Visibilidade do Esporte e
Atleta Paralímpico
Parte 1 - Contextualizando a Visibilidade do esporte e atleta Paralímpico

4. Análise da visibilidade do esporte paralímpico nos trabalhos de mestrado e doutorado no Brasil

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Autores:Vanessa Helena Santana Dalla Déa, Talita Azevedo, Diogo Menezes

Os estudos desenvolvidos nos cursos de pós-graduação a nível de mestrado e doutorado podem levar discussões apaixonadas e acaloradas do esporte paralímpico e as muitas variáveis que envolvem uma grande diversidade de temas como: a relação da sociedade com as pessoas com deficiência e vice-versa, discussões sobre formação de técnicos e classificadores para atuação no esporte paralímpico, analises de condições e características fisiológicas, biomecânicas, anatômicas entre outras, políticas públicas para efetivação do esporte e da inclusão, acessibilidade e tantos outros diferentes temas. “As possibilidades de discutir o desporto praticado pelas pessoas em condições de deficiência são inúmeras” (FLORENCE, 2009, P.23).

Esse trabalho tem como objetivo quantificar, categorizar, apresentar, e discutir os trabalhos de mestrado e doutorado que envolvem o Movimento Paralímpico.

Acreditamos que esses trabalhos dão visibilidade para o esporte paralímpico nos programas de pós-graduação no Brasil, suscitam discussões e perceptibilidade que podem resultar em interesse de outros pesquisadores, e em possibilidade de desenvolvimento dos esportes paralímpicos.

Para esse proposito buscamos os trabalhos na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, a qual na data da pesquisa incluindo 115 instituições e mais de 700 mil trabalhos de mestrado e doutorado. Utilizamos como ponto de partidas as palavra-chave Paralímpico e paraolímpico, considerando a mudança do termo e respeitando-os como sinônimos. Realizamos também uma busca da palavra olímpico. Buscando analisar o interesse dos cursos de pós-graduação pelos temas.

Encontramos 54 dissertações e teses com indicação da palavra paralímpico ou paraolímpico no título, resumo ou palavra-chaves. Encontramos para “Paraolímpico” 21 trabalhos, “Paralímpico” 33. Ao analisar os títulos e resumos verificamos que nove se repetem e dois trabalhos apesar de citar a palavra paralímpico não estudam o movimento paralímpico, resultando então em 38 os quais analisaremos qualitativamente nesse capítulo. Sendo oito trabalhos de doutorado e trinta de mestrado.

Da mesma forma buscamos a presença da palavra olímpico nas mesmas partes dos trabalhos, retiramos os trabalhos repetidos e que não dizem respeito ao movimento olímpico, e encontramos 185 trabalhos de mestrado e doutorado. Esses primeiros resultados mostram a predominância dos estudos sobre esportes e movimento Olímpico sobre Paralímpico nos cursos de pós-graduação.

Ao verificar o ano de defesa dos 38 trabalhos sobre movimento paralímpico encontramos: um em 2004, dois em 2006, um em 2008, um em 2009, um em 2011, três em 2012, três em 2013, um em 2014, dois em 2015, seis em 2016, sete em 2017, oito em 2018, e dois em 2019. Podemos verificar um aumento significativo a partir de 2016 com a Paralimpíadas do Rio de Janeiro.

Quanto às instituições de realização dos trabalhos a Unicamp e UFRGS tiveram 05 trabalhos realizados em cada uma, a UFRN e UNB foram responsáveis por 04 trabalhos cada, Mackenze, UEL, UNESP e UNINOVE por 02 trabalhos e Faculdade Getúlio Vargas, Metodista de São Paulo, UFAM, UFES, UFMG, UFP, UFSC, UFV, UNIFOR, UNIGRANRIO, UNISINO E USP por 01 trabalho cada. Outro fato interessante é que esses trabalhos foram desenvolvidos e deram visibilidade para o esporte paralímpico em programas de pós-graduação de diferentes áreas como: ciências da saúde, tecnologia, reabilitação, engenharia, história, administração, jornalismo, linguística e arquitetura.

Ao ler os resumos dos trabalhos verificamos as muitas diferentes vertentes e direcionamentos de pesquisa, e como abrangem tanta diversidade foi difícil categorizá-los. No entanto nesse esforço categorizamos em: Mídia e paralimpíadas (02), Especificidades de esportes paralímpicos (14), Aspectos biodinâmicos do esporte paralímpico (09), aspectos psicossociais do esporte paralímpico (13).

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Mídia e paralimpíadas

Abordando especificamente média e paralimpíadas encontramos apenas dois trabalhos realizados nos cursos de pós-graduação na base de dados pesquisada. Mesmo assim resolvemos dar destaque nesses colocando em uma análise diferenciada pela equivalência com o tema desse livro.

A maioria dos artigos científicos que abordam mídia e deficiência buscar verificar de que forma as pessoas com deficiências são retratadas pelos diferentes tipos de mídias. Nas duas dissertações que encontramos sobre o tema a ênfase dada foi diferente, sendo que uma analisou a percepção das pessoas com deficiência sobre essas publicações e a outra incorporou a analise crítica da mídia em sua pratica pedagógica.

Mavignier (2013) realizou sua pesquisa de mestrado analisando as revistas Veja, Época e Isto é, verificando a percepção das pessoas com deficiência sobre publicações de 2012 sobre os jogos paraolímpicos, e nas datas relacionadas à luta das pessoas com deficiência. Os resultados indicaram que a representação mais presente no período foi a da superação, que as pessoas com deficiência física se incomodam com essa ênfase e querem ser representadas de uma forma mais humana e inclusiva.

