Autoras: Aline Martins Neto, Ana Flavia Teodoro de Mendonça Oliveira, Maria de Fatima Teixeira, Tatiane Soares dos Santos, Vanessa Helena Santana Dalla Déa
Introdução
É notório que nos últimos anos avanços importantes em relação à formação de professores no Brasil vêm acontecendo com a implementação de leis no âmbito das políticas públicas educacionais, que asseguram aos educadores uma qualificação e valorização do trabalho docente, como ressalta a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9394/96 garantindo em seu Art. 62º que:
A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal (BRASIL, 1996).
Quando discutimos sobre formação docente, consideramos que isso se limita a fazer um curso de graduação e assim nos tornarmos bons professores, qualificados para dar aula. Entretanto, ser professor requer mais do que isso, é fundamental que o professor esteja em um constante processo de formação.
Em 1990, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), associado com os sistemas de ensino estaduais e municipais, elaborou novos programas de formação continuada para os profissionais da educação básica, em especial para os professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9394/96 garante em seu Art. 67 inciso II, “aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim” (BRASIL, 1996). Ainda sobre o assunto, esclarece Nóvoa:
A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re) construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir a pessoa e dar estatuto ao saber da experiência (NÓVOA, 1995, p.25).
Para Mantoan (2003), escolas de qualidade são ambientes educativos que constroem personalidades humanas, autônomas e críticas, onde crianças e jovens aprendem a ser pessoas. Segundo a autora, esses espaços educativos deveriam ensinar a valorização à diferença pela convivência com seus pares, sem competições, mas com espírito solidário e participativo. É de suma importância adotar medidas que proporcionem o processo de escolarização, dando significado à presença do aluno com deficiência na sala comum.
Nesse contexto, a inclusão consiste em uma luta travada por sujeitos sociais dentro de um contexto histórico-social. Em boa verdade, trata-se de uma prática cultural, complexa e paradoxal, com sentido de luta, de embate, que convive necessariamente com o seu contrário – a exclusão –, mas que se estabelece na direção de questionar e superar práticas sociais baseadas na desigualdade (MANTON, 2003).
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 53, garante que toda criança e adolescente têm o direito à educação, tendo em vista o pleno desenvolvimento da pessoa, quanto ao seu preparo para a cidadania e qualificação para o trabalho, garantindo-lhes: igualdade de acesso à escola pública gratuita e perto de sua residência e permanência na mesma (BRASIL 1990). A inclusão educacional requer professores preparados para atuar na diversidade, compreendendo as diferenças e valorizando as potencialidades de cada estudante de modo que o ensino favoreça a aprendizagem de todos.
Página 67Pimentel (2012) ressalta que a inexistência desta formação gera o fenômeno da pseudoinclusão, ou seja, apenas da figuração do estudante com deficiência na escola regular, sem que o mesmo esteja devidamente incluído no processo de aprender. Estar matriculado e obter frequência satisfatória em classe do ensino regular não significa estar envolvido no processo de aprendizagem daquele grupo.
Segundo Mittler apud Mantoan (2003, p 14), “a maioria dos professores do ensino regular se considera incapaz para receber alunos com deficiência dizendo não saber lidar com as diferenças e os desafios que elas acarretariam”. Com isso encontram-se despreparados tanto no quesito teórico, estando esse relacionado com o saber sobre a deficiência e aprendizagem desse aluno, quanto na práxis pedagógica, sem saber quais atitudes metodológicas podem estimular o aprendizado desses alunos.
Para Dalla Déa (2009), a inclusão de crianças com síndrome de Down no sistema de ensino regular representa um maior desafio para os educadores pela falta de informações reais sobre a síndrome. Nesse contexto, a deficiência intelectual ganha um destaque, pois essa é uma característica que todas as pessoas com a síndrome possuem, e que muitos docentes criam vários estereótipos ao seu respeito, principalmente o de que o aluno com deficiência intelectual não pode aprender, o que segundo Dalla Déa (2009), não é verdade.
