Conferências
6Dicionário de Sinalização Táctil para Aprendizagem de Anatomia.
A aprendizagem humana é um processo complexo que envolve quatro etapas:
- ATENÇÃO: mediada por neurônios monoaminérgicos do tronco encefálico, que atuam na manutenção da vigília.
- CODIFICAÇÃO: atividade de áreas interpretativas do lobo parieto-occipital, que associam imagens, sons e outras percepções sensoriais, na organização da linguagem.
- ARMAZENAMENTO: dado pelas atividades do lobo temporal em conexão com hipocampo e sua comunicação com o lobo frontal, via núcleo basal de Meynert.
- RECUPERAÇÃO: acionamento no lobo frontal, da memória estabelecida.
Pode-se considerar consolidada a aprendizagem, quando o processo de recuperação permite que se possa buscar conscientemente o que está retido.
Atualmente fala-se muito em transtornos de aprendizagem, como justificativa para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas, no decorrer de sua formação pessoal e escolar. Porém, deve-se ter o cuidado de avaliar profundamente o quadro geral e não confundir transtornos de aprendizagem, dificuldade de aprendizagem e déficit educacional.
Transtorno de aprendizagem é a patologia, em que a dificuldade é primária e não consequência de algo. Dificuldade de aprendizagem é uma consequência de outros fatores, como déficit de atenção, codificação ou de armazenamento.
Já o déficit educacional envolve uma estrutura organizacional e pedagógica escolar, associada a fatores psicossociais que, em conjunto, constroem a base para novos aprendizados, incluindo a formação da linguagem. O déficit educacional pode ser um dos fatores que levam à dificuldade de aprendizagem, quando concorre para uma alfabetização incompleta ou o ambiente escolar não permite que o primeiro passo do aprendizado aconteça: a atenção.
Durante a formação do indivíduo, todas as vias de percepção do mundo são instrumentos que fornecem ao cérebro um arquivo infinito de memórias a serem decodificadas, na formação do raciocínio (lógico e abstrato), na capacidade de resolver problemas (inteligências), na formação emocional, linguagem, comunicação e comportamento social. Para a aprendizagem, o cérebro utiliza-se do máximo de ferramentas na interpretação e elaboração da linguagem, sendo a comunicação uma das formas mais aprimoradas de contribuição para a construção do banco de dados do cérebro humano.
Os órgãos e vias sensoriais são fundamentais para a comunicação e em conjunto fornecem toda a matéria prima para a aprendizagem. Porém, a ausência de um ou outro sentido não impede que as demais vias possam se reorganizar, na sustentação de informações necessárias para a percepção do mundo e de novas experiências. Com a ausência de uma das vias de captação de estímulos externos, ocorre acomodação neural das áreas interpretativas remanescentes, por meio de sinapses que se moldam em uma nova forma de decodificação. Esta reorganização não altera os padrões finais de recuperação da memória. É a chamada neuroplasticidade.
Deste modo, as pessoas com alguma deficiência sensorial, tem uma forma mais aprimorada de percepção do ambiente por meio de outros sentidos. As aferências necessárias para a etapa de codificação devem se reorganizar, para suprir esta etapa do aprendizado. Assim, uma vez que as informações são codificadas, não havendo alterações morfológicas ou fisiológicas nas áreas encefálicas de armazenamento e recuperação, o aprendizado é efetivo e as capacidades cognitivas e de comunicação são plenas. A linguagem é a maior forma de comunicação e interação entre indivíduos.
10Neste sentido, as políticas educacionais e pedagógicas devem ser direcionadas de modo a suprir todos os caminhos necessários à consolidação do aprendizado por meio da linguagem, para a formação e independência das pessoas deficientes visuais e auditivas, a fim de se evitar o déficit educacional e de aprendizagem destas pessoas. Uma vez que as etapas de aprendizagem se concretizam e permitem a sua formação, as pessoas cegas, surdas e com diversas outras deficiências, tornam-se profissionais competentes, capazes, independentes e produtivos.