Para Patrinhani (2018) os discursos midiaticamente construídos e divulgados influenciam a “leitura do mundo” realizada por estudantes e assim buscou em sua pesquisa planejar e desenvolver uma prática pedagógica na Educação Física escolar voltada à elaboração do pensamento crítico e autônomo. Para isso analisou com os educandos as mensagens midiáticas em relação às Olimpíadas e Paralimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro buscando desenvolver o ensino da Educação Física crítica e romper a visão estereotipada em relação a esse componente curricular.

Especificidades de esportes paralímpicos

Nessa categoria apresentamos trabalhos de mestrado e doutorado que discutem alguma variável a partir de uma modalidade do esporte paralímpico. Sendo encontrados trabalhos que discutem esportes paralímpicos e demandas especificas (04), formação e carreira (03), classificação, organização e conceituação (05), e financiamento e patrocinadores (02).

Os esportes paralímpicos possuem especificidades que se diferenciam dos esportes convencionais. Encontramos em nossa pesquisa quatro estudos que buscam responder questões sobre essas especificidades como: demandas de deslocamento no basquete de cadeira de rodas, relação entre envergadura e performance no levantamento supino, desempenho no salto em distância paralímpico e os padrões e possíveis irregularidades no jogo de goalball.

O basquete em cadeira de rodas foi o foco do estudo de mestrado de Carvalho (2018), discutindo especificamente aspectos referentes ao estresse fisiológico e às demandas de deslocamento da modalidade em jogos oficias. Participaram da pesquisa nove atletas de três equipes da primeira divisão nacional. Os resultados fornecem importantes informações relacionadas às demandas de jogos que podem auxiliar na elaboração de treinos mais específicos.

Amorim (2019) realizou uma pesquisa com 17 atletas do halterofilismo paralímpico e analisou a relação entre envergadura e ativação mioelétrica em diferentes grupos musculares durante o levantamento supino. O estudo traz conclusões que indicam que há relação de causa e efeito entre a envergadura e ativação mioelétrica na musculatura investigada, evidenciando que a envergadura tem influenciado na seleção natural para para-atletas de levantamento supino.

O estudo de Silva (2018) teve como objetivo investigar o desempenho do salto em distância paralímpico em razão do tipo de comando de transição, da localização do atleta-guia e da localização em que o saltador se encontrava no momento do comando de transição. Participaram da pesquisa oito saltadores de nível internacional, com deficiência visual e seus respectivos atletas-guia. Os resultados mostraram que os comandos por palma e voz, as localizações do atleta-guia, localização do saltador a distância da tábua podem trazer melhores índices para o salto.

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Morato (2012) realizou um estudo no doutorado sobre os padrões e possíveis irregularidades no jogo de goalball, verificando diferenças no rendimento competitivo das equipes e para isso analisou os jogos por meio dos princípios ofensivos e defensivos do ciclo auto-organizacional dos sistemas-equipe. Em sua pesquisa analisou vídeos de dez partidas de jogos de GoalBall nos Jogos Paralímpicos de Pequim 2008. Foram verificadas variáveis como: situações que mais precederam os arremessos, influencia da solicitação de tempo, como aconteceu o ataque, a defesa, as penalidades, sistema tático e técnicas específicas, entre outros.Apesar de diferentes ênfases e direções os cinco estudos analisados têm em comum análise de uma especificidade de uma das modalidades paralímpicas.

Analisando formação e carreira no esporte paralímpico elencamos três estudos, sendo que dois dizem respeito à carreira de treinadores e um sobre a carreira de atletas. Os estudos têm em comum a discussão com maior ou menor intensidade sobre a necessidade da reflexão e desenvolvimento da formação de técnicos no movimento paralímpico.

Em estudo recente Silva (2018) relata que existe uma grande lacuna nos estudos sobre os conhecimentos e a aprendizagem do treinador para intervenção nos esportes paralímpicos. A pesquisadora realizou uma pesquisa que buscou analisar a percepção de quatro treinadores de Bocha Paralímpica acerca dos conhecimentos necessários para a intervenção profissional. A pesquisa apontou conhecimentos importantes para a intervenção desses técnicos como conhecimentos específicos do bocha, sobre os atletas, capacidade de comunicação e proximidade com os atletas, devido aos comprometimentos advindos da deficiência. Os técnicos ressaltaram as situações de aprendizagens ocorridas no contexto informal, no dia-a-dia do treino e competições, no compartilhamento das informações com outros treinadores e profissionais da Bocha Paralímpica, e na observação.

Pena (2018) realizou uma pesquisa de doutorado com quatorze treinadores das seleções nacionais paralímpicas das modalidades: atletismo e natação abordando diferentes variáveis quanto a formação e intervenção do professor de Educação Física no esporte paralímpico. Entre as responsabilidades de formação para atuação no esporte paralímpico foram apontados elementos como: os conteúdos relacionados à classificação desportiva, deficiências e modalidades paralímpicas; prática; isolamento do desporto paralimpíco nos currículos; possibilidade de aproximação entre Comitê Paralímpico e a Universidade; formação continuada; experiências de contato com a pessoa com deficiência.

