Vamos dançar Sussa?

Introdução

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O Quilombo Kalunga está geograficamente localizado na microrregião homogênea Chapada do Veadeiros, limitando -se com os municípios de Arraias (Tocantins) e em três municípios da região nordeste do estado de Goiás: Teresina, Cavalcante e Monte Alegre, abrangendo cinco núcleos de referência: Vão das Almas, Vão do Muleque, Contenda, Kalunga e Ribeirão dos Bois. Subdividem -se em quase uma centena de agrupamentos.

Os habitantes denominados como Kalungas ou Calungas, que na língua banto - uma das diversas línguas africanas que eram faladas pelos negros trazidos na diáspora, principalmente de Angola, Congo e Moçambique - significa lugar sagrado e de proteção (BAIOCCHI, 2006).

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A chegada no início do século XVIII de africanos submetidos a escravidão e de seus descendentes no estado de Goiás, está relacionada às bandeiras colonizadoras e o movimento minerador em pleno ciclo do ouro e a necessidade de mão de obra na mineração. O árduo trabalho e a violência no qual eram submetidos geraram resistência e fugas destes escravos para locais de difícil acesso como os vãos, serras, morros, vales... Assim foram se formando as comunidades quilombolas isoladas e distantes de seus opressores e em busca de sua liberdade, do resgate de seus valores, crenças e identidade cultural (BAIOCCHI, 2006)

Em alguns agrupamentos Kalunga, a acessibilidade é mais complexa, visto que as estradas para o local são de difícil acesso, chegando apenas de carro traçado. Na época das chuvas, o volume dos rios (que são trajetos para as comunidades) aumentam dificultando ainda mais, a passagem dos carros, visto que não possuem pontes, ocasionando assim o isolamento da comunidade por vários dias.

As mulheres susseiras consideram a dança sussa e suas manifestações como uma forma de respeito aos seus antepassados, preservação das memórias da comunidade, sendo ainda o símbolo de identidade kalunga. O seu aprendizado pode ser transmitido via contato familiar (mãe, avó, tia), através das mulheres que tiveram contato com as tradições e rituais que envolvem a dança.

A dança sussa surge nas comunidades quilombolas e pode ser identificada por diferentes nomes de acordo com a região onde os fazedores a denominam: sussa, sússia, suça ou súcia. Em registros encontrados (Rosa, 2015) podemos localizar a presença desta dança no norte de Goiás e Tocantins, trazendo como matriz os batuques herdados do período de escravidão e da exploração do ouro no estado de Goiás. Encontra-se ainda relatos sobre a presença da Suça também no noroeste de Minas Gerais, região de Unaí.

Encontra-se a sussa inserida em meio às devoções e festividades católicas, onde celebra-se tradições, ritos, costumes, crenças, revelando -se ainda a dinâmica cultural das comunidades negras rurais.

Na região de Cavalcante e comunidade Vão de Almas é identificada como “Sussa”.

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No município de Cavalcante - Goiás a dança sussa pode ser vivenciada em comemorações festivas tanto nas comunidades quilombolas rurais quanto no meio urbano. Festas de folias, festivais e apresentações onde os kalungas são convidados para divulgarem sua cultura, festa da Caçada da Rainha e Giros, são algumas ocasiões onde podemos presenciar a manifestação da dança sussa. Podemos assim afirmar que os encontros dançantes com a presença das dançarinas susseiras:

“celebram com muita alegria a confraternização dos corpos, que congregam diferentes motivações, sejam elas de cultos religiosos, datas comemorativas do calendário da igreja católica, pagar promessas a santos, como também para celebrar o fim da rotina do trabalho”. (Lima & Santos, 2011, p. 111).

Para compreender a sussa de uma forma mais consistente é fundamental investigar todo o cenário no qual esta dança está inserida, para tanto é imprescindível saber como dançam, suas vestimentas, quem são estas mulheres, seus cantos, instrumentos e a sua relevância no espaço escolar.. Desenvolvemos assim um diálogo entre pesquisadores e estas fazedoras da dança sussa para conseguir identificar neste trabalho como estas dançadeiras visualizam e compreendem esta manifestação.

Este material faz parte da pesquisa “A Dança Sussa no Município de Cavalcante/Goiás: Possibilidades no contexto educacional”, realizada no Mestrado Profissional em Ensino na Educação Básica da Universidade Federal de Goiás, por Thais Gomes Ferraz e Vanessa Helena Dalla Dea. Trazemos aqui relatos de quatro mulheres, residentes na comunidade kalunga Vão de Almas e cidade de Cavalcante, consideradas referência na dança sussa. Convidamos você para conhecer essas quatro mulheres incríveis e a dança sussa.

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Vamos dançar e conhecer a Sussa?