No caso da surdez, desde a infância, a grande barreira na aprendizagem está na aquisição e interpretação da linguagem. A comunicação é um grande obstáculo na formação conceitual das pessoas surdas-mudas, ocasionando dificuldade no aprendizado. Para os ouvintes, os sons que refletem os diversos fonemas, traduzem a simbologia visual (grafemas), facilitando a identificação neural da comunicação. Deste modo, permite que ambas as formas de percepção possam se associar para fornecer as informações necessárias para este processamento cognitivo. Porém, a ausência do conhecimento ou percepção dos sons, na transdução fonética dos signos, gera conflito na percepção e interpretação visual da linguagem escrita, confrontando as unidades fônicas e as letras em sua semântica. Desde cedo, as pessoas surdas-mudas tem uma carga maior de informações a serem decodificadas no processo de aprendizado, pela necessidade de desenvolverem duas formas de comunicação, uma na língua de sinais e outra na linguagem pátria.
A formação bilíngue é um caminho necessário para que a pessoa surda-muda possa se inserir num mundo tecnológico, no qual a comunicação está cada vez mais rápida e exige a compreensão e interpretação dinâmica da escrita. Porém, em alguns momentos a presença de um intérprete torna-se necessária, para traduzir a linguagem oral em linguagem de sinais que possam ser interpretados e decodificados pelos surdos no cotidiano. Nem todos os surdos fazem leitura labial ou quando o fazem, nem sempre tem o interlocutor ao alcance de seu campo visual, deixando lacunas na transmissão da mensagem.
O número de alunos com deficiência auditiva que ingressa no nível superior está crescendo de forma contínua em todo o Brasil, desde a década de 90, devido ao reconhecimento da chamada língua brasileira de sinais (LIBRAS) (BISOL, 2010). Com o desenvolvimento de propostas de educação bilíngue de qualidade para surdos e com a criação de políticas públicas de inclusão, aos poucos aumentam o acesso e a participação de pessoas com necessidades especiais em diferentes contextos sociais.
A inclusão desses alunos na universidade é importante, tendo em vista a necessidade de abrir portas para essas pessoas no mercado de trabalho, uma vez que a deficiência não os incapacita em relação aprendizagem. Porém é preciso que os profissionais na área da educação superior estejam preparados para lidar com estas diferenças na forma de ensinar. Então grande questão levantada a este respeito indaga se os professores e intérpretes estão preparados para que a inclusão realmente beneficie os alunos surdos no ensino superior.
Conforme Sampaio e Santos (2002), para assimilar as novas informações e os novos conhecimentos, alunos com deficiência auditiva, precisam contornar as possíveis falhas da trajetória escolar anterior, como deficiências de linguagem, inadequação das condições de estudo, falta de habilidades lógicas, problemas de compreensão em leitura e conceitos abstratos e dificuldade de produção de textos em língua portuguesa.
11Para que o ingresso do estudante surdo ao ensino superior seja realizado com sucesso, percebe-se a necessidade de que o surdo seja bilíngue, ou seja, tenha a língua brasileira de sinais (LIBRAS) como meio do contato com a comunidade surda e que a língua portuguesa, oral e escrita, seja muito bem trabalhada como segunda língua. Deste modo, o aprendizado poderá ser feito sem exclusão do aluno em sala, pois ele deverá ler os materiais e livros propostos para a sua formação e desenvolver as atividades didáticas como todos os outros alunos.
O mundo universitário é desafiador para todos os jovens, pois a adaptação à vida acadêmica e às obrigações que ela impõe, conduz muitas vezes ao fracasso e ao abandono. A assimilação de novas informações e ampliação dos saberes é difícil para qualquer aluno, já que para isso, é necessário contornar as falhas advindas de sua trajetória escolar. Para pessoas surdas-mudas, este novo mundo torna-se ainda mais difícil devido à barreira da língua, que leva à dificuldade na compreensão de certos conceitos abstratos e dificuldade de aprendizagem.