Denardin Cardoso (2016) realizou uma pesquisa que teve como objetivo analisar o desenvolvimento da carreira esportiva de atletas paralímpicos no Brasil envolvendo 20 atletas paraolímpicos das modalidades contemplados pela Bolsa-Pódio do Programa Bolsa-Atleta do Ministério do Esporte. Os resultados da pesquisa mostram que os principais motivos pelos quais os atletas iniciam no esporte paraolímpico são oportunidade de Acesso à prática, prazer pela prática, Reabilitação e inspiração em ídolos paraolímpicos.

A carreira de treinadores e atletas no esporte paralímpico ainda necessita de muitos estudos discussões e principalmente de políticas públicas e incentivos.

A cada Jogos Paralímpicos novas modalidade são inseridas, sendo que no primeiro jogos (Heidelberg em 1972) eram apenas quatro modalidades, e nas ultimas cinco últimas edições aumentaram da seguinte forma respectivamente: 2000 em Sydney nove, 2004 em Atenas treze, 2008 em Beijing dezessete, 2012 em Londres dezoito e em 2016 no Rio de Janeiro vinte e dois. Esse aumento progressivo exige constantes organizações, classificações e conceituações dentro do movimento paralímpico. Na nossa pesquisa encontramos nos trabalhos de mestrado e doutorado cinco estudos nesse sentido.

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A classificação é um desafio para o esporte paralímpico e é fundamental para que as competições ocorram de forma mais justa agrupando atletas com condições de participação do esporte parecidas e verificando a elegibilidade das pessoas para participar do esporte. Gatti (2013) realizou um estudo de mestrado discutindo e propondo um sistema de classificação dos atletas no esporte paralímpico handebol. Relata que o handebol é um esporte paralímpico novo que surgiu em 2005 e que não havia um sistema de classificação funcional próprio para a modalidade.

Oliveira (2017) realizou um estudo envolvendo o basquetebol em cadeira de rodas que teve como objetivo analisar os níveis de classificação funcional e correlacionar com parâmetros isocinéticos da articulação do ombro de 22 atletas. Na conclusão o pesquisador relata que a ampla variabilidade de fatores como tipo de lesão, etiologia e gênero dificultou a análise dos dados e indica que em estudos futuros amostras mais homogêneas sejam utilizadas.

Em sua pesquisa de mestrado Schumacher (2018) analisou a estrutura organizacional do judô paralímpico brasileiro e seu funcionamento. O autor relata que o judô paralímpico tem apresentado resultados significativos, mas que sua organização é bastante recente. Relata ainda que verificou em seus estudos que o judô paralímpico tem se utilizado das mesmas organizações do judô convencional, o que pode ser repensado buscando independência e autossuficiência com criação e organização de federações estaduais representativas da modalidade.

O Para-Taekwondo foi objeto de estudo no mestrado de Patatas (2012) e teve como objetivos gerais apresentar aos profissionais da área da Educação Física conhecimentos sobre a modalidade em nível nacional e internacional e tecer considerações sobre os caminhos que ainda necessitam ser percorridos. Para a pesquisa foram realizadas dezessete entrevistas com professores e técnicos de Taekwondo convencional que trabalham com a modalidade no Brasil, e com sete professores/técnicos envolvidos com o ParaTaekwondo no Brasil, Canadá, México, Guatemala e Venezuela. O trabalho conclui que a estruturação e desenvolvimento do Para-Taekwondo no continente Americano está iniciando, necessitando de melhor preparação de professores e ambientes que cercam essa prática.

Oliveira (2019) realizou seu estudo de mestrado intitulado “O atleta com deficiência no contexto paraolímpico: uma análise dos frames que entram no jogo”, que está vinculado ao projeto de desenvolvimento do Dicionário Paraolímpico. A pesquisa investiga uma rede de conceitos sobre o movimento da pessoa com deficiência, o atleta paraolímpico e Paralimpíadas em bibliografias, documentos oficiais, vídeos e textos jornalísticos do período dos Jogos Paraolímpicos de 2016. Por meio dos resultados pode se verificar que a concepção de atleta paraolímpico se aproxima de atleta olímpico, mas que os frames de pessoa com deficiência construído pela sociedade deixa resquícios.

Considerando o desenvolvimento do movimento e modalidades paralímpicas mais estudos dessa natureza precisam ser realizados, minimizando a lacuna que se aumenta gradativamente.

Como em qualquer esporte de alto rendimento, o financiamento e patrocínio é fundamental para a sobrevivência do esporte paralímpico. Encontramos dois trabalhos que fazem essa discussão.

Rodrigues (2016) realizou uma pesquisa que analisou o processo de formulação, implementação e avaliação do Programa Bolsa-Atleta do Governo Federal, analisou a aplicação e a influência do benefício na preparação esportiva do atleta. Em sua pesquisa realizou entrevistas semiestruturadas, aplicação de questionários e análise de documentos. Entrevistou dez pessoas entre gestores esportivos, auditores fiscais e consultores legislativos, e aplicou questionário com 6.132 atletas praticantes de modalidades olímpicas e paralímpicas, contemplados com a bolsa-atleta em 2015. Os resultados indicam que o Programa Bolsa-Atleta cumpre o papel de auxiliar o atleta na preparação esportiva, mas que existem entraves na avaliação e implementação do Programa.

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Marques (2015) realizou um estudo para analisar a percepção dos espectadores/consumidores a respeito dos patrocínios do esporte Olímpico e Paralímpico Brasileiro: o Comitê Olímpico Brasileiro e o Comitê Paralímpico Brasileiro. Por meio de questionários foi possível verificar que a percepção dos consumidores sobre os patrocinadores de ambas as organizações esportivas é parecida.

