Guia de Inclusão na
Educação Física na Escola Comum

Apresentação

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Olá professora e professor!!! Seja muito bem vinda(o)!!!

Preparamos esse material com muito carinho e estudos para você!!!

Esse guia foi feito para professores de Educação Física e tem como objetivo apresentar pressupostos básicos e caminho para uma Educação Física mais inclusiva. É parte do resultado do trabalho realizado no Programa de Mestrado em Ensino na Educação Básica do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada da Educação da Universidade Federal de Goiás.

O objetivo principal desse trabalho foi verificar os conteúdos e práticas pedagógicas nas aulas de Educação Física, presentes na escola especial, que possam favorecer a educação inclusiva na escola comum de ensino básico.

E teve como objetivos específicos analisar materiais/equipamentos utilizados nas aulas de Educação Física na escola especial, observar os processos metodológicos e os conhecimentos necessários para a prática da Educação Física na escola especial e verificar se as ações da escola especial podem reverberar no processo de inclusão de alunos com deficiência na educação básica comum.

Para escrevê-lo utilizamos de três fontes, sendo elas: ampla pesquisa bibliográfica em 66 dissertações e teses defendidas de 2008 à 2018, observações em aulas realizadas em uma escola especial de Goiânia durante um ano, e relatos de nove professores da Educação Especial que acreditam na Educação Inclusiva sobre suas percepções do que podemos fazer para tornar nossas aulas mais inclusivas.

Pesquisar sobre Educação Inclusiva e buscar caminhos para aulas mais inclusivas na escola comum em uma escola especial foi uma opção nossa, considerando que a escola especial detém conhecimentos que os professores da escola comum ainda sentem falta.

Pudemos verificar que a percepção dos professores da escola especial acerca da inclusão na escola comum é baseada não apenas na sua vivência na escola especial, mas também pela sua experiência na escola comum como relatado no perfil dos professores entrevistados. Em nossas observações verificamos que apesar do direito à inclusão estar totalmente garantido pela legislação, a realidade atual das escolas e associações especializadas é de vivenciar o desespero e a busca das famílias de pessoas com deficiência por atendimentos em escolas especiais após o insucesso em escolas comuns.

Além da experiência na escola comum e da vivência junto às famílias das pessoas com deficiência na percepção dos professores que participaram dessa pesquisa, constatamos por meio de suas falas, várias dificuldades, conforme destacamos nas citações a seguir:

Então uma das coisas que a gente escutava mesmo e que às vezes até eu me deparava com isso era a questão: “nossa, mas eu não estou preparada para isso. Eu não estou preparada para receber um aluno deficiente visual, deficiente físico, um auditivo, eu não estou preparada. Como que eu vou trabalhar para essa criança?". (P1)

... eu ando um pouco preocupada com a Instituição (especial na qual trabalho) com as crianças que estão saindo da escola e vindo para o ensino especial e não para o atendimento especial, porque é uma preocupação de como está a escola regular. A escola regular não está dando conta de incluir, de absorver essas crianças é aí cada vez mais crianças que estavam na escola estão vindo para o ensino especial, e eu acho que uma instituição a prioridade não é o ensino especial, e sim o atendimento educacional especializado que seria no contra-turno (P7)

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Siqueira (2011), Duarte (2011) e Bezerra (2010) verificaram em seus estudos estratégias e ações pedagógicas de professores de Educação Física que favorecem a inclusão.