Segundo Lacerda (2010) para efetivar práticas de educação inclusiva, é necessário que o profissional seja especializado para realizar o atendimento educacional ao deficiente. Em relação ao ensino de alunos com surdez os profissionais devem ter conhecimentos específicos da Língua Brasileira de Sinais (Libras), saber que a Língua Portuguesa na modalidade escrita é a segunda língua dos surdos (o que exige critérios de avaliação de aprendizagem diferenciados) e possuir tradutores-intérpretes de língua de sinais (Libras/Português) (TILS) como apoio dentro e fora da sala de aula.
É perceptível que o TILS é um profissional fundamental para mediar o acesso aos conhecimentos para alunos surdos, como também prevê o Decreto 5.626/05. Contudo, este profissional tem sido constituído com informalidade na vida de pessoas com deficiência auditiva, até mesmo em relações sociais, pela demanda dos próprios surdos, que inúmeras vezes precisam de intérpretes para mediar sua comunicação com ouvintes no cotidiano de sua vida social. Então é preciso que os TILS se integrem a tudo. E isto ainda é visto como limitação para a comunidade surda, já que há essa ligação necessita de intimidade com o intérprete.
O crescimento na inclusão de alunos portadores de necessidades especiais no ensino superior é fato irreversível, na medida em que avançam os esforços para a superação da educação básica e ensino médio. Mas é preciso que as instituições se preparem para que o aluno com deficiência auditiva seja incluído da melhor forma e sinta-se seguro para interagir com os colegas e participar das atividades pedagógicas. Apesar de suas limitações, com uma abordagem apropriada, materiais didáticos de suporte específico para surdos e uma boa preparação dos intérpretes de LIBRAS é possível que o aluno consiga superá-las e enfim concluir sua formação com êxito.
A anatomia humana é a disciplina básica para todos os cursos da área de saúde, sendo normalmente aplicada no início do curso. Uma grande minoria dos estudantes tem acesso a essa disciplina na fase escolar, trazendo um conhecimento muito básico sobre este assunto para a graduação superior. Essa disciplina tem como objetivo a compreensão da nomenclatura e localização das estruturas do corpo humano, correlacionando-as com as suas respectivas funções (BRAZ, 2009). É uma ciência descritiva e necessariamente requer nomes para as estruturas e os processos do corpo, os chamados termos anatômicos. Para melhor compreensão, existem livros específicos para ajudar a aprender esses termos, que muitas vezes indicam a forma, tamanho, classificação, localização, função ou a semelhança de uma estrutura com outra (MOORE, 2001).
12O ensino da anatomia ainda é visto como um desafio, devido à complexidade da nômina anatômica. Sendo perceptível a dificuldade no seu aprendizado por alunos ouvintes, é possível imaginar quão grande é o desafio diário para alunos surdos em relação ao estudo desta disciplina, uma vez que ainda existem poucos sinais específicos em LIBRAS para esta terminologia. Em muitos casos, os próprios intérpretes também desconhecem a matéria por não terem formação direcionada para a saúde. Então, a tradução do conteúdo pode ser interpretada de forma distorcida pelo aluno surdo, com erros expressivos no significado, pelo desconhecimento da etimologia e significado das palavras. Além deste, existem ainda diversas barreiras no aprendizado de anatomia pelos acadêmicos surdos, no contexto universitário. Para solucionar o problema é preciso conhecer os principais obstáculos enfrentados pelos profissionais e pelos alunos surdos em sala de aula.
Em uma pesquisa realizada em 2015, entrevistamos alunos deficientes auditivos, professores que ministraram a disciplina e intérpretes de LIBRAS, que acompanhavam e traduziam as aulas de anatomia humana para alunos surdos, em universidades de Goiânia e de Brasília que aderiram à inclusão. O intuito da pesquisa era descobrir quais as dificuldades encontradas no ensino-aprendizagem de anatomia humana nestas instituições que possuíam alunos surdos-mudos em seus cursos da área da saúde.