A síndrome de Down é uma anomalia causada por fatores genéticos, e é constante no mundo, independe de raça, cor ou sexo. A pessoa com a síndrome de Down tem limitações em seu desenvolvimento físico e intelectual, porém com os estímulos oferecidos pela família desde ao nascer essa criança pode sim ter acesso a escola regular como qualquer outra (DALLA DÉA 2009). Para Vygotsky (1998), a deficiência intelectual não é fator determinante na aprendizagem do aluno com essa deficiência, e sim a interação com seu meio, e a mediação que é feita por meio do trabalho docente. Ainda segundo o autor, esse aluno, por meio da mediação pedagógica, pode ser levado de uma ZDR (zona de desenvolvimento real), que é o que esse aluno pode aprender sozinho, a uma ZDP (zona de desenvolvimento proximal), que é o que o aluno pode aprender através da mediação. A partir desses apontamentos de Vygotsky, podemos perceber como o professor exerce um importante papel, na aprendizagem do aluno com DI, e ainda por essa vertente podemos perceber como a formação docente pode ser indispensável nesse processo de qualificação desse professor mediador, para lhe proporcionar autonomia, para que ele possa lidar com o processo de aprendizagem do aluno com síndrome de Down de forma significativa e mediadora.
Os estereótipos e as barreiras atitudinais, muitas vezes já construídos antes mesmo de um contato prévio com o aluno Down, já criam uma distância entre professor e aluno, no entanto podem ser diminuídas e até mesmo eliminadas por meio do conhecimento empírico sobre o assunto e de vivências com essas pessoas. No período escolar a fase de adaptação para a criança com síndrome de Down é fundamental como para qualquer outra criança. Elas são capazes de aprender muitas coisas: ler, escrever, tocar instrumentos, andar a cavalo, dançar, nadar, e desenvolver qualquer outra capacidade que uma criança sem a deficiência possui, isso se tiver estímulos e mediação apropriados (DALLA DÉA 2009). Entretanto, de acordo com a autora Dalla Déa, sobre o aprendizado dessas crianças, vale ressaltar que:
Página 68[...] muitas vezes, precisam de um tempo maior que outra criança precisaria para processar as informações e aprender. Com paciência e persistência, esses indivíduos surpreendem as famílias e os profissionais. A criança Down pode apresentar dificuldade de aprender quando lhe for exigido grande tempo em estado de atenção. Para que a criança, independentemente de ter síndrome de Down, desenvolva todo seu potencial mental, é necessário que se acredite que ela é capaz. (2009, p.34)
A falta de autonomia docente provocada pela má qualificação profissional para desenvolver um bom trabalho pedagógico junto a esses alunos, reflete o modelo de educação que se constituiu no Brasil, e que reproduz o discurso da cultura dominante, aquela que não respeitando a individualidade e a história de cada um, deixa de lado as considerações e experiências vividas pelo aluno. Todo esse contexto acaba por refletir significativamente na autonomia desse docente.
Freire (1996, 1999, 2005) aborda como conceito de autonomia algumas definições similares como: a possibilidade de agir por si, de poder escolher e expor ideias, agir com responsabilidade, ou seja, ele entendia que o conceito de autonomia podia ser compreendido como um processo resultante do desenvolvimento do sujeito, que se relaciona ao fato dele tornar-se capaz de resolver questões por si mesmo, de tomar decisões sempre de maneira consciente e pronto para assumir uma maior responsabilidade e arcar com as consequências de seus atos.
Devido a esses fatores apontados por Freire, a formação continuada se faz tão importante para a constituição da autonomia desse profissional, pois permite que o mesmo se desenvolva enquanto profissional, assumindo assim sua responsabilidade para com o ensino desses alunos. A formação contribui proporcionando assim uma base teórica e prática para que esse docente possa desenvolver um processo de ensino de forma autônoma e confiante, em uma perspectiva mediadora, permite aos professores propiciarem a esses alunos com deficiência intelectual, não somente o acesso à escola, mas, principalmente, ao aprendizado, constituindo assim de fato, a inclusão desse aluno.
Pensando na inclusão do aluno com síndrome de Down, é de suma importância que o professor detenha de certa autonomia para mediar o processo de ensino e aprendizagem do aluno com a deficiência intelectual. Essa autonomia se constitui a partir da formação, que ao promover saberes teóricos e práticos sobre as necessidades desses alunos e como se dá o processo de ensino e aprendizagem, quebram estereótipos e rompem barreiras atitudinais, que impedem a educação inclusiva para com esses alunos.
Caminhos metodológicos
Com base nesses pressupostos da formação docente para a educação inclusiva de alunos com Síndrome de Down é que o Laboratório de tecnologia e Inclusão da Faculdade de Educação da UFG, em parceria com o Núcleo de Acessibilidade (UFG), promoveu a segunda versão do curso de formação continuada “Cultura Digidown”, realizado entre os meses de março a junho de 2017, todas as quintas-feiras, das 14 às 17h30. O curso teve como objetivo a construção de saberes relativos à educação inclusiva de alunos com Síndrome de Down, bem como analisar as compreensões dos professores e o desenvolvimento dos alunos a partir do uso do software educativo Alfabetização Fônica Computadorizada como ferramenta no processo de alfabetização e letramento de alunos com Síndrome de Down. Os sujeitos participantes do curso de formação continuada foram 40 professores da rede regular de ensino de Goiânia e 15 estudantes com Síndrome de Down.
