“Não é na resignação, mas na rebeldia em face das injustiças que nos afirmamos.”
Paulo Freire
A pessoa com síndrome de Down tem algumas características que podem dificultar seu desenvolvimento cognitivo no ambiente escolar. Uma delas é a deficiência intelectual que proporciona dificuldades, mas não impede que esse sujeito aprenda e se desenvolva no seu tempo e ritmo, como qualquer outra criança. Outras características também devem ser consideradas para se pensar o processo de ensino aprendizagem da criança com Síndrome de Down como hipotonia muscular, dificuldade de fala, possível dificuldade auditiva e visual, frequentes problemas de saúde na infância, dificuldade de entendimento das regras e limites sociais e outros problemas psicológicos que podem surgir na convivência social na escola como baixa autoestima e bulling (DALLA DÉA; DUARTE, 2009).
Segundo Pletsh e Glat (2012), muitos professores têm tido dificuldades na alfabetização de pessoas com deficiência intelectual, algumas vezes por falta de recursos e outras por falta de conhecimento e omissão.
O interesse por esse estudo surgiu mediante a verificação da dificuldade de inclusão e a aprendizagem das pessoas com Síndrome de Down estava sendo inseridas no contexto escolar. Também por verificar que a maioria dos adolescentes/adultos que frequentam a Associação Down de Goiás (ASDOWN) não são alfabetizados.
Esse processo de inclusão nas escolas regulares tem sido tema de muitas outras pesquisas e os resultados têm apontado a existência de muitos desafios no processo de aprendizagem e desenvolvimento delas. Esse fato vem gerando muita preocupação no meio científico e educacional, uma vez que essas pessoas, assim como as demais, são detentoras de identidades tanto biológicas quanto sociais que precisam ser consideradas e valorizadas.
A pesquisa foi realizada na Associação Síndrome de Down de Goiás (Asdown). A Asdown é uma instituição sem fim lucrativos, que busca os direitos das pessoas com síndrome de Down, conta com mais de 700 associados, no entanto, apenas uma parcela aproximada de 10% é atuante na associação (FARIA, 2019).
Tem-se verificado que boa parte dos adolescentes e adultos com Síndrome de Down que frequentam a Associação não sabe ler e escrever (SANTOS, 2019). E muitas vezes as famílias desistem de levar seus filhos com Síndrome de Down para a escola por se sentirem cansados da falta de resultados e, muitas vezes, de experiências traumatizantes para eles e para seus filhos. Faz-se necessário prestar contribuições no estudo pedagógico do processo de inclusão no Brasil, destacando estratégias pedagógicas pertinentes ao docente que trabalha com estas pessoas, a partir da percepção dos próprios envolvidos.
Esse livro com histórias faz parte de uma pesquisa que teve como objetivo identificar e analisar a percepção de pais de pessoas com Síndrome de Down sobre a inclusão na escola regular. Como objetivos específicos buscou-se: verificar quais as maiores dificuldades encontradas no processo de inclusão escolar; identificar quais foram as práticas pedagógicas exitosas para as pessoas com síndrome de Down durante a inclusão; entender o papel de uma instituição especializada na inclusão educacional e social das pessoas com síndrome de Down; e discutir a família enquanto espaço de inclusão social e educacional.
Página 4Acreditamos que essas histórias de inclusão/exclusão de adolescentes e adultos com síndrome de Down podem potencializar a formação de professores para uma escola regular mais inclusiva. VIEIRA, OLIVEIRA E DALLA DEA (2017) relatam: “compreendemos que há uma necessidade premente de formação continuada para os professores e demais educadores que trabalham na escola com as pessoas com deficiência intelectual”. Dessa forma, apresentamos as histórias de inclusão/exclusão, buscando a formação de professores e profissionais da escola comum.