Foram identificadas dificuldades no acompanhamento simultâneo das explanações durante as aulas de anatomia, pelo retardo das informações no processo de tradução pelo intérprete, que na maior parte da aula recorria à datilologia para traduzir os termos, que não possuem sinais específicos. Além disto, os intérpretes nem sempre são formados na área da saúde e desconhecem os termos, passando muitas vezes, a nômina errada. Por fim, geralmente ocorre dispersão da atenção do surdo durante da tradução da aula, por tentar acompanhar o intérprete enquanto o professor mostra imagens ou estruturas para os demais alunos, reduzindo a captação da terminologia ou a compreensão da estrutura nomeada durante a aula.
Tendo em vista a totalidade das dificuldades encontradas nos resultados da nossa pesquisa em geral, concluímos que a solução para a problemática está na criação de um banco de sinais tácteis específicos para terminologia anatômica. Com isso, os intérpretes ganharão tempo na transmissão do conteúdo ao aluno surdo, com menor atraso no acompanhamento da explanação do professor e o mesmo terá melhor compreensão do que foi ministrado.
Sendo a anatomia a disciplina base para todos os cursos da área de saúde, a dificuldade em seu aprendizado será refletida no déficit da compreensão de muitas outras disciplinas correlacionadas, como fisiologia, patologia, entre outras. A ausência de um banco de sinais que represente especificamente a linguagem médica torna problemática a tradução pelos intérpretes e, consequentemente, se reflete na dificuldade das outras disciplinas ao longo do curso, o que fatalmente leva à desistência do acadêmico e frustração em não conseguir se formar.
Para a criação de um dicionário de sinalização táctica da terminologia anatômica para surdos, é necessário que haja uma fundamentação teórica científica, embasada na estrutura de linguagem dos ouvintes, com a etimologia anatômica associada à estrutura e lógica da linguagem de sinais para surdos.
13O ensino de anatomia está fundamentado em diversas vertentes metodológicas. Alguns autores, como GRAY, NETTER, TORTORA, SOBOTTA e outros, já estabelecidos, propõem o estudo sistematizado, vezes por regiões, vezes por estruturas e outras abordagens. A proposta de uma metodologia, embasada na etimologia dos termos empregados na anatomia, pode proporcionar um modelo alternativo para complementar o processo ensino-aprendizagem, o que possivelmente tornaria a assimilação do conteúdo mais relevante para os alunos ouvintes.
A terminologia anatômica mundial estabelecida é o latim, com algumas derivações do grego e outros idiomas antigos. A palavra anatomia tem origem na Grécia e foi primeiramente usada por Aristóteles (anatome: “ana”= através de; “tome”= corte, secção) e era aplicado aos cadáveres, de acordo com os interesses filosóficos e religiosos da época, que alicerçaram através dos séculos os conhecimentos das estruturas e funcionamento do corpo (NEVES, 2010). Deste modo, segundo Calazans (2013), a anatomia é a ciência que estuda a constituição e o desenvolvimento macro e microscópico dos seres vivos. Durante muitos anos a terminologia anatômica adotada contava com 50.000 termos e seguia regras próprias, em geral do país ou de uma escola específica de anatomistas. Esta situação perdurou por séculos até que, por iniciativa de grandes anatomistas do mundo inteiro, foi criada a “Basle nômina anatômica”, em 1895, consolidada em 1955 na “Paris nômina anatomica” (SOUSA, PIRES, 2013).
A compreensão dos conteúdos por meio do esclarecimento do significado da origem dos termos pode reduzir a dificuldade e preocupação por parte dos alunos em gravar termos - que podem parecer vagos. Portanto, a assimilação destes termos pode colaborar com a compreensão do conteúdo como um todo, sendo conveniente ao estudante assimilar algum termo apenas pela sua origem, abstendo-o da necessidade de procurar especificações semânticas.