Página 69Sendo assim, essa pesquisa teve por finalidade investigar as contribuições desse curso de formação continuada na autonomia de professores da rede regular de ensino de Goiânia em relação ao ensino inclusivo de alunos com Síndrome de Down. Para isso, verificamos quais foram os saberes adquiridos durante o curso por parte dos professores, e quais desses foram considerados importantes para a constituição da autonomia desses docentes, não somente com aplicação durante o curso, mas, principalmente, no contexto escolar ao qual estão inseridos.
A fim de propor uma intervenção que contribua significativamente com a formação desses e de outros futuros docentes do curso, fizemos também uma investigação sobre quais saberes esses professores consideram que teriam que ser mais abordados e vivenciados durante uma futura versão do curso. Nessa pesquisa interventiva, abordaremos temas que os professores sentiram falta e que consideram importantes para o desenvolvimento de sua autonomia como professores inclusivos. Os resultados obtidos com nossa intervenção serão encaminhados à coordenação do curso e aplicados na nova versão do curso, com a finalidade de melhorar a qualidade do ensino ofertado.
O curso de formação Cultura Digidown foi realizado em três momentos. O primeiro momento contou somente com a participação dos professores, onde eles puderam ampliar seus conhecimentos por meio de bases teóricas sobre os temas: inclusão, alfabetização e letramento, Síndrome de Down e a deficiência intelectual, assim quebrar estereótipos, e barreiras atitudinais, principalmente em relação à de aprendizagem desses alunos. No segundo momento, os professores conheceram o funcionamento e as bases teóricas do software Alfabetização Fônica Computadorizada, que o curso utilizou como principal recurso para trabalhar a alfabetização e o letramento.
No terceiro momento, os professores tiveram vivências com os alunos com SD, por meio de oficinas práticas, onde eles executavam aulas (que eram planejadas antecipadamente) com os alunos, pautadas no software que desenvolve a alfabetização a partir do método fônico (CAPOVILLA A.; CAPOVILLA F., 2005). Essa foi a fase dos professores aplicarem os conhecimentos adquiridos no primeiro e segundo momento, obter uma vivência com alunos com Síndrome de Down dentro do contexto do ensino e aprendizagem, trabalhando a alfabetização e letramento desses alunos com deficiência intelectual.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho foi a pesquisa de campo que correspondeu a observação, coleta de dados, que ocorreram dentro do espaço observado, sendo assim informações recolhidas diretamente da realidade do objeto de estudo e o grupo focal, definido por Morgan (1997) como uma técnica de pesquisa qualitativa, ou seja, resultado de entrevistas em grupo e coleta de informações por meio de comunicações e interações.
A escolha da metodologia de grupo focal foi importante para essa pesquisa, pois propiciou um debate aberto e acessível em torno de um tema de interesse comum aos participantes e reuniu conhecimentos, e assim proporcionou compreensões de percepções, crenças e atitudes de diferentes pontos de vista sobre um mesmo tema. Os sujeitos da respectiva pesquisa foram 40 professores da rede regular de ensino (municipais e estaduais) e de Goiânia, matriculados no curso de formação Cultura Digidown.
Página 70A pesquisa se deu a partir de uma abordagem qualitativa, para coleta de dados foram utilizados os métodos de vídeo gravação, e questionários online. Com os dados coletados em campo, partimos para o tratamento e análise de dados, que foram feitos por meio da análise de conteúdo proposta por Bardin. Seguindo as etapas básicas propostas pelo autor, a saber: a pré-análise dos dados, a codificação dos dados através de recorte das falas (esse recorte é realizado buscando-se apreender aquilo que era significativo nas falas dos sujeitos para responder aos nossos objetivos de pesquisa), a “categorização”, onde empregamos o processo de uma categorização a priori sugerida pelo referencial teórico e com categorias a posteriori elaboradas após a análise do material e, por fim, a interpretação dos dados (BARDIN, 1977).
