Vamos dançar Sussa?

1 • Mulheres da Sussa

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Dona Tuta
Juraci
Marta Kalunga
Vanderléia

Dona Tuta

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Meu nome é Irene, mas o povo me conhece mais por Tuta. Chegar em Cavalcante aqui no Vão de Almas e perguntar por Tuta, todo mundo me conhece, mas Irene são poucas pessoas que me conhece, moro aqui no interior, município de Cavalcante na comunidade Kalunga.

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Na comunidade Kalunga eu sou uma mulher muito guerreira, trabalhadeira. Eu não tenho estudo nem nada, mas sou guerreira! Eu trabalho com óleo de coco, óleo de pequi, óleo de mamona, sabão de acuada…, muitas coisas que eu mexo, farinha... a mandioca, o gergelim, o jatobá, a farinha do coco... Trabalho com muitas coisas, o "conde de algodão" eu "fino eu fuso" e trabalhar em roça, que a gente planta roça.


Dona Juraci

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Me chamo Juraci Souza Rodrigues sou filha de Cavalcante e trabalho aqui, sou merendeira do colégio Tia Ceci. Dancei a sussa na festa de Nossa Senhora Santana e eu gosto de dançar sussa.

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Minha infância foi em Cavalcante mesmo, nasci em Cavalcante e minha infância foi em Cavalcante mesmo...Nóis brincava com boneca de milho, fazia boneca de pano...sabe, era essa nossa rotina, nóis trabalhava em roça... a rotina nossa era essa.

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A sussa eu aprendi na porta de "Senhora de Santana" de Cavalcante, na época da festa a gente pega e dança, e o pessoal toca né, e no caso, as mulheres pega e dança, aí eu aprendi a dançar a sussa... Aprendi pegando o ritmo do pessoal, né...

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São várias mulheres que dança, são várias mulheres que dançam mesmo! Da cidade que dança, às vezes vem gente de fora que acompanha sabe, o ritmo daqui também, mas todas são aqui da cidade, do Kalunga, né, que dança. É muita gente mesmo! Dona Juraci.

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Muito bom ter uma cultura aqui em Cavalcante, a única coisa que tem é essa sussa, né, essa festa, né, da Padroeira de Cavalcante... É muita importância, é muito bom. Dona Juraci.


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Vanderléia

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Então, sou Vanderléia, né, Vanderléia dos Santos Rosa, Quilombola Kalunga, da Comunidade Vão de Almas, né. Nasci na Comunidade, vivi nessa comunidade até os 14 anos, né, juntamente com meus pais (Faustino e dona Teodora). Aí teve um tempo, eu tive que sair da comunidade.

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..Aí quando eu já estava aqui em Cavalcante, eu via como tem muitos pais aqui igual eu, né e tem muitas pessoas do Quilombo que tá aqui, e eu tive a ideia de chamar os filhos deles para gente formar um grupo de dança, que é a sussa, né. (Vanderléia)

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E aí a gente está com esse grupo ... E o objetivo do grupo, né, é fortalecer a cultura, né, também articular e fazer uma reflexão, eles estão aprendendo desde já, os meninos, a contrapor idéias preconceituosas e racistas, né, coisas que eu não dava conta de fazer antes na idade deles, e a gente tá seguindo ai né... Hoje a gente já tem uma compositora no grupo ... Tem um tema aqui "Meio Ambiente", poucos dias eu vi, tem vezes que quando eu vejo ela já fez a música, sobre algum tema que tem; do meio ambiente, ela fez um sobre o abuso da criança e do adolescente esses dias, né. (Vanderléia)


Marta Kalunga

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Eu me chamo...meu nome é Marta, né, eu nasci e fui criada na comunidade, né, até meus quatorze anos. Mas hoje eu sou conhecida como “Marta Kalunga”, atuo em Cavalcante desde 2004. E aqui estou! ... Eu nasci no Vão de Almas, mas fui criada acima do Vão de Almas, mas dentro da comunidade até meus quatorze anos de idade.

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A sussa na minha vida é vida! É vida, é uma maneira de alegria, de felicidade. É igual com o tear, eu me envolvo tanto no tear que o tempo passa e eu nem vejo. E o mesmo é a sussa é uma coisa tão...aí, é tudo muito bom!

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A minha infância foi dentro do Sítio Histórico, né, da comunidade. Trabalhávamos muito na roça, plantávamos, tínhamos comida e tudo era dali mesmo. Meu pai… meus pais tiveram onze filhos, eu sou a quarta e até meus quatorze anos nossa lida era essa entendeu, roça… muito banho de rio...ai que delícia! (risos). Então, eu fui embora, né, porque eu queria coisa diferente, eu não queria só aquilo de morar na roça, queria conhecer outras coisas, né! E devido ao que aconteceu eu fui pra fora, foi difícil porque saí do chão batido pra ir pra uma cidade, né? Foi meio difícil, mas eu queria viver aquilo e fiquei até meus trinta e oito anos (38) e quando voltei, voltei pra Cavalcante já pra onde estou hoje. (Marta kalunga)