Diante desta proposta metodológica, fundamentada na etimologia da nômina anatômica para facilitar o aprendizado de anatomia, fizemos o levantamento das terminologias anatômicas mais frequentemente utilizadas, para criação de um banco de dados para estudo da origem estrutural das palavras. Foram consultados termos descritos na literatura, atualizados segundo a última reunião da Sociedade Brasileira de Anatomia (SBA) de 2012. Posteriormente cada palavra foi desmembrada em radicais, prefixos e sufixos e cada fragmento, devidamente referenciado em sua origem etimológica.
A partir deste levantamento, iniciamos um estudo para a criação e validação de um dicionário de sinalização táctica, fundamentado na etimologia da nômina médica. Este estudo é cadastrado e desenvolvido no Departamento de Morfologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), com colaboração do Centro de Recursos Computacionais da UFG, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás e outras instituições de ensino superior da região Centro-Oeste que promovem a inclusão.
Nas etapas seguintes aos levantamentos realizados, estamos criando um banco de sinais tácticos da terminologia anatômica e outras terminologias médicas para surdos-mudos. Cada novo sinal deve ser filmado e fotografado para registro e avaliação das comunidades participantes do estudo. Cada fragmento das palavras é devidamente referenciado em sua origem etimológica com a seguinte formatação:
Prefixo - origem (grego, latim, etc.) com referente significado;
Radical - origem (grego, latim, etc.) com referente significado;
Sufixo - origem (grego, latim, etc.) com referente significado.
Exemplo: ANATOMIA: ana (gr) – em partes; tome (gr) – cortes, secção.
Referências gramaticais: sf
Observações linguísticas: formação sintagmática (s + adj)
14Ao término da transcrição dos termos nas fichas terminológicas, é feita análise formal e semântica dos termos sinônimos. Consideram-se as diferenças existentes entre as formas e os significados, dos aspectos que se apresentam como diferentes, na formação de um termo e de outro. Destaca-se isso porque, às vezes, a única diferença entre uma denominação e outra é o uso de diferentes preposições, ou o uso ou não de um artigo, ao passo que, em outras situações, as denominações são totalmente diferentes. Esta observação é importante porque na linguagem de sinais, não há diferenciação numérica ou de gênero por meio de artigos ou pronomes. Esta diferença estrutural entre a linguagem dos ouvintes e a linguagem de sinais utilizada pelos surdos deve ser um elemento importante na elaboração dos sinais.
A materialização das ações linguísticas depende das concepções sobre a língua de sinais, pois estas revelam formas distintas de compreender, intervir e interagir com surdos-mudos que utilizam obrigatoriamente a linguagem de sinalização táctica. Um constructo da variação linguística para a sinalização táctica precisa ser compreendido e defendido por profissionais de diferentes campos de interesse da língua de sinais, mas principalmente, aceito e praticado pelos surdos-mudos. Essa concepção deve se guiar de alternativas linguísticas, tendo como base a língua de sinais e as especificidades da comunicação viso-espacial (JÚNIOR, 2011).
Após a elaboração e registro do dicionário em mídia eletrônica e imagens 3D, deve-se validar estes sinais junto à comunidade surda e às comunidades acadêmicas das áreas de saúde e da área de linguística, especialmente de línguas de sinais. Por fim, após validar e verificar a aceitação pela comunidade surda, a etapa final será o treinamento dos intérpretes na aplicação destes sinais durante as traduções das aulas de anatomia. Ao final do processo, deve-se comparar a aprendizagem de anatomia, pelos estudantes surdos-mudos que tiveram aulas com o uso da sinalização criada, com relação aos resultados das avaliações de aprendizagem de alunos que estudaram sem os sinais.
Assim, após a verificação dos dados em linguagem de sinalização táctica de mãos, correspondentes à terminologia anatômica e outras terminologias médicas, utilizadas pelos profissionais que atuam na área da saúde, e que já são reconhecidos pelos surdos-mudos, prosseguiremos com a criação de sinais para os termos, caso os mesmos ainda não sejam reconhecidos por esta comunidade. Para a execução deste trabalho, contamos com a participação de docentes e acadêmicos da área de anatomia humana da Universidade Federal de Goiás (UFG), professoras e pesquisadoras da área de linguísticas da UFG e PUC Goiás e estudantes surdos-mudos voluntários.
