No ritmo da música. Roda saia, nóis roda saia…(DONA JURACI).
Dança Sussa
Entre os movimentos observados na sussa, Siqueira (2006) ressalta ainda que a dança sussa se compõe por passos sapateados, semelhantes ao samba de roda ou dança de coco. Entre os adjetivos que as dançarinas susseiras utilizam para descrever a dança sussa encontramos o peneirar (movimento na horizontal, de um lado para o outo, mas com o eixo firme, coluna vertebral reta, pequenos pulinhos e apenas as pernas se movem na horizontal) o passarinhar (remete-se a leveza do movimento, como um passarinho que anda no chão, pés quase não tocam ao chão permitindo uma movimentação rápida dos pés sem que o corpo se movimente muito) e o rodar que nem engenho (vários círculos em torno de si mesmas , mantendo o eixo do corpo firme e rodando, ocasionando assim leveza e equilíbrio capaz de manter as dançarinas equilibrando uma garrafa na cabeça).
Sussa : dançar, cantar e tocar
Vanderléia sobre a sussa, relata:
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Eu lembro muito… e até hoje se você vê as mais velhas dançarem, elas dançam nas pontas dos pés e o olhar dela com seu par é diferente, né, normalmente a dança é em dupla então ela tem aquele par, ela tem aquele olhar… pode ser duas mulheres ou também pode ser um homem e uma mulher que eu já vi, né. E aí, é o balançar, é o rodopiar, e o sapatear diferente, aquele balançar, né, você vê o peneirado, não balança muito o corpo, o molejo é na ponta do pé mesmo, sabe e o sentido é fazer a saia rodar, né, e aí roda e mexe todo corpo, né. (Vanderléia)
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Na tradição assim começou a tocar sussa o único sentido que eu reparava antes, que até eu tento passar para os jovens hoje que é assim; começa batendo na viola, na bruaca, no pandeiro e aí não entra dançando, se organize e espere cantar. Eu acho que depois que começa a cantar, antigamente era assim, depois que começava a cantoria aí que ela se colocava dançar. (Vanderléia)
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Eu sei que eu saio pra dançar aqui porque eu tenho meu par, todo mundo que sai para dançar aqui tem um par... Puxa um aqui outro acolá, mas não é para dizer assim que só tem uma dupla dançando, são várias duplas que dançam ao mesmo tempo (Vanderléia)).
A sussa e a garrafa na cabeça
Marta relata que:
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E às mulheres antes, dançavam muito com uma garrafa na cabeça, hoje são poucas, né. E o jeito também delas dançarem, era diferente, era mais tipo "sapatiadinho", hoje é mais "pulado", né. Eu mesmo, não sei dançar sapatiando como elas dançavam, eu sei dançar ela mais pulado. (Marta)
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Então... a garrafa na cabeça das mulheres, dançavam com a pinga na cabeça e depois tomavam aquela pinga. Ah! diziam, não sei se era brincadeira ou se era crença mesmo, não sei direito. Mas eu aprendi quando criança que elas dançavam com a garrafa na cabeça e depois tomavam aquela pinga e diziam que era uma "pinga benzida". Você acredita que era uma garrafa de 51 e aí bebiam...e às vezes ainda, dançava um pouco e aí dançando ia lá e tomava um gole daquela pinga, vinha e dançava de novo. (Marta)
Santos, (2011), ressalta ainda que para os kalungas o movimento na sussa:
“é algo que está no sangue (o que configura a marca identitária do movimento). Disseram-me também que não é possível determinar um padrão de movimento, visto que cada kalunga sente a música e a representa de sua maneira” (Santos, 2011:p.75).