Contribuições do curso Cultura Digidown para o ensino inclusivo de alunos com Síndrome de Down
Durante a interpretação dos dados, foram verificados que os saberes constituídos durante o curso de formação cultura Digidown foram considerados muito importantes para a constituição da autonomia dos professores, sujeitos da pesquisa, não somente durante o curso, mas se estende ao seu contexto escolar, refletindo em sua prática docente inclusiva, para com os alunos com Síndrome de Down. Segundo relatos do participante P.32: “O curso é muito esclarecedor e possibilitou a quebra de várias barreiras, às vezes os alunos não são inclusos por falta de conhecimento por parte do professor, dificultando em sua prática pedagógica”. Ainda segundo as contribuições do curso temos:
Quando entrei no curso não sabia de nada sobre pessoas com Síndrome de Down, a partir da primeira aula já aprendi muitas coisas. E uma delas é de que não basta só incluir esse aluno na escola com pessoas sem deficiência é preciso fazer atividades voltadas para eles porque como eles tem uma deficiência intelectual eles vão ter dificuldade para aprender, é preciso ter repetição dos conteúdos, entre outras coisas. Eles se desenvolvem igual as pessoas sem deficiência, mas acontece em um processo mais lento (P.24).
Conforme a tabela a seguir, os resultados da pesquisa apontam que dentre os saberes adquiridos os mais relevantes para a constituição da autonomia dos 40 professores foram, respectivamente:
Saberes | Professores | % | Contribuições |
---|---|---|---|
Estereótipos relacionados à pessoa com SD. | 11 | 27,5% | Ajudaram a quebrar estereótipos que os professores tinham sobre as pessoas com SD. |
O aprendizado das pessoas com SD. | 11 | 27,5% | Os professores puderam perceber que os alunos com SD também podem aprender. |
O contato com alunos com a SD. | 7 | 17,5% | As vivências com os alunos com SD, poder efetuar na prática o ensino inclusivo com esses alunos. |
Barreiras atitudinais. | 6 | 15% | Os professores puderam conhecer e romper com barreiras atitudinais que impediam sua autonomia no processo de ensino desses alunos. |
Profissionais capacitados para falar sobre as temáticas do curso. | 5 | 12,5% | Os professores puderam ter um embasamento teórico muitosignificativo por parte dos professores do curso, que segundo eles entendiam muito dos assuntos abordados. |
Com os resultados da pesquisa, podemos perceber que vários estereótipos e barreiras atitudinais puderam ser rompidas por meio do conhecimento teórico e através do contato propiciado pelas vivências práticas com alunos com SD, os quais foram considerados de muita importância para a formação desses docentes. Toda essa formação promovida pelo Digidown contribuiu para que esses profissionais possam ter mais autonomia quanto ao ensino de alunos com deficiência intelectual, tornando o desafio da educação inclusiva desses alunos uma realidade mais próxima por meio de uma mediação docente mais eficaz.
Página 71Proposta de Intervenção
Pensando em uma proposta interventiva que contribuísse para ampliar a autonomia, durante a formação de professores no curso Cultura Digidown investigamos quais os saberes ou temáticas que os professores consideraram que deveriam ser mais abordados e trabalhados durante uma próxima edição do curso. Esses saberes poderiam ser os mesmos, ou poderiam ser também temáticas ou vivências que não foram abordadas ainda durante o curso, mas que os professores consideram que contribuíram na autonomia de docente com uma perspectiva inclusiva no ensino de alunos com SD. Conforme podemos verificar na tabela 2, os saberes e temáticas apontados na pesquisa foram:
Temáticas | Quantidade de professores em % |
---|---|
Conteúdos e métodos sobre alfabetização. | 45% |
Processo de ensino e aprendizado de alunos com Síndrome de Down | 18% |
Barreiras atitudinais e sexualidade | 18% |
Aulas teóricas deveriam ser estendidas | 9,9% |
Currículo a avaliação da aprendizagem. | 4,5% |
Ter nas vivências práticas alunos com e sem deficiência. | 4,5% |
Apesar de terem sido trabalhados conteúdos sobre alfabetização durante o curso, os dados apontam que os professores consideram que essa temática deveria ser mais abordada, principalmente no que diz respeito à consciência fonológica, já que o método fônico é o método utilizado pelo software como método de alfabetização, conforme nos relata o participante P30:
Penso que poderia haver mais tempo para instrumentalizar os cursistas sobre a consciência fonológica e o processo de alfabetização, visto que o programa é um instrumento do processo de alfabetização e letramento que será direcionado pelos docentes envolvidos. (P.30)
A partir dos dados coletados nessa pesquisa, como proposta interventiva, encaminharemos a pesquisa e os resultados para a coordenação e direção do curso de formação Cultura Digidown, para que tomem conhecimento das contribuições que o curso trouxe à formação e autonomia desses docentes participantes do curso quanto ao processo de ensino a alunos com Síndrome de Down. De igual modo, através da proposta interventiva, tomem conhecimento também das sugestões de temas considerados por eles muito significativos para sua formação e autonomia quanto professores inclusivos desses alunos, para que os mesmos possam ser trabalhados em uma próxima versão do curso.