Aspectos biodinâmicos do esporte paralímpico

Entre os estudos realizados nos cursos de pós-graduação que encontramos na Biblioteca Digital de Dissertações e Teses caracterizamos como estudos que dizem respeito à aspectos biodinâmicos do esporte paralímpico estudos que abordam variáveis da saúde (05), fisiológicas (02), e relativas à tecnologia assistiva (02).

Os próximos cinco estudos à serem apresentados dizem respeito à aspectos relativos à saúde e à agravos dessa, discutindo variáveis como lesões, patologias, equilíbrio e qualidade de vida.

O estudo de Coelho (2017) analisou o estado de saúde e desfechos indesejáveis do esporte paralímpico. A autora relata que a prática do esporte paralímpico pode diminuir os agravos de saúde presentes na vida da pessoa com deficiência, mas que também podem favorecer lesões e outros desfechos indesejáveis. As conclusões da pesquisa são que a menor dificuldade relatada no autocuidado por pessoas com deficiência que praticam esportes pode predizer desfechos indesejáveis.

Gurgel (2017) realizou uma pesquisa que verificou as percepções sobre a qualidade de vida e sua influência em atletas paraolímpicos com lesão medular. Os resultados indicaram que a prática do esporte paralímpico trouxe a melhoria de aspectos sociais, controle emocional, controle motor, e benefícios para a saúde.

Lopes (2013) realizou uma pesquisa na modalidade futebol de sete para avaliar o equilíbrio postural de 28 sujeitos, sendo 14 atletas e 14 não-atletas. Esse esporte é praticado por pessoas com sequela de paralisia cerebral que naturalmente possuem dificuldades no equilíbrio. Nessa pesquisa os resultados mostraram que os atletas apresentavam menos equilíbrio que os não atletas, reforçando a necessidade de um trabalho especifico para melhora dessa capacidade física.

A intensidade e frequência nos treinamentos e competições exigidas no esporte paralímpico podem aumentar os índices de lesões esportivas traumato-ortopédicas. Assim a pesquisa de Vital (2011) teve como objetivo analisar as lesões traumato-ortopédicas mais frequentes nos atletas paraolímpicos e suas características. Participaram do estudo 82 atletas paraolímpicos da Seleção Brasileira de Atletismo, Halterofilismo, Natação e Tênis de mesa. Os resultados apontaram que em todos os esportes pesquisados o predomínio das lesões músculo-tendíneas apareceu, tendo como localização no atletismo, lesões nos membros inferiores, no halterofilismo na coluna vertebral e membros superiores, na natação e no tênis de mesa, nos membros superiores e coluna vertebral.

Prevenção de lesões e melhora do rendimento de atletas cadeirantes do paratletismo de lançamentos de dardo e disco foi a discussão proporcionada pelo trabalho de mestrado de Pinto (2018). Considerando que a presença de lesões é constante e que essa atrapalha a performance do atleta, a pesquisa teve como abordagem metodológica a Análise Ergonômica do Trabalho. Os resultados indicaram a adoção de diferentes modos operatórios, pelos atletas, nos contextos de treino e competição, sendo que alguns favorecem as Lesões musculoesqueléticas, e inibem melhores rendimentos.

Apesar de os pesquisadores apontarem o desgaste e agravos da saúde de atletas com deficiência de alto rendimento, provenientes do excesso de treinamento, os estudos apontam em algum momento os benefícios do esporte paralímpico para esses atletas.

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As influências de demandas fisiológicas no esporte paralímpico foram estudadas em dois trabalhos que encontramos, um sobre demandas fisiológicas com o esporte e outro sobre a influência de uma demanda fisiológica imposta antes de uma prática paralímpica.

A pesquisadora Seron (2016), em sua tese de doutorado analisou a demanda fisiológica do jogo de basquete em cadeiras de rodas de acordo com os tipos de deficiência, classificação funcional e posição em quadra. Passa isso avaliou 34 atletas do sexo masculino, de cinco equipes da primeira divisão nacional e utilizou medidas de frequência cardíaca, variabilidade de frequência cardíaca, concentração de lactato sanguíneo, carga interna e cortisol salivar durante os jogos. Entre os resultados pode-se verificar que o basquete de cadeiras de rodas é bastante exigente em relação ao estresse cardiovascular, e que as diferentes deficiências motoras respondem fisiologicamente de maneira diferenciada ao jogo.

Rego (2016) realizou uma pesquisa sobre efeito da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre o controle do movimento em para-halterofilistas. Participaram do estudo oito atletas, que receberam a estimulação transcraniana antes de executar o movimento. Por meio de filmagem foi possível ver que a técnica modificou trouxe modificações do movimento. Os resultados indicam que a estimulação proposta proporciona efeitos diferentes de acordo com a deficiência.

Segundo a Lei Brasileira de Inclusão (BRASIL, 2015) Tecnologia assistiva são produtos, equipamentos, serviços e outros elementos que buscam promover a funcionalidade, melhorando a participação da pessoa com deficiência, com autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. A tecnologia assistiva ou ajuda técnica tem sido desenvolvida dentro e fora do esporte e encontramos dois trabalhos que abordam esse assunto nos programas de pós-graduação do Brasil.