Com a finalização deste banco de sinais tácticos manuais para toda a nômina anatômica, deve-se avançar na elaboração de outras terminologias médicas, sempre com a validação pela comunidade de deficientes auditivos. Almeja-se que este dicionário de sinais será publicado em meios científicos internacionais, uma vez que a etimologia das palavras é universal. Com isso, espera-se também oferecer uma ferramenta para facilitar aprendizagem pelos surdos-mudos, usuários da sinalização táctica de mãos, com sinais universais em qualquer que seja sua segunda língua (ou língua pátria). Espera-se enfim consolidar esta ferramenta no processo de inclusão dos deficientes auditivos nos cursos da área da saúde, até a sua formação final.
15Referências
FATTINI. A Importância da Etimologia no aprendizado da Anatomia Humana: http://www.sbanatomia.org.br/publicacoes/boletins/junho_2005/editorial.htm . Acesso em 04 nov. 2013. 2005.
SOUSA, PIRES, Etimologia Anatômica como Auxílio à Aprendizagem em Medicina. 2013.
SIMÕES et al., Etimologia de termos Morfológicos. 2014.
CALAZANS, O Ensino e o Aprendizado Práticos da Anatomia Humana: Uma Revisão de Literatura. 2013.
NEVES, Uma Nova Proposta no Ensino de Anatomia Humana: Desafios e Novas Perspectivas. 2010.
BRAZ, P.R.P. Método didático aplicado ao ensino da anatomia humana. Anuário da produção acadêmica docente. 3(4):303-310. 2009.
BISOL, C. A. et al. Estudantes surdos no ensino superior: Reflexões sobre a inclusão. Cadernos de Pesquisa, v.40, n.139, jan./abr. 2010.
CASTRO JÚNIOR, Gláucio de. Variação linguística em Língua de Sinais Brasileira: foco no léxico. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas – LIP. 2011.
GRANT, Joan S.; DAVIS, Linda L. Selection and use of content experts for instrument development. Research in nursing & health, v. 20, n. 3, p. 269-274, 1997.
SAMPAIO, I. S.; SANTOS, A. A. Leitura e redação entre universitários: avaliação de um programa de intervenção. Psicologia em Estudo, Maringá, v.7, n.1, p.31-38, jan. 2002.
MARX, Robert G. et al. A comparison of two time intervals for test-retest reliability of health status instruments. Journal of clinical epidemiology, v. 56, n. 8, p. 730-735, 2003.
MORAIS, G. N. B. et al. Uso de roteiros didáticos no ensino- aprendizagem nas aulas práticas de anatomia humana: revisão de literatura em IES Brasileiras. In: congresso nacional de educação. Anais... Universidade de Pernambuco – UPE – Campus Petrolina.
LACERDA, C.B.F. Tradutores e intérpretes de Língua Brasileira de Sinais: formação e atuação nos espaços educacionais inclusivos. Cadernos de Educação, FaE/PPGE/UFPel | Pelotas [36]: 133 - 153, maio/agosto 2010.
MOORE, K. L. Anatomia orientada para a clínica. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
SVENSSON, Bengt et al. Test-retest reliability of two instruments for measuring public attitudes towards persons with mental illness. BMC psychiatry, v. 11, n. 1, p. 11, 2011.
TERWEE, Caroline B. et al. Quality criteria were proposed for measurement properties of health status questionnaires. Journal of clinical epidemiology, v. 60, n. 1, p. 34-42, 2007.
ZHANG, Guofeng et al. Consistent depth maps recovery from a video sequence. IEEE Transactions on pattern analysis and machine intelligence, v. 31, n. 6, p. 974-988, 2009.