que produzem esporos flagelados (zoósporos) e possuem ciclos de vida bifásicos.
O Filo Zygomycota é representado por organismos saprófitas e parasitas de vegetais e animais, que se reproduzem sexuadamente formando, como produto da fecundação, esporos chamados de zigósporos, que podem permanecer dormentes por longos períodos de tempo.
O Filo Ascomycota compreende mais de 30 mil espécies, incluindo organismos saprófitas, pragas de plantas e grande parte dos fungos liquenizantes; reproduzem-se assexuadamente pela produção de esporos chamados conídios e sexuadamente pela produção de esporos, chamados ascósporos, agrupados em número de oito no interior de uma estrutura em forma de saco, chamada asco. Grande parte dos fungos para os quais se conhece apenas a reprodução assexuada, antes chamados de fungos imperfeitos, é ascomicetos.
E, por fim, o Filo Basidiomycota compreende em torno de 20 mil espécies, representadas pelos cogumelos e orelhas-de-pau e dois grupos de patógenos de plantas, as ferrugens e os carvões, que se reproduzem sexuadamente pela produção de quatro esporos, chamados basidiósporos, formados nas pontas de estruturas claviformes chamadas basídios. Os basídios são originados de hifas reprodutivas, que estão organizadas formando basidiomas, que são corpos de frutificação do fungo, conhecidas popularmente como cogumelos.
Alguns fungos dos filos Ascomycota e Basidiomycota podem formar associações mutualísticas chamadas líquens. Os líquens são formados pela associação de um micobionte, que é o fungo, com um fotobionte, que pode ser representado por uma alga verde, uma cianobactéria, ou ambas. O nome científico de um líquen corresponde ao nome do micobionte. Os líquens se desenvolvem sobre o tronco de árvores, na superfície ou no interior de rochas, sobre o solo, sobre estruturas edificadas, e, menos comumente, submersos pela água do mar. Possuem um papel importante como colonizadores primários, modificando as condições do ambiente que colonizam e permitindo o posterior estabelecimento de organismos mais complexos como as plantas.