Marques (2017) analisou em sua pesquisa a análise dos fatores ambientais associados ao esporte paraolímpico e a influência das tecnologias assistivas. Participaram do estudo 63 indivíduos praticantes de esporte paraolímpico. Os resultados desse estudo revelaram que a tecnologia assistiva atua no esporte paralímpico tanto como barreira, quando não é adequada, quanto como facilitador, promovendo melhor desempenho e satisfação dos atletas.

Cordovil Junior (2016) realizou seu estudo de mestrado sobre uma proposta de Sistema de localização e correção de trajetória para atletas com deficiência visual em modalidade de corrida em pista. O autor relata que na corrida paralímpica para cegos o atleta necessita de um guia humano para sua participação, que corre ao seu lado com uma corda que os une segurando na mão. Discute a dificuldade em se ter uma pessoa que tenha as mesmas condições do atleta cego, e que problemas como falta de afinidade ou dificuldades nas tratativas profissionais podem trazer transtornos no treinamento. Assim propõe um sistema que traz autonomia para o atleta cego por meio de uma proposta de um dispositivo de correção de trajetória em corridas paralímpicas de atletismo.

Aspectos psico-sociais do esporte paralímpico

Os aspectos psico-sociais e suas relações com o esporte paralímpico foi outra categoria encontrada na nossa pesquisa com trabalhos que abordavam: identidade e sociedade (08), motivação e qualidade de vida (02), barreiras, facilitadores e mobilidade (03).

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Dentre os estudos de mestrado e doutorado estudados verificamos oito que buscam analisar o relato das pessoas com deficiência sobre a influência do esporte paralímpico na identidade, na visão que a sociedade tem sobre a deficiência e sobre a inclusão social ou escolar. Nesses trabalhos são discutidos questões como: qual a relação dos esportes paralímpicos nos papéis e valorização sociais que os atletas desempenham? Como foi a trajetória de atletas paralímpicos, história de vida, preconceitos sofridos, dificuldades encontradas, participação e experiência? E como foi a inclusão escolar de pessoas que hoje vivenciam a inclusão no meio esportivo e na sociedade?

O trabalho realizado por Cidade (2004) analisou o relato de mulheres atletas paralímpicas selecionadas para a Paraolimpíada de Sydney em 2000. As entrevistas foram realizadas dentro da Vila Paralímpica envolvendo 10 atletas e buscou investigar como essas estabelecem relações e interdependências entre os diferentes papéis sociais que exercem. O estudo verificou que os papéis sociais se misturam, mas os estigmas se modificam dependendo de onde a pessoa se encontra. Realizando papeis social comuns o estigma da deficiência total permanece, mas quando assume o papel de atleta paralímpico vivência valorização e outro olhar da sociedade.

Investigar a trajetória de 20 atletas de ouro nas Paralimpíadas de Atenas 2004 e as percepções sobre o sucesso foi o objetivo do estudo desenvolvido por Florence (2004). Por meio de entrevista verificou-se a trajetória dos atletas no segmento e Educação Física escolar, envolvimento com o desporto adaptado, o olhar da mídia, o apoio familiar, a importância do apoio financeiro e as possíveis contribuições para com o desporto adaptado. Verificou-se que para essas pessoas o esporte paralímpico foi importante na (re)construção de vida, com a conquista da segurança, a recuperação da autoestima, a ampliação das oportunidades e as percepções de potenciais, trazendo benefícios orgânicos, familiares, sociais e financeiros.

A participação de atletas com deficiência visual sul-rio-grandenses nos Jogos Paralímpicos, nas edições de 1984 até 2012 foi analisada por Carmona (2015). Por meio de entrevistas e estudos bibliográficos e documentais o pesquisador traz em sua dissertação de mestrado três estudos que são independentes, mas que se relacionam. O primeiro apresenta o cenário histórico dos esportes para pessoas com deficiência visual na cidade de Porto Alegre, enfocando as instituições responsáveis. O segundo estudo teve como foco o depoimento de três mulheres atletas paralímpicas sul-rio-grandenses com deficiência visual. E o terceiro apresenta o percurso de dois medalhistas com deficiência visual do estado do Rio Grande do Sul praticantes de esportes coletivos nos Jogos Paralímpicos. O pesquisador conclui que os atletas pesquisados, apesar de poucos, possuem históricas únicas, que ao serem somadas, contribuem para a construção do cenário histórico da participação brasileira no evento.

Em sua pesquisa de mestrado Benfica (2012) entrevistou dez atletas paralímpicos brasileiros medalhistas de, pelo menos, uma Paralimpíada com objetivo de conhecer a trajetória esportiva desses, discutindo o processo de aderência ao esporte adaptado, as dificuldades enfrentadas pelos atletas ao longo da carreira esportiva e as mudanças positivas proporcionadas pelo paradesporto. Foi possível verificar no estudo que os fatores que favorecem a aderência ao esporte paralímpico relatados são: influência dos programas de reabilitação, técnicos, treinadores envolvidos no paradesporto e de familiares. Os atletas relataram que o esporte paralímpico traz benefícios como: melhor aceitação pessoal; aumento de oportunidades econômicas, culturais e educacionais gerado pela profissionalização esportiva; e aumento do reconhecimento social do atleta e da sua identificação como herói, ídolo, exemplo a ser seguido. A pesquisa aponta que: “Todas essas transformações, segundo as narrativas, incrementaram suas relações pessoais e sociais e contribuíram na melhoria da qualidade vida” (p.10).