Considerações finais
A inclusão, especialmente as de alunos com deficiência intelectual, como no caso os alunos com a Síndrome de Down, é um grande desafio educacional, mas, que por meio da formação e qualificação docente se torna possível. A formação docente relacionada à educação inclusiva desses alunos permite que a autonomia dos professores se constitua no seu contexto escolar, pois ela propicia a esses docentes mais confiança, e conhecimento empírico e prático sobre o aprendizado desses alunos, e suas especificidades que precisam ser levadas em consideração no processo de ensino e aprendizagem deles. Outro fator importante a ser observado é que a preparação desses profissionais para lidar com as diferenças existentes, na sala de aula, não trazem benefícios somente as pessoas com a Síndrome de Down, mas, de forma geral, melhoram a qualidade do ensino ofertado a todos os alunos, pois o professor que está bem preparado para exercer sua autonomia no aprendizado de alunos com necessidades educacionais especiais, com certeza também está preparado para educar na diversidade.
Página 72Sabendo da importância dessa formação na educação inclusiva, é que o curso de formação Cultura Digidown entra em cena, ajudando professores a quebrar estereótipos, romper barreiras atitudinais e conhecer como se dá um pouco da vida, e, principalmente, a aprendizagem de alunos com Síndrome de Down, por meio de conhecimentos teóricos e vivências práticas.
Contribuindo assim para que esses professores se sintam preparados e autônomos para promoverem de fato uma educação inclusiva, que abranja os alunos com deficiência intelectual na aprendizagem, o que significa não somente o direito de estarem na escola, mas sim, o direito a aprender como os demais.
Sobre as autoras
Aline Martins Neto possui graduação e licenciatura no curso de Pedagogia pela Universidade Federal de Goiás (UFG/2015). Atualmente é pedagoga do Centro Educacional Impactus. Tem experiência na área de Educação, com ênfase nos anos iniciais. Mestranda em Ensino na Educação Básica-UFG.
Ana Flavia Teodoro de Mendonça Oliveira possui doutorado em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE/2006) e mestrado em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco (2014), especialização em Educação Infantil pela Universidade Federal de Goiás (UFG/2000). Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de Goiás no curso de Pedagogia. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Inclusiva e Educação Especial, atuando, principalmente, nos seguintes temas: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), Deficiência Intelectual, Tecnologia Assistiva; formação de professores para educação inclusiva.
Maria de Fatima Teixeira possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Goiás (UFG/1987), mestrado e doutorado em Educação Matemática pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp/1998-2005). Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal de Goiás e professora da carreira de 3º grau da Faculdade de Educação (UFG). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação, atuando, principalmente, nos seguintes temas: educação matemática, alfabetização matemática, literatura e educação matemática, tecnologias e educação matemática.
Tatiane Soares dos Santos está cursando Mestrado Profissional em Ensino na Educação Básica da Universidade Federal de Goiás (UFG/UFG), no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE). Especialista em Inovação em Mídias Interativas pelo Media Lab-UFG. Graduada em Pedagogia pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR). Trabalhou como professora na ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA ÉLCIA CAMPOS DOMINGUES. Tem experiência profissional na área de Educação, com ênfase em Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. Linhas de pesquisa: Práticas escolares e aplicação do conhecimento. Áreas de interesse: Inclusão; Alfabetização e Letramento; Tecnologias na Educação e EAD
Vanessa Helena Santana Dalla Déa é docente da Faculdade de Educação Física e Dança, diretora do Núcleo de Acessibilidade da Pró-Reitoria de Graduação e professora do Mestrado Profissional de Ensino na Educação Básica na área Inclusão da Universidade Federal de Goiás (UFG). Possui graduação, mestrado e doutorado em Educação Física na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Pós-doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no Programa Avançado de Cultura Contemporânea estudando formação docente para a inclusão. Faz parte da diretoria científica da Associação Síndrome de Down de Goiás. Trabalha em projetos de acessibilidade, educação, educação física, natação e dança desde 1987, sempre objetivando ambientes inclusivos.
Página 73Referências
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