O que a literatura discute sobre participação da família
Uma ação que pode favorecer a inclusão de pessoas com deficiência na escola e na Educação Física Escolar é a participação da família. Segundo pesquisa de Gomes (2012) mais de 70% das famílias tem participação moderada à total, demonstrando uma boa participação da família na escola. Diferente dos resultados encontrados por Mahl (2012) que relata que uma das dificuldades encontradas pelos professores que pesquisou foi a falta de apoio das famílias na educação dos alunos. Assim não temos como generalizar dizendo que a família é atuante ou não na escola, pois as famílias são diferentes. Assim como as famílias dos estudantes sem deficiência também temos famílias atuantes e famílias que nunca foram na escola de seus filhos.
Como podemos perceber esse tópico sobre a família, de acordo com a nossa pesquisa ainda é muito incipiente. Sendo assim a discussão fica abreviada, mas entendemos que é extremamente importante a família acompanhar o processo de aprendizagem por meio das escolas, quer seja esta comum ou especial.
Contribuições da nossa pesquisa de campo sobre a participação da família
Verificamos na nossa pesquisa no relato dos professores e nas observações que a participação da família na escola especial pesquisada é uma estratégia metodológica constante e necessária para o desenvolvimento do estudante com deficiência.
Foi possível verificar nessa pesquisa que apresentamos nesse trabalho Gomes (2012) em sua pesquisa verificou que mais de 70% das famílias tem participação moderada à total na escola comum, apresentando boa participação da família na escola. Abreu (2009) também encontrou boa participação da família na vida escolar dos dois estudantes que pesquisou sendo um com sequela de paralisia cerebral e uma com síndrome de Down. Diferente de Mahl (2012) que relata que em sua pesquisa os professores reclamam a ausência e falta de apoio das famílias de estudantes com deficiência no ensino comum. As famílias são diferentes, algumas não participam e também não aceitam seus filhos com deficiência.
Iniciamos esse tópico com a fala da professora, onde diz que “a família faz parte do contexto escolar, então independente de ser aluno com deficiência ou não a presença da família é importantíssima na escola” (P5).
Em nossa observação de aula pudemos verificar que as famílias participam desse momento de estimulação presentes no ambiente de aula e atuantes quando solicitadas. Observamos que durante vários momentos as famílias eram consultadas sobre comportamento e sobre aspectos específicos de seus filhos.
Segundo relatos dos professores pesquisados a presença das famílias favorece a participação dos educandos com deficiência:
Pela proposta do atendimento educacional especializado que é duas vezes por semana, a presença da família é positiva, uma até também a questão da troca, ou assim, como é atendimentos da psicomotricidade, da atividade aquática, da pedagogia, da informática acessível, então é importante que os pais estejam auxiliando nessas trocas. A parceria também escola/família dentro desse modelo é importante para auxiliar, discutir, para ver o que é relevante importante para os alunos nos atendimentos (P9).
Eu vejo a família como elo de ligação, e também como, parte que colabora para o desenvolvimento daquele educando, porque não é só lá comigo na psicomotricidade. Aquilo que estou desenvolvendo aqui, ele necessita na casa dele, ele necessita lá na informática. Assim a família acaba sendo um elo de ligação de todos esses atendimentos (P1)
....é importante a família estar aqui, porque é o momento que a gente tem também de troca com eles, muitas vezes a gente consegue alguns minutinhos para conversar e os pais, nos informam o que que a criança tem feito em casa, como está na escola, ou seja, é uma relação direta que a gente tem com esses pais e a gente também dá o feedback, dá orientações de como eles podem agir com essa criança (P3).
... eu avalio assim de uma forma necessária, porque inclusive eles ficam 30 minutos em uma aula e aí tem que fazer a transição que é pegar de um atendimento para outro, onde muitos educandos ainda não têm essa autonomia. Sempre conversamos antes das aulas para saber se o filho está om algum problema e assim antecipamos quaisquer atitudes que possa acontecer de forma negativa (P5).
...é positivo porque primeiro que é uma exigência da instituição, muitos educandos têm particularidades, por exemplo, falta de controle para ir ao banheiro, algumas vezes o educando desestrutura e não consegue se acalmar, nesse momento os pais ajudam muito pois já os conhecem muito bem (P6).
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Pudemos verificar que a maioria dos professores considera a participação e presença da família positiva. Apenas uma professora aponta aspectos negativos da presença da família:
Ela é necessária porque as nossas crianças precisam de higienização, então a higienização é feita pela família, então precisa, na mesma hora que você está com a criança aqui ela precisa de ser higienizada. Agora dependendo eu acho negativo, as vezes você ia fazer um trabalho com o menino e ele chorava, a mãe já pulava a janela. Têm crianças que já estão aqui há um e eu sei que a mãe fica escondida em algum cantinho e quando a criança percebe, desconcentra e atrapalha a aula. (P8)
Duas das professoras pesquisadas trazem relatos negativos quanto à família na escola comum:
Eu acho que a relação família escola sempre facilita, porém eu acho que na escola regular é mais difícil, porque as famílias não permanecem na instituição. (P7)
A escola regular não permite, geralmente em alguns casos a família é presente, em outros a família não se importa como está seu filho. A escola por sua vez chama os pais somente quando tem algo errado, não cria uma rotina como acontece aqui (P8).
Mahl (2012) relata que se a equipe interdisciplinar trabalhar junto à família o desenvolvimento da criança com deficiência pode ser favorecido. Segundo o autor a equipe multiprofissional tem condições de avaliar o aluno em sua totalidade e definir condutas a serem tomadas e os encaminhamentos necessários, e pode orientar a família para agir corretamente e aumentar as potencialidades do filho e suas necessidades, poderá participar e cooperar nos tratamentos propostos.
Alguns professores pesquisados dizem do papel da instituição junto à família e sobre os benefícios da colaboração mútua instituição-família e da relação da família com outras famílias que estão na mesma condição que ela:
Para além disso também a presença da família ela constitui um momento rico em que a gente possa fazer orientação quando tem essa possibilidade de tempo, quando o tempo pedagógico nos permite fazer orientações à essas famílias que vem sem muito norte de como trabalhar principalmente com relação aos autistas. Percebo que é um momento importante, necessário, quando existe a demanda, reorganizamos o horário dos atendimentos para que essa orientação possa ser feita tanto pela coordenação quanto pelos profissionais (P2)
... coisas que talvez na escola regular não sejam possíveis de serem realizadas, aqui com público menor, com atendimento mais focado não só no pedagógico, mas no atendimento na evolução global da criança, atendendo as necessidades da família e trabalhando em parceria (P3)
Bom, eu vejo porque além das intervenções direta com a criança que a gente vai trabalhar naquilo que a criança precisa, a gente tem um olhar bem específico no atendimento a família. Aqui é um espaço onde ocorre as convivências, as trocas, as famílias interagem entre si, educando com educando. Todo ambiente é enriquecedor e, além dessas trocas tem assistência psicológica, as devolutivas entre outras ações (P8)
Como além de pesquisador desse trabalho também sou pai de uma criança com deficiência que estuda desde um ano em escolas comuns posso dizer que observamos famílias diferentes mesmo. Acompanhamos colegas da nossa filha que também tem deficiência que a família só aparece na escola quando chamada. E acompanhamos famílias como a nossa que está diariamente na escola, perguntando para professores no que podemos ajudar e participando ativamente nas tarefas de casa e nas estimulações em casa.