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Montenegro (2017) realizou uma pesquisa no Mestrado em jornalismo e teve como objetivo produzir um livro-reportagem sobre cinco atletas paraibanos que competiram nas Paralimpíadas Rio 2016. O livro-reportagem é efetivado com entrevistas aprofundadas e nesse estudo os atletas relataram como iniciaram suas atividades no paradesporto, a história de vida, os preconceitos sofridos, as dificuldades por conta da deficiência para poder competir, assim como a participação e experiência durante os Jogos.

Souza (2014) analisou o papel e a importância da prática de esporte na dinâmica social e na reinvenção da identidade vivida por dez atletas com deficiência da modalidade atletismo. Como vimos, o autor também relata a necessidade de estudos a respeito do esporte paralímpico e a respeito da identidade social de pessoas com deficiência que praticam esporte. Relata ainda que estudos dessa natureza podem auxiliar na consolidação das pessoas com deficiência como potência nos Jogos Paraolímpicos.

Novaes (2006) em sua pesquisa analisou os significados culturais que vêm sendo atribuídos aos atletas com deficiência física que utilizam cadeira de rodas, e formas de potencializar seu uso. A partir das observações no meio esportivo e social a pesquisa aponta que, percebendo a relação corpo-tecnologia, é possível reconhecer possibilidades de perceber esses corpos como híbridos, ciborgues, potencializados tecnologicamente, podendo visualizar rupturas com as concepções construídas culturalmente.

A inclusão escolar da pessoa com deficiência foi objeto de estudo de Marsiglia (2016), que optou em investigar essa variável por meio de relato de cinco atletas paralímpicos. As hipóteses do estudo que se confirmaram com os resultados foram que a escola a escola regular não consegue realizar a inclusão da pessoa com deficiência, promovendo apenas sua inserção, e que o esporte promove a “ecologia da ação e auxilia o desenvolvimento do ser”.

Apesar de diferentes ênfases esses estudos têm em comum dar protagonismo para as pessoas com deficiência praticantes do esporte paralímpico enfatizando sua percepção sobre inclusão, sociedade e identidade. Abordando motivação e qualidade de vida elencamos dois trabalhos com uma tese de doutorado e um trabalho de mestrado.

A validação de um instrumento de motivação para pratica do esporte paralímpico, para competições e superação da derrota e manutenção das vitórias foi o objetivo do estudo de Hirota (2017). A pesquisa envolveu 771 paratletas e mostrou que o instrumento escolhido chamado TEOSQ é adequado para avaliação da motivação desse público. Concluiu-se que os para-atletas têm tendências motivacionais do tipo orientação para tarefa, apresentando preocupação em aprender, em se desenvolver e em cooperar com os companheiros de equipe, julgando que seus resultados de sucesso são decorrentes de seu esforço pessoal, e não ao acaso.

A análise dos fatores que influenciam a qualidade de vida de atletas paraolímpicos em ambientes de treinamento e competição foi objeto de pesquisa de Parreiras (2008). Fizeram parte do estudo 144 atletas de 13 diferentes modalidades esportivas. Os resultados indicaram que a maioria dos atletas se encontra satisfeita com a sua qualidade de vida

As barreiras e acessibilidade estão tão embrenhados no cotidiano das pessoas com deficiência que fazem parte inclusive do conceito de pessoa com deficiência. Segundo o artigo segundo da Lei Brasileira de Inclusão (13146/2015) são pessoas com deficiência aquelas que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Assim o estudo das barreiras, facilitadores e mobilidades são pertinentes e fazem parte das diferentes vivencias da pessoa com deficiência na sociedade, inclusive no esporte. No entanto só encontramos três estudos nesse sentido.

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Araújo (2017) analisou elementos facilitadores e dificultadores para a prática da natação de pessoas com deficiência física no Centro Olímpico e Paralímpico em Ceilância (DF). A pesquisadora relata que a natação é uma prática bastante procurada pelas pessoas com deficiência física que deve ser valorizada e ter seus benefícios divulgados. Relata que os principais fatores interferentes para essa prática verificados foram: o tipo e a severidade da deficiência, a dor, o peso corporal, o condicionamento cardiorrespiratório, a personalidade, o estado de humor, a experiência prévia com esportes, o apoio familiar, a integração social, a informação, a gestão e a atitude profissional, além das particularidades do ambiente aquático, da acessibilidade arquitetônica e urbanística, das instalações aquáticas e do transporte.

Teodoro (2007) realizou sua pesquisa de mestrado por meio de entrevistas com cinco atletas paralímpicos com deficiência física e visual que residem em São Paulo, com objetivo de identificar, descrever e analisar as condições dificultadoras ou facilitadoras encontradas na prática de atividades esportivas. Verificou que a reabilitação tem favorecido o ingresso no esporte paralímpico, e que muitas barreiras são encontradas para a pratica do esporte, desde as aulas de educação física na escola até o ingresso e treinamento no esporte paralímpico, como: transporte adaptado, locais apropriados para treinar, preconceito, problemas financeiros, e falta de preparo de profissionais. Os atletas pesquisados dizem que não existem elementos que facilitam a prática do esporte paralímpico, mas o pesquisador verificou que fatores como apoio familiar e incentivo financeiro oferecido pelo governo podem atuar nesse sentido. Os resultados da pesquisa apontam ainda que o esporte de alto rendimento necessita de divulgação para toda a sociedade e de políticas públicas.

Freitas (2018) realizou seu doutorado em História, Política e Bens Culturais, analisando a influência dos megaeventos que aconteceram no Rio de Janeiro como fatores que ajudaram a tornar a cidade como uma cidade inteligente. O pesquisador relata que o trabalho parte das vivencias da cidade de grandes tragédias e da necessidade de se adequar e tornar segura para megaeventos.

Considerações finais

A análise dos dados verificados nos 38 trabalhos (Teses e Dissertações) pesquisados na Biblioteca Digital Brasileira de Teses é Dissertações (BDTD) relacionados ao movimento paralímpico, fica evidente por meio do levantamento dos fatores quantitativos na produção destes trabalhos, constatou se um crescimento significativo (principalmente após às Paralimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro). Na maioria destes trabalhos possuem discussões e perceptibilidades que podem influenciar interesse de outros pesquisadores sobre o tema do esporte paralímpico, e inclusive, na possibilidade do desenvolvimento paralímpico. Podem levantar discussões envolvendo outros temas importantes e que podem contribuir na área da inclusão, da acessibilidade e do esporte paralímpico, como; relações da sociedade com pessoas com deficiências, formação de técnicos, classificadores para atuação no esporte, condições fisiológicas, biomecânicas, anatômicas entre outros. Após a quantificação dos trabalhos, buscou-se categorizar as diferentes vertentes e dar um direcionamento objetivo de análises dos trabalhos, em quatro categorias distintas.

A primeira categoria estudando aspectos específicos desse livro sobre mídia e paralimpíadas encontramos, 2 trabalhos evidenciaram formas que às pessoas com deficiência são representadas pelo Jornalismo, valendo-se de representações midiáticas de assistencialismo, inclusive pessoas com deficiência se incomodam muito com estas ênfases, querendo realmente serem representadas de uma forma mais humana é inclusiva, outro trabalho, buscou analisar como os discursos midiáticos influenciam a “leitura do mundo” utilizando práticas pedagógicas nas aulas de educação física, é com o intuito de que o aluno desenvolva pensamento crítico é autônomo.

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Na segunda categoria que chamamos de “Especificidades de esportes paralímpicos” verificamos trabalhos com diferentes ênfases que discutem variáveis a partir de uma modalidade do esporte paralímpico.

Abordando esportes paralímpicos e demandas específicas foram verificados em 4 trabalhos, buscaram responder questões sobre as diferenças é especificidades com o esporte convencional, consideramos alguns fatores destacados pelos autores que influenciam diretamente os atletas em seus rendimentos esportivos dos quais foram; demandas dos deslocamentos, envergadura, performance é desempenho. Destaca-se que os pesquisadores foram motivados pela necessidade e vontade de conhecer as especificidades das cinco modalidades paraolímpicas estudadas, buscando informações sobre o que essas modalidades se diferem das olímpicas.

Os 3 trabalhos discutiram sobre Formação e Carreira dos atletas é treinadores paralímpicos, consideramos é destacamos nestes trabalhos a importância da reflexão é desenvolvimento da formação dos atletas é técnicos e da necessidade de haver mais estudos é discussões sobre a carreira destes profissionais é de haver mais políticas públicas favoráveis ao esporte paralímpico, com mais incentivos para o esporte é o atleta. Outro fato relevante, é que de acordo com os relatos dos técnicos, eles só aprenderam a ser treinadores na interação com as pessoas com deficiência, ou seja, falta formação qualificada e iniciativas pois aqui, a especialização partiu do acaso.

Os 5 trabalhos envolveram “Classificação, Organização é Conceituação”, consideramos que o desenvolvimento destes temas se revelou de grande importância para o desenvolvimento do esporte paralímpico, tendo em vista a ascendente inserção de novas modalidades nos jogos paralímpicos, que em 2016 subiu para vinte é duas modalidades. Essa categoria trouxe alguns estudos sobre os desafios é a importância classificação funcional dos atletas, a importância das estruturas organizacionais, como por exemplo, na criação de organizações de federações estaduais para representar as modalidades. Demonstraram ainda que a estruturação é o desenvolvimento dos esportes paralímpicos no continente americano está apenas iniciando é coloca a necessidade de haver melhor preparação de professores e ambiente para que haja melhoras no desenvolvimento das modalidades. Conceitualmente considera-se que a concepção do atleta paralímpico se aproxima do olímpico, mas que os frames de pessoa com deficiência construído pela sociedade deixa resquícios.

“Financiamentos é Patrocinadores” do esporte paralímpico, foi abordado por apenas 2 trabalhos, consideramos que o esporte paralímpico requer maior é melhores apoios, atletas destacaram um importante benefício o “Programa Bolsa-Atleta”, um programa que busca auxiliar o atleta, no entanto, constatou-se entraves na pesquisa de avaliação é implementação do programa é reparasse aos atletas, ou seja, poucos atletas de alto rendimento recebem este benefício. Sobre os patrocínios, a pesquisa do único trabalho encontrado mostrou que as percepções são parecidas entre consumidores/espectadores de ambas organizações esportivas (olímpico é paralímpico), porém, devido a falta de outros trabalhos relacionados ao patrocínio do esporte paralímpico, não se pode considerar que tais percepções de consumidores/espectadores a respeito dos patrocínios sejam parecidas.

Dentro da categoria “Aspectos biodinâmicos do esporte paralímpico” verificamos trabalhos relativos ao funcionamento biológico e a utilização de tecnologia para sua melhora dentro do esporte paralímpico.

