Se Inclui Formação docente para inclusão e acessibilidade

Diversidade e professor inclusivo

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A educação em todos os níveis, inclusive médio e superior, sempre foi um lugar de diversidade, nunca foi um espaço homogêneo. No entanto, durante muito tempo foi tratada como se fosse. Nós professores temos muita dificuldade de preparar aulas que sejam mais inclusivas, pois aprendemos a ensinar segundo a hegemonia e a primazia dos conteúdos acadêmicos.

Como já dissemos, a inclusão e permanência do aluno com deficiência é um direito e uma obrigação das instituições de ensino, garantida por diversas leis e diretrizes. Mudar a realidade de exclusão não é uma opção, as instituições e professores devem atender a todos os alunos com suas especificidades e suas necessidades.

Legenda: Frame vídeo Se Inclui: Cotidiano de Alunos e Professores. Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=vqwkxJuAm9w

Mas quem é o aluno com deficiência? Anteriormente, a pessoa com deficiência era conceituada apenas por apresentar um impedimento significativo específico. Hoje, com base na Convenção Internacional das pessoas com deficiência, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que em seu Artigo 2º considera pessoa com deficiência “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas” (Lei 13.146/2015).

A Convenção Internacional e o Estatuto Brasileiro trazem mudanças na concepção que a sociedade tem sobre a pessoa com deficiência, pois muda o conceito anteriormente utilizado que era “deficiente” ou “portador de deficiência”. O termo deficiente generaliza a deficiência e traz uma concepção incorreta das eficiências dessas pessoas, aumentando assim o capacitismo. O termo portador também não é coerente, pois quem porta carrega alguma coisa, quem carrega alguma coisa pode a qualquer momento deixar de carregar ou portar, a pessoa com deficiência tem uma deficiência e não a carrega.

Outro grande avanço dessa mudança de concepção é o fato de tirar o foco do impedimento e colocar o foco nas barreiras. Uma pessoa tem mais ou menos deficiência de acordo com a quantidade de barreiras que enfrenta, por exemplo: uma pessoa cadeirante ao se deparar com um espaço com escadas se torna com muito maior deficiência.

Essa nova concepção nos traz uma nova responsabilidade. Nossos alunos terão mais ou menos deficiência dependendo da quantidade de barreiras pedagógicas e curriculares que proporcionarmos. Para minimizar as barreiras precisamos conhecer mais sobre nossos alunos.

Muitas vezes as pessoas acreditam que para atender aos alunos com deficiência em nossas salas temos que ser expertises em todas as deficiências. No entanto, na maioria das vezes precisamos, na verdade, esquecer todos os preconceitos negativos que trazemos sobre as pessoas com deficiência e depois “ouvir”.

Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência, todo atendimento educacional deve ser iniciado com um estudo de caso. Ninguém melhor do que o próprio aluno com deficiência para nos dar os caminhos de como devemos direcionar nossa prática pedagógica. Não existe nada mais importante do que perguntar “COMO VOCÊ APRENDE?”. Essa ação funciona melhor do que qualquer receita dada por qualquer especialista de alguma necessidade educacional específica.

Para dar suporte ao professor as instituições de ensino devem ter um núcleo de acessibilidade, ou órgão equivalente, com equipe especializada para o atendimento educacional especializado (AEE). Essa equipe não ocupa o lugar do professor. O professor é responsável pelo aprendizado de todos os alunos. A equipe de AEE poderá intervir com o aluno fora ou dentro da sala de aula, dependendo da necessidade, algumas vezes o professor terá em sua sala intérpretes de Libras e profissionais de apoio auxiliando o aluno. É um direito garantido por lei a permanência e atuação desse profissional em sala de aula, o professor não poderá impedir sua permanência.

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Legenda: Frame vídeo Se Inclui: Cotidiano de Alunos e Professores. Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=vqwkxJuAm9w

Importante reforçar sempre que as pessoas são diferentes, mesmo que tenham a mesma deficiência e exatamente o mesmo diagnóstico. Que as vivências históricas, políticas, sociais e educacionais a tornam com diferentes condições e adaptações para lidar com suas deficiências e eficiências. Converse com seu aluno, essa é a melhor forma de entender e atuar corretamente.

Convidamos você para assistir ao lindo filme indiano “Como Estrelas na Terra”, que mostra um grande exemplo de professor inclusivo que pode mudar sua concepção do papel social da nossa linda profissão. Convidamos também a assistir o curta animado “Cordas” que narra a amizade entre Maria, uma garotinha muito especial e Nicolás, seu novo colega de classe, que tem de paralisia cerebral. Uma estória muito especial e sensibilizadora.

Indicação de livros

MIRANDA, T. G.; GALVÃO FILHO, T. A. (Org.). O professor e a educação inclusiva: formação, práticas e lugares. Salvador: EDUFBA, 491 p., 2012.

BRASIL. Processos seletivos para pessoas com deficiência: boas práticas em acessibilidade.

BRASIL. Saberes e práticas da inclusão : avaliação para identificação das necessidades educacionais especiais. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. - Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006.

DIAZ, F.; BORDAS, M.; GALVÃO, N.; MIRANDA, T.. Educação inclusiva, deficiência e contexto social: questões contemporâneas. Salvador: EDUFBA, 2009.

Indicação de filmes

Como Estrelas na Terra: toda criança é especial. Taare Zameen Par (2007). Índia.

Cordas. Direção: Pedro Solis Garcia, 2013.