Em nossa pesquisa de campo também pudemos verificar relatos que apontam que a escola comum também tem iniciativas positivas de inclusão:

Tem escola com uma estrutura boa eu apoio bem, tem um bom corpo diretivo, tem um bom corpo docente, já tem uma visão mais detalhada do que é a inclusão, do que é o especial. Agora tem escola que não tem estrutura, falta embasamento, então assim, tem caminhado em duas realidades distintas - escolas com apoio e escola sem apoio. (P9)

Temos escolas muito boas, que se preocupam muito e tentam, e reorganizam na verdade para conseguir incluir esse aluno melhor dentro da escola, mas é uma organização interna da escola, não vem de um Município, do Estado, de uma organização da Secretaria de Educação. (P3)

As iniciativas e estratégias que conseguem concretizar a inclusão dos estudantes com deficiência na escola comum mostram que uma escola para todos é possível. O que acontece é que muitas vezes as boas práticas não são publicadas e divulgadas, uma das professoras pesquisadas dá um recado para professores que fazem boas práticas na escola:

Olha se você está dando conta de fazer alguma experiência que está incluindo, está desenvolvendo essa criança e entendimento das outras crianças a esse respeito e essa essa é questão da diversidade da inclusão vamos socializar, porque tem muita gente que não tá dando conta e as experiências que estão sendo bem-sucedidas precisam ser publicizadas. (P7)

Pudemos verificar na nossa pesquisa que os professores pesquisados acreditam que a inclusão na escola comum é possível por meio de uma formação inicial e continuada adequada, com trabalho colaborativo, repensando-se a organização escolar, infraestrutura, materiais e estratégias pedagógicas. Relatam ainda a importância de minimizar a esportivização da educação física escolar e da importância da participação família na inclusão dos estudantes com deficiência.

A inclusão nas aulas de Educação Física é um desafio que esperamos melhorar com esse material e com sua prática mais consciente.

Apresentando-me


Meu nome é Vicente Paulo Batista Dalla Déa, sou professor de Educação Física formado na Universidade Estadual Paulista – UNESP – câmpus de Rio Claro – SP, no ano de 1998 e atualmente moro em Goiânia - GO.

Me interessei em saber mais sobre a pessoa com deficiência e todas as questões que norteiam essa discussão há mais de duas décadas, ainda quando era estudante do ensino fundamental em uma escola municipal pública localizada no interior de São Paulo na cidade de Brotas, quando naquela época eis que surge na aula de Educação Física um garoto com a mesma idade minha e dos meus colegas de sala, com uma característica que diferenciava de todos nós, ele tinha síndrome de Down.

O primeiro contato foi mais impactante para nós do que para ele, pois focamos muito na diferença e esquecemos das semelhanças como por exemplo, ele tinha capacidade de aprender, tinha habilidade motora, tinha objetivos nas aulas, cumpria o horário das aulas religiosamente, enfim era muito mais parecido do que diferente.

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Nesse episódio devo destacar aqui a participação fundamental do nosso professor de Educação Física da época, o professor Vicente Dalla Déa, carinhosamente e respeitosamente chamado de professor e orgulhosamente chamado de pai, por mim. Digo orgulhosamente porque além dos ensinamentos em casa juntamente com minha querida mãe, eu tinha a possibilidade de conviver e aprender com ele nas aulas de Educação Física escolar.

Recém formado, tive a oportunidade de dar aula de educação física em uma escola especial para alunos surdos, onde atuei voluntariamente por aproximadamente um ano e meio. Meu interesse em conhecer mais sobre a pessoa com deficiência aumentou após o nascimento da minha filha Ana Beatriz que tem síndrome de Down, hoje com 15 anos. Na foto acima estou com meus filhos Ana Beatriz e Lucas.

Atualmente dou aula no ensino superior e uma das disciplinas que ministrei foi o estágio, cujo o objeto central é a pessoa com deficiência e tive a oportunidade de conhecer uma escola especial na cidade de Goiânia onde fiquei por vários semestres. Essa escola fez com que me sentisse motivado em buscar mais o conhecimento sobre esse público e busquei esse conhecimento no ano de 2017 ao ingressar no mestrado Profissional em Ensino na Educação Básica, no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação – CEPAE.

Esse trabalho teve a participação direta da minha orientadora a qual faço questão de mencioná-la, pois sem sua contribuição e experiência na área da inclusão não seria possível, obrigado professora Dra. Ana Paula Salles da Silva.