Sobre os 5 trabalhos encontrados discutem “Saúde”, considerando os efeitos positivos e negativos de se ser um atleta de auto rendimento. Evidenciaram aspectos tanto positivos como: os benefícios que o esporte traz para a saúde do atleta, melhorias nos aspectos sociais, controle emocional é no controle motor. No entanto, alguns aspectos negativos (agravos), como fatores de desgaste é excesso de treinamento podem resultar em lesões e alguns tipos de traumas para os atletas.

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Os únicos dois trabalhos encontrados dizem respeito às influências das demandas fisiológicas no esporte paralímpico, um tratando das demandas fisiológicas com o esporte é outro sobre a influência de uma demanda fisiológica imposta antes de uma prática paralímpica com o conhecimento do atleta das suas demandas fisiológicas. Nestes dois trabalhos, consideramos o quanto às novas tecnologias na área da saúde contribuem para apresentar às demandas fisiológicas dos atletas de alto rendimento favorecendo-o no conhecimento dos seus limites fisiológicos é contribuindo para seu planejamento, do técnico é no desempenho individual e do time.

Sobre “Tecnologias Assistivas”, evidenciou-se 2 trabalhos considerando a importância do desenvolvimento destas tecnologias dentro é fora do esporte. Os trabalhos destacaram fatores ambientais no esporte paralímpico e às influências das tecnologias assistivas, outra dessas tecnologias é um sistema utilizado pelo cego, tal sistema possibilita maior autonomia dessas pessoas uma vez não haverá necessidade do atleta guia.

Na categoria “Aspectos psicossociais do esporte paralímpico” incluímos trabalhos que discutem questões psicológicas, relação com a sociedade e fatores que influenciam nessas questões.

Com estudos direcionados à inclusão, papel social e identidade do atleta paralímpico destacamos 8 trabalhos e verificou-se diferentes ênfases dos autores nas abordagens. Os trabalhos apresentaram aspectos de valorização do atleta em detrimento do esporte praticado, a trajetória dos atletas, suas histórias de vida, os preconceitos é dificuldades, a inclusão escolar e a vivência no esporte e na sociedade. Enfatizam aquele indivíduo que antes era esquecido pela sociedade, mas que agora, com seu empenho e dedicação, conquista um nome, podendo representar seu país. Verificou-se que grande parte das pessoas com deficiências sentem-se estigmatizados, mas quando assumem papel de atleta paralímpico, sentem-se valorizados perante a sociedade, reconhecem inúmeros benefícios e conquistas que o esporte representa na construção de suas vidas, como: conquistas pessoais adquiridas, a conquista da segurança, recuperação da autoestima, ampliações de oportunidade, percepções de potenciais individuais, aprimoramentos culturais e educacionais advindos da profissionalização esportiva, melhoras financeira, além de inúmeros benefícios orgânicos. Inclusive os relacionamentos interpessoais destes atletas são beneficiados com a aceitação pessoal. Sobre questões dificultadoras os atletas relataram em comum barreiras presentes do esporte paralímpico, como: o preconceito, a falta de patrocinadores, a baixa divulgação midiática, despreparo de profissionais e a falta de acessibilidade em espaços urbanos e esportivos. Uma outra dificuldade colocada e na fase de inclusão escolar, em que as escolas regulares não conseguem realizar a inclusão da pessoa com deficiência por fatores como: a falta de profissionais capacitados, falta de estrutura arquitetônicas adequadas nas escolas com adaptações acessíveis que contemplem a todas pessoas com deficiência.

Os 3 trabalhos “Barreiras, Facilitadores é Mobilidade”, os fatores em comuns relatados nos trabalhos consideramos às características mais expostas nos trabalhos foram desde fatores de saúde é a própria condição da deficiência dos atletas, fatores sociais, familiares, falta de informação sobre o esporte, gestão inadequada, profissionais incapacitados, barreiras arquitetônicas é urbanísticas de acessibilidade, preconceito, dificuldades financeiras é a falta de apoio dado pelo governo. Consideramos portanto, os inúmeros entraves quando se observa a respeito das barreiras é sobre os facilitadores da mobilidade dos atletas pesquisados, entende-se que o esporte paralímpico necessita de um melhor apoio das políticas públicas, assim como maior divulgação para sociedade, entretanto os relatos dos atletas nestes trabalhos, denota um descaso com relação aos direitos de acessibilidade às pessoas com deficiência de acordo com o artigo segundo da Lei Brasileira de Inclusão (n°13146/2015), ou seja, os atletas relataram que infelizmente não existem elementos que facilitem a prática de um esporte paralímpico no Brasil.

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Quando se discute visibilidade do esporte paralímpico pensa-se logo na visibilidade na mídia na televisão, nos jornais e nas rádios. Mas enquanto professores e discentes de uma universidade pública a questão sobre “e a visibilidade que temos dado ao esporte paralímpico dentro das universidades?” apareceu como questão necessária de ser discutida. Verificamos que precisamos de mais estudos que abordem o esporte paralímpico nas diferentes áreas. Acreditamos que a universidade tem muito a aprender com o movimento, esportes e atletas paralímpicos. Ao mesmo tempo a universidade também pode contribuir com a melhora do desenvolvimento e da visibilidade do esporte paralímpico.

Muitas ênfases e caminhos poderiam ser tomadas nesse trabalho, mas tínhamos que escolher um direcionamento, certamente ficaram lacunas que podem e devem incentivar novos e muitos outros trabalhos acadêmicos